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2.2 “CIDADE COMPACTA”

3 AS PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE AO NÍVEL DAS ÁREAS RESIDENCIAIS ESTRATÉGIAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO.

3.1 ESTRATÉGIAS ECOLÓGICAS PARA A SUSTENTABILIDADE DE ÁREAS RESIDENCIAIS

3.1.1 GESTÃO DA ENERGIA

Nas regiões temperadas da Europa, a necessidade de energia para aquecimento dos espaços construídos reflecte uma parte substancial do consumo de energia total (26% na Dinamarca e 32% na Alemanha37. Assim, não é surpreendente (desde a ocorrência das primeiras crises energéticas nos anos 70) que o aquecimento dos espaços se tornou num dos alvos principais das políticas de eficiência energética. As políticas adoptadas, neste campo, eram maioritariamente políticas de Gestão Ambiental e podem ser descritas como:

• Melhorias na produção e na distribuição de energia, com o objectivo de aumentar a proporção de energia disponível no consumidor final por unidade de energia primária utilizada.

• Melhorias nas tecnologias de construção dos edifícios, com objectivo de minimizar as perdas de calor.

• Melhorias no desenho dos edifícios, com objectivo o de maximizar os ganhos energéticos, provenientes de sistemas solares passivos, no aquecimento dos mesmos.

• Introdução de outras fontes de energia, por exemplo as renováveis.

Para melhorar o desempenho ao nível da produção e da distribuição de energia, a grande escala, muitas centrais de produção eléctrica foram modernizadas e adaptadas, no que diz respeito à sua eficiência energética. Para além disso, existiram alguns esforços para alterar e, em alguns casos, para diversificar o combustível utilizado na produção de energia e no aquecimento. Isto significou, no geral, a substituição pelo gás natural do carvão ou do petróleo, devido à sua eficiência térmica mais elevada e devido ao facto de produzir menores impactos na poluição e nos gases de estufa. Em alguns casos, foram introduzidas fontes primárias alternativas, como os biocombustíveis ou a incineração de resíduos, como fontes suplementares aos combustíveis fósseis.

Um efeito importante desta viragem no mercado da energia, a par da liberalização dos monopólios regionais, fomentado pela União Europeia na década de 90, foi a descentralização das fontes de energia. O que veio contribuir para aumentar o número de produtores com energia proveniente de diversas fontes e, deste modo permitir uma maior diversidade de escolha ao consumidor e um acesso mais fácil do mesmo ao mercado energético38.

Além disto, a liberalização do mercado energético trouxe oportunidades para os fornecedores que utilizam fontes de energia renováveis, capturarem os consumidores que, por opção própria, querem fazer parte desta mudança de paradigma. Estas iniciativas, ao envolverem geralmente preços mais elevados por quilowatt por hora (kwh) que as companhias de electricidade convencionais praticam, relevam a potencialidade e a viabilidade destes novos mercados. Isto traduz>se numa excelente oportunidade para iniciativas ecológicas, a nível urbano, que procuram diferentes fontes de energia.

Outra área importante na redução do consumo de energia, independentemente da sua fonte, está associada aos edifícios. As políticas, nos países de climas temperados, incluíram factores como a pesquisa, o desenvolvimento e a legislação, para limitarem progressivamente as necessidades de energia destinada ao aquecimento em edifícios novos e para incentivarem reestruturações nos mais antigos tendo por fim melhores desempenhos. Geralmente os edifícios perdem calor através da propagação e da renovação do ar. As perdas por propagação podem ser minimizadas por um bom isolamento térmico de todos os principais componentes da estrutura do edifício, paredes, telhados, soalhos, janelas e os interfaces entre estes, e através de uma forma compacta do edifício; isto é, a proporção entre a área da superfície externa e o volume do edifício deve ser a mais pequena possível. “Isto traduz>se em projectos com densidades médias, com edifícios com mais de um andar e

onde as unidades individuais estão juntas por paredes partilhadas, como por exemplo o caso de moradias individuais geminadas.

Os países do norte e centro da Europa têm introduzido na legislação maiores exigências ao isolamento dos novos edifícios, estimulando um processo constante de inovações tecnológicas que visam uma maior eficiência, o que, por outro lado, permite a adopção de normas mais restritivas neste campo, isto é nos edifícios.

Em climas quentes, as necessidades de refrigeração nos edifícios são um aspecto significativo. Similarmente aos espaços onde é necessário o aquecimento, o isolamento térmico contribui para que os edifícios sejam mais independentes das variações de temperatura externas, enquanto que a insolação39, neste contexto, precisa de ser limitada, temporariamente ou permanentemente, através de sombras, espaços verdes, e do uso de superfícies exteriores reflexivas. Outras soluções passam pela minimização do calor emitido pelos equipamentos eléctricos ou mecânicos que existem no edifício e que aparecem em conjunto com outras estratégias de eficiência energética ao nível dos equipamentos.

No entanto, parece>nos óbvio que só a componente tecnológica não é suficiente para pôr em prática tais medidas. Ou seja, se as janelas estão fechadas quando a diferença de temperaturas entre o exterior e o interior é elevada, se os equipamentos altamente eficientes são utilizados correctamente, se o projecto arquitectónico e o de espaços verdes utilizados para minimizar o uso de energia estão salvaguardados de alterações durante o ciclo de vida do edifício, são factores que dificilmente podem ser determinados numa fase inicial. Existe, assim, um aspecto a considerar: a importância dos comportamentos no uso das tecnologias de eficiência energética nos edifícios e na sua concepção; factores que, também funcionam, como um potencial impacto nos modos de vida dos residentes.

No entanto, o projecto de edifícios eficientes ao nível energético, não é somente sobre a minimização das perdas por calor; é igualmente importante que a maior parte da energia térmica utilizada provenha da luz solar.

Por fim, as politicas energéticas nas áreas residenciais podem implicar que os edifícios vão para além do seu papel tradicional, o de consumidores de energia, e que desempenhem um novo papel, o de produtores de energia. Mais uma vez, a luz solar é particularmente uma fonte de energia viável que pode ser utilizada localmente. O uso activo da energia solar inclui a produção de calor através de painéis solares que fornecem energia para o aquecimento do edifício e/ou para o aquecimento de águas ou ainda para o aquecimento do ar que vai alimentar o sistema de ventilação do edifício. Adicionalmente, ou em alternativa outra possibilidade é a produção de energia através de equipamento fotovoltaico. Nestes

39 Insolação define>se como a quantidade de energia térmica proveniente dos raios solares recebida por uma construção.

casos, é necessário providenciar espaço, no telhado ou nas fachadas, para os painéis solares ou para as pilhas foto voltaicas, enquanto que o desenho do edifício deve permitir que este esteja orientado a sul, no hemisfério norte, de modo a ter o máximo possível, de horas e de área, de exposição à luz solar.