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2.2 A LEI Nº 9.985/00 E O SISTEMA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE

2.2.4 Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC)

2.2.4.2 Da criação, implantação e gestão das unidades de conservação

2.2.4.2.3 Gestão

De acordo com o art. 29 da Lei 9.985/00, cada unidade de conservação do grupo de Proteção Integral deve possuir um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil, por proprietários de terras localizadas em Refúgio de Vida Silvestre ou Monumento Natural, quando for o caso, das populações tradicionais residentes (BRASIL. Presidência da República. Subsecretaria de Assuntos Jurídicos, 2000a).

As unidades de conservação podem ser geridas por organizações da sociedade civil de interesse público com objetivos afins aos da unidade, mediante instrumento a ser firmado com o órgão responsável por sua gestão. É o que estipula o art. 30 da Lei 9.985/00, que no art. 31 proíbe a introdução nas unidades de conservação de espécies não autóctones. Excetuam-se nesse caso as Áreas de Proteção Ambiental, as Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas e as Reservas de Desenvolvimento Sustentável, bem como os animais e plantas necessários à administração e às atividades das demais categorias de unidades de conservação (BRASIL. Presidência da República. Subsecretaria de Assuntos Jurídicos, 2000a).

Nas áreas particulares localizadas em Refúgios de Vida Silvestre e Monumentos Naturais podem ser criados animais domésticos e cultivadas plantas considerados compatíveis com as finalidades da unidade, de acordo com o que dispuser o seu Plano de Manejo (BRASIL. Presidência da República. Subsecretaria de Assuntos Jurídicos, 2000a).

O art. 32 da Lei nº 9.985/00 determina que os órgãos executores se articulem com a comunidade científica com o propósito de incentivar o desenvolvimento de pesquisas sobre a fauna, a flora e a ecologia das unidades de conservação e sobre formas de uso sustentável dos recursos naturais, valorizando-

se o conhecimento das populações tradicionais. As pesquisas científicas nas unidades de conservação não podem colocar em risco a sobrevivência das espécies integrantes dos ecossistemas protegidos. A realização de pesquisas científicas nessas, exceto nas APAs e RPPNs, depende de aprovação prévia e está sujeita à fiscalização do órgão responsável por sua administração (BRASIL. Presidência da República. Subsecretaria de Assuntos Jurídicos, 2000a).

Os órgãos competentes podem transferir para as instituições de pesquisa nacionais, mediante acordo, a atribuição de aprovar a realização de pesquisas científicas e de credenciar pesquisadores para trabalharem nas unidades de conservação. Já a exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços obtidos ou desenvolvidos a partir dos recursos naturais, biológicos, cênicos ou culturais ou da exploração da imagem de unidade de conservação, exceto nas APAs e RPPNs, depende de prévia autorização e sujeitará o explorador a pagamento, conforme estipula o art. 33 da Lei 9.985/00 (BRASIL. Presidência da República. Subsecretaria de Assuntos Jurídicos, 2000a).

Os órgãos responsáveis pela administração das unidades de conservação podem receber recursos ou doações de qualquer natureza, nacionais ou internacionais, com ou sem encargos, provenientes de organizações privadas ou públicas ou de pessoas físicas que desejarem colaborar com a sua conservação. A administração dos recursos obtidos cabe ao órgão gestor da unidade, e estes serão utilizados exclusivamente na sua implantação, gestão e manutenção. É o que prevê o art. 34 da lei nº 9.985/00 (BRASIL. Presidência da República. Subsecretaria de Assuntos Jurídicos, 2000a).

O art. 35 da Lei nº 9.985/00 dispõe sobre a distribuição da receita obtidas pelas UCs de proteção integral, estabelecendo que os recursos obtidos por essas UCs, através da cobrança de taxa de visitação e outras rendas decorrentes de arrecadação, serviços e atividades da própria unidade serão aplicados de acordo com os seguintes critérios: (i) entre 25 e 50% na implementação, manutenção e gestão da própria unidade; (ii) entre 25 e 50% na regularização fundiária das unidades de conservação do Grupo; (iii) entre 15 e 50% na implementação, manutenção e gestão de outras unidades de conservação do Grupo de Proteção Integral (BRASIL. Presidência da República. Subsecretaria de Assuntos Jurídicos, 2000a).

Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em Estudo de Impacto Ambiental com Respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral. Isto está previsto no art. 36 da Lei nº 9.985/00, que estabelecia ainda no § 1º que o montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não poderia ser inferior a 0,5% dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento (BRASIL. Presidência da República. Subsecretaria de Assuntos Jurídicos, 2000a).

Esta determinação foi considerada parcialmente inconstitucional pelo STF, em 2008, na ADIn nº 3.378-6, em decisão que considerou inconstitucional a expressão “não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento”, no § 1º do art. 36 da Lei nº 9.985/2000 (BRASIL. Supremo Tribunal Federal, [2008]). O STF decidiu que o valor da compensação- compartilhamento deve ser fixado proporcionalmente ao impacto ambiental, após estudo em que se assegurem o contraditório e a ampla defesa, não sendo possível a fixação de percentual sobre os custos do empreendimento (BRASIL. Presidência da República. Subsecretaria de Assuntos Jurídicos, 2000a).

Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de conservação (BRASIL. Presidência da República. Subsecretaria de Assuntos Jurídicos, 2000a).

Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou sua zona de amortecimento, o licenciamento somente poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e a unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da compensação (BRASIL. Presidência da República. Subsecretaria de Assuntos Jurídicos, 2000a).

Com a criação da Lei do SNUC, foram disponibilizados aos órgãos gestores três instrumentos de gestão territorial: mosaicos, reservas da biosfera e corredores

ecológicos. Esses instrumentos são alternativas para tentar compatibilizar a ocupação humana com a conservação da biodiversidade. Eles visam garantir a sobrevivência e a efetividade das áreas naturais protegidas em consonância com as atividades humanas, por meio de ações no território, envolvendo as UCs e seu entorno, outras áreas protegidas e as áreas modificadas pela ação do homem estabelecidas entre elas. Quando aplicados no contexto regional, fortalecem a gestão das áreas protegidas, ordenam o território e compatibilizam a presença da biodiversidade, a valorização da sociobiodiversidade e as práticas de desenvolvimento sustentável (BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, 2011g).

a) Mosaicos: é um modelo de gestão previsto no art. 26 da Lei nº 9.985/00, que busca a participação, integração e envolvimento dos gestores de UC e da população local na gestão das mesmas, de forma a compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional. O reconhecimento de um mosaico se dá quando existir um conjunto de UC próximas, justapostas ou sobrepostas, pertencentes a diferentes esferas de governo ou não.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente o estabelecimento de um mosaico contribui também para a transposição de um dos principais desafios na gestão de unidades de conservação, que é a interação entre a população local, o governo local e os órgãos gestores de diferentes esferas de atuação para promover ações de proteção das áreas naturais. Um mosaico tem como objetivo primordial compatibilizar, integrar e otimizar atividades desenvolvidas nas UC que o compõem, tendo em vista, especialmente:

os usos na fronteira entre unidades; o acesso às unidades;

a fiscalização;

o monitoramento e avaliação dos planos de manejo; a pesquisa científica; e

a alocação de recursos advindos da compensação referente ao licenciamento ambiental de empreendimentos com significativo impacto ambiental.

Para atingir esses objetivos, a gestão de um mosaico é acompanhada por um Conselho Consultivo, presidido por um dos chefes das UC, que deve propor diretrizes e ações para compatibilizar, integrar e otimizar a gestão dessas áreas, sendo fundamental a participação da comunidade local. O Brasil possui doze mosaicos. São eles: Mosaico Capivara- Confusões; Mosaico do Litoral de São Paulo e Paraná; Mosaico Bocaina; Mosaico Mata Atlântica Central Fluminense; Mosaico Mantiqueira; Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu; Mosaico do Espinhaço: Alto Jequitinhonha - Serra do Cabral; Mosaico Mico-Leão-Dourado ; Mosaico do Baixo Rio Negro; Mosaico da Foz do Rio Doce; Mosaico do Extremo Sul da Bahia; Mosaico Carioca (BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, 2011h).

b) Corredores Ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais. (conceito trazido pelo art. 2º, inc. XIX da Lei nº 9.985/00) (BRASIL, Presidência da República. Subsecretaria de Assuntos Jurídicos, 2000a).

