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A Petrobras no Cone Sul

No documento FERNANDA CECÍLIA FERREIRA RIBEIRO (páginas 90-94)

CAPÍTULO IV A ATUAÇÃO INTERNACIONAL DA PETROBRAS: TRAJETÓRIA INICIAL E

4.4 A Petrobras no Cone Sul

A Figura 4.7 apresenta a atuação da Petrobras na América do Sul, mostrando seu foco de atuação na região, que é atualmente responsável por mais de 245 mil do total de barris de óleo produzidos pela empresa no exterior. É nessa região também que se concentram 87% das reservas da empresa fora do Brasil (Relatório Anual, 2005).

A ampliação dos negócios da Petrobras na América do Sul nos últimos anos, em especial na Argentina, foi decisiva para o crescimento da sua atuação internacional. A empresa completou em 2003 a aquisição do controle de diversas empresas na região, transformando-se, assim, no segundo maior grupo empresarial do setor energético argentino, por meio da sua empresa Petrobras Energia. Com isso, além de aumentar sua produção, a empresa diversificou seu portifólio no exterior na petroquímica, energia elétrica, redes de dutos e distribuição de derivados.

Figura 4.7: Atuação da Petrobras na América do Sul

Fonte: Relatório Anual, 2005.

A Unidade de Negócios da Argentina foi criada em 1993 com o objetivo de exercer no país as atividades relativas à indústria do petróleo, com atuação, primeiramente em exploração e produção.

No segmento de upstream, a empresa iniciou suas atividades na Argentina em 1993, quando vários ativos e negócios foram colocados à disposição no processo da privatização da companhia estatal Argentina YPF. A Petrobras entrou como sócia no campo de gás de Aguarague. A estratégia de expansão rumo à Argentina, com foco na exploração e produção de petróleo, manteve-se durante toda a década de 90, quando

dois movimentos apontaram para uma ofensiva mais efetiva com diversificação de atividades além do upstream.

O primeiro ocorreu em julho de 1997, com a constituição da Companhia Mega S.A. formada pela Petrobras (34%), a Repsol YPF (38%) e a Dow Chemical (28%) e o valor do investimento por parte da Petrobras foi de US$ 715 milhões. A empresa é constituída por uma unidade separadora de gás natural, em Loma La Lata (provícia de Neuquen), um gasoduto de 600 quilômetros de extensão, uma unidade fracionadora, em Bahia Blanca (província de Buenos Aires), além de facilidades de tancagem e expedição de produtos para exportação. A companhia entrou em operação em abril de 2001. Em 2002, foi vendido 1,2 milhões de toneladas de produtos provenientes da separação do gás natural, representando um faturamento bruto de US$ 245 milhões. No ano de 2003, até abril, foram vendidas 419.000 toneladas de produtos, gerando um faturamento bruto de US$ 120 milhões.

O segundo movimento, a troca de ativos com a espanhola Repsol YPF, garantiu para a Petrobras a participação inicial de 12% no mercado argentino e corroborou ainda mais a estratégia da empresa, anunciada em 1999, de ter a internacionalização como um dos pilares de seu crescimento e ser liderança na América do Sul.

A Petrobras e a Repsol-YPF concluíram, em dezembro de 2000, as negociações relativas aos termos do acordo definitivo para a permuta de ativos. Por esse acordo, cada empresa transferiu à outra, ativos avaliados em cerca de US$ 500 milhões. A operação envolveu, pelo lado argentino, uma empresa de distribuição e refino, e, pelo lado brasileiro, ativos de distribuição, refino e exploração e produção. A Petrobras cedeu à Repsol-YPF uma participação minoritária de 30% na empresa REFAP S.A, que será a nova proprietária da refinaria Alberto Pasqualini, e 10% dos direitos de concessão para exploração do Campo de Albacora Leste. A Petrobras Distribuidora-BR, subsidiária da Petrobras, cedeu à Repsol YPF ativos compostos de direitos contratuais de fornecimento de 40 mil metros cúbicos/mês de derivados e os equipamentos existentes em 234 postos de serviços franqueados da BR, localizados na região Centro, Sul e Sudeste do país. Em contrapartida, a Repsol-YPF cedeu uma participação acionária no capital social da empresa EG3, que foi transferida da BR para a Petrobras. A Repsol, portanto, transferiu à Petrobras 99,5% da empresa de petróleo argentina EG3. Esta empresa é constituída, fundamentalmente, de uma refinaria com capacidade de processamento de 30.500

barris/dia e cerca de 700 postos de serviço, entre próprios e franqueados. Esta operação é de grande importância estratégica para a Petrobras. Neste sentido, vale ressaltar os seguintes pontos:

• com a troca de ativos a Petrobras adquiriu imediatamente cerca de 12% do mercado de combustíveis da Argentina, segundo maior mercado e economia da América do Sul depois do Brasil;

• a sinergia e complementaridade dos ativos da Petrobras nas regiões Sul/Sudeste do Brasil e na Bolívia, com os ativos que estão sendo adquiridos na Argentina;

• a parceria da REFAP permitirá a modernização da refinaria. Os investimentos serão suportados pelos novos sócios na proporção exata de suas participações, o que permitirá à refinaria atingir um perfil de derivados mais nobres e mais voltados para o mercado a que se destinam.

Considerando ainda o caráter integrado da Petrobras, esta operação representou um grande passo na realização de sua estratégia de internacionalização, focada na expansão de atividades na América Latina.

Na Argentina, a Petrobras também produz os lubrificantes da linha Lubrax, em uma fábrica da EG3 localizada em Buenos Aires, que começou a produzir em janeiro de 2002. Até o final do ano de 2003 o óleo Lubrax possuía 7,5% do mercado de lubrificantes do país. No final deste mesmo ano, a empresa iniciou a produção do lubrificante marítimo Marbax, com o objetivo de incrementar a relação de produtos para segmento marítimo.

Neste capítulo recuperamos o histórico da atuação internacional da Petrobras desde sua trajetória inicial nos anos 70, até sua consolidação estratégica no Cone Sul, no final da década de 1990 e primeira metade da década de 2000. No próximo capítulo discutiremos os resultados da pesquisa realizada na área internacional da Petrobras sobre a aquisição do grupo Perez Companc na Argentina.

No documento FERNANDA CECÍLIA FERREIRA RIBEIRO (páginas 90-94)