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Valorização e Divulgação do patrimônio geológico no Arouca Geopark

2. CONTRIBUIÇÕES DA ARQUITETURA PARA GEOCONSERVAÇÃO DE

2.1 Valorização e Divulgação do patrimônio geológico no Arouca Geopark

As práticas de geoconservação do patrimônio geológico, desenvolvidas pelo Arouca Geopark, demonstram intervenções arquitetônicas que possibilitam a proteção e a conservação dos geossítios, bem como a educação patrimonial dos visitantes. Refletindo diretamente na valorização e divulgação do patrimônio geológico. Nesse cenário é possível verificar a relação multidisciplinar na execução do processo de conservação do patrimônio.

As estruturas implantadas nos geossítios facilitam o acesso dos visitantes e servem como apoio para as práticas de educação patrimonial. O geossítio Cabanas Longas, Figura 20, apresenta iconofósseis22, as marcas provocadas por atividades de artrópodes que viveram num mar pouco profundo, há cerca de 475 milhões de anos, tem relevância internacional. O visitante pode percorrer o afloramento até os iconofósseis, graças à instalação das passarelas e de 205 degraus, implantados no local, dois painéis informativos garantem as informações sobre o

20 A partir das diretrizes descritas na Carta de Veneza, 1964.

21 Nesse sentindo o autor propões um novo sentindo ao conceito publicado na bibliografia de Friedrich Ratzel (1882), intitulada Anthropogeographie, reunindo estudos acerca da atividade dos grupos humanos em função do ambiente geográfico.

22 Iconofósseis: Vestígios ou marcas deixadas pela atividade dos seres vivos passados. Do grego ichnós, traço, marca. São iconofósseis as pegadas e outras pistas próprias da locomoção de animais (vertebrados e invertebrados), os ovos fósseis, os coprólitos (excrementos fossilizados) e os gastrólitos (pedras , no geral, boleadas, que o animal ingeria para ajudar na trituração dos alimentos, à semelhança do que se passa com a moela das aves). (PROGEO, 2019)

patrimônio, e o guarda corpo garante a segurança do visitante, enquanto delimita a área de segurança do patrimônio.

Figura 20:Geossítio Cabanas Longas

Fonte: Acervo pessoal, 2018.

Os objetivos do projeto geoparque englobam mais do que a conservação do patrimônio geológico, elas estão postas dentro de um cíclico desenvolvimento sustentável de todo o território onde os geossítios estão inseridos como peça chave.

A etapa de valorização e divulgação, dos geossítios é de extrema importância para a promoção da geoconservação, devem ser bem planejadas a fim de garantindo a integridade dos pontos de interesse, evitando a degradação, seja ela natural ou antrópica.

A valorização de Patrimônio Geológico deve preceder a sua divulgação. Entende-se por valorização o conjunto das ações de informações e interpretações que vão ajudar o público a reconhecer o valor dos geossítios. São exemplos deste tipo de ação a produção de painéis informativos e/ou interpretativos que são colocados, estrategicamente, perto de cada geossítio ou o estabelecimento de percursos temáticos que abrangem vários geossítios numa mesma região. O planejamento de percursos de vários tipos (pedestres, rodoviários, ...), deve ser acompanhado pela produção de folhetos que auxiliem o visitante ao longo dos percursos. (BRILHA, 2005, p. 108)

A valorização pode ser percebida diante da aplicação de instrumentos que valorizem os geossítios, trazendo informações e meios interpretativos que enalteçam sua importância, Figura 21, apresenta a implantação de painéis interpretativos no geossítio ‘Pedras Parideiras’, locados em pontos estratégicos, para facilitar o entendimento da paisagem pelo visitante.

Figura 21:Painel Interpretativo/Informativo – Geossítio Pedra Parideira

Fonte: Acervo pessoal, 2018

A interpretação deve instruir e gerar o sentimento de pertencimento, sensibilizando o público leigo, por isso a informação deve ser clara e simples. Para Fonseca (2009) a dificuldade em sensibilizar o visitante comum sobre as questões relativas ao patrimônio geológico e consequentemente a sua conservação, está ligado diretamente ao seu nível de cultura geológica.

Com a fase da valorização concluída, segue-se para divulgação, que trata de desenvolver a promoção do patrimônio geológico, com o intuito de ampliar o acesso da população aos pontos de interesse. Lima (2008) salienta a importância de se verificar as

características excepcionais e o nível de vulnerabilidade de cada geossítio, para que se possa planejar e estruturar o acesso (LIMA, 2008).

Figura 22:Passarela para pedestres no Geossítio Pedra Parideira

Fonte: Acervo pessoal, 2018

A infraestrutura implantada neste geossítio, permite ao visitante caminhar sobre o afloramento de granito, de forma segura, definindo um caminho estratégico por pontos de maior significado, sendo realizada a interpretação dos fenômenos pelos painéis instalados junto ao guarda corrimão.

Conforme podemos verificar na Figura 22, as passarelas formam implantadas no geossítio, permitindo o acesso dos visitantes e garante a integridade do afloramento rochoso.

As intervenções nos geossítios, permitem a valorização do local, enquanto as rotas elaboradas e os programas de educação ambiental, permitem a divulgação desse patrimônio. A Associação do Geoparque Arouca - AGA publicou em 2016 o livro Rotas dos Geossítios do Arouca Geopark (ROCHA, 2016), Figura 23, que contém três itinerários: (a) Freitas: a Serra Encantada, (b) Pelas minas e recantos desconhecidos do Paiva e (c) Paiva: o Vale surpreendente. Graças a essa iniciativa, pesquisadores e turistas podem visitar os geossítios inventariados, munidos com informações claras e didáticas sobre a geologia, geografia, turismo e história, gerando valorização e divulgação das áreas.

Segundo Rocha (2016) cinco critérios foram utilizados para criação dos itinerários: a proximidade geografia dos geossítios, o interesse turístico do itinerário, a acessibilidade, a vulnerabilidade dos geossítios e a diversidade de interesses dos geossítios.

Figura 2318:Rotas dos Geossítios do Arouca Geopark.

Fonte: Biblioteca Nacional Portuguesa, 2019.

Essa publicação permitem a divulgação do Patrimônio Geológico, por se tratar de uma ação conjunta com outro outros instrumentos de informação. As ações aplicadas respeitam os quatros princípios básicos da comunicação, determinados por Carter (2001) apud Brilha (2005, p. 109):

• Captar a atenção do destinatário; • Tornar a informação agradável;

• Tornar a comunicação relevante para a audiência; • Estruturar a comunicação.

Ações voltadas a geoconservação estão ligadas diretamente ao uso educativo e ao turístico de forma a proteger o do patrimônio geológico, sejam elas de forma pontual ou relacionando vários geossítios, como o exemplo da Rota dos Geossítios.