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Passando do contexto empresarial para a competência de desenvolvimento interno de cada empresa procura-se de seguida estudar quais as considerações que devem ser tidas no desenvolvimento de novos produtos ou serviços.

Pretende-se aqui estabelecer uma directa ligação dos princípios e questões da Sustentabilidade com o acto de projectar, logo, com o Design.

Assim, faz-se uma distinção entre a teoria e a prática do ‘Design Sustentável’.

Actualmente, a compreensão dos impactes que a produção industrial teve, ambiental e socialmente, causa grande controvérsia nas transformações éticas e

práticas a que os responsáveis encarregues por novos projectos estão sujeitos. Segundo Manzini (2006, p. 1), a acção do Design termina quando as soluções projectuais são impostas e restritas por convenções sociais ou tecnológicas. Como tal, critérios de decisão têm de ser adoptados pelos designers que, de forma geral, centram-se nos binómios ‘o que é bom e o que é mau’ ou ‘o que é correcto ou o que é errado’.

Este tipo de considerações remete para uma dimensão ética que suportará um juízo de valor com implicações directas nas decisões que terão de ser tomadas. Assim, para que exista o alinhamento com a problemática da Sustentabilidade, um novo padrão ético terá de existir.

A noção de bem-estar nas últimas décadas foi associada ao poder de consumo que se fez sentir nas sociedades desenvolvidas, promovido pelos avanços tecnológicos e científicos, proporcionando uma panóplia de novos tipos de produtos que ao longo do tempo foram sendo integrados na sociedade transmitindo, deste modo, uma melhoria constante da qualidade de vida

(Manzini, 2006, p. 2).

O alto consumo de produtos e serviços, que não tinham sido projectados com a consciência que nos dias de hoje se procura incessantemente implementar, responsabiliza em grande parte os seus autores e quem os comissiona pelos impactes ambientais e sociais globais (Manzini, 2006, p. 2).

Daí que, segundo Manzini, um dos principais objectivos seja o de encontrar um novo estilo de bem-estar consentâneo com o paradigma da Sustentabilidade. Se o actual assenta, como é referido, na ‘minimização do envolvimento pessoal’, as principais consequências deste revelam-se nas menores capacidades e aptidões dos indivíduos em lidar com muitos aspectos da vida do dia-a-dia (Manzini, 2006, p. 4). Como resposta a este panorama é apontada a solução de renovar o envolvimento pessoal tornando-o capaz de potenciar o desempenho de sistemas com a sua intervenção.

Contudo, a necessária reformulação ética a que deverão ser sujeitos os projectistas, e entre eles os designers, parte ainda da constatação de que o Design está intrinsecamente interligado à forma como a sociedade, cultura e ambiente interagem como refere Amland (MacDonald, 2004, p. 22). Concluindo, ainda que a intervenção do designer seja relevante, não só na caracterização do objecto mas também do contexto em que este se insere, é imperativa uma reavaliação

fundamental das responsabilidades do designer perante o impacte que este tem social e ambientalmente.

“The culture of consumerism-led design is linked with the

human desire to express progress, change and development and, in

this way, design makes it fashionable to be fashionable; the more we

design the new, the more newness is desired and encouraged”

65

Chapman, Gant, 2007, p. 10

Partindo do princípio que a Sustentabilidade requer uma descontinuidade, por ser necessário passar de uma estilo societário em que a tendência natural é a de crescimento em produção pelo consumo material para um outro em que o crescimento seja possível com a diminuição do consumo (Manzini in Macdonald,

2004, p. 24), a questão será se, de facto, tal é possível. Ou por outro lado, será

realizável manter o alto consumo sustentado por uma produção sustentável? Independentemente da direcção tomada a verdade é que o projectar de forma mais sustentável é possível.

Segundo Papanek (1995) existe uma evolução histórica das questões centrais colocadas por designers quando iniciam um projecto. Inicialmente, centravam-se na dúvida ‘será que o consigo fazer mais bonito?’ tendo mais tarde passado a ser ‘será que o consigo fazer funcionar melhor?’. Posteriormente a conjunção ‘será que o consigo fazer mais bonito e ao mesmo tempo funcionar melhor?’ ganhou relevância. Daí passou-se a valorizar a diferença sendo esta a principal motivação ‘será que o consigo fazer de forma diferente?’.

No entanto, Papanek acredita que as verdadeiras motivações deverão suscitar a colocação de questões como: ‘será que o Design irá auxiliar positivamente a Sustentabilidade ambiental?’, ‘poderá facilitar a vida de um grupo comunitário que foi excluído socialmente?’, ‘poderá reduzir a dor?’, ‘poderá poupar energia – ou melhor ainda – poderá utilizar energias renováveis?’

(Papanek, 1995, p. 54).

65 TL: “A cultura do Design orientado pelo consumismo está associada ao desejo humano

de expressar progresso, mudança e desenvolvimento e, desta forma, o Design torna uma ‘moda’ estar na ‘moda’; quanto mais se projectar o ‘novo’, mais ‘novidades’ são desejadas e encorajadas”

Reconhecendo a necessária reformulação ética e de valores profissionais na área do Design, na prática, o conceito de Design Sustentável ganha fundamento essencialmente na abordagem e avaliação que é feita a qualquer projecto. Assim, assiste-se à incorporação de critérios de decisão no processo de Design que promovem a reflexão do projecto a nível dos impactes desse segundo o ‘TBL’.

Design Sustentável é convencionalmente compreendido como uma colecção de estratégias tais como: Design para a facilidade de desmontagem e reciclagem; escolha de materiais adequados consoante o impacte desses ambientalmente; Design para a eficiência energética ou com recurso a fontes de energia alternativas; ou o Design com vista à extensão do seu período de uso não só fisicamente mas também emocionalmente (Chapman, Gant, 2007, p. 4).

“Sustainable design is generally considered a specialist