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Assume-se com a apresentação do capítulo anterior o estado de insustentabilidade do sistema de produção e consumo a nível global, e em particular das sociedades ocidentais.

A necessidade de alteração das práticas de desenvolvimento, sejam estas num contexto nacional, empresarial ou pessoal, apenas será possível se existir a compreensão de quais os principais agentes que facilitarão essa transição.

Como referido anteriormente, é reforçado o papel dos órgãos decisores ou líderes como orientadores e impulsionadores das novas regras e políticas. Contudo, para que a acção destes agentes seja possível e eficaz, novo conhecimento deverá ser gerado.

Assim, a área da Sustentabilidade deverá fazer parte do cruzamento de conhecimentos que um elemento coordenador de uma unidade empresarial assimilará e aplicará, com o objectivo de integrar o seu produto no rumo da Sustentabilidade.

É o caso da ‘Gestão do Design’.

Avançamos então uma hipótese de resposta à questão de investigação: “A Gestão do Design assume-se como a área central na operação de traduzir a estratégia e visão de Sustentabilidade de uma empresa em produtos/serviços sustentáveis”

Decorre então a circunstância de se iniciar este capítulo com uma explanação da sua natureza, limites e formulações da ‘Gestão do Design’.

Definição

A ‘Gestão do Design’ não encontra a sua definição numa única descrição. Não existe um consenso geral acerca dos seus contornos, limites e responsabilidades, acima de tudo porque a importância e responsabilidade que é dada ao Design varia de caso para caso. Em acréscimo, o próprio termo ‘Design’ na sua língua materna é bastante ambíguo, por se poder utilizar como um verbo,

e também por ser um substantivo (Best, 2006, p. 12), englobando assim qualquer outra disciplina que se encarregue de criar, construir e planear.

Por esta razão vê-se dificultada a atribuição concreta da posição que um ‘Gestor do Design’ ocupa na estrutura ou hierarquia de uma organização e, consequentemente, o tipo de responsabilidades que a este cabe, sendo estas ora mais limitadas ora mais abrangentes.

Porém, existem convergências de opiniões e explicações acerca do papel e funções que um gestor do Design tem.

Num primeiro momento, na década de 60 do século XX , o termo de Gestão do Design ganha visibilidade pela necessidade de monitorizar e controlar as relações entre uma agência de Design e os seus clientes. Decorrente desta necessidade, Farr em 1966 previu a criação de uma nova responsabilidade atribuída a um ‘Gestor do Design’, cuja função se basearia no assegurar da execução dos projectos de forma eficiente e na contínua e frutífera comunicação entre a agência de Design e os seus clientes (Mozota, 2003, p. 68).

Nesta plataforma de interacção entre a agência e os clientes, o enquadramento dos principais objectivos da ‘Gestão do Design’ regem-se pela necessidade de estabelecer este elo de ligação entre as duas partes que, segundo Mozota (2003, p. 70) passa, por um lado, pela familiarização dos gestores que comissionam o Design com o mesmo, e dos designers com a gestão e, por outro, pelo desenvolvimento de métodos e processos que integrem o Design na organização.

Numa dimensão teórica sintética, a definição e função da ‘Gestão do Design’ centra-se nestes dois objectivos.

No entanto, o tipo de responsabilidade, influência ou amplitude que a acção de um gestor do Design tem na prática varia de empresa para empresa.

Disto são exemplo as diversas descrições feitas por variados profissionais abaixo apresentadas:

 Peter Gorb - (in Mozota, 2003, p. 70)

“Design management is the effective deployment by line managers of the design resources available to a company in order to help the company achieve its objectives”47

 Patrick Hetzel - (in Mozota, 2003, p. 71)

“(...) managing the creative process within the corporation; managing a company according to design principles, managing a design firm”48

 Donald Patterson - (in Mozota, 2003, p. 71)

“The key issue in managing the design process is creating the right relationship between design and all other areas of the corporation”49

 Edo van Dijk(in Best, 2006, p. 202)

“Design management ensures that the identity of the organization, its products and services are steered in the right direction in order to build the desired relationships with all its stakeholders, internally and externally.”50

 Mary McBride - (in Best, 2006, p. 200)

“Design management is the bridge between design and business that enables the designer’s voice to be heard.”51

47 TL: “Gestão do Design é a efectiva alocação por parte dos gestores dos recursos de

Design disponíveis numa empresa com o fim de a auxiliar na concretização dos seus objectivos”

48 TL: “ Gerir o processo criativo numa corporação; gerir uma empresa de acordo com

princípios de Design, gerir uma firma de Design”

49 TL: “O elemento chave na gestão do Design é a criação do melhor relacionamento

entre o design e as restantes áreas corporativas”

50 TL: “A gestão do Design assegura a que a identidade das organizações, os seus produtos

e serviços são conduzidos na direcção correcta para criar a desejada relação com todas as partes interessadas, internamente e externamente”

 Inyoung Choi (in Best, 2006, p. 198)

“Design managers must understand good design and be able to incorporate an appropriate design for each branding or marketing strategy”52

Como foi também referido por Best (2006, p. 9) a ‘Gestão do Design’ não é uma vocação, carreira ou tema académico claramente definido, uma vez que nenhum ‘Gestor do Design’ terá a mesma experiência, treino ou ‘background’ que outro, quando ocupar um cargo responsável pela avaliação e decisão de projectos.

Ainda segundo Best (2006, p. 16) o envolvimento da ‘Gestão do Design’ é notório na marca, nas comunicações, no ‘Design’ de produtos e/ou serviços, nos edifícios corporativos e estabelecimentos comerciais, nos sítios em linha na internet ou nas campanhas publicitárias de uma organização. É evidenciada uma exposição externa da ‘Gestão do Design’ como agente capaz de desenvolver respostas a pressões associadas à sua empresa, como legislações, regulamentações, políticas e mudanças de atitudes mundiais relativas à gestão de recursos tanto a nível global como local.

Desta forma, sendo claro que se trata de um tema intrincado, existem sólidas linhas condutoras que os ‘Gestores do Design’ podem seguir de forma a gerir os investimentos feitos em ‘Design’ por forma a obter o máximo impacto em termos de negócio (Best, 2006, p.197).