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Quanto à visão da direção como princípio e atributo da gestão democrática, Libâneo (2015, p. 117), assim se posiciona:

A direção da escola, além de ser uma das funções do processo organizacional, é um imperativo social e pedagógico. O significado do termo direção tratando-se de escola, difere de outros processos de direção, especialmente os empresariais. Ele vai além daquele sentido de mobilização das pessoas para a realização eficaz das atividades, pois implica intencionalidade, definição de um rumo, uma tomada de posição frente a objetivos sociais e políticos da escola, em uma sociedade concreta. A escola, ao cumprir sua função social de mediação, influi significadamente na formação da personalidade humana e, por essa razão, não é possível estruturá-la sem levar em consideração objetivos políticos e pedagógicos.

Nessa perspectiva, toda a comunidade escolar precisa se envolver, contribuir, gerir, participar de projetos que venham a contribuir de forma eficiente e participativa para o alcance dos objetivos propostos.

Para que um gestor escolar realize um trabalho de sucesso junto às pessoas que fazem da escola um lugar de efetiva aprendizagem Lück (2005 cit. in Campos & Silva, 2009), aponta as duas áreas de habilidades indispensáveis a um gestor:

Área pedagógica

Compreensão dos fundamentos e bases da ação educacional; Compreensão da relação entre ações pedagógicas e seus resultados na aprendizagem e formação dos alunos; Conhecimento sobre organização do currículo e articulação entre seus componentes e processos; Habilidade de mobilização de equipe escolar para a promoção dos objetivos educacionais da escola; habilidade de orientação e feedback ao trabalho pedagógico. (Luck, 2005, cit. in Campos & Silva, 2009, p.1866).

Área administrativa

Visão de conjunto e de futuro sobre o trabalho educacional e o papel da escola na comunidade; Conhecimento de política e da legislação educacional; Habilidade de manejo e controle do orçamento; habilidade de organização do trabalho educacional; habilidade de avaliação diagnóstica, formativa e somativa; habilidade de tomar decisões de grande variedade de técnicas. (Luck, 2005, cit. in Campos & Silva, 2009, p.1866).

Embora com todas essas habilidades elencadas pela autora, cabe uma reflexão sobre como desenvolver um trabalho numa escola pública que apresenta problemas diversos, tais como: falta de pessoal, falta de recursos financeiros para sanar até mesmo algumas demandas emergenciais que envolvam o ensino, a saúde, a segurança da comunidade escolar, dentre outros.

i. Planejamento estratégico em uma perspectiva de gestão democrática

O planejamento estratégico, em um contexto de gestão democrática, exige da gestão uma nova postura diante do ato de planejar, pois vai além de um planejamento isolado da realidade e que visa apenas desenvolver as ações pedagógicas. O planejamento estratégico envolve ações em longo prazo, acompanhamento contínuo através da avaliação, do compromisso e da participação de todos na elaboração de ações, garantindo assim a superação de dificuldades e o alcance de resultados favoráveis.

Acerca disso, Libâneo (2015, p. 111), teorias e práticas aponta que

A gestão democrático-participativa valoriza a participação da comunidade escolar no processo de tomada de decisão, concebe a docência como trabalho interativo, aposta na construção coletiva dos objetivos e das práticas escolares, no diálogo e na busca de consenso.

Falar de uma gestão democrática é pensar em um processo evolutivo por qual passou a sociedade e que influenciou diretamente no ambiente educacional, exigindo mudanças de paradigmas no ato de administrar pessoas e recursos, exigindo dos gestores uma nova postura onde aconteça descentralização, autonomia, impessoalidade, participação coletiva e a democratização de acesso à escola, aspectos esses que fundamentam de forma legal a lógica de uma gestão democrática.

