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Iniciaremos, agora, os estudos referentes ao gerenciamento de energia elétrica na residência, as formas de se produzir essa energia, seu gerenciamento e de sua otimização, na busca da identificação dos requisitos importantes para a tomada das decisões arquitetônicas que darão base ao nosso projeto para se atingir a autossuficiência energética da residência. Uma importante característica da sociedade mundial, atualmente, é a visível e crescente dependência de energia elétrica para seu desenvolvimento social e econômico. Nossas indústrias, comércios e residências e os devidos componentes eletroeletrônicos que envolvem nossas atividades cotidianas estão, de alguma forma e em sua maioria, ligados à rede elétrica ou a algum dispositivo com bateria móvel que depende dessa energia como principal provedor para seu funcionamento. Desde 1970, o consumo de energia no mundo vem crescendo em um ritmo maior do que a sua população, porém no início deste século, vimos um incremento considerável nesse consumo que aumenta visivelmente a diferença entre essas duas variáveis. O gráfico da Figura 16 abaixo apresenta uma análise percentual entre a demanda mundial de energia elétrica e o crescimento populacional, sendo projetada até o ano de 2030. Com um resultado de cerca de 100% de diferença entre os eixos de crescimentos, percebemos também que, daqui a aproximadamente 15 anos, utilizaremos duas vezes mais energia elétrica do que no momento atual. Ou seja, seremos cada vez mais dependentes desse insumo para realizar nossas tarefas cotidianas.

Figura 16 - Gráfico do consumo de energia e do aumento mundial da população

Fonte: Disponível em: <www.iea.com http://4.bp.blogspot.com/-ZCyeyhvtWDc /grafico+de+%25C3%25A1gua.png >. -. Acesso em: 12 jan. 2016.

58 A Empresa de Pesquisa Energética – EPE10 – vem desenvolvendo no Brasil, desde 2004,

pesquisas importantes quanto ao futuro da matriz energética no nosso país. Ao funcionar como um braço da nossa agência estatal reguladora, a ANEEL, ela revela dados interessantes no momento em que assume o papel técnico de indicar a normatização das políticas públicas e diretrizes estabelecidas para a geração e distribuição de energia brasileira, indicando aos gestores, quais as frentes de investimentos a serem consideradas para tais ações e os devidos planejamentos a médio e longo prazos.

Figura 17 - Gráficos comparativos entre as matrizes energéticas mundial e nacional.

Fonte: Disponível em: <www.epe.com.br>. Acesso em: 22 fev. 2016.

A ANEEL, por meio do Atlas de Energia Elétrica do Brasil (2005), apresenta estudos que apontam um país com uma matriz energética diferente da matriz mundial, pois se percebe na figura 17 acima que, no país, temos uma presença de fontes renováveis de 45,9% contra 54,1% de fontes não renováveis, ao passo que no resto do mundo temos 12,7% contra 87,3%.

As fontes de energia renováveis são aquelas em que a sua utilização e uso é renovável e pode-se manter e ser aproveitado ao longo do tempo sem possibilidade de esgotamento dessa mesma fonte, exemplos deste tipo de fonte são a energia eólica e solar. Por outro lado as fontes de energias não renováveis têm recursos teoricamente limitados, sendo que esse limite depende dos recursos existentes no nosso planeta, como é o exemplo dos combustíveis fósseis. (ANEEL, 2005, p. 221).

O uso da biomassa é estimulado por nosso governo desde a crise do petróleo de 1973, por meio de um programa governamental de produção de biocombustível, alternativo à gasolina, denominado Proálcool. Ele incentivou a produção de etanol via plantio de cana-de- açúcar, abastecendo grande parte da frota nacional de veículos. A partir de 2009 se juntou ao

10 Encontra-se vinculada ao Ministério de Minas e Energia, que tem por finalidade prestar serviços na área de

estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético, como fontes energéticas renováveis e eficiência energética, dentre outras. (www.epe.gov.br/)

59 programa do biodiesel, que é um derivado de diversos vegetais como a mamona e o babaçu, para também chegar à produção de combustíveis biodegradáveis alternativos aos derivados de petróleo. Tais fontes, denominadas de biomassa, lideram a cadeia de produção de energia renovável brasileira que, aliada às hidrelétricas e a outras fontes indicadas no gráfico, somam os 45,9% de toda a energia limpa produzida no país.

Temos então o Brasil como uma nação que possui uma tendência natural em investir nas fontes de energias renováveis. Acidentes, como o colapso trágico que aconteceu em março de 2011 na usina nuclear de Fukushima, no Japão, reforçam o direcionamento brasileiro em garantir nossos recursos de energia elétrica a partir de energias limpas, principalmente, segundo a ANEEL, as eólicas e a solares, pois estamos geograficamente situados em uma região do globo extremamente favorecida do ponto de vista das pressões eólicas e radiações solares. Frente a todos esses indicativos técnicos, a nossa agência reguladora respondeu à sociedade com a Resolução Normativa 482 (ANEEL 2012) que institucionalizou o sistema de compensação de energia elétrica da seguinte forma:

Art. 1º:

I - microgeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada menor ou igual a 100 KW e que utilize fontes com base em energia hidráulica, solar, eólica, biomassa...

II - minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada superior a 100 KW e menor ou igual a 1 MW para fontes com base em energia hidráulica, solar, eólica, ... (ANEEL 2012, p.02).

Ou seja, toda edificação que produza energia por meio de um microgerador, com potência abaixo de 100KW, ou um minigerador, com potência entre 100KW e 1MW, poderá ter sua fatura de energia diminuída, pois haverá desconto da energia que ela consumiria em um determinado mês.

Essa resolução obriga por lei que as concessionárias de energia de todo o país, conectem as unidades geradoras autônomas, para assim, medir a energia gerada por essas unidades e a promover a compensação com a energia consumida, reduzindo o valor da fatura mensal dos consumidores. Ela estabelece as condições gerais para o acesso do que foi chamado de "microgeração distribuída", aos sistemas de distribuição de energia elétrica integrado a um sistema de compensação de custos. Tal medida, não apenas dá o poder de se diminuir quase que totalmente a conta de energia elétrica de uma edificação, mas também viabiliza a implantação de sistemas de mini e microgeração no momento que foram eliminadas as prováveis baterias

60 que seriam necessárias, caso a oferta do local fosse maior que o consumo. A geração distribuída recebe dentro da rede pública toda a energia excedente gerada por essas unidades, transformando-as de simples consumidores, para fornecedores de energia elétrica.