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Neste espaço pretende-se então compatibilizar as ideias-chave (‘Liderança’, Diagnóstico’, ‘Diálogo’ e ‘Avaliação’) apresentadas no tópico anterior com a descrição da ‘Gestão do Design’ actual.

Para tal são relembradas as acções e funções que definem cada um dos contextos de intervenção e acção da ‘Gestão do Design’. No seguimento desta exposição é realizada então uma verificação da possibilidade de compatibilização das ideias-chave com as funções da mesma ‘Gestão do Design’.

Dependendo desta compatibilização será validada ou não a descrição dos princípios/pilares estruturantes de uma ‘Gestão Sustentável do Design’.

Nível Estratégico

Neste nível os projectos de Design são concebidos e o foco é colocado na identificação e criação de condições a partir das quais estes podem ser propostos, comissionados, promovidos e implementados. É considerada a estratégia organizacional, a identificação de oportunidades de intervenção do Design e são interpretadas as necessidades da organização e dos seus clientes (Best, 2006, p. 27).

A ‘Gestão do Design’ no nível estratégico procura participar no processo de desenvolvimento de estratégias empresariais, podendo estar presente nas principais etapas desse processo (formulação, selecção e implementação). Para que sejam identificadas oportunidades de intervenção do Design recorrem-se a ferramentas e métodos de análise do contexto competitivo externo e das competências internas da organização como foi já explicado anteriormente nesta dissertação (Mozota, 2003, p.239; Best, 2006, p.30).

Com a compreensão da acção estratégica da ‘Gestão do Design’, é-nos possível enquadrar duas das ideias-chave neste nível: a de ‘Liderança’ e de ‘Diagnóstico’.

Em relação à primeira, a função desempenhada pela ‘Gestão do Design’ no nível estratégico é marcada por uma forte componente de responsabilidade das acções que desenvolve. O posicionamento dessa função é caracterizado pela estreita colaboração que estabelece com os principais órgãos decisores de uma empresa com o propósito de delinear estratégias para a empresa. Como consequência desta proximidade de relações, num nível estratégico de ‘Gestão do Design’, são definidas as principais orientações da intervenção do Design, assumindo esta a coordenação e liderança do recurso de Design no âmbito da promoção da intervenção deste nas actividades e processos de uma empresa.

Acreditamos, por esta razão, que o vínculo estabelecido entre a função de liderança e a integração da Sustentabilidade é de extrema importância.

Um líder é considerado o agente central de qualquer mudança nas práticas e processos de acção de uma empresa como também na definição de

estratégias relativas às acções e iniciativas no contexto empresarial. Assim, será da responsabilidade deste incorporar na sua função a gestão integrada da Sustentabilidade.

No caso do nível estratégico da ‘Gestão Sustentável do Design’ constata-se que, em primeiro lugar, esta deverá promover a mudança na cultura e práticas correntes de uma organização e identificar oportunidades de implementação de estratégias de intervenção do Design alinhadas com o objectivo de abordar a temática da Sustentabilidade.

Relativamente à ideia-chave de ‘Diagnóstico’ a razão desta ser referida no contexto da função estratégica da ‘Gestão do Design’ é fundamentada pela importância de se estabelecer uma plataforma de suporte às intervenções a realizar e a ser ‘alimentada’ por informações precisas da actual performance sustentável de uma empresa.

A auditoria dos impactes e performances ao nível da Sustentabilidade é considerada um relevante passo na determinação e estabelecimento de prioridades e campos de intervenção.

Assim, com o recurso a diversos métodos de aferição e diagnóstico desses impactes e performances, será estruturado conhecimento que possibilitará fundamentar a alocação dos esforços necessários para abordar a problemática da Sustentabilidade.

A função de ‘Diagnóstico’ da ‘Gestão Sustentável do Design’ visa reunir as informações necessárias à definição de estratégias e abordagens à Sustentabilidade, e acreditamos que esta deverá complementar a função de ‘Liderança’ acima referida.

