• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 3 – Gestão de projetos, CAT-tools e garantia de qualidade

3.1. Gestão de projetos

A profissão do tradutor tem vindo a ser remodelada pela globalização, pelos avanços tecnológicos e pelo crescimento e reconhecimento do mercado, fatores que estão a transformar os serviços de tradução numa indústria (Rico Pérez, 2002). Assim, os prestadores destes serviços têm de se adaptar às mudanças de um mercado que, por um lado, exige competências mais abrangentes por parte do tradutor e, por outro, espera que os profissionais da tradução sejam capazes de lidar com projetos cada vez mais complexos e extensos. É neste contexto que surge a gestão de projetos de tradução, “the key element marrying crafts, needs, and expertise” (ibid.).

De forma geral, segundo o Guia PMBOK, um projeto é um “temporary endeavor undertaken to create a unique product, service, or result” (PMI, 2013: 3) e a gestão de projetos consiste na “application of knowledge, skills, tools, and techniques to project activities to meet the project requirements” (id.: 5). Partindo destas definições, podemos afirmar que cada tradução é, certamente, um projeto, uma vez que é temporária, apresentando uma data de entrega bem especificada, e única, já que o resultado, isto é, o texto traduzido, é sempre diferente.

Contudo, para além daquelas características, Rico Pérez refere que certos projetos de tradução têm uma característica adicional, “leveraging”, já que, embora cada tradução seja, de facto, única, muitas são o “cumulative effect” (Rico Pérez: 2002) de traduções já realizadas. Mais concretamente, algumas traduções efetuadas durante o estágio consistiram em breves atualizações de ortografia (adaptação à grafia pós-Acordo) ou na tradução de passagens introduzidas e/ou alteradas em documentos informativos já traduzidos previamente. Em ambos os casos, o produto final do projeto era apenas ligeiramente diferente das suas versões passadas, pelo que o trabalho anteriormente realizado por outros tradutores consistiu numa forma de “leveraging”, uma mais-valia para entregar um produto final com boa qualidade e num espaço de tempo menor.

complexidade e exigência crescentes, torna-se indispensável a existência um gestor de projetos (project manager – PM) capaz de criar e coordenar uma equipa de tradutores cujas competências consigam satisfazer os requisitos do trabalho e do cliente, acompanhando todo o ciclo de vida de um projeto.

Por ciclo de vida do projeto entende-se “the series of phases that a project passes through from its initiation to its closure” (PMI, 2013: 38), ou seja, um conjunto de fases lógicas e sequenciais inter-relacionadas que culminam numa entrega (id.: 41). É da responsabilidade da empresa e do PM definir o número de fases de cada projeto, dependendo da complexidade do mesmo e dos procedimentos internos em vigor. Relativamente aos projetos realizados na Kvalitext, será possível dividir o seu ciclo de vida em três fases, de acordo com a nomenclatura de Daniel Gouadec (2007: 13): “pre-translation”, “translation” e “post-translation”. A tabela seguinte apresenta de forma sucinta as várias fases e subfases às quais um projeto de tradução é sujeito na Kvalitext, segundo a proposta de faseamento de Gouadec (2007). A mesma tabela indica os intervenientes e resume as atividades compreendidas em cada fase.

Tabela 4: Ciclo de vida de um projeto de tradução na Kvalitext.

Fases do projeto Atividades Interveniente(s)

Pré-tradução

Análise do projeto proposto pelo cliente;

Emissão/aprovação do orçamento.

Cliente, PM

Compilação do kit de tradução7; Seleção da equipa de tradução e revisão;

Upload do kit de tradução no PO;

PM

Transferência Pré-transferência

Análise do kit de tradução; Abertura do package para tradução; Verificação da TM e da TB (se disponíveis); Antecipação de potenciais dificuldades. Tradutor

Transferência

Tradução. Tradutor

Comunicação com o cliente/PM caso surjam dúvidas.

Tradutor, PM, cliente Pós-transferência Autorrevisão; QA; Verificação ortográfica;

Upload do return package da

tradução no PO; Revisão; QA;

Verificação ortográfica;

Upload do return package da

tradução revista no PO.

Tradutor, revisor

Pós-tradução

Verificação do cumprimento dos requisitos estabelecidos no kit de tradução;

Entrega do projeto.

