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CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.4 GESTÃO DO CONHECIMENTO

2.4.1 Gestão do conhecimento no contexto das instituições de

Embora apareçam poucas iniciativas de estudos da influência da gestão do conhecimento no ambiente das instituições de ensino, Freitas Júnior (2003) discute a utilização da gestão do conhecimento como forma de assegurar a sobrevivência das instituições de ensino superior

(IES) num contexto econômico, político e social, bem como apresenta um modelo de arquitetura de um sistema de gestão do conhecimento, o qual faz uso de diversas tecnologias para o gerenciamento do conhecimento dentro de uma IES.

A gestão do conhecimento pode contribuir para que as organizações tornem-se mais competitivas e adaptáveis às mudanças de mercado e ir ao encontro do que preconizam as instituições de ensino superior quando se preocupam em criar processos e mecanismos de gestão para acelerar os processos de aprendizagem. Acredita-se que a área de gestão do conhecimento é capaz de propiciar a criação, adaptação e difusão do conhecimento nas organizações e entre elas.

Atualmente as IEPs precisam atender as necessidades de seus alunos devido às constantes mudanças do mercado de trabalho e representam o locus adequado para o processo de criação, disseminação e utilização do conhecimento. Isso exige das IES mais ênfase no gerenciamento do conhecimento, objetivando compartilhar o conhecimento entre todos os que participam do processo de dinamização do capital intelectual da instituição. (FREITAS JÚNIOR, 2003).

De acordo com uma publicação desenvolvida pelo Institute for the Study of Knowledge Management in Education (ISKME) publicada em 2003 chamada “Knowledge Management in Education: defining the

landscape” (PETRIDES e NODINE, 2003), várias instituições de ensino

dos Estados Unidos receberam no período entre 2002 e 2003, subsídios para implementar práticas de gestão do conhecimento.

Numa faculdade dois professores (um de biologia e outro de inglês) começaram a compartilhar informações sobre suas experiências didáticas. Depois de algum tempo, outros professores se integraram ao grupo e a partir daí, o governo passou a apoiar esse grupo inter- departamental através de suporte técnico a fim de habilitar a equipe a desenvolver demais tarefas pedagógicas.

Numa outra escola secundária, um dos coordenadores percebeu a alta frequência de suspensões e em parceria com o grupo de orientação escolar e dois professores decidiram criar um sistema para rastrear os dados relativos a esse evento. Eles passaram a acompanhar variáveis como nome, sexo, raça, local e tipo do incidente notificado, número e horário das ocorrências, e quais professores e alunos estavam envolvidos. Esse sistema de coleta de dados permitiu averiguar que um determinado professor estava envolvido em muitos dos casos e que os nomes de alguns alunos apareciam regularmente durante um determinado período do dia.

Esta informação, colocada no contexto do ambiente escolar, levou a equipe a agir de forma a negociar a situação através de uma intervenção de apoio. A equipe decidiu estender a função do sistema de rastreamento para incluir a freqüência dos alunos também.

Outra proposta na área educacional foi desenvolvida por Leite (2006), que afirma que o contexto acadêmico influencia todos os

relacionamentos entre comunicação científica, aspectos do

conhecimento e pressupostos da gestão do conhecimento, refletindo, por consequência, na gestão do conhecimento científico.

Em seu estudo se propôs a investigar a relação, em nível conceitual entre a gestão do conhecimento e os processos de comunicação científica, tendo em vista as peculiaridades do contexto acadêmico e do conhecimento científico. Considera que o ambiente acadêmico constitui um campo fértil para pesquisa em gestão do

conhecimento pelo fato de suas atividades – criação, compartilhamento

e uso do conhecimento – estarem inter-relacionadas aos processos de comunicação e por atenderem ao objetivo mais importante das instituições de ensino: a produção de conhecimento.

Nesse ambiente ocorre um intenso fluxo de conhecimentos de natureza diversa que fica disponível para a formação de pessoal qualificado que irá atuar em suas respectivas áreas profissionais.

