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Gestão do Conhecimento na Área Internacional

No documento FERNANDA CECÍLIA FERREIRA RIBEIRO (páginas 117-120)

CAPÍTULO V A AQUISIÇÃO DA PEREZ COMPANC

5.2 A Integração das Empresas Após a Aquisição

5.2.5 Gestão do Conhecimento na Área Internacional

Oficialmente a gerência setorial de gestão do conhecimento foi criada em 2000 e é submetida a gerencia executiva de estratégia corporativa internacional (ver Figura 4.3 do capítulo IV). Antes disso havia apenas iniciativas de gestão do conhecimento isoladas da matriz e das subsidiárias, principalmente na área de E&P, mas com a abertura do mercado e crescimento da área internacional foi percebida a necessidade de mapeamento e as vezes até padronização de determinadas práticas para melhor geri-las. Em nossas entrevistas, percebemos o aumento da preocupação dos executivos em relação ao crescimento da área internacional nos últimos anos e as complexidades gerenciais que esse crescimento tem implicado. Podemos dizer que essas preocupações refletiram no crescimento de programas de gestão do conhecimento na ANI. As principais ações da gerência de gestão do conhecimento na ANI são vinculadas ao Programa de Integração do Conhecimento e envolve iniciativas de unificar os sistemas

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Gerente executivo de Suporte Técnico aos Negócios Internacionais. Entrevista concedida dia 06 de Junho de 2006

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Gerente executivo de Suporte Técnico aos Negócios Internacionais. Entrevista concedida dia 06 de Junho de 2006.

de informação das subsidiárias (PROANI), expatriação de funcionários e uma série de outras medidas.

O Programa de Integração do Conhecimento é um programa com status consolidado e foi iniciado em 2002 na área internacional da Petrobras. Antes da implantação desse programa, havia experiências acumuladas de gestão do conhecimento da área internacional, mas as ações não eram sistematizadas e estavam principalmente vinculadas á área exploração e produção somente.

Para a implantação desse programa foram relatados vários motivos. O primeiro e mais crucial foi o crescimento internacional e a necessidade de gerenciar subsidiárias fora do Brasil. As aquisições internacionais realizadas pela Petrobras na Argentina (Petroleira Santa Fé, Eg3, Pecom, esta última envolvendo subsidiárias, além da Argentina, também na Bolívia, Venezuela, Peru e Equador), a aquisição no mercado norte americano da refinaria de Pasadena, sem contar os projetos de exploração e produção mantidos no Golfo do México e África, criaram a necessidade de aprendizagem e aperfeiçoamento na gestão de subsidiárias internacionais e isso inclui o gerenciamento estratégico dos conhecimentos críticos necessários para a companhia exercer seus objetivos no exterior.

Nesse sentido, os objetivos de consolidação de programas de gestão do conhecimento é

“... garantir que os conhecimentos críticos sejam passados para os novos funcionários no Brasil e identificar e entender os melhores mecanismos para passar o conhecimento para as unidades internacionais”. Para garantir que o conhecimento seja passado para as subsidiárias de forma eficiente é importante ter claro que características os funcionários têm e por quais treinamentos esses funcionários passaram. A reestruturação do RH está dentro dos projetos de gestão do conhecimento (...) para que haja uma disseminação do conhecimento mais eficiente, é preciso fazê-lo de uma forma estruturada e o envolvimento do RH nesse processo é essencial”39.

O segundo motivo relatado foi o fato da Petrobras ter ficado quase uma década sem contratar funcionários.

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“... o gap de conhecimento dos velhos funcionários que já estão em fase de aposentadoria e os novos funcionários, a Petrobras ficou 10 anos sem realizar concursos, e agora com a entrada de novos

funcionários, há uma defasagem de conhecimento”40.

O terceiro motivo, perda de profissionais técnicos altamente qualificados, é

explicado por Coelho e Souza (2002) num estudo de caso sobre a prática de gestão de conhecimento na Petrobras. A Petrobras, por ser excelência na exploração de campos

offshore em águas profundas, convive com a perda de profissionais altamente

qualificados para empresas estrangeiras que tem interesse em contratar profissionais formados, capacitados e com grande experiência em exploração offshore (Coelho e Souza, 2002:05).

A assistente da gerencia executiva de suporte técnico aos negócios internacionais quando descreveu o Programa de Integração do Conhecimento na Petrobras, citou cinco projetos pilotos:

1- Mapeamento dos ativos estratégicos de conhecimento. Esse projeto consiste no mapeamento e na identificação do conhecimento interno da organização. O objetivo é estabelecer quais são os conhecimentos críticos necessários em determinados processos chave e quem são os especialistas que detêm esses conhecimentos;

2- Formação das comunidades de práticas com foco principal na busca da transferência das melhores práticas, assim como o reporte das práticas e técnicas que não deram certo. O objetivo desse projeto seria o estabelecimento de “metodologias” para facilitar o contato entre as equipes e entre os especialistas, para a troca de experiências e colaboração para resolver problemas. Dentro desse projeto a principal prática é a realização das “tardes técnicas”. Uma vez por mês os funcionários de diferentes áreas escolhem temas diversos, e são realizados workshops e seminários de lições aprendidas, onde são relatadas as boas práticas e experiências que não deram certo. O objetivo é a organização e divulgação das práticas desenvolvidas pela empresa, tanto as que tiveram sucesso assim como as que não tiveram;

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Assistente da Gerencia Executiva de Suporte Técnico aos Negócios Internacionais. Entrevista realizada em 06 de junho de 2006.

3- Realização de estudos de casos: serão realizados três estudos de caso completos de experiências da Petrobras que deverão resultar em material de treinamento para os profissionais. Para a realização desses estudos estão juntos o setor de desenvolvimento de sistemas de gestão (DSG) e a Universidade Petrobras;

4- Ambientação dos novos profissionais – a Petrobras, por ter ficado mais de 10 anos sem realizar concursos, tem um grande número de funcionários em fase de aposentadoria, há uma grande preocupação por parte da gerencia setorial de GC em transmitir o conhecimento dos funcionários antigos para os novos; 5- Gestão de competências críticas: mapeamento de competências críticas

baseadas na gestão de processos de cada gerência executiva. Isso acontece apenas na matriz – ainda não foi disseminado para as subsidiárias.

As práticas de gestão de conhecimento na área internacional serviram de modelo para implantação de programas de GC em outras áreas da empresa. Em 2005, a Petrobras iniciou a construção do Programa de Gestão do Conhecimento para o Sistema Petrobras. O objetivo do programa é aperfeiçoar as competências operacionais, gerenciais e tecnológicas e garantir a disseminação interna do conhecimento. Durante 2005 foram realizados projetos, espelhados nos projetos da área internacional, nas práticas de GC (estudos de casos, base de melhores práticas, catálogo de especialistas, encontro de lições aprendidas, comunidades de práticas) (Relatório Anual, 2005).

No documento FERNANDA CECÍLIA FERREIRA RIBEIRO (páginas 117-120)