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2. CONTRIBUIÇÕES DA ARQUITETURA PARA GEOCONSERVAÇÃO DE

2.2 Intervenções arquitetônicas no processo de geoconservação

2.2.1. Geossítio: Frecha da Mizarela

O atrativo principal desse geossítio são as formações geomorfológica, petrológica e tectónica, que resultam na a maior queda de água da Península Ibérica, a Frecha da Mizarela, com cerca de 70 metros de altura. Compondo o itinerário A – Freita: A Serra Encanada, da Rota dos Geossítios, esse geossítio é visitado por turistas principalmente para contemplação e a prática do ecoturismo (exemplo: o rapel).

O Quadro 4, traz informações referentes a inventariação e classificação do geossítio, extraídas do Guia da Rota dos Geossítios, elaborado por Rocha (2016):

Quadro 4:Identificação e Informações do Geossítio: Frecha da Mizarela.

IDENTIFICAÇÃO

NOME: ROTA:

Frecha da Mizarela Freita: A Serra Encantada

LOCALIZAÇÃO: ALTITUDE:

Mizarela, União de Freguesia de Cabreiros e Albergaria da Serra | GPS: 40º51’49.59”N 8º17’08.50”W

910 m

INTERESSE

RELEVÂNCIA: USO:

Nacional Turístico e Educativo

CONTEÚDO GEOLÓGICO:

Geomorfologico, Petrológico e Tectónico

DESCRIÇÃO PARA OS USUÁRIOS

Aqui, o rio Caima projeta-se a mais de 60 metros de altura, num espetáculo natural digno de ser contemplado, à escuta das águas que correm pelas rochas graníticas aproveitado pelos praticantes de canyoning. Do miradouro observa-se, a três dimensões, o granito da serra da Freita, uma rocha mais dura e resistente à erosão fluvial do que a generalidade dos micaxistos localizados a jusante. Estas rochas metamórficas anteordovícicas, por serem mais brandas e macias, tornam a erosão fluvial mais eficaz, algo que é bem visível na paisagem, devido ao rebaixamento topográfico que apresentam. Mas não é só está erosão diferencial que explica a origem da Frecha da Mizarela. Acredita-se que o sistema de falhas que condiciona toda a serra da Freita terá, igualmente, desempenhado um papel importante para a ocorrência deste fenômeno. Neste sentido, a movimentação dos blocos associada à Orogenia Alpina terá contribuído significativamente para o encaixe do rio e para a formação deste grande desnível. As encostas íngremes que circundam esta queda de água apresentam um verde luxuriante, com relíquias da vegetação primitiva da serra da Freita. Da Laurissilva persiste, na base da Frecha, o rododendro (Rhododendron ponticum subs. Baeticum) e nas escarpas observam-se as árvores representativas da Fagossilva, com ênfase para o carvalho- alvarinho (Quercus robur) e o carvalho-negral (Quercus pyrenaica), entre outras espécies raras e protegidas.

O mirante consiste em um espaço de cerca de 50m², construído com pedras recolhidas do próprio local, permite uma integração bastante harmoniosa com a paisagem, porém não foram encontrados dados que informassem o ano da construção, nem seus idealizadores e construtores. Sendo que no ano de 2010, o espaço estava degradado, o guarda- corpo era baixo e não oferecia segurança aos visitantes, como pode ser visto na Figura 24.

Figura 194:Miradouro Frecha da Mizarela, antes do projeto de beneficiamento.

Fonte: Memorial Descritivo e Justificativo – Fotos do Arq. Sergio Alves/AGA, 2018.

A partir das demandas da AGA, em conformidade com as restrições de uso do local, o arquiteto Sergio Alves propôs:

No sentido de se providenciar a quem visita este local melhores condições de conforto e comodidade e com vista a se garantir uma maior funcionalidade do espaço, o projeto de arquitetura contemplou uma séria de alterações e melhorias ao nível do espaço construído procurando manter as características do espaço aplicando sobre este materiais permeáveis e resistentes às oscilações de temperatura. (MEMORIAL DESCRITIVO JUSTIFICATIVO, 2010, s/p.)

Dentre as intervenções realizadas informadas no Memorial Descritivo e Justificativo e conferidas na visita a campo, identificou-se:

• Assentamento do piso em “deck compósito”, material ecológico, antiderrapante e bastante resistente às oscilações de temperatura;

• Nas zonas de transição de piso foram utilizados lastros de pedra, arrematados por guia de concreto, permitindo que o espaço se mantenha permeável;

• Devido a pouca altura da mureta de proteção (feita de pedra) foi necessário instalação de guarda-corpo, no sentido de garantir a segurança de todos aqueles que se aproximarem do seu limite;

• Na escada da lateral, também foram instalados guarda-corpo. • Instalação de um banco de concreto e uma lixeira;

• Instalação de um painel interpretativo, contendo informações sobre a paisagem. Os desenhos concedidos pelos arquitetos, em arquivo digital, foram tratados e apresentados nas Figuras 25 e 26, para representar a proposta projetual aplicada ao espaço em questão. Os desenhos permitem verificar a especificação dos materiais e a locação do mobiliário.