PM, cliente

Desta forma, a gestão de projetos revela-se essencial para a organização da empresa e para a satisfação do cliente, equilibrando e mediando os interesses de ambos. Pelo exposto, e com base em Gouadec (Gouadec, 2007: 118–119) e na minha experiência na Kvalitext, conclui-se que um PM desempenha duas funções distintas, mas complementares e igualmente relevantes:

• Perante o cliente, o PM é a face da empresa e o ponto de contacto entre esta e o cliente, estando também responsável, na fase de pré-tradução, pela avaliação dos potenciais projetos, dos seus requisitos (por ex., CAT-tools e equipa de tradução a serem utilizadas) e prazos; numa fase posterior, a da tradução, deve comunicar desenvolvimentos e problemas e, na fase de pós-tradução, está encarregado da entrega final do projeto e da recolha de

feedback junto do cliente.

• Na empresa, é da responsabilidade do PM, na fase de pré-tradução, verificar o conteúdo dos ficheiros do projeto, identificar full matches, fuzzies e repetições, formar uma equipa de tradução capaz de fazer frente às exigências do projeto, disponibilizar o kit de tradução contendo as

instruções do cliente e, de forma geral, acompanhar atentamente o ciclo de vida de um projeto, garantindo que é cumprido dentro do prazo e da qualidade acordados com o cliente.

Em suma, embora o papel do PM seja mais visível nas fases de pré e de pós-tradução, e ainda que este não participe no ato tradutivo propriamente dito (Melby, 1998), a sua relevância é transversal a todas as fases do trabalho, tornando a gestão de projetos num serviço fulcral quer para o cliente, quer para a empresa (Bustamante, 2011). Para o cliente, a gestão de projetos representa qualidade e transparência, uma vez que as empresas que aplicam técnicas e procedimentos da gestão de projetos criam uma melhor imagem junto dos seus clientes. Já na empresa, um PM melhora a comunicação e cooperação entre os diferentes membros da equipa de tradução e torna o tradutor mais produtivo e eficiente, pois ajuda-o a compreender o seu papel numa determinada linha de trabalho e a finalidade da mesma.

3.1.2. Project Open

Para fazer frente ao crescente fluxo de trabalho, a Kvalitext criou, em 2013, uma equipa exclusivamente dedicada à gestão de projetos, à comunicação com a equipa de tradução interna e externa e à comunicação com os clientes. Atualmente, as duas PM da empresa contam com o Project Open (PO), uma plataforma online em ambiente de intranet e de código aberto, para gerir e planear todos os projetos realizados na empresa e atribuí-los a diferentes tradutores e revisores. Mediante credenciais individuais, cada colaborador tem acesso a informações específicas à sua função. Na figura 6 abaixo apresentada, está aberto o separador “Projects”, exibindo os projetos atribuídos ao utilizador, bem como um conjunto de informações básicas, como, por exemplo, o nome do projeto, o seu número de identificação interno, a PM por ele responsável, a data de entrega ao cliente e o número total de palavras.

Clicando num projeto específico, o tradutor é, em seguida, direcionado para a página exclusiva desse projeto, onde encontra os subseparadores “Summary”, “Files” e “Trans Tasks”.

O “Summary” é o separador central do projeto; aí, para além de algumas informações gerais já presentes na vista global de “Projects”, encontram-se outras mais específicas, como os pares linguísticos do projeto, a CAT-tool a ser utilizada, o tipo de ficheiro de entrega, o material de referência, a área temática, a equipa alocada ao projeto (PM, tradutor e revisor) e, se referido pelo cliente, as instruções gerais e o público-alvo do TCh.

O separador seguinte, “Files”, consiste numa metódica organização de pastas, cada uma delas destinada ao upload de:

• O package com o(s) ficheiro(s) a traduzir;

• Referências fornecidas pelo cliente (glossários, originais dos ficheiros etc.) • Instruções específicas para o projeto (se disponíveis)8;

• Guia de estilo do cliente (se existente);

• Queries já realizadas por outros tradutores e/ou o template a ser utilizado para colocar questões ao cliente;

• O return package do(s) ficheiro(s) traduzido(s) (e relatórios de QA);

8 No ponto 4.1. efetuaremos uma reflexão sobre a importância das instruções do cliente e as consequências

da falta das mesmas.

• O return package do(s) ficheiro(s) revisto(s) (e relatórios de QA); • O package entregue ao cliente.

Se tivermos em consideração o elevado fluxo de trabalho de uma empresa de tradução como a Kvalitext, a organização, a adequada identificação e a rápida disponibilidade dos ficheiros (quer no PO, quer no servidor da empresa) tornam-se particularmente relevantes. Afinal de contas, uma organização metódica dos recursos contribui para a eficácia e para a agilidade do ciclo de vida de um projeto e assegura que toda a informação essencial para a fase de transferência esteja sempre disponível para todos os intervenientes no projeto.