A importância da organização escolar segundo Libâneo (2015, pp.88-89):

A Organização e os processos de gestão, incluindo a direção, assumem diferentes significados conforme a concepção que se tenha dos objetivos da educação em relação à sociedade e à formação dos alunos. Por exemplo, numa concepção técnico-científica de escola, a direção é centralizada numa pessoa,

dos professores, especialistas e usuários da escola. Já numa concepção democrática participativa, o processo de tomada de decisões se dá coletivamente, participativamente. A direção pode, assim, estar centrada no indivíduo ou no coletivo, sendo possível uma direção individualizada ou uma direção coletiva ou participativa.

Partindo dessas diferentes concepções, percebe-se que embora já se manifeste no Brasil um novo conceito de gestão democrática, a figura do diretor como sujeito que acumula todas as funções administrativas da escola ainda se faz muito presente no sistema educacional do país.

ii. Dimensão interna e externa da organização da escola

Para Paulo Freire (1997, cit. in Silva, 2001, p.56):

É preciso e até urgente que a escola vá se tornando um espaço acolhedor e multiplicador de certos gostos democráticos como o de ouvir os outros, não por favor, mas por dever, o de respeitá-los, o da tolerância, o do acatamento às decisões tomada pela maioria a que não falte contudo o direito de quem diverge de exprimir a sua contrariedade. O gosto da pergunta, da crítica, do debate. O gosto do respeito à coisa pública, que entre nós vem sendo tratada como coisa privada que se despreza.

Dessa forma, convém ressaltar que se os sujeitos que formam a comunidade escolar não se sentirem confortáveis para opinar, aceitar outras opiniões, debates, disponibilidade para o trabalho, a escola certamente cairá na acomodação e não avança no seu propósito de crescimento.

Segundo Libâneo (2015, p.89),

O processo de organização escolar dispõe de funções que são as propriedades comuns ao sistema organizacional de uma instituição, a partir das quais se definem ações e operações necessárias ao seu fundamento.

A escola é caracterizada pelo seu poder de atuação e transformação da realidade dos seus sujeitos, proporcionando, a partir deste trabalho, uma reflexão acerca da importância do planejamento participativo para o alcance da melhoria do clima e cultura organizacional.

Nesse sentido, é necessário que os componentes do corpo escolar sintam-se satisfeitos no ambiente em que atuam. Por ser uma instituição corresponsável pela formação de cidadãos, a escola deve garantir a participação de todos os atores envolvidos em seu planejamento, uma vez que é preciso considerar qual a real necessidade dos alunos para definir as metodologias adequadas para cada situação.

A LDBEN aponta possibilidades de organização do ensino, mas também sugere a adoção de outras possibilidades “(...) sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar” (Brasil, 2005). Nessa assertiva, a flexibilidade deve ser observada sempre que se concluir o que é mais viável aos objetivos do processo ensino-aprendizagem.

Segundo Murici e Chaves (2013), uma das dimensões de resultados da escola é o nível de satisfação das necessidades dos envolvidos (moral). As pessoas que fazem parte do contexto escolar quando satisfeitas no ambiente de trabalho produzem e mantêm melhores resultados. Para isso, os fatores motivacionais devem ser medidos e gerenciados sistematicamente e adota como referência o grupamento de necessidades humanas definidas por Abraham Maslow: fisiológicas, segurança, sociais (pertencimento), estima (reconhecimento) e autorrealização (gostar do que faz).

Griffith (1999, cit. in Pereira, Oliveira & Teixeira, 2013, p.5), elucida bem o pensamento acima quando afirma que:

O Clima da escola facilita as interações sociais e individuais, satisfazendo a identidade dos membros do grupo e necessidades interpessoais, chamada expressiva ou emocional ela está dividida em duas formas: Ordem social que refere-se a estrutura social nas escolas, como objetivos da escola, normas e valores, papéis definidos de funcionários e alunos, clima social e a Ação Social relacionada às interações do dia-a-dia entre os alunos, funcionários da escola e os pais.

Dessa forma, a escola deve ser um ambiente capaz de proporcionar uma interação social, a qual possibilita o desenvolvimento do indivíduo enquanto cidadão.