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Gestão compartilhada entre o setor Público e o setor Privado e impactos na educação pública de Pernambuco

TENDÊNCIA AO PROCESSO DE EMPRESARIAMENTO NO SISTEMA PÚBLICO DE ENSINO.

5.1 Gestão compartilhada entre o setor Público e o setor Privado e impactos na educação pública de Pernambuco

A análise das relações complexas de parcerias entre o setor público e o setor privado (PPP’s) no contexto mais amplo de determinações e/ou condicionamentos à educação considera algumas identificações de aspectos decorrentes de consequências do processo de globalização para educação. Aqui, inicialmente, tendo como base a pesquisa de Oliveira, R.P. (2009), pontuam-se quatro – todas elas, como mesmo afirma o autor, eivadas de tensões e de contradições.

a) A crescente centralidade da educação na discussão acerca do desenvolvimento e da preparação para o trabalho, decorrente das mudanças em curso na base técnica e no processo produtivo;

b) A crescente introdução de tecnologias no processo educativo, por meio de softwares educativos e pelo recurso à educação à distância;

c) A implantação de reformas educativas muito similares entre si na maioria dos países do mundo;

d) A transformação da educação em objeto do interesse do grande capital, ocasionando uma crescente comercialização do setor.

No que se refere à última dimensão apresentada, Oliveira, R.P. (2009) afirma que o debate em curso na Organização Mundial do Comércio/Acordo Geral de Tarifas e Comércio (OMC/GATT) atribui considerável atenção para a conceituação da educação como um bem de serviço. A aprovação de certos acordos faria com que a educação passasse a ser regida pelas normas que se aplicam à

comercialização de serviços em geral. Consequentemente, além da ampliação da mercantilização na área, haveria a internacionalização da oferta, com a penetração de grandes corporações multinacionais em países menos desenvolvidos. Adverte, ainda, que independente das aprovações destes acordos, identifica-se que a educação tem se transformado, crescentemente, em mercadoria130131

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Na atualidade, grupos de instituições têm avançado sobre os sistemas públicos de educação básica, com oferta quer de programas de “capacitação” profissional, de monitoramento da aprendizagem, quer materiais apostilados (materiais didáticos). A partir de certos modelos de parcerias, desenvolve-se uma prática de venda de materiais educativos até a inserção nos processos de definição da gestão do sistema público de ensino.

A gestão não estatal pode ser alvo da ação comercial, como ocorre em parte das escolas charter132 nos Estados Unidos da América. Neste país, o conceito de escola charter é bastante disseminado. A Edison Schools, por exemplo, instituição privada com fins lucrativos, tem se dedicado a gerir escolas públicas em diferentes partes do território americano.

Oliveira, R.P. (2009) adverte que reduzir o sentido social da educação aos interesses do lucro representa um empobrecimento tanto do conceito de educação, quanto de seu sentido para a coesão e para a viabilidade das sociedades. Diante dessas lógicas, Michael Apple (2003), desenvolve a tese sobre a despolitização do projeto político-pedagógico dos espaços educacionais e a sua consequente “economização”. Segundo o autor, é um fenômeno identificado enquanto facilitador

130 Oliveira, R. P. (2009), em sua pesquisa, estuda as consequências perceptíveis do processo de

penetração dos fundos financeiros na educação superior no Brasil e, posteriormente, a emissão de ações de instituições de ensino diretamente na bolsa de valores, identifica o rápido crescimento das instituições que adotaram tal estratégia. Assim, o autor chega à conclusão de que é cabível falar em uma financeirização da educação, posto que seja o setor financeiro que assume a hegemonia na educação privada no país. Ainda segundo o autor, um conjunto de elementos cria um próspero e um afluente mercado, cuja faceta mais importante refere-se à penetração do capital financeiro na educação e à consequente internacionalização da oferta educacional. O autor chega à conclusão de que a educação se configura enquanto mercadoria oligopolizada. E, a partir de sua pesquisa, afirma que as dimensões apontadas no estudo evidenciam um processo muito mais amplo de transformação do setor educacional em atividade mercantil. Também, tal transformação é mundial, representando claramente uma das dimensões da globalização.

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Para entender o que se passa no setor educacional, ao recorrer ao conceito de financeirização, nos termos formulados por Chesnais (2007) e Harvey (2008), Oliveira, R. P. (2009) reforça o pensamento de que é a liberdade de trânsito do capital financeiro que permite sua avassaladora penetração no setor educacional brasileiro, fazendo com que sua ação seja o polo dinamizador do setor, tornando-se, assim, harmônico face aos capitais tradicionais da área.

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No próximo tópico, aborda-se sobre o modelo de escolas charter, e experiências deste modelo no Brasil, mais especificamente, pontuando o caso de Pernambuco.

da compreensão da hegemonia da aliança direitista – neoliberais, neoconservadores, populistas autoritários – e a nova classe média de profissionais qualificados e gerentes.

[...] a educação deixa de ser discutida como um bem de uso e passa pelo processo de mercantilização, transformando-se num bem de troca no mercado de trabalho e no mercado dos bens simbólicos. Esta estratégia dos grupos dominantes facilita a criação de consensos em torno do débito do fracasso na conta dos próprios ‘fracassados’, ao mesmo tempo em que justifica a exclusão montada sobre as verificações de competências individuais (APPLE, 2003, p. XVII).

A partir de suas pesquisas, o autor expõe em seus escritos que a aliança neoconservadora, liderada pelos neoliberais, impõe a lógica do mercado em todos os setores da vida e das relações humanas. E, o setor educacional assume papel preponderante neste cenário de mercantilização. Ao demonstrar exemplos da voracidade do neocapitalismo, o alerta sobre as ameaças iminentes sob o manto da “ajuda às escolas”. Também alerta para a lógica do “mercado escolar”, ou seja, “[...] mais tempo e energia são gastos para manter ou melhorar a imagem pública de uma ‘boa escola’ e menos tempo e energia são gastos na sustância pedagógica e curricular”. (APPLE, 2003, p. 92).

Nesse sentido, a presente pesquisa segue a trilha das parcerias133 em educação que emergiram no início dos anos de 2000, na Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco (SE) a partir do Programa PROCENTRO. Desenvolvidas com instituições de caráter privado, sob o aparato das leis brasileiras, que a partir da Lei nº 9.637/1998 reconhece as Organizações Sociais (OS), entidades do direito privado, podendo estas firmar convênios para exercerem atividades típicas do Estado. Também, mediante a Lei nº 9.790, de 1999, que trata das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP’s), e normatiza a relação Estado/Sociedade no desempenho de ações no campo das políticas públicas, e o acesso de organizações sem fins lucrativos aos recursos públicos, mediante repasses de recursos públicos.

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A coleta de dados ocorreu a partir da Secretaria de Educação/ Secretaria Executiva de Educação Profissional do estado de Pernambuco (SE/SEEP).

A legislação brasileira ao permitir a gestão compartilhada entre o setor público e privado, e as Organizações Sociais (OS), entidades do direito privado, legalmente reconhecidas a partir da Lei nº 9.637134, de 1998, afirma que se legalmente constituídas, podem firmar convênios para exercer atividades típicas do Estado. Para isso, recebe repasses de recursos públicos em forma de valores orçamentários, além de bens imobiliários e pessoais. As instituições ‘OS’ precisam ter caráter não lucrativo descrito em estatuto. Abaixo segue o que expressa o primeiro artigo da Lei:

Art. 1o O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei (BRASIL, Lei 9.637, de 1998).

A Lei nº 9.790, de 1999, de 23 de março de 1999, Lei das OSCIP`s, dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências.

É importante destacar que o Brasil segue as tendências dos países europeus no que se refere à reforma do Estado nos moldes da perspectiva neoliberal. No que se refere às PPP’s, a tese de Azevedo. (2008) reflete dados em países da Europa, que não se pautam na lógica da minimização do papel do Estado nas questões sociais. Pelo contrário, destaca o papel dos parceiros privados enquanto colaboradores do aparelho Estatal, muito mais do ponto de vista financeiro, sendo corresponsáveis pelo processo.

Entretanto, não se pode deixar de considerar o fato de que há nestes mecanismos de colaboração a possibilidade de serem estratégias eficazes de “abertura de portas” para o alcance de outros objetivos privatizantes: incorporação pela iniciativa privada de certas funções do Estado; inserção da lógica privatista no

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A Lei dispõe sobre a qualificação de entidades como organizações sociais, a criação do Programa Nacional de Publicização, a extinção dos órgãos e entidades que menciona e a absorção de suas atividades por organizações sociais, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9637.htm>. Acesso em: 19 dez. 2011.

espaço público – aspecto perceptível na educação de Pernambuco em decorrência do movimento de aproximação do público e do privado na gestão compartilhada de escolas estaduais nos primeiros anos da década de 2000.

A reforma gerencial ocorrida nas concepções administrativas de escolas estaduais no estado de Pernambuco seguiu a rota do governo federal no tocante à tendência de reduzir a intervenção do Estado em prol da iniciativa privada. Segundo Leite (2009, p. 119):

[...] em um primeiro momento, com o Governo Miguel Arraes de Alencar (1995 a 1998), houve resistência a essa perspectiva político- ideológica, com a nova eleição que levou Jarbas Vasconcelos (1999 a 2002) ao executivo estadual, o alinhamento à política, de inspiração neoliberal, do governo Fernando Henrique Cardoso se tornou efetivo. Em quase todas as esferas da administração estadual verificou-se a tendência de reduzir a intervenção do Estado em prol da iniciativa privada, o que foi facilitado pela reforma do aparelho estatal. O setor educação também sofreu as injunções desse processo [...] sofreu intervenções do setor privado no tocante à reforma de suas instalações físicas como também uma reforma da gestão administrativa e pedagógica.

A pesquisa acima referendada apresenta a reforma gerencial ocorrida nas concepções administrativas do Ginásio Pernambucano135 enquanto instauração de um novo modelo de gerenciamento da educação pública para o ensino médio no governo do estado de Pernambuco.

[...] instaurou novo modelo de gestão para unidades de ensino no sistema estadual de educação, com a criação de Centros de Ensino Experimental, denominados, posteriormente, de Escolas de Referências... [...] Na pesquisa realizada, tornou-se evidente que um novo modelo de gerenciamento da educação pública para o Ensino Médio foi traçado pelas empresas que participaram da reforma estrutural do prédio do Ginásio Pernambucano, capitaneado pelo Instituto de Co-Responsabilidade na Educação (ICE) (LEITE, 2009, p. 119).

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O autor da pesquisa ao analisar as razões que levaram a transformação do tradicional Educandário Ginásio Pernambucano, antes orientado historicamente por diretrizes pedagógicas e administrativas comuns à rede Estadual, posteriormente, submetido a outro molde de formato de escola com a ingerência do setor privado, chega à conclusão que o processo ocorrido faz parte de uma dinâmica mais ampla de “redefinição da natureza administrativa e pedagógica do educandário no contexto de uma reforma gerencial mais profunda, assentada nos pressupostos do neoliberalismo” (LEITE, 2009, p.119).

De acordo com a pesquisa de Leite (idem), é na gestão Jarbas Vasconcelos (2003-2006), que inicia um novo ciclo na relação público privado no estado de Pernambuco. Tal ciclo ocorre mediante o ingresso de empresas privadas nos processos de reforma e gestão da educação pública no estado de Pernambuco, mediante o Convênio de Cooperação Técnica e Financeira nº 21, de 2003, celebrado entre o estado de Pernambuco, através da Secretaria de Educação e Cultura, e o Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE)136.

O estado de Pernambuco foi o pioneiro a ter gestão compartilhada entre o setor público e o privado nas escolas. Mediante o Programa da Secretaria de Educação de Pernambuco (PROCENTRO), institucionalizou-se a gestão compartilhada de escolas de ensino médio em tempo integral. A partir desse programa, o estado de Pernambuco passou a ser o primeiro a ter o modelo de escolas charter do país. O trecho a seguir resume como se constituiu essa experiência no estado de Pernambuco:

Experiência pioneira de escolas charter no Brasil, o Procentro nasceu em 2001, em Pernambuco, a partir do interesse pessoal de um ex- aluno em reformar sua antiga escola pública: o empresário Marcos Magalhães, então presidente da Philips para a América Latina, tornou-se mentor e principal liderança do setor privado nessa iniciativa. Perplexo com o estado do prédio do Ginásio Pernambucano, que havia sido interditado por conta da completa deterioração dos acervos e do espaço, ocupado no passado por estudantes como Clarice Lispector e Ariano Suassuna, o empresário formou um grupo de lideranças para reformar a escola que em décadas passadas já havia sido uma referência no Nordeste (DIAS; GUEDES, 2010. p. 22).

Antes da criação do PROCENTRO, no ano de 2000 foi criado o Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE), também liderado pelo empresário Marcos Magalhães. Sobre o contexto da situação descrita acima, e segundo afirma consultora da ICE Thereza Barreto “tudo começou a partir de uma situação casual”137

. O empresário Marcos Magalhães, juntamente com outros empresários, mobilizou-se para a recuperação do prédio do antigo Ginásio Pernambucano e para

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No convênio representando o Estado de Pernambuco, o Governador Jarbas Vasconcelos, e representando a Secretaria de Educação e Cultura, o Secretário de Educação Mozart Neves Ramos. Como representante do Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE), assina o Sr. Marcos Antônio Magalhães.

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Entrevista concedida em fevereiro de 2012. Disponível em: <http://www.icebrasil.org.br/wordpress/index.php/programas/educacao-de-qualidade/escolas-em- tempo-integral/foco-de-atuacao/>. Acesso em: 09 nov. 2012.

a criação de um novo modelo de escola. O Instituto ICE descreve a origem dessa mobilização empresarial da seguinte forma:

Como fruto da mobilização de um grupo de empresários da iniciativa privada que naquele momento dedicavam-se à recuperação da estrutura predial e da revitalização do acervo do centenário Ginásio Pernambucano – escola qualificada pelo IPHAN como patrimônio histórico localizado em Recife e que se encontrava em estado de abandono. Esta iniciativa levou à criação de um novo modelo de escola, a partir do reconhecimento de que todo o trabalho dedicado à recuperação do edifício não bastaria para levar o Ginásio Pernambucano a uma condição de excelência. E, a partir desta ação, inspirar e mobilizar a instituição governamental a adotar de maneira sistêmica o modelo então criado (ICE BRASIL, 2012)138.

Mediante o Decreto nº 25.596, de 01 de julho de 2003, publicado no Diário Oficial do estado de Pernambuco, em 02 de julho de 2003, fica oficializada a criação do Centro de Ensino Experimental Ginásio Pernambucano (CEEGP). Desse modo, a partir da iniciativa do empresário Marcos Magalhães139, houve uma mobilização de um grupo de empresas140 para criar uma parceria público privado entre a Secretaria de Educação do estado de Pernambuco e o Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (DIAS; GUEDES, 2010).

Nesse processo de criação de um novo modelo de escola dentro do estado de Pernambuco, a partir da iniciativa de um grupo de representantes de empresas privadas, o empresário Marcos Magalhães destaca o papel da empresa Odebrecht. Ele afirma que a empresa, além de orientar a reforma física do prédio, possibilitou conhecer o educador Antônio Carlos Gomes da Costa e Bruno Silveira, que já foi superintendente da Fundação Odebrecht. E pontua: “eles nos convenceram a iniciar essa transformação, que começou com Pernambuco, mas pode se estender a todo o Brasil”141

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Disponível em: <http://www.icebrasil.org.br/wordpress/index.php/programas/educacao-de- qualidade/escolas-em-tempo-integral/foco-de-atuacao/ >. Acesso em 09 de novembro de 2012. 139

Marcos Magalhães, ex-presidente da Phillips no Brasil, e presidente do Instituto de Co- responsabilidade pela Educação – ICE (ICE BRASIL, 2012).

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Phillips, Odebrecht, ABN Amro/ Real Bank e Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) aceitaram o desafio de recuperar o espaço e criaram o Instituto de Co-responsabilidade pela Educação, que financiou a obra. A Odebrecht ficou responsável pela gestão da reforma do Ginásio Pernambucano. O trabalho de restauração foi concluído em 2003. Disponível em: <http://www.odebrechtonline.com.br/materias/00501-00600/565/impressao.html> Acesso em 10 de novembro de 2012.

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Disponível em:: <http://www.odebrechtonline.com.br/materias/00501-00600/565/impressao.html> Acesso em: 10 nov. 2012.

A proposta pedagógica que norteou os Centros de Ensino Experimental, hoje denominados de Escolas de Referências em Ensino Médio (EREM’s), foi concebida a partir dos interesses empresariais, por seus representantes, nas pessoas de Bruno Silveira e de Antônio Carlos Gomes da Costa.

Denominada posteriormente de “Educação Interdimensional”, a proposta, desde o início, esteve fincada na definição das finalidades da educação adotada pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO)142, com foco no Protagonismo Juvenil, e este diretamente ligado à ideia de empreendedorismo, com direcionamento para a lógica de mercado143.

Tal formação prima pelos princípios do produtivismo e do pragmatismo, em detrimento de uma formação autônoma, libertária. Não possibilita fundamentos reflexivos que permitam uma visão crítica do educando sobre o mundo no qual está inserido e nas suas relações de produção.

Na proposta pedagógica do primeiro Centro de Ensino Experimental Ginásio Pernambucano (CEEGP), a missão da escola expressa que a instituição é uma contribuição para a formação pessoal, social e produtiva da juventude, atuando no desenvolvimento do ensino médio pernambucano e brasileiro. O protagonismo juvenil é uma das tônicas da proposta.

O CEEGP passou a ser identificado como um espaço de aplicações criativas da Tecnologia Empresarial Odebrecht fora do mundo empresarial (ODEBRECHT, 2012). Na proposta do CEEGP consta a integração dos conteúdos acadêmicos com a educação profissionalizante:

[...] a educação profissionalizante era estruturada em dois eixos: os projetos de formação com certificação, realizado através de parcerias, e os cursos profissionalizantes simultâneos, incluídos na matriz curricular ao lado das disciplinas acadêmicas do ensino 142

A UNESCO foi criada em 16 de novembro de 1945, com o objetivo de garantir a paz por meio da cooperação intelectual entre as nações, acompanhando o desenvolvimento mundial e auxiliando os Estados-Membros – hoje são 193 países – na busca de soluções para os problemas sociais. É a agência das Nações Unidas que atua nas áreas de educação, ciências naturais, ciências humanas e sociais, cultura e comunicação e informação.

Disponível em: < http://www.onu.org.br/onu-no-brasil/unesco/ >. Acesso em: 20 nov. 2012. 143

Nessa perspectiva restrita, o empreendedor é aquele que apresenta determinadas habilidades e competência para criar, abrir e gerir um negócio, gerando resultados positivos.

médio. No primeiro caso, encontravam-se os cursos de língua estrangeira, oferecidos por entidades diplomáticas, cursos de formação em Empreendedorismo Juvenil ou em Formação Financeira e Decisões Empresariais, em parceria com a Jr Achievement, e cursos de Formação para a Inserção no Mercado, do Instituto Aliança, entre outros (HENRY, 2012, p. 112).

O Decreto Estadual nº 26.307144, de 15 de janeiro de 2004, regulamenta a criação do Programa de Desenvolvimento dos Centros de Ensino Experimental em Pernambuco (PROCENTRO), e dá outras providências145. Sobre o objetivo geral do Programa, no artigo primeiro está expresso:

O Programa de Desenvolvimento dos Centros de Ensino Experimental, vinculado à Secretaria de Educação e Cultura, em consonância com as novas diretrizes traçadas pela Reforma do Estado, através da Lei Complementar nº 49, de 31 de janeiro de 2003, tem por objetivo geral a concepção, o planejamento e a execução de um conjunto de ações inovadoras em conteúdo, método e gestão, direcionadas à melhoria da oferta e qualidade do ensino médio na Rede Pública do Estado de Pernambuco, assegurando a criação e implementação de Escolas de Referência de Ensino Médio do Estado (PERNAMBUCO, Decreto nº 26.307 de 2004).

O modelo do PROCENTRO, em horário integral, iniciou com uma parceria da iniciativa privada com o governo estadual de Pernambuco, no qual a empresa privada entrou com o investimento e o estado entrou com o custeio. Com a definição do limite de autonomia das escolas, metas a serem alcançadas, a supervisão, a avaliação e a premiação pelos resultados (HENRY, 2012).

Assim, o modelo charter de escola, quando foi implantado em Pernambuco, se propunha a atuar como centro de referência, enquanto escola experimental,

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Decreto revogado pelo artigo 11 da Lei complementar nº 125 de 10 de julho de 2008. 145

O Programa é registrado em 16 de janeiro de 2004 no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), sob o nº. 10.572.071/0047-03, com a situação cadastral ativa até a presente data (última consulta realizada em 08 de janeiro de 20113). Sob o código e descrição da natureza jurídica nº 102- 3 (Órgão Público do poder executivo estadual ou do Distrito Federal). Apresenta o código e descrição da atividade econômica principal: 85.20-1-00 (Ensino Médio). Tornou-se fundamental detalhar esses dados tendo em vista que mais adiante no texto (nesta mesma sessão) apresenta-se mais um dado referente à sigla PROCENTRO. O Decreto que institui a Associação PROCENTRO enquanto OS, sob