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Gestão ambiental, como o nome sugere, consiste na gestão de processos, aliada ao respeito ao meio ambiente. Barbieri (2011, p. 19) coloca que gestão ambiental pode ser entendida como “as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais [...] com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, tanto reduzindo, eliminando ou compensando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quanto evitando que eles surjam”.

Outra definição, é a proposta de Jabbour e Jabbour (2013, p. 7), que caracterizam a gestão ambiental como a “adoção de práticas gerenciais de planejamento e organização, de gestão operacional e de comunicação que objetivam a melhoria da relação entre a organização

e o meio ambiente”, tendo como consequência a redução de impactos ambientais e benefícios associados à melhoria do desempenho ambiental. Destaca-se que não há, ainda, um consenso acerca do conceito de Gestão Ambiental, visto que o mesmo vem evoluindo junto às discussões sobre o assunto no decorrer dos anos.

Luiz et al. (2013, p. 56) colocam que “a Gestão Ambiental é uma das alternativas mais plausíveis de se alavancar os índices de desenvolvimento sustentável”. Barros et al. (2013) explicam que a principal referência da gestão ambiental no Brasil é a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA - Lei nº 9.638/81), e que os instrumentos de gestão ambiental servem para evitar perdas drásticas no meio ambiente, as quais correspondem às externalidades negativas do sistema de produção, e que não são contabilizadas adequadamente pelo mercado. Estes instrumentos, a que Barros et al. (2013) se referem, estão elencados no artigo 9º da PNMA, e consistem no estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, licenciamentos, zoneamentos, penalidades disciplinares ou compensatórias, cadastros federais, entre outras medidas preventivas e coibitivas. É interessante observar que estas medidas, embora sejam questões legais, nem sempre funcionam efetivamente. Braga (2010, p. 10) aponta duas deficiências que “comprometem a base de toda a estrutura institucional responsável pela formulação e aplicação das normas ambientais brasileiras”: o grande número de instâncias decisórias com poder para editar as normas ambientais, e a baixa qualidade das regras que disciplinam o processo administrativo de produção normativa no CONAMA.

Jabbour e Jabbour (2013), destacam alguns benefícios da gestão ambiental para as organizações, a saber: melhoria do desempenho operacional e consequente redução dos custos operacionais (ecoeficiência); melhoria do potencial inovador, tanto de processos, quanto de produtos, o que pode implicar também na identificação de novas oportunidades de mercado; antecipação e influência da regulamentação ambiental, sendo proativa e gerando vantagem competitiva; acesso a fontes de crédito e financiamento; elevação da reputação da organização e a consequente geração de mídia espontânea pela postura ambientalmente correta, gestão de recursos humanos com implicação na motivação; estabelecimento de novas parcerias, principalmente com instituições de ensino e pesquisa; e redução do risco de gestão.

Por outro lado, Jabbour e Jabbour (2013) destacam algumas dificuldades internas na implementação da gestão ambiental nas organizações, como a carência de recursos financeiros ou humanos específicos para este fim; a dificuldade de entendimento e percepção dos gestores; a dificuldade de implantação e manutenção de práticas; atividades e cultura da organização, com resistências, visão negativa em decorrência de experiências anteriores, instabilidade administrativa ou falta de divulgação interna. Já as dificuldades externas estão

nas certificações, que exigem conhecimento e, às vezes, têm custos financeiros; a situação macroeconômica do país; a instabilidade institucional (fragilidades no conjunto de regulamentações); e, a falta de suporte e de diretrizes.

Dias (2011) destaca a importância da conscientização e da atuação do setor de recursos humanos das organizações, ao incorporar nestas a mudança de processos em prol do meio ambiente. O autor salienta que se deve contar com a participação de diferentes setores da sociedade nos treinamentos, possibilitando compreender todas as variáveis integrantes do contexto da visão ambiental, e evitando o pensamento de que é um discurso vazio ou incoerente.

Vale, ainda, destacar o papel da governança para com a questão ambiental. Nesta lógica, Jacobi e Sinisgalli (2012, p. 1471) trazem o conceito de Governança Ambiental como algo que transcende ao simples conjunto de formatos de gestão, pois vai além da questão da mera fiscalização por parte da sociedade. Estes autores destacam a dimensão de compartilhamento da governança ambiental, que é “baseada na participação ampliada em todos os processos, o que demanda o envolvimento ativo de todas as partes interessadas (stakeholders) em agendas pautadas pela busca de cooperação e consenso”.

Jacobi e Sinisgalli (2012) destacam, também, que o maior desafio é buscar os pontos de comum acordo que impliquem positivamente nos processos de fortalecimento de políticas públicas ambientais, o que não vem efetivamente acontecendo. O Quadro 2 apresenta uma síntese das ideias apresentadas nesta seção.

Quadro 2 - Síntese dos conceitos apresentados sobre Gestão Ambiental

CONCEITOS DIRETRIZES DIFICULDADES X BENEFÍCIOS

• “As diretrizes e as

atividades [...] com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente” (BARBIERI, 2011, p. 19). • “Adoção de práticas gerenciais [...] que objetivam a melhoria da relação entre a organização e o meio ambiente” (JABBOUR; JABBOUR, 2013, p. 7).

• Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA - Lei nº 9.638/81) define

instrumentos de gestão ambiental.

• Deficiências da estrutura institucional: grande número de instâncias decisórias e a baixa qualidade das regras que disciplinam o processo administrativo (BRAGA, 2010, p. 10).

• Benefícios: ecoeficiência; novas oportunidades de mercado; antecipação e influência da

regulamentação ambiental; acesso a fontes de crédito; reputação da organização; estabelecimento de parcerias; redução do risco de gestão, entre outros.

• Dificuldades de implementação: carência de recursos financeiros ou humanos; dificuldade de implantação e manutenção de práticas; visão

pessimista; falta de divulgação interna; falta de suporte e de diretrizes, entre outras (JABBOUR; JABBOUR, 2013).

Em relação ao setor público, é importante que além de criar regulamentações para incentivar e cobrar atitudes socioambientais das organizações, o mesmo implemente práticas nesta orientação. Vale salientar, também, que por meio de uma gestão ambiental planejada, tanto o setor público, como o setor privado têm condições de adotar práticas ambientalmente corretas, conciliando aspectos culturais, econômicos, sociais e ambientais no desenvolvimento de suas atividades diárias, com impactos positivos sobre o meio ambiente e a sociedade, favorecendo o desenvolvimento sustentável. Por propor a adoção de práticas socioambientais, a A3P, como proposta pelo MMA, pode ser um meio de se iniciar uma gestão ambientalmente correta em instituições do setor público.