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GERAÇÃO DE INFORMAÇÕES PRIMÁRIAS – COLETA DE DADOS

3 FORMA DE ANÁLISE E ABORDAGEM DO PROBLEMA

3.2 GERAÇÃO DE INFORMAÇÕES PRIMÁRIAS – COLETA DE DADOS

De acordo com o Quadro 6, os procedimentos para coleta de dados foram: Coleta Documental, Entrevistas Semiestruturadas e Observação.

Quanto ao levantamento documental, foram consultados sites, relatórios técnicos, atas e documentos internos das empresas Eletrobras e Eletronuclear com dados e informações sobre o setor elétrico e setor nuclear que também embasaram a revisão de literatura deste trabalho.

Em relação à análise documental, para Gil (2002), vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Além de analisar os documentos de “primeira mão”, existem também aqueles que já foram processados, mas podem receber outras interpretações, como relatórios de empresas, tabelas, etc.

A verificação documental teve como base em documentos inerentes a governança da Eletrobras, da Eletronuclear e da Comissão de Política Tecnológica do CEPEL, como apresentações institucionais, regulamentos, atas de reuniões, normas, políticas organizacionais, organogramas, acordos de confidencialidade, procedimentos, relatórios e demais documentos relacionados à organização e diretrizes dos grupos que pilotam a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação na Eletrobras e na Eletronuclear. Leis, resoluções e decretos no âmbito da esfera pública (governo) necessários também foram utilizados no bojo da pesquisa.

O Quadro 9 contém uma listagem dos documentos que foram acessados e utilizados para esta pesquisa.

Este material foi utilizado sobretudo para corroborar evidências provenientes das entrevistas e para acrescentar informações à análise. Para isso, Gomes (2008) destaca a

necessidade de levar em consideração que nem sempre os documentos retratam a realidade, tornando muito importante extrair dos mesmos as razões pelas quais eles foram criados, e atentar-se às “pistas” que eles deixam sobre outros elementos.

Quadro 9. Levantamento Documental

Documento Origem Tipo de Informação

Atas de todas as Reuniões da CPT CEPEL Histórico dos principais acontecimentos sobre Inovação das Empresas Eletrobras Documento da Política de P&D+I Eletrobras Política de Inovação das Empresas Eletrobras

Apresentação Lei do Bem Eletrobras

Apresentação de uma consultoria contratada pela Eletrobras explicando a Lei, os benefícios e como os projetos são enquadrados e considerados como

inovação Apresentação Discussão do Prêmio

Inovação Eletrobras

Diretrizes Gerais utilizadas para construção do Manual do Prêmio de Inovação Apresentação Atuação dos GTs e

Programa de Ação 2019-2022 CEPEL

Principais temas discutidos pelos grupos temáticos e atividades necessárias para elaboração

do Programa de Ação Apresentação Acompanhamento no

Plano de Ação 2018 CEPEL

Ações de P&D+I em curso em 2018 do Grupo Eletrobras

Documento do Plano de Ação 2019 CEPEL Ações de P&D+I em curso em 2019 do Grupo Eletrobras

Documento de Dispêndios das empresas Eletrobras em Ciência, Tecnologia e Inovação:

2014 a 2017

Eletrobras

Nota Técnica sintetiza as informações referentes às empresas Eletrobras sobre dispêndios em Ciência, Tecnologia e Inovação, no quadriênio 2014 a 2017 passadas para o MCTIC. Histórico

da formação da CPT Documento do Programa de Ação

2019-2022 CEPEL

Temas e Linhas de Ação em P&D+I. Planejamento a longo prazo de P&D+I Documento do Manual do Prêmio de

Inovação Eletrobras

Definição comum de inovação das Empresas Eletrobras

Modalidades e Categorias consideradas Inovação pelas Empresas Eletrobras

Documento do Regimento Interno

CPT CEPEL

Definição e estruturação da Comissão de Política Tecnológica (CPT)

Documento de Aprovação Política de

P&D+I Eletrobras

Confirmação da Aprovação da Política pelo Conselho de Administração e pela Diretoria

Executiva da Eletrobras Documento de Aprovação do Prêmio

de Inovação das Empresas Eletrobras Eletrobras

Confirmação da Aprovação do Prêmio de Inovação das Empresas Eletrobras pela Diretoria