E quando se fala em qualificação, pode-se destacar o Centrum voor innovatie van opleidingen (CINOP) que é um centro de pesquisa, desenvolvimento e consultoria em inovações nas áreas de formação e educação profissional, preocupado em refletir sobre as abordagens tradicionais e experimentais a respeito da inter-relação entre a pesquisa e a inovação educacional.

Neste centro, o conhecimento é visto como um conceito multidimensional que tem diferentes "formas" e diferentes "funções". Na modelagem deste aspecto multidimensional e na relação entre 'conceito' e 'prática', uma série de fontes filosóficas podem ser utilizadas. Bruijn e Westerhuis (2004) destacam que a multidimensionalidade do conhecimento e o processo de criação do conhecimento pressupõe uma abordagem ativa e destaca como exemplo relevante, o trabalho de Gustavson (2001) sobre pesquisa-ação nessa área. Os autores explicam que ao se estudar o impacto da pesquisa sobre a inovação na prática, a posição e função dos diversos componentes envolvidos no processo de criação de conhecimento é fundamental.

Já para Freitas Júnior (2003), ao se tratar de gestão do conhecimento no ambiente universitário surgem duas formas de abordá- la, que serão usadas como referencial na análise do contexto dessa pesquisa: a primeira abordagem diz respeito à adoção da gestão do conhecimento como metodologia de aprendizagem nas atividades docentes – foco de nossa pesquisa – e a outra se preocupa em apoiar os processos decisórios para atender os gestores universitários em seus setores de atuação.

Na primeira abordagem, o processo completo de maturação do conhecimento ocorre dentro das salas de aula através da aplicação de metodologias pedagógicas inovadoras que favoreçam os processos de socialização e internalização nas atividades docentes. Além desses dois modos de conversão, para fechar o ciclo de criação do conhecimento, a instituição deverá incorporar em seu itinerário formativo os outros dois modos de conversão – a externalização e a combinação – para obter vantagem competitiva. É esse processo de interação entre conhecimento tácito e explícito que propicia a inovação, e essa interação é dinâmica e contínua como uma espiral. Por isso, se faz necessário desenvolver um sistema de gestão do conhecimento composto por objetos de aprendizagem, que ao serem disponibilizados aos professores e alunos, proporcionem aos primeiros, instrumentos para gerenciar e disponibilizar conteúdos, e aos alunos construírem seu conhecimento por meio do processo de gerenciamento de conteúdos.

A introdução de ferramentas tecnológicas no ambiente educativo para subsidiar a gestão do conhecimento tem sido uma prática comum em muitas instituições de ensino. Scott e Robinson (1996) destacaram a importância da tecnologia da informação nas escolas como apoio à inovação tecnológica oriunda dos processos de ensino e aprendizagem no ensino superior na Inglaterra na década de 90.

A outra abordagem se preocupa em entender a gestão do conhecimento como auxiliar nas decisões dos processos institucionais, contribuindo para a competitividade e consequente melhoria da produtividade e capacidade de inovação.

Compartilha-se desses princípios quando Freitas Júnior (2003,p.126) diz que o foco da gestão do conhecimento nessas instituições deve ser o conhecimento a serviço dos seguintes objetivos:

I) desenvolver um ambiente organizacional que estimule a criação, a disseminação e o compartilhamento do conhecimento;

II) criar uma memória organizacional proveniente do ambiente interno e externo da instituição; III) auxiliar o processo decisório nos diversos setores da instituição;

IV) propiciar a melhoria do acesso ao conhecimento por meio do uso de tecnologias colaborativas;

V) criar e manter perfis de competências dos membros da instituição.

Desta forma, outras possibilidades podem ser criadas na instituição, a partir do compartilhamento de informações e novos conhecimentos, capazes de resgatarem informações na memória organizacional da instituição para ações futuras e estimularem a criatividade inovativa do capital intelectual dos colaboradores envolvidos nesse processo.