Figura 205:Vista superior do Projeto de Beneficiamento da Frecha da Mizarela.

Figura 26:Vistas Frontal e Lateral (sem escala) do Projeto de Beneficiamento da Frecha da Mizarela.

Fonte: Sergio Alves, adaptado pelo autor, 2019.

Não há nenhuma anotação no memorial descritivo e justificativo em relação á métodos e ou diretrizes de conservação e restauro. Porém, o trabalho promovido pelos arquitetos, mesmo que inconscientemente, segue diretrizes de conservação patrimonial, estando em conformidade com a Carta de Veneza, artigo 13º, que dispõe sobre os acréscimos só poderão ser tolerados na medida em que respeitem todas as partes interessantes do edifício, seu esquema tradicional, o equilíbrio de sua composição e suas relações com o meio ambiente (IPHAN - CARTA DE VENEZA, 1964, p.3).

O resultado do trabalho pode ser apreciado na Figura 27, onde é possível verificar a presença de turistas no local, permitindo a compreensão da escala do objeto bem como seu uso. A inclusão do painel interpretativo, permite que o usuário possa compreender o enquadramento da paisagem, o qual foi direcionado pelo mirante, através de informações retratadas em uma fotografia, tirada do mesmo ponto, como mostra a Figura 28.

Figura 27:Geossítio: Miradouro Frecha da Mizarela, pós intervenção.

Fonte: Acervo pessoal, 2018.

Figura 28:Painel Informativo localizado no Miradouro Frecha da Mizarela.

A intervenção arquitetônica projetada pelos arquitetos, promove uma readequação do mirante. Ao mesmo tempo em que mantem suas características originais, como a forma, o espaço e os materiais estruturadores, inova com o piso em feito de material ecológico e concede maior segurança aos usuários do local.

2.2.2. Geossítio: São Pedro Velho

O geossítio São Pedro Velho, Figura 33, é considerado um sítio misto, por apresentar interesses na paisagem e como aspectos geológicos que ocorrem no próprio local. Desse ponto é possível ter uma vista panorâmica de 360º da Serra da Freita.

O Quadro 5, traz informações referentes a inventariação e classificação do geossítio, extraídas do Guia da Rota dos Geossítios, elaborado por Rocha (2016):

Quadro 5:Identificação do Geossítio: São Pedro Velho.

IDENTIFICAÇÃO

NOME: ROTA:

São Pedro Velho Freita: A Serra Encantada

LOCALIZAÇÃO: ALTITUDE:

São Pedro Velho, União de Freguesia de Cabreiros e Albergaria da Serra | GPS: 40º52’30.60”N 8º16’50.60”W

1077 m

INTERESSE

RELEVÂNCIA: USO:

Regional Turístico e Educativo

CONTEÚDO GEOLÓGICO:

Geomorfologico e Cartográfico

DESCRIÇÃO PARA OS USUÁRIOS

As surpresas sucedem-se. Depois do Detrelo da Malhada, a paisagem que a vista alcança a partir de São Pedro Velho não é menos imponente. Um olhar sobre o Norte permite observar o majestoso vale de Arouca, as elevações do Gamarão, o vale do Paiva, a serra de Montemuro, o vale do Douro e as demais serranias a norte deste rio, como as de Valongo e as minhotas até ao Gerês. Rodando o olhar, na direção Sul, o vale do Vuga, a serra do Caramulo, o vale do Mondego e a serra da Estrela. E quando parece que a vista já alcançou tudo, há ainda na direção ocidental uma franja de mar, que se estende aproximadamente desde a Póvoa de Varzim até à serra da Boa Viagem (Figueira da Foz), com particular destaque para os braços da ria de Aveiro. Imperdível. Em São Pedro Velho, encontrará um vértice geodésico de 1ª Ordem, constante da Rede Geodésica Nacional, com data de 1955. De acordo com a cartografia militar, este marco define uma altitude de 1077 metros, um dos pontos mais altos da serra da Freita. Na verdade, esta posição altaneira deve-se ao facto de localizar-se sobre um domo rochoso de granito da serra da Freita, uma rocha dura e resistente, face à erosão provocada pelos agentes de geodinâmicas externa que aqui atuam. É, por isso, que a partir desta geoforma granítica é possível obter-se uma panorâmica de 360 graus para grandes