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2. CONTRIBUIÇÕES DA ARQUITETURA PARA GEOCONSERVAÇÃO DE

2.2 Intervenções arquitetônicas no processo de geoconservação

2.2.2. Geossítio: São Pedro Velho

do mirante. Ao mesmo tempo em que mantem suas características originais, como a forma, o espaço e os materiais estruturadores, inova com o piso em feito de material ecológico e concede maior segurança aos usuários do local.

2.2.2. Geossítio: São Pedro Velho

O geossítio São Pedro Velho, Figura 33, é considerado um sítio misto, por apresentar interesses na paisagem e como aspectos geológicos que ocorrem no próprio local. Desse ponto é possível ter uma vista panorâmica de 360º da Serra da Freita.

O Quadro 5, traz informações referentes a inventariação e classificação do geossítio, extraídas do Guia da Rota dos Geossítios, elaborado por Rocha (2016):

Quadro 5:Identificação do Geossítio: São Pedro Velho.

IDENTIFICAÇÃO

NOME: ROTA:

São Pedro Velho Freita: A Serra Encantada

LOCALIZAÇÃO: ALTITUDE:

São Pedro Velho, União de Freguesia de Cabreiros e Albergaria da Serra | GPS: 40º52’30.60”N 8º16’50.60”W

1077 m

INTERESSE

RELEVÂNCIA: USO:

Regional Turístico e Educativo

CONTEÚDO GEOLÓGICO:

Geomorfologico e Cartográfico

DESCRIÇÃO PARA OS USUÁRIOS

As surpresas sucedem-se. Depois do Detrelo da Malhada, a paisagem que a vista alcança a partir de São Pedro Velho não é menos imponente. Um olhar sobre o Norte permite observar o majestoso vale de Arouca, as elevações do Gamarão, o vale do Paiva, a serra de Montemuro, o vale do Douro e as demais serranias a norte deste rio, como as de Valongo e as minhotas até ao Gerês. Rodando o olhar, na direção Sul, o vale do Vuga, a serra do Caramulo, o vale do Mondego e a serra da Estrela. E quando parece que a vista já alcançou tudo, há ainda na direção ocidental uma franja de mar, que se estende aproximadamente desde a Póvoa de Varzim até à serra da Boa Viagem (Figueira da Foz), com particular destaque para os braços da ria de Aveiro. Imperdível. Em São Pedro Velho, encontrará um vértice geodésico de 1ª Ordem, constante da Rede Geodésica Nacional, com data de 1955. De acordo com a cartografia militar, este marco define uma altitude de 1077 metros, um dos pontos mais altos da serra da Freita. Na verdade, esta posição altaneira deve-se ao facto de localizar-se sobre um domo rochoso de granito da serra da Freita, uma rocha dura e resistente, face à erosão provocada pelos agentes de geodinâmicas externa que aqui atuam. É, por isso, que a partir desta geoforma granítica é possível obter-se uma panorâmica de 360 graus para grandes

unidades geomorfológicas que a rodeiam e se estendem por todo o norte e centro de Portugal continental, bem como, sobre a superfície plana da serra, destacam-se inúmeras aldeias tradicionais, que vão bordando a paisagem do planalto, o santuário da Senhora da Laje, as múltiplas linhas de água que se unem para formar o rio Caima, o Parque Eólico da serra da Freita, a maioria dos restantes geossítios integrados neste itinerário e outros locais de interesse natural e cultural, identificados nos painéis interpretativos da paisagem que encontramos.

Fonte: Rocha, 2016.

Um marco geodésico já existia no local, Figura 29, utilizado como elemento formal para concepção do projeto pelos arquitetos Sergio Alves e Pedro Abreu. A plataforma em 360º, foi assentada sobre o maciço de rochas, capaz de acolher trinta pessoas no seu interior.

Figura 9:Marco geodésico em São Pedro Velho.

Fonte: Arouca Geopark, 2017.

A estrutura implantada nesse geossítio, segue um modelo circular, definido como um padrão e aplicado em outros locais do Arouca Geopark, conferindo uma unidade, que seja passível de ser reconhecida, percebida e identificada pelos visitantes como um elemento próprio desse território.

Da mesma forma como no projeto anterior, os desenhos concedidos pelos arquitetos, foram tratados e apresentados nas Figuras 30 e 31, vista superior e frontal da plataforma, respectivamente, apresentam a disposição do material aplicado e a locação dos

painéis interpretativos. Além dos arquivos digitais, imagens geradas a partir de modelagem 3D, serão apresentadas na Figura 32, representando o sistema estrutural metálico, vigas e pilares.

Figura 30:Vista superior do Projeto de Beneficiamento do Geossítio São Pedro Velho.

Figura 31: Vista Lateral (sem escala) do Projeto de Beneficiamento do Geossítio São Pedro Velho

Fonte: Sergio Alves, adaptado pelo autor, 2019.

Na Figura 31, é possível verificar a vista lateral do projeto arquitetônico da plataforma, e a locação de uma escada de acesso, de lance único, em metal, instalada no interior da plataforma. Dois painéis interpretativos, fixados ao guarda corpo, descrevem todo o contexto da paisagem geomorfológico e cartográfico da região para onde estão direcionados. Esses elementos incorporados ao projeto concedem a função didática ao espaço.

Os materiais utilizados, permitem a estabilidade, segurança, logística e manutenção facilitada. A estrutura da plataforma pode ser amovível, executada em perfis metálicos, tratado e pintado. Nessa lógica a intervenção se enquadra dentro do conceito de restauro crítico proposto por Brandi (2008).

A estrutura metálica, demonstrada nas Figura 32, é assetada no maciço rochoso, através de 4 pilares que garantem o apoio das vigas aéreas em “I”, com pelo menos 2/3 em

balanço. A estrutura metálica tem como vantagens a construção rápida e muito flexível, vantagem que a torna mais resistente a dinâmicas do vento (PFEIL; PFEIL, 2008).

Figura 32 :Representação eletrônica da estrutura metálica do Geossítio.

Figura 33:Geossítio São Pedro Velho.

Fonte: Arouca Geopark, 2017.

O deck de compósito que compõem o piso da plataforma é permeável e resistente as variações de temperatura, outra vantagem desse material é a vida útil e a exigência de pouca manutenção, além de ser antiderrapante, garantindo a segurança dos visitantes.

Entende-se que,

Artigo 11º - As contribuições válidas de todas as épocas para a edificação do monumento devem ser respeitadas, visto que a unidade de estilo não é a finalidade a alcançar no curso de uma restauração, a exibição de uma etapa subjacente só se justifica em circunstâncias excepcionais e quando o que se elimina é de pouco interesse e o material que é revelado é de grande valor histórico, arqueológico, ou estético, e seu estado de conservação é considerado satisfatório. O julgamento do valor dos elementos em causa e a decisão quando ao que pode ser eliminado não podem depender somente do autor do projeto. (IPHAN - CARTA de VENEZA, 1964)

Enquanto, o artigo 13º, da Carta de Veneza, defende que “os acréscimos só poderão ser tolerados na medida em que respeitarem todas as partes interessantes do edifício, seu esquema tradicional, o equilíbrio de sua composição e suas relações com o meio ambiente” (1964, p.3). A nova estrutura não só garante a permanência do marco geodésico, como concede ao referido o destaque central, no ordenamento do espaço.