Como instrumento de gestão territorial, os Corredores Ecológicos atuam com o objetivo específico de promover a conectividade entre fragmentos de áreas naturais. Os Corredores Ecológicos visam mitigar os efeitos da fragmentação dos ecossistemas promovendo a ligação entre diferentes áreas, com o objetivo de proporcionar o deslocamento de animais, a dispersão de sementes, aumento da cobertura vegetal. São instituídos com base em informações como estudos sobre o deslocamento de espécies, sua área de vida (área necessária para o suprimento de suas necessidades vitais e reprodutivas) e a distribuição de suas populações. A partir destas informações são estabelecidas as regras de utilização destas áreas, com vistas a possibilitar a manutenção do fluxo de espécies entre fragmentos naturais e, com isso, a conservação dos recursos naturais e da biodiversidade. São, portanto, uma estratégia

para amenizar os impactos das atividades humanas sob o meio ambiente e uma busca ao ordenamento da ocupação humana para a manutenção das funções ecológicas no mesmo território (BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, 2011f).

As regras de utilização e ocupação dos corredores e seu planejamento são determinadas no plano de manejo da Unidade de Conservação à qual estiver associado, incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas. Os Corredores Ecológicos são criados por ato do Ministério do Meio Ambiente. Até o momento foram reconhecidos dois corredores ecológicos: Corredor Capivara-Confusões e Corredor Caatinga (BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, 2011f).

c) Reserva da Biosfera: é um modelo, adotado internacionalmente, de gestão integrada, participativa e sustentável dos recursos naturais, com os objetivos básicos de preservação da diversidade biológica, o desenvolvimento de atividades de pesquisa, o monitoramento ambiental, a educação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida das populações (art. 41 da Lei nº 9.985/00) (BRASIL. Presidência da República. Subsecretaria de Assuntos Jurídicos, 2000a). A Reserva da Biosfera é constituída por áreas de domínio público ou privado, que possuam:

I - uma ou várias áreas-núcleo, destinadas à proteção integral da natureza;

II - uma ou várias zonas de amortecimento, onde só são admitidas atividades que não resultem em dano para as áreas-núcleo; e

III - uma ou várias zonas de transição, sem limites rígidos, onde o processo de ocupação e o manejo dos recursos naturais são planejados e conduzidos de modo participativo e em bases sustentáveis.

São reconhecidas pelo Programa "O Homem e a Biosfera (MAB)" da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) Por tratar-se de um modelo internacional, o Brasil deve seguir as recomendações e estratégias de ação definidas em reuniões do Programa. Essas áreas devem ser locais de excelência para trabalhos de

pesquisa científica, experimentação e demonstração de enfoques para conservação e desenvolvimento sustentável na escala regional (BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, 2011l).

As áreas núcleo podem ser integradas por UC já criadas pelo Poder Público respeitadas as normas legais que disciplinam o manejo de cada categoria específica. A gestão de cada reserva da biosfera é feita por um Conselho Deliberativo, que tem como objetivos principais:

Aprovar a estrutura do sistema de gestão de sua reserva da biosfera e coordená-lo;

Elaborar planos de ação da reserva da biosfera, propondo prioridades, metodologias, cronogramas, parcerias e áreas temáticas de atuação; e Reforçar a implantação da reserva da biosfera pela proposição de projetos pilotos em pontos estratégicos de sua área de domínio.

Atualmente, o Brasil conta com sete Reservas da Biosfera que abrangem grandes Biomas: Reserva da Biosfera da Amazônia Central; Reserva da Biosfera da Caatinga; Reserva da Biosfera do Cerrado; Reserva da Biosfera do Mata Atlântica (que inclui a Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo); Reserva da Biosfera do Pantanal; Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço (BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, 2011l).

A Figura 4 apresenta o mapa do Brasil com a distribuição das Unidades de Conservação Federal e Estadual e Terras Indígenas

Fonte: EMBRAPA (2011).

Figura 4 - Distribuição das Unidades de Conservação Federal e Estadual e Terras Indígenas no Brasil

2.2.4.3 Sustentabilidade financeira do Sistema Nacional de Unidades de Conservação

Somente com a criação do ICMBio, através da Lei nº. 11.516/2007 (BRASIL. Presidência da República. Subsecretaria para Assuntos Jurídicos, 2007), foi possível ter uma visão mais clara do que é investido anualmente em UCs no Brasil, pois anteriormente, as Unidades de Conservação estavam a cargo do IBAMA, que tem competência para o licenciamento ambiental, ações de fiscalização, controle da poluição ambiental, entre outras atividades, fazendo com que os recursos aplicados nas UCs ficassem dispersos entre tantas rubricas. A partir de 2008 as UCs passaram a ter orçamento próprio, desvinculado do orçamento dedicado a outros temas de gestão ambiental federal (BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, 2009).

Os relatórios de Gestão de 2008, 2009 e 2010 são, portanto, os primeiros documentos que discriminam os custos, investimentos e arrecadações das Unidades de Conservação. Embora ainda as UCs recebam investimentos de outros órgãos da

esfera federal, como Ministério do Meio Ambiente, IBAMA e SFB, e também de fontes internacionais como o Projeto ARPA – Áreas Protegidas da Amazônia, a maior parte dos recursos provém do ICMBio (ICMBio, 2008), (ICMBio, 2009) e (ICMBio, 2010).

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), (2009), para que o sistema funcione plenamente estima-se que os custos recorrentes anuais seriam da ordem de R$ 543,2 milhões para o sistema federal e de R$ 360,8 milhões para os sistemas estaduais, além de R$ 611 milhões de investimentos em infraestrutura e planejamento no sistema federal e de R$ 1,18 bilhão nos sistemas estaduais. Esses valores não incluem as Reservas Particulares do Patrimônio Natural.

De 2001 a 2008 a receita do Ministério do Meio Ambiente revertida ao SNUC aumentou 16,35% enquanto a área das UCs federal teve uma expansão de 78,46% (BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, 2009).

A mesma fonte estima ainda que o quadro de servidores no SNUC precisaria passar para 19 mil pessoas, sendo 13 mil apenas para atividades de campo, em UCs federais e estaduais (BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, 2009).

O País deveria elaborar um plano de sustentabilidade financeira para garantir que, até 2010, para as UCs terrestres e até 2012, para as UCs marinhas, fossem protegidas amostras substantivas de todos os ecossistemas nacionais e garantidos recursos que assegurassem sua manutenção, no longo prazo. (Compromissos assumidos pelo Brasil junto à Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas (CDB), em 1994, e o Plano Nacional de Áreas Protegidas (Decreto nº 5.758/2006)). (BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, 2009).

Documento elaborado pela UNEP-WCMC (2011) apresenta os resultados de análises sobre o impacto e o potencial econômico de cinco dos múltiplos bens e serviços provisionadas pelas unidades de conservação para a economia e para a sociedade brasileira: produtos florestais, uso público, carbono, água e repartição de receitas tributárias. De acordo com este documento, a produção de madeira em tora nas Florestas Nacionais, oriundas das áreas manejadas segundo o modelo de concessão florestal poderia gerar anualmente entre R$ 1,2 a R$ 2,2 bilhões. A produção de borracha, somente nas 11 Reservas Extrativistas identificadas como produtoras, poderia resultar em R$ 16,5 milhões anuais; a produção de castanha-do- pará teria potencial para gerar anualmente, R$ 39,2 milhões, considerando 17

RESEX analisadas. Em ambos os casos, os ganhos poderiam ser ampliados caso as UCs se investisse no desenvolvimento de sua capacidade produtiva. A visitação dos 67 Parques existentes no Brasil teria potencial de gerar de R$ 1,6 a 1,8 bilhão por ano, considerando as estimativas de fluxo de turistas projetadas para o país (cerca de 13,7 milhões, entre brasileiros e estrangeiros), até 2016.

Além disso, de acordo com os estudos mencionados, a criação e manutenção das unidades de conservação no Brasil impediu a emissão de pelo menos 2,8 bilhões de toneladas de carbono, com um valor estimado em, no mínimo, R$ 96 bilhões. Considerando o custo de oportunidade do capital entre 3 e 6%, estima-se que o valor do “aluguel” anual do estoque de carbono cujas emissões foram evitadas pelas unidades de conservação estão entre R$ 2,9 a 5,8 bilhões (UNEP-WCMC, 2011).

Ainda conforme a mesma fonte, 80% da hidroeletricidade do país vem de fontes geradores que tem pelo menos um tributário à jusante de unidade de conservação; 9% da água para consumo humano é diretamente captada em fontes a jusante de unidade de conservação em 4% da água utilizada para agricultura e irrigação é captada de fontes dentro ou a jusante de unidades de conservação (UNEP-WCMC, 2011).

A receita potencial de ICMS Ecológico repassada aos municípios pela existência de unidades de conservação em seus territórios seria de aproximadamente R$ 420 milhões (UNEP-WCMC, 2011).

Enquanto estes valores são estimativas, a realidade está bastante distante. A começar pela dificuldade de se obter dados consistentes e coerentes.

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