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Gestão dos riscos materiais a que o fundo se encontra exposto

2 Relatório de Gestão

2.9 Gestão dos riscos materiais a que o fundo se encontra exposto

A estratégia de gestão de riscos da entidade gestora contempla a identificação dos riscos a que os fundos de pensões por si geridos se encontram expostos e respectivo enquadramento no âmbito das suas principais orientações estratégicas e políticas de negócio globais assim como a definição de procedimentos para a monitorização frequente e detalhada dos riscos identificados.

Todas as fragilidades identificadas no âmbito de controlos internos são classificadas por tipo e por grau (elevado, médio e baixo) de risco e resumidas numa matriz de Risk Appetite Statement.

Riscos específicos do plano de pensões

Consistem nos riscos inerentes aos benefícios estabelecidos no plano de pensões, associados nomeadamente à mortalidade ou longevidade das populações abrangidas, à ocorrência de situações de

invalidez, à rotação da população de participantes, à passagem às situações de reforma antecipada ou pré-reforma e ao grau de dependência dos benefícios dos regimes de segurança social.

Estes riscos podem conduzir a perdas resultantes da insuficiência ou incumprimento de contribuições, de subestimação do valor das responsabilidades subjacentes aos compromissos assumidos nos planos de pensões, do seu deficiente desenho ou da falha na prestação de informação aos participantes, beneficiários e associados.

No caso dos planos BD (Benefício Definido) e mistos, tais perdas podem derivar do processo de desenho do plano de pensões e de falhas na prestação de informação, mas estão essencialmente ligadas aos processos de cálculo das responsabilidades e de financiamento do plano de pensões (incluindo a determinação das correspondentes contribuições a cargo dos associados), podendo ter origem numa multiplicidade de factores, tais como:

• Fiabilidade dos dados utilizados para o cálculo das responsabilidades;

• Desvios significativos entre a realidade e os pressupostos utilizados, não só ao nível demográfico (mortalidade, morbilidade, acesso à situação de reforma antecipada ou pré-reforma e rotação da população) como também financeiro (crescimento dos salários e das pensões);

• Subestimação dos valores das pensões a pagar nas situações de dependência dos benefícios dos regimes de segurança social.

No que diz respeito aos planos CD (Contribuição Definida) e mistos, as perdas estão particularmente ligadas ao processo de desenho do plano de pensões e de falhas na prestação de informação, podendo no entanto estarem também ligadas ao incumprimento das contribuições previstas.

A entidade gestora faz uma gestão prudente e sólida dos riscos específicos do plano de pensões BD ou mistos, realizando uma revisão actuarial contínua, assim como análises específicas aos riscos materialmente mais relevantes, tomando em consideração os relatórios dos actuários responsáveis e assegurando a monitorização do cumprimento das respectivas recomendações. Adicionalmente, são realizados estudos de stress testing ou de análises de cenários pela Direcção de Risco e Reporting (DRR). Os actuários responsáveis procedem regularmente à avaliação actuarial e financeira dos planos de pensões, a partir de informação validada pela Direcção Técnica e Comercial (DTC) que revê o relatório e controla e monitoriza o risco específico dos fundos pensões, garantindo o necessário financiamento das responsabilidades e informando o associado da necessidade de fazer dotações, quando necessário. Trimestralmente, são efectuadas análises de activos e passivos (estudos ALM), onde são determinadas as responsabilidades e os custos decorrentes dos respectivos planos de pensões, e avaliadas as composições das carteiras de activos financeiros que integram o património dos respectivos fundos de pensões. As conclusões das referidas análises assentam no conceito de valor esperado, numa perspectiva

probabilística, sendo as mais prováveis nos cenários de evolução de carteira de activos estudados (base, optimista e pessimista).

Com o objectivo de acompanhar a solvência dos planos a médio e longo prazo são analisadas e testadas a adequação das carteiras de activos, tendo em conta o cumprimento das exigibilidades dos passivos dos respectivos fundos.

Risco de mercado

Define-se como o risco de movimentos adversos no valor de activos do fundo de pensões, relacionados com variações dos mercados de capitais e cambiais, nomeadamente flutuações em taxas de juro, taxas de câmbio, cotações de acções, preços de mercadorias, e do valor do imobiliário, e ainda os riscos associados ao uso de instrumentos financeiros derivados, ou de produtos substantivamente equiparáveis Nos Fundos de Pensões, o risco de mercado decorre essencialmente das exposições em títulos, incluindo unidades de participação de fundos de investimento, derivados e imóveis detidos em carteira.

As metodologias e modelos utilizados pela entidade gestora na gestão de risco de mercado encontram-se em linha com as boas práticas internacionais. As técnicas utilizadas para medir e controlar o risco de mercado incluem o Value-at-Risk (VaR), Duration e PV01, stress testing e testes de cenários.