Executiva da Eletrobras Documento de Aprovação do

Programa de Ação 2019-2022 Eletrobras

Confirmação da Aprovação do Programa de Ação 2019-2022 pela Diretoria Executiva da Eletrobras Circular Leonam Guimaraes –

Eletronuclear Eletrobras

Encaminhamento para o Presidente da Eletronuclear para aprovação e instituição do

Prêmio de Inovação na empresa Termo de Abertura Do Projeto

PDNG 2019-2023 Eletrobras

Informações sobre o projeto “desenvolver a cultura da inovação”, inserido no PDGN 2019-

2023, na diretriz estratégica “valorização das pessoas”.

Documento de Aprovação Política de

P&D+I Eletronuclear

Confirmação da Aprovação da Política pelo Conselho de Administração da Eletronuclear Atas de reuniões do Grupo Temático

de Inovação Eletrobras

Histórico dos principais acontecimentos sobre Inovação das Empresas Eletrobras

Planilha de Levantamento Projetos de Inovação Tecnológica para Lei do

bem

Eletronuclear Primeiro levantamento de Projetos de Inovação da Eletronuclear

Ata de Reunião dos FTs CEPEL Histórico dos principais acontecimentos sobre

Gestão da Inovação das Empresas Eletrobras

Apresentação SIPPED CEPEL

Documento com as principais características do SIPPED – ferramenta on line que concentras as informações dos projetos de P&D+I pilotados

pelo CPT Documento do Procedimento

Acompanhamento do Plano de Ação em

Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação – P&D+I 2018

CEPEL Detalhamento sequencial do processo de

Acompanhamento do Plano de Ação Technology Roadmap Nuclear

Energy Eletronuclear

Detalha as perspectivas tecnológicas mundiais do setor nuclear até o ano de 2050

Fonte: Elaborado pela autora

Quanto às entrevistas, estas serão realizadas utilizando-se um formulário semiestruturado de perguntas (Apêndice I), de forma a permitir a inserção de novas questões conforme a percepção de sua necessidade no decorrer da entrevista e também por conceder maior liberdade de resposta ao entrevistado.

Como argumentam Vázquez e Angulo (2003), comparadas com as entrevistas estruturadas, as entrevistas semiestruturadas não pressupõem uma especificação verbal ou escrita do tipo de perguntas a formular nem, necessariamente, da ordem de formulação. Para além de possuírem características diferentes, também Flick (2004) aponta algumas vantagens das entrevistas semiestruturadas sobre as estruturadas, dado que estas últimas limitam o ponto de vista do sujeito ao impor quando, em que sequência e como tratar os assuntos. Em suma, a entrevista semiestruturada não segue uma ordem pré-estabelecida na formulação das perguntas, deixando maior flexibilidade para colocar essas perguntas no momento mais apropriado, conforme as respostas do entrevistado.

Bourdieu (1999) indica que a escolha do método não deve ser rígida, mas sim rigorosa, ou seja, o pesquisador não necessita seguir um método só com rigidez, mas qualquer método ou conjunto de métodos que forem utilizados devem ser aplicados com rigor. Para se obter uma boa pesquisa é necessário escolher as pessoas que serão investigadas, sendo que, na medida do possível estas pessoas sejam já conhecidas pelo pesquisador ou apresentadas a ele por outras pessoas da relação da investigada. Dessa forma, quando existe uma certa familiaridade ou proximidade social entre pesquisador e pesquisado as pessoas ficam mais à vontade e se sentem mais seguras para colaborar.

Os entrevistados serão os atores envolvidos na Comissão de Política Tecnológica (CPT), sendo representantes das empresas Eletrobras e Eletronuclear, assim como os membros da

Diretoria Executiva da CPT, cujos membros são do CEPEL. Cerca de 50% das pessoas selecionadas para a entrevistas são conhecidas pelo pesquisador, através da observação das reuniões da CPT já realizadas (e durante as primeiras fases de delineamento de estudo de caso, conforme já explicado) e a partir de apresentações feitas por indicação do Presidente da Eletrobras Eletronuclear.

As entrevistas individuais possibilitaram alcançar informações e conhecer as rotinas operacionais para o desenvolvimento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Grupo de empresas Eletrobras, assim como as diferenças e particularidades de cada empresa estudada para atingir os objetivos deste trabalho.