O último subseparador é o das “Trans Tasks” e, como o nome indica, permite que os intervenientes de um determinado projeto saibam em que fase este se encontra e quem está a trabalhar nele num dado momento. Assim, no início de todos os projetos, a PM atribui uma tarefa a um determinado colaborador (tradução, revisão, compilação de glossário, pós-edição etc.) que fica responsável pela sua atualização em cada fase do projeto. Exemplificando, quando uma PM cria um projeto de tradução, o seu estado é marcado como “Created” até que sejam organizadas e disponibilizadas todas as informações referente ao mesmo; esta fase de pré-tradução é concluída quando a PM seleciona a equipa de tradução e de revisão e, respetivamente, lhes atribui as tarefas “for Trans” e “for Edit”, fazendo com que cada um dos intervenientes receba um e-mail avisando de que foram alocados a um projeto. A primeira subfase da tradução (a pré-transferência) inicia-se quando o tradutor lê o “Summary” do projeto, efetua o

download dos ficheiros disponibilizados em “Files” e marca o estado da sua tarefa como

“Trans-ing”, iniciando, em seguida, a subfase de transferência. Mais tarde, concluídas a tradução e a autorrevisão, o tradutor terá de colocar na respetiva pasta em “Files” o return

package e quaisquer outros ficheiros exigidos e marcar o projeto como “for Edit”. Nessa

altura, o projeto passará para as mãos do revisor, que deverá alterar a sua tarefa para “Editing”. A subfase de pós-transferência termina quando o revisor coloca no PO o return

package após a sua revisão e define o estado do projeto como “for Delivery”. Nesta fase,

a PM receberá um e-mail alertando-a de que o projeto se encontra pronto para ser entregue ao cliente, o que ocorre quando são efetuadas as verificações finais e o projeto é marcado como “Delivered”. Se aprovado pelo cliente, o projeto passará, então, pelos estados

“Invoiced” e “Payed”, concluindo, desta forma, a fase de pós-tradução.

Esta descrição dos diferentes estados pelos quais um projeto passa durante o seu ciclo de vida na Kvalitext demonstra que as noções gerais da gestão de projetos se encontram naturalmente enraizadas na tradução e na sua categorização segundo a divisão de tarefas propostas por Daniel Gouadec (Gouadec, 2007: 21–25). Desta forma, ferramentas de gestão de projetos como o Project Open refletem as noções da gestão de projetos geral e adaptam-se perfeitamente ao fluxo de trabalho das empresas de tradução, permitindo a sincronia entre os diferentes participantes no projeto e a otimização do mesmo. Adicionalmente, estes programas também beneficiam em muitos os gestores de projetos na medida em que lhes poupam tempo, permitem uma visão geral do desenvolvimento do projeto e facilitam a divulgação das informações provenientes de clientes. Igualmente importante é a rapidez do programa e a capacidade de organização e de armazenamento seguro e prolongado de todos os recursos no PO, tornando esta ferramenta numa boa aliada de todos os colaboradores.

Em suma, devido aos desenvolvimentos tecnológicos e científicos e à existência diversificada de ferramentas de apoio à tradução cada vez mais sofisticadas, grandes empresas e, por conseguinte, os seus tradutores, poderão ser sobrecarregados com vários projetos, cada um com os seus desafios, exigindo uma equipa cooperante para os ultrapassar. Desta forma, a gestão de projetos de tradução, potenciada pelo uso de tecnologias apropriadas, torna-se cada vez mais relevante e usual. Logo, o gestor de projetos é a resposta aos desafios provocados pelo rápido crescimento do mercado de tradução, um elemento-chave para a harmonização e comunicação da equipa, a ponte de comunicação entre os tradutores e o cliente.

3.2. CAT-tools

No início da sua atividade, há dez anos, a Kvalitext trabalhava maioritariamente com duas ferramentas de apoio à tradução (CAT-tools) que, entretanto, já desapareceram do mercado. Hoje, a empresa trabalha com cerca de sete CAT-tools (com os tradutores alternando constantemente entre elas, em função das preferências dos clientes), com várias outras ferramentas de garantia de qualidade (QA) e com a já referida ferramenta

de gestão de projetos, o que demonstra a crescente relevância que todas estas ferramentas têm vindo a ganhar no mercado de tradução, com muitas delas, principalmente as CAT-

tools, a tornarem-se praticamente indispensáveis. Assim, reconhecendo a importância da

tecnologia no apoio à tradução, a Kvalitext conta, há vários anos, com um engenheiro informático responsável pelo desenvolvimento e manutenção dos softwares, hardwares e sistema informático da empresa.

É, portanto, indiscutível que estas tecnologias têm vindo a ganhar terreno no mundo da tradução, pelo que o tradutor tem de se superar constantemente e não apenas possuir boas competências linguísticas e de tradução, mas também