Considerando que o risco de incumprimento (ou de default) não é capturado pelo VaR, relativamente ao risco de crédito intrínseco à carteira de negociação, são conduzidos casuisticamente análises de impactos sobre variações sobre factores de risco específicos desta perspectiva, como sejam, sensibilidade a variações de spread de crédito, jump-to-default, concentrações por nível de rating.

Risco de crédito

Consiste no risco de incumprimento ou de alteração na qualidade creditícia dos emitentes de valores mobiliários aos quais o fundo de pensões está exposto, bem como dos devedores, prestatários, mediadores, participantes, beneficiários e resseguradores que com ele se relacionam

A avaliação do risco de crédito dos fundos de pensões é realizada tendo por base o modelo de análise utilizado pela DRR, assente na ferramenta BarraOne, permitindo a decomposição do risco dos activos por diversos factores, nomeadamente o factor Spread – analisa a diferença entre a curva swap e a curva de dívida pública, e eventos de crédito, calculando a respectiva alocação em termos de risco. Adicionalmente é monitorizado o rating de cada instrumento e a sua evolução.

A DRR possui uma área especializada em risco de crédito, pelo que, sempre que se considere necessário, são realizadas análises de risco de crédito específicas para devedores, participantes ou outros.

Risco de concentração

Define-se como o risco que resulta de uma elevada exposição do fundo a determinadas fontes de risco, tais como categorias de activos ou tipos de benefícios, com potencial de perda suficientemente elevado para afectar de forma material a situação financeira ou de solvência do fundo. Consiste na probabilidade de ocorrência de perdas devido a uma concentração excessiva em termos de exposição a determinados riscos, tais como categoria de activos ou tipos de benefícios, tendo como principais fontes:

• Área geográfica – através do sistema BarraOne é feita a desagregação do Risco Total e do VAR por país, permitindo monitorizar a evolução do mesmo;

• Por moeda – através do sistema BarraOne é feita a desagregação do Risco Total e do VAR por moeda, permitindo monitorizar a evolução do mesmo;

• Sectores económicos – através do sistema BarraOne é feita a desagregação do Risco Total e do VAR por sector económico, permitindo monitorizar a evolução do mesmo;

• Contrapartes – é analisado o risco de crédito por contraparte (repos e derivados), considerando um nível de tolerância pré-definido e em linha com as disposições regulamentares.

Conforme referido, o sistema BarraOne permite analisar o risco das carteiras desagregado pelos vários factores explicativos do risco, nomeadamente entre as componentes de risco específico e risco global (ou de mercado), o qual por sua vez é desagregado em diversos constituintes. Esta característica permite analisar a concentração por exemplo ao risco da curva de rendimento, ou aos spreads. Os relatórios mensais incluem uma análise das cinco maiores exposições em termos de risco, quer em termos absolutos, quer em termos de VaR, incluindo o diagrama de intersecção de risco.

Risco de Liquidez e de ALM

Consiste no risco que advém da possibilidade do fundo de pensões não deter activos com liquidez suficiente para fazer face aos requisitos de fluxos monetários necessários ao cumprimento das responsabilidades assumidas para com os beneficiários à medida que se vencem. O risco de liquidez define-se como a probabilidade de ocorrência de perdas devido à incapacidade de uma instituição dispor de fundos líquidos para cumprir com as suas obrigações, e se tal é efectuado em condições razoáveis. O risco de liquidez está associado aos custos adicionais para obter liquidez ao alienar investimentos ou outros activos de forma não programada em virtude dos fundos de pensões não deterem activos com liquidez suficiente para fazer face às suas responsabilidades à medida que elas se vencem.

Nos fundos de pensões, a adequação dos recursos financeiros face às responsabilidades é analisada em função dos montantes e prazos dos compromissos assumidos e dos recursos obtidos, em função da identificação de gaps. A DRR acautela mensalmente as necessidades de liquidez, tendo em consideração as responsabilidades assumidas pelos fundos e as condições actuais do mercado.

Em termos de avaliação do risco de taxa de juro dos fundos de pensões, na componente dos activos, esta é feita com o recurso ao sistema BarraOne. O modelo de análise utilizado pela DRR procede à decomposição do risco de mercado nas várias componentes, entre os quais, a componente de risco de taxa de juro embutida na variação de preço (decomposição do VaR nas várias componentes, incluindo risco de taxa de juro).

Mensalmente são produzidos mapas de controlo de exposições, onde são apuradas os activos e passivos por prazos de maturidade em termos globais. É feita uma avaliação detalhada do risco de taxa de juro, analisando a estrutura de activos por prazo para maturidade, duração, duração por país e dos prazos de refixação de taxa dos activos e passivos.

Em paralelo, a análise do risco cambial dos activos fundos de pensões é realizada tendo por base a ferramenta BarraOne, que procede à decomposição das carteiras nas várias componentes, entre os quais, a componente de risco de moeda e a sua correlação com os restantes factores de risco.

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