O Quadro 10 apresenta a relação dos entrevistados selecionados, sua função e a empresa ao qual pertencem. Haverá a preservação da identidade dos mesmos já que as falas dos entrevistados não serão reveladas no momento das análises. É importante destacar que os entrevistados receberam uma codificação de acordo com as letras do alfabeto, que não necessariamente seguem a sequencia evidenciada no Quadro 10 ou tem relação com as letras iniciais dos nomes apresentados no quadro em questão.

Quadro 10. Relações de Entrevistados

Entrevistado Função Empresa

Leonam dos S. Guimaraes Presidente da Eletronuclear

Diretor Técnico da Eletronuclear Eletronuclear

José A. do Amaral Coordenador da Diretoria Técnica Eletronuclear

Marcelo Gomes da Silva Chefe do Departamento de Novos Empreendimentos

-Representante da Eletronuclear na CPT Eletronuclear

Lúcio Dias Batista Superintendente de Engenharia de Projeto Eletronuclear

Karla Kwiatkowski Lepetitgaland

Departamento de Novos Empreendimentos

Suplente da Eletronuclear na CPT Eletronuclear

Alberto Wajzenberg Representante da Presidência da Eletrobras na CPT Eletrobras Kathia Christina de Souza

Pimentel

Coordenadora do Grupo Temático de Inovação

Corporativa na CPT Eletrobras

Leonardo Condeixa de Araújo

Colaborador do Grupo Temático de Inovação

Corporativa na CPT Eletrobras

Fernanda Costa Secretaria Executiva da CPT CEPEL

Gilberto Pires de Azevedo Colaborador da Secretaria Executiva da CPT CEPEL

Fonte: Elaborado pela autora.

A seleção dos sujeitos das entrevistas aconteceu a partir da identificação de atores envolvidos em P&D+I, atuantes na CPT, na Eletrobras, na Eletronuclear e no CEPEL, considerando a acessibilidade e os demais critérios: entrevistados com poder de influência na unidade de análise do estudo, com acesso às informações de P&D+I, com participação ativa

das reuniões da CPT e, também, por possuírem conhecimento acumulado (experiência) sobre Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.

As entrevistas tiveram duração média de 54 minutos, foram gravadas e, posteriormente, transcritas para então serem analisadas. Elas foram realizadas entre maio de 2019 a julho de 2019, dentro de um período estagnado da realização das reuniões da CPT em função da saída do Sr. Antonio Varejão de Godoy, antigo Coordenador da CPT. A última entrevista foi realizada em 09 de julho de 2019, data em que o novo coordenador da CPT ainda não havia sido definido. Esse ponto foi importante visto que todos os entrevistados, em teoria, mantinham o mesmo nível de informações sobre os temas discutidos na comissão, ou seja, não há a possibilidade de sugestão que as respostas das entrevistas sejam distintas por ações de avanço e resultados solicitados com o andamento dos encontros da CPT.

Para Triviños (1987) a entrevista semiestruturada tem como característica questionamentos básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa. Manzini (2003) salienta que é possível um planejamento da coleta de informações por meio da elaboração de um roteiro com perguntas que atinjam os objetivos pretendidos.

Para a realização das perguntas, destacou-se três blocos de questões (Apêndice I). O interesse central deste trabalho, a princípio, é coletar informações das empresas a partir de uma questão norteadora, que foi fundamental para manter o foco da pesquisa: “Como sua empresa gere a inovação tecnológica e se apropria desses resultados?”. Assim, a partir deste questionamento, foram definidos os eixos de questões de acordo com as empresas selecionadas, já que cada empresa possui a sua maturidade no que se refere à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.

Em relação ao CEPEL, é importante buscar as seguintes informações nas entrevistas: conhecer a Política de Inovação do CEPEL, conhecer a dinâmica da CPT (Comissão de Política Tecnológica) e como os projetos de inovação tecnológica são geridos no Setor Elétrico Brasileiro.

Em relação à Eletrobras, os objetivos são: conhecer a política de inovação, conhecer a gestão da inovação interna da empresa, verificar como acontece na prática as ações descritas pilotadas pela CPT e como a Eletrobras pilota com o CEPEL a gestão na inovação nas empresas do seu grupo.