Nível Funcional

No nível funcional de intervenção da ‘Gestão do Design’ as funções da responsabilidade de um gestor do Design centram-se no desenvolvimento dos projectos de Design e respectivas agendas. Procuram-se implementar as estratégias definidas no plano estratégico e estabelecer uma estrutura que sustente o funcionamento independente do departamento de Design (Mozota, 2003, p.214; Best, 2006, p.54).

Neste campo de acção a ‘Gestão do Design’ encarrega-se de garantir o funcionamento do departamento de Design e, como competência independente de uma organização, promover a sua relação com as restantes competências internas e externas que constituem o universo da empresa em que se encontra.

A função de interligar o departamento de Design com as restantes áreas visa acima de tudo estabelecer fluxos de informação e conhecimento com outras áreas funcionais passíveis de serem tratados e integrados nas orientações e directrizes da acção do seu departamento.

Como tal, o princípio de ‘Diálogo’ apresentado é alicerçado na importância que as relações interdisciplinares ao nível interno, o envolvimento das partes interessadas, o estabelecimento de parcerias com outras instituições, e a articulação com os órgãos legislativos têm como estratégias de abordagem à problemática da Sustentabilidade.

A acção na área funcional da ‘Gestão Sustentável do Design’ deverá assumir-se como um elemento central na promoção destas estratégias que são caracterizadas pelo diálogo entre os variados agentes e intervenientes influenciadores da actividade de uma empresa, em particular, do processo de desenvolvimento de novos produtos e serviços.

A visão holística de todas as competências envolvidas no processo de desenvolvimento de novos projectos, que era já exigida à ‘Gestão do Design’ no paradigma actual, assume importância reforçada na adaptação das funções de um gestor do Design à Sustentabilidade. Esta perspectiva privilegiada deverá promover e fomentar um maior dinamismo em torno do diálogo acerca das implicações ligadas à Sustentabilidade, com o objectivo de mobilizar e impulsionar a reacção de outras áreas em relação a estas implicações, procurando assim obter a colaboração dessas na sua função principal, a de gerir e activar o departamento de Design.

Neste sentido, a intervenção da ‘Gestão Sustentável do Design’ ao nível funcional, encontra no ‘Diálogo’ um mecanismo de fomento à intervenção do universo global de competências que envolvem uma empresa.

Nível Operacional

Como já foi referido anteriormente, a função da ‘Gestão do Design’ no nível operacional consiste na gestão da prática projectual segundo o processo de Design delineado.

Neste nível são realizados os projectos de Design que são condicionados por linhas condutoras e directrizes que foram estabelecidas com o intuito de traduzir as estratégias em resultados tangíveis e palpáveis.

Aqui procura-se controlar o processo de Design garantindo que este decorre sem percalços e, que se traduz em soluções de perfil adequado às expectativas e objectivos definidos (Best, 2006, p. 148).

Assim, constata-se que a função de controlo, orientação e avaliação do processo de Design é uma função central do cargo de um gestor do Design.

O princípio de ‘Avaliação’ apresentado enquadra-se então perfeitamente na actividade neste nível da ‘Gestão Sustentável do Design’.

Esta função de ‘Avaliação’ é baseada na acção de tornar visível e palpável o contributo assertivo que o Design poderá ter; na procura de inclusão de critérios de aferição da performance sustentável do projecto; na promoção da utilização de ferramentas de apoio ao ‘Design Sustentável’, com o fim de gerar informação que fundamente as tomadas de decisão ao longo do processo de Design; e na procura de uma consolidação ética dos designers que integram o departamento de Design. Com a inclusão deste princípio procura-se adaptar a ‘Gestão do Design’ à importantíssima necessidade de haver um controlo e avaliação da performance sustentável frequente e eficiente no acompanhamento do processo de Design.

Esta função permitirá melhorar o desempenho do recurso ao Design como meio de reacção à problemática da Sustentabilidade.

Em suma, é então apresentado um diagrama síntese das funções da ‘Gestão Sustentável do Design’:

Figura 22 - Diagrama síntese das funções da 'Gestão Sustentável do Design'