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Na primeira parte do questionário enviado aos especialistas selecionados (apêndice A), foram feitas algumas perguntas gerais sobre seu posicionamento com relação a gestão de resíduos sólidos urbanos. A primeira questão era relativa ao potencial para melhora dos tratamentos dos resíduos sólidos nas regiões metropolitanas, focando principalmente as ações de compostagem, geração de energia, reciclagem, alternativas de tratamento, cooperativismo e inclusão social. O posicionamento dos especialistas é demonstrado no apêndice B. O gráfico 7 apresenta as respostas dadas de forma ponderada, ou seja, as respostas que variavam de 1 a 5 foram multiplicadas de 0 a 4 (apêndice C), constituindo, assim, todas as respostas, possuindo um limite de valor 56. Quanto mais próximo deste limite, maior é a aderência de importância deste tratamento.

Gráfico 7 – Posicionamento dos especialistas sobre os tratamentos de resíduos sólidos urbanos Fonte: Elaborado pelo autor.

45 45 52 48 53 0 10 20 30 40 50 60 Compostagem Geração de energia Reciclagem Cooperativas de reciclagem e inclusão social Alternativas de tratamento

A ação de alternativas de tratamento de resíduos apresentou a maior congruência de opiniões entre os especialistas, possivelmente pelas possibilidades futuras de tratamentos, utilizando tecnologias que possam ter uma visão sustentável, ou seja, que levem em conta as variáveis sociais, ambientais além das econômica.

De outro lado, ficaram empatadas a ação de compostagem e geração de energia. Apesar de a compostagem e a geração de energia terem apresentado as menores adesões, são importantes ambiental, econômica e socialmente. A compostagem é uma possibilidade para o tratamento de resíduos, visto que existe uma predominância de resíduos orgânicos na composição dos resíduos, além de ser uma atividade incipiente no Brasil (BRASIL, 2012). A compostagem possibilita a geração de adubo para a produção agrícola e produção de mudas, devido ao seu alto valor nutricional (LOUREIRO et al., 2007).

Com relação a geração de energia no Brasil, Goldemberg e Lucon (2007) defendem que o país possui uma posição confortável em comparação com o resto do mundo, devido à hidroeletricidade, ao etanol e aos baixos índices relativos de consumo. Porém, em uma época de mudanças climáticas, em que a falta de gestão dos resíduos sólidos colabora para a alteração climática (GOUVEIA, 2012), as estiagens e secas podem proporcionar uma redução da geração de energia por parte das hidrelétricas, necessitando de opções como a energia termoelétrica e nuclear, para compensar os chamados apagões (ROSA, 2007).

Mariuzzo (2007), em sua entrevista com então presidente da Empresa de Pesquisa Energética, apresenta que 74,6% da energia gerada no Brasil é de fonte hídrica, sendo que as hidrelétricas são a opção energética mais limpa e barata para o Brasil. Contudo, existem impasses e controvérsias do ponto de vista ambiental e social, decorrentes da implantação e operação dos empreendimentos hidrelétricos, devido às alterações geográficas e ambientais conduzidas para a implantação dos empreendimentos (BERMANN, 2007).

Desta forma, devido as limitações energéticas, controvérsias e impasses com relação a geração de energia, o aproveitamento do gás e/ou a combustão dos resíduos podem ser alternativas para suprir eventuais problemas energéticos.

Cooperativas de reciclagem com inclusão social obtiveram a terceira maior adesão. As cooperativas de reciclagem desempenham um importante elo na cadeia de reciclagem, promovendo a inclusão social, treinamentos, capacitações e renda (SOUZA; PAULA e SOUZA-PINTO, 2012). Sendo importante para a área ambiental, social e econômica, colaborando para

o aumento da vida útil dos aterros sanitários e a consequente diminuição da poluição decorrente da disposição incorreta desses resíduos; a redução do gasto de energia; e diminuição da extração de matéria-prima virgem, com a integração do material reciclado como matéria-prima secundária na cadeia produtiva (SOUZA; PAULA e SOUZA-PINTO, 2010, p. 13).

A etapa de reciclagem foi a segunda que mais obteve a convergência de opiniões, prática que vem apresentando evoluções nos últimos anos, com o aumento de materiais recuperados, principalmente pelos resíduos compostos por alumínio, papel e plástico (ASSOCIAÇÃO..., 2012).

A primeira parte do questionário teve mais quatro questões, referentes ao planejamento e à gestão de resíduos sólidos urbanos. A perguntas foram as seguintes: Existe planejamento municipal na maioria das regiões metropolitanas para melhorar o aproveitamento da gestão de resíduos sólidos urbanos? (I); O planejamento da gestão de resíduos pode trazer ganhos para melhorar a organização do espaço territorial dos municípios e recursos econômicos? (II); Não existem instrumentos de planejamento de resíduos, que se ocupem de melhorar a organização e otimização do processo de gestão, integrando a questão do território e os recursos econômicos? (III); A Política Nacional de Resíduos Sólidos traz importantes mudanças de paradigmas para gestão de resíduos sólidos urbanos? (IV). As respostas destas perguntas foram ponderadas conforme o cálculo demonstrado (apêndice C). As respostas dadas pelos especialistas estão disponíveis no apêndice D e as respostas ponderadas estão presentes no gráfico 8.

Com relação à primeira pergunta, os especialistas concordaram que não existe planejamento municipal na maioria das regiões metropolitanas para melhorar o aproveitamento da gestão de resíduos sólidos urbanos. De acordo com a segunda questão, eles concordam que o planejamento da gestão de resíduos pode trazer ganhos para melhorar a organização do espaço territorial dos municípios e recursos econômicos. A terceira questão ficou relativamente dividida e demonstrou que a maioria dos pesquisadores discordam que não existam instrumentos de planejamento de resíduos que se ocupem de melhorar a organização e otimização do processo de gestão, integrando a questão do território e os recursos econômicos. Porém, 35,71% dos especialistas concordam que não há instrumentos de planejamento que visem melhoras. Na última questão, a maioria dos pesquisadores concorda que a Política Nacional de Resíduos Sólidos traz importantes mudanças de paradigmas para gestão de resíduos sólidos urbanos (gráfico 8).

Desta forma, o planejamento baseado na Política Nacional de Resíduos Sólidos pode contribuir para melhorar a gestão de resíduos sólidos urbanos futuramente.

Gráfico 8 – Posicionamento dos especialistas sobre planejamento dos resíduos sólidos e a Política Nacional de Resíduos Sólidos

Fonte: Elaborado pelo autor.

A segunda etapa do questionário tratou de avaliar e complementar as variáveis ou ações presentes de forma direta e/ou indireta na gestão de resíduos sólidos urbanos. A avaliação e complementação são apresentadas no próximo subcapítulo.