Quanto à Eletronuclear, cabe verificar como a política de inovação da holding está implantada e difundida na empresa, como acontece a gestão dessa política e, logo, no âmbito da gestão da inovação, como a empresa está inserida no âmbito da CPT e quais as especificidades da Eletronuclear em relação à P&D+I.

A partir desses eixos de questões de acordo com cada empresa selecionada (conforme explicado acima) e que também estão ligados aos objetivos específicos desta pesquisa, foram formados os blocos de perguntas, dos quais os questionamentos encontram-se no Apêndice I. Observa-se também a relação destas perguntas com as referências que também serviram de embasamento para a formulação dos questionamentos.

O primeiro bloco de perguntas está relacionado aos conceitos de Inovação Tecnológica, a difusão das Políticas de Inovação, ao conhecimento da Política de Inovação dentro do ambiente empresarial, a aplicação das políticas na prática da empresa, e a relação dessas políticas entre empresas do mesmo grupo e/ou subordinadas. Para a formulação dessas perguntas, foram utilizados os trabalhos de Schumpeter (1988) e Viotti (2008). O segundo bloco está relacionado às questões sobre à Gestão da Inovação Tecnológica, como técnicas e ferramentas de gestão da inovação e como a gestão da inovação é gerida entre empresas do grupo, tomando como referência os trabalhos de Tigre (2006) e Guimaraes e Mattos (2013). No bloco 3, as perguntas são sobre a estrutura de P&D+I da empresa, no caso específico da Eletronuclear. Para o terceiro bloco, as perguntas foram realizadas de acordo com o indicado em Guimaraes e Mattos (2013).

No Apêndice II encontra-se o TCLE das entrevistas semiestruturadas. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) é o documento que, além de explicar os detalhes da pesquisa (justificativa, objetivos, procedimentos, entre outros aspectos), também deve informar e assegurar os direitos dos participantes. De acordo com Martin (2002), o TCLE não é apenas um texto jurídico com a assinatura do sujeito da pesquisa afixada. É um instrumento que se usa para facilitar a comunicação entre pesquisador e sujeito da pesquisa no intuito de firmar parceria entre pessoas humanas autônomas.

Outra forma de coleta de dados foi através da observação, na participação em reuniões e visitas técnicas, de acordo com a demanda, e nos locais onde os eventos ocorreram. As observações tiveram qualidade progressivas: a cada reunião ou evento, ou seja, a cada passo dado, o pesquisador chegou a novas amostras e necessidade de novas observações que lhe esclareceram padrões, identificaram situações e que permitiram encontrar respostas aos questionamentos pendentes da última observação.

A observação é o instrumento básico de coleta de dados em todas as ciências, sendo importante para a construção de qualquer conhecimento (LUDKE e ANDRÉ, 1986). A observação consiste na verificação dos comportamentos dos participantes do estudo, evitando respostas falsas e politicamente corretas como ocorre com roteiros de entrevistas.

As modalidades de observação que foram empregadas neste trabalho são a observação sistemática e a observação participante.

A observação sistemática designada também como estruturada, caracteriza-se por ser uma ação minuciosamente planejada, com vista a atender critérios preestabelecidos. Assim, cabe ao pesquisador se manter o mais objetivo possível, eliminando por completo sua influência sobre os fenômenos em estudo e se limitando a somente descrever informações precisas acerca do fato em questão. Cabe ressaltar que, mediante a tais aspectos, faz-se necessário, como anteriormente expresso, um plano previamente elaborado, que forneça os subsídios necessários à análise da situação, cuja natureza se manifesta por um aspecto iminentemente exploratório (DUARTE, 2012). Para Marconi e Lakatos (2003), neste tipo de observação há um planejamento de ações, sendo uma observação direcionada, ao inverso da assistemática. Quadros, anotações, escalas, dispositivos mecânicos são alguns dos instrumentos que podem ser utilizados nessa observação.

