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As recomendações e medidas resultantes do estudo de análise e avaliação de riscos para a redução das frequências e consequências de eventuais acidentes devem ser consideradas como partes integrantes do processo de geren- ciamento de riscos; entretanto, independente- mente da adoção dessas medidas, uma instalação

que possua substâncias ou processos perigosos deve ser operada e mantida, ao longo de sua vida útil, dentro de padrões considerados toleráveis, razão pela qual um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) deve ser implementado e consi- derado nas atividades, rotineiras ou não, de uma planta industrial.

Embora as ações previstas no PGR devam contemplar todas as operações e equipamentos, o programa deve considerar os aspectos críticos identificados no estudo de análise de riscos, de forma que sejam priorizadas as ações de geren- ciamento dos riscos, a partir de critérios estabele- cidos com base nos cenários acidentais de maior relevância.

O objetivo do PGR é prover uma sistemáti- ca voltada para o estabelecimento de requisitos contendo orientações gerais de gestão, com vis- tas à prevenção de acidentes.

Programa de Gerenciamento de Riscos I

O escopo aqui apresentado se aplica a em- preendimentos de médio e grande porte, deven- do contemplar as seguintes atividades:

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ƒ Informações de segurança de processo; ƒ

ƒ revisão dos riscos de processos; ƒ

ƒ gerenciamento de modificações; ƒ

ƒ manutenção e garantia da integridade de sistemas críticos;

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ƒ procedimentos operacionais; ƒ

ƒ capacitação de recursos humanos; ƒ

ƒ investigação de incidentes; ƒ

ƒ Plano de Ação de Emergência(PAE); ƒ

ƒ auditorias.

No âmbito do licenciamento ambiental, o PGR é parte integrante do processo de avalia- ção do estudo de análise de riscos. Dessa forma, as empresas em avaliação pelo órgão ambiental deverão apresentar um relatório contendo as di- retrizes do PGR, no qual deverão estar claramente relacionadas as atribuições, as atividades e os do- cumentos de referência, tais como normas técni- cas, legislações e relatórios, entre outros.

Todos os itens constantes do PGR devem ser claramente definidos e documentados, apli- cando-se tanto aos procedimentos e funcionários da empresa quanto em relação a terceiros (em-

desenvolvam atividades nas instalações envolvi- das nesse processo.

Toda a documentação de registro das ativi- dades realizadas no PGR, como, por exemplo, os resultados de auditorias, serviços de manutenção e treinamentos, devem estar disponíveis para ve- rificação sempre que necessária pelos órgãos res- ponsáveis, razão pela qual devem ser mantidos em arquivo por, pelo menos, seis anos.

Informações de segurança de processo

As informações de segurança de processo são fundamentais no gerenciamento de riscos de instalações perigosas. O PGR deve contemplar a existência de informações e documentos atuali- zados e detalhados sobre as substâncias químicas envolvidas, tecnologia e equipamentos de pro- cesso, de modo a possibilitar o desenvolvimento de procedimentos operacionais precisos, assegu- rar o treinamento adequado e subsidiar a revisão dos riscos, garantindo uma correta operação do ponto de vista ambiental, de produção e de se- gurança. Assim, as informações de segurança de processo devem incluir:

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ƒ Informações das substâncias quími- cas do processo: incluem informações

relativas aos perigos impostos pelas substâncias, inclusive intermediárias, para a completa avaliação e definição dos cuidados a serem tomados, quando consideradas as características perigo- sas relacionadas com inflamabilidade, reatividade, toxicidade e corrosividade, entre outros riscos; assim, é de funda- mental importância a disponibilidade de fichas de informação e orientações específicas sobre tais riscos.

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ƒ Tecnologia de processo: inclui infor-

mações do tipo diagrama de blocos, fluxogramas de processo, balanços de materiais e de energia, contendo in- ventários máximos, limites superiores e inferiores, além dos quais as operações

podem ser consideradas inseguras para parâmetros como temperatura, pres- são, vazão, nível e composição e respec- tivas consequências dos desvios desses limites.

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ƒ Equipamentos de processo: inclui in-

formações sobre os materiais de cons- trução, diagramas de tubulações e ins- trumentação (P & IDs), classificação de áreas, projetos de sistemas de alívio e ventilação, sistemas de segurança, shut- -down e intertravamentos, códigos e normas de projeto.

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ƒ Procedimentos operacionais: esses

procedimentos são partes integrantes das informações de segurança do pro- cesso, razão pela qual um plano especí- fico deve estabelecer os procedimentos a serem seguidos em todas as opera- ções desenvolvidas na planta industrial. Revisão dos riscos de processo

O estudo de análise e avaliação de riscos im- plementado durante o projeto inicial de uma ins- talação nova deve ser revisado periodicamente, de modo a serem identificadas novas situações de risco, possibilitando assim o aperfeiçoamento das operações realizadas, de modo a manter as instalações operando de acordo com os padrões de segurança requeridos.

A revisão dos estudos de análise de riscos deverá ser realizada em periodicidade a ser defi- nida no PGR, a partir de critérios claramente esta- belecidos, com base nos riscos inerentes às dife- rentes unidades e operações.

A realização de qualquer alteração ou am- pliação na instalação industrial, a renovação da licença ambiental ou a retomada de operações após paradas por períodos superiores a seis me- ses, são situações que requerem obrigatoriamen- te a revisão dos estudos de análise de riscos, in- dependentemente da periodicidade definida no PGR, considerando-se sempre os critérios para a classificação de instalações industriais.

Gerenciamento de modificações

As instalações industriais estão permanen- temente sujeitas a modificações com o objetivo de melhorar a operacionalidade e a segurança, in- corporar novas tecnologias e aumentar a eficiên- cia dos processos. Assim, considerando a com- plexidade dos processos industriais, bem como outras atividades que envolvam a manipulação de substâncias químicas perigosas, é imprescin- dível ser estabelecido um sistema gerencial apro- priado para assegurar que os riscos decorrentes dessas alterações possam ser adequadamente identificados, avaliados e gerenciados previa- mente à sua implementação.

Dessa forma, o PGR deve estabelecer e im- plementar um sistema de gerenciamento con- templando procedimentos específicos para a ad- ministração de modificações na tecnologia e nas instalações. Entre outros, esses procedimentos devem considerar os seguintes aspectos:

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ƒ Bases de projeto do processo e mecâni- co para as alterações propostas;

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ƒ Análise das considerações de seguran- ça e de meio ambiente envolvidas nas modificações propostas, contemplan- do inclusive os estudos para a análise e avaliação dos riscos impostos por es- sas modificações, bem como as impli- cações nas instalações do processo à montante e à jusante das instalações a serem modificadas;

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ƒ Necessidade de alterações em proce- dimentos e instruções operacionais, de segurança e de manutenção;

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ƒ Documentação técnica necessária para registro das alterações;

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ƒ Formas de divulgação das mudanças propostas e suas implicações ao pes- soal envolvido;

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ƒ Obtenção das autorizações necessá- rias, inclusive licenças junto aos órgãos competentes.

Manutenção e garantia da integridade de sistemas críticos

Os sistemas considerados críticos em insta- lações ou atividades perigosas, sejam estes equi- pamentos para processar, armazenar ou manusear substâncias perigosas, ou mesmo relacionados com sistemas de monitorização ou de segurança, devem ser projetados, construídos e instalados no sentido de minimizar os riscos às pessoas e ao meio ambiente. Para tanto, o PGR deve prever um programa de manutenção e garantia da integri- dade desses sistemas, com o objetivo de garantir o correto funcionamento dos mesmos, por inter- médio de mecanismos de manutenção preditiva, preventiva e corretiva. Assim, todos os sistemas nos quais operações inadequadas ou falhas pos- sam contribuir ou causar condições ambientais ou operacionais inaceitáveis ou perigosas devem ser considerados como críticos. Esse programa deve incluir o gerenciamento e o controle de to- das as inspeções e o acompanhamento das ativi- dades associadas com os sistemas críticos para a operação, segurança e controle ambiental. Essas operações iniciam com um programa de garantia da qualidade e terminam com um programa de inspeção física que trata da integridade mecânica e funcional. Dessa forma, os procedimentos para inspeção e teste dos sistemas críticos devem in- cluir, entre outros, os seguintes itens:

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ƒ Lista dos sistemas e equipamentos críti- cos sujeitos a inspeções e testes; ƒ

ƒ Procedimentos de testes e de inspeção em concordância com as normas técni- cas e códigos pertinentes;

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ƒ Documentação das inspeções e testes, a qual deverá ser mantida arquivada durante a vida útil dos equipamentos; ƒ

ƒ Procedimentos para a correção de ope- rações deficientes ou que estejam fora dos limites aceitáveis;

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ƒ Sistema de revisão e alterações nas ins- peções e testes.

Procedimentos operacionais

Todas as atividades e operações realizadas em instalações industriais devem estar previstas em procedimentos claramente estabelecidos, que devem contemplar, entre outros, os seguin- tes aspectos:

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ƒ Cargos dos responsáveis pelas opera- ções;

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ƒ Instruções precisas que propiciem as condições necessárias para a realização de operações seguras, considerando as informações de segurança de processo; ƒ

ƒ Condições operacionais em todas as etapas de processo, ou seja: partida, operações normais, operações tempo- rárias, paradas de emergência, paradas normais e partidas após paradas, pro- gramadas ou não;

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ƒ Limites operacionais.

Os procedimentos operacionais devem ser revisados periodicamente, de modo que repre- sentem as práticas operacionais atualizadas, in- cluindo as mudanças de processo, tecnologia e instalações.

A frequência de revisão deve estar clara- mente definida no PGR, considerando os riscos associados às unidades em análise.

Capacitação de recursos humanos

O PGR deve prever um programa de treina- mento para todas as pessoas responsáveis pelas operações realizadas na empresa, de acordo com suas diferentes funções e atribuições. Os treina- mentos devem contemplar os procedimentos operacionais, incluindo eventuais modificações ocorridas nas instalações e na tecnologia de pro- cesso.

O programa de capacitação técnica deve ser devidamente documentado, contemplando as seguintes etapas:

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ƒ Treinamento inicial: todo o pessoal

envolvido nas operações da empre- sa deve ser treinado antes do início de qualquer atividade, de acordo com critérios preestabelecidos de qualifica- ção profissional. Os procedimentos de treinamento devem ser definidos de modo a assegurar que as pessoas que operem as instalações possuam os co- nhecimentos e habilidades requeridos para o desempenho de suas funções, incluindo as ações relacionadas com a pré-operação e paradas, emergenciais ou não.

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ƒ Treinamento periódico: o programa

de capacitação deve prever ações para a reciclagem periódica dos funcioná- rios, considerando a periculosidade e complexidade das instalações e as fun- ções; no entanto, em nenhuma situação a periodicidade de reciclagem deve ser inferior a três anos. Tal procedimento visa a garantir que as pessoas estejam permanentemente atualizadas com os procedimentos operacionais.

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ƒ Treinamento após modificações:

quando houver modificações nos pro- cedimentos ou nas instalações, os funcionários envolvidos deverão, obri- gatoriamente, ser treinados sobre as alterações implementadas antes do re- torno às suas atividades.

Investigação de incidentes

Todo e qualquer incidente de processo ou desvio operacional que resulte ou possa resultar em ocorrências de maior gravidade, envolvendo lesões pessoais ou impactos ambientais, deve ser investigado. Assim, o PGR deve contemplar as di- retrizes e critérios para a realização dessas inves- tigações, que devem ser devidamente analisadas, avaliadas e documentadas.

Todas as recomendações resultantes do processo de investigação devem ser implementa-

das e divulgadas na empresa, de modo que situa- ções futuras e similares sejam evitadas.

A documentação do processo de investiga- ção deve contemplar os seguintes aspectos:

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ƒ Natureza do incidente; ƒ

ƒ Causas básicas e demais fatores contri- buintes;

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ƒ Ações corretivas e recomendações identificadas, resultantes da investiga- ção.

Plano de Ação de Emergência (PAE)

Independentemente das ações preventivas previstas no PGR, um Plano de Ação de Emergên- cia (PAE) deve ser elaborado e considerado como parte integrante do processo de gerenciamento de riscos.

O PAE deve se basear nos resultados obti- dos no estudo de análise e avaliação de riscos, quando realizado, e na legislação vigente, deven- do também contemplar os seguintes aspectos:

ƒ ƒ introdução; ƒ ƒ estrutura do plano; ƒ

ƒ descrição das instalações envolvidas; cenários acidentais considerados; área de abrangência e limitações do plano;

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ƒ estrutura organizacional, contemplan- do as atribuições e responsabilidades dos envolvidos;

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ƒ fluxograma de acionamento; ƒ

ƒ ações de resposta às situações emer- genciais compatíveis com os cenários acidentais considerados, de acordo com os impactos esperados e avaliados no estudo de análise de riscos, consideran- do procedimentos de avaliação, contro- le emergencial (combate a incêndios, isolamento, evacuação, controle de va- zamentos etc.) e ações de recuperação; ƒ

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ƒ divulgação, implantação, integração com outras instituições e manutenção do plano;

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ƒ tipos e cronogramas de exercícios teó- ricos e práticos, de acordo com os dife- rentes cenários acidentais estimados; ƒ

ƒ documentos anexos: plantas de locali- zação da instalação e layout, incluindo a vizinhança sob risco, listas de aciona- mento (internas e externas), listas de equipamentos, sistemas de comunica- ção e alternativos de energia elétrica, relatórios etc.

Auditorias

Os itens que compõem o PGR devem ser periodicamente auditados, com o objetivo de se verificar a conformidade e efetividade dos proce- dimentos previstos no programa.

As auditorias poderão ser realizadas por equipes internas da empresa ou mesmo por audi- tores independentes, de acordo com o estabeleci- do no PGR. Da mesma forma, o plano deve prever a periodicidade para a realização das auditorias, de acordo com a periculosidade e complexidade

das instalações e dos riscos delas decorrentes, não devendo, no entanto, ser superior a três anos.

Todos os trabalhos decorrentes das audi- torias realizadas nas instalações e atividades cor- relatas devem ser devidamente documentados, bem como os relatórios decorrentes da imple- mentação das ações sugeridas nesse processo.

Programa de Gerenciamento de Riscos II

O escopo aqui apresentado se aplica a em- preendimentos de pequeno porte, devendo con- templar as seguintes atividades:

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ƒ informações de segurança de processo; ƒ

ƒ manutenção e garantia da integridade de sistemas críticos;

ƒ

ƒ procedimentos operacionais; ƒ

ƒ capacitação de recursos humanos; ƒ

ƒ Plano de Ação de Emergência (PAE).

O conteúdo de cada uma das atividades acima relacionadas deve contemplar o descrito nos respectivos subitens apresentados anterior- mente.

4.9 Comunicação de Riscos