Nesse sentido, antes de cada reunião da CPT a acompanhar, a ata anterior era relida assim como a programação da próxima reunião. A reunião da Comissão de Política Tecnológica é uma reunião bimestral (presencial) intercalada com vídeo e conferências bimestrais. Cada reunião dura em média 4 horas, tem um planejamento dos assuntos e um roteiro dos palestrantes envolvidos. Antes de cada reunião, os pontos chaves, de acordo com os objetivos de pesquisa eram marcados, as pessoas relacionadas a esses pontos, quais seriam as informações a extrair desse momento da reunião, quais os contatos seriam necessários extrair para próximos passos e quais os documentos poderiam ser solicitados. O pesquisador foi para as reuniões com essas tabelas previamente preenchidas e após a reunião as informações e as anotações dessa reunião eram atualizadas com a divulgação da ata.

A observação participante consiste na participação real e ativa do pesquisador como membro do grupo, trabalha junto com o grupo e participa das atividades normais deste. Já na observação participante, o observador assume uma posição totalmente ativa, envolvendo-se com o fenômeno analisado. Tal participação poderá assumir duas formas distintas: a natural, demarcada pelo fato de ele já pertencer à mesma comunidade; ou artificial, quando ele passa a integrar o grupo em análise (DUARTE, 2012).

O observado foi apresentado como observador revelado: identidade e objetivos declarados. Do ponto de vista moral e prático, a melhor maneira de se fazer uma observação participante é optar por ser um observador revelado (BOGDAN e BIKLEN, 1994). Segundo Gil (2002), manter-se incógnito pode ser vantajoso para a obtenção de determinados dados. No entanto, invadir a privacidade dos outros sem se declarar é sem dúvida um procedimento

antiético. A superação desse problema pode estar na solicitação do consentimento dos informantes. Tal medida, no entanto, não soluciona o problema ético, pois a diferença de status entre o pesquisador e os informantes - que ocorre com freqüência - pode conduzir a alguma forma de constrangimento (GIL, 2002).

Além do pesquisador trabalhar na mesma empresa em que os fatos serão observados, teve-se como objetivos da observação participante: proporcionar a melhor maneira de o pesquisador obter uma imagem válida da realidade social; diminuir a possibilidade de os observados mentirem ou tentarem enganar o pesquisador, que estará testemunhando o comportamento ao invés de confiar nos relatos dos pesquisados; proporcionar estudos mais aprofundados que podem servir a vários propósitos úteis, gerando novas hipóteses, direções, visões e ideias.

A observação participante se deu principalmente pela pesquisadora ser nomeada representante da Eletronuclear no grupo Temático de Inovação, um dos grupos de trabalho que fazem parte da Comissão de Política Tecnológica e que contém participantes de todos as empresas do Grupo Eletrobras. Além de garantir a divulgação da Política de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação internamente na Eletronuclear e outros assuntos referentes aos trabalhos deste grupo temático, a pesquisadora participou ativamente da construção do regulamento do Prêmio de Inovação das Empresas Eletrobras, que ocorreu durante 1 semana em fevereiro de 2019, em Brasilia.

A aplicação desta técnica de observação foi realizada no período de outubro de 2018 a julho de 2019, a partir da inclusão da pesquisadora como participante das reuniões da Comissão de Política Tecnológica (CPT) e no período de fevereiro a julho de 2019, a partir da inclusão da pesquisadora no Grupo Temático de Inovação, um dos grupos membros da organização da CPT. Quando se deu início a observação, algumas reuniões da CPT já haviam sido feitas e todas as atas e documentos anteriores foram lidos, um resumo dessas informações foi realizado e atualizado sempre após a participação de uma nova reunião e a partir dos dados das tabelas feitas como planejamento da observação sistemática. Os questionamentos foram sanados com o desenvolvimento das próximas reuniões, à medida que iam sendo colocados no planejamento das observações.

A observação foi utilizada para alcançar informações e detalhes que poderiam não ser lembrados pelos entrevistados, para conhecer a rotina organizacional e metodológica de Gestão da Inovação do Grupo e para garantir a obtenção de todos os documentos relacionados ao grupo de Comissão de Política Tecnológica, à medida que eram citados, utilizados e/ou desenvolvidos no andamento destas reuniões.

A observação também permitiu verificar demais fenômenos que foram considerados pertinentes para a análise, rituais, símbolos, uso de terminologias próprias, os processos comunicacionais, espaço físico e outros. Através dessa técnica, foi possível captar os aspectos necessários para perceber a consistência ou não, entre o discurso e a prática dos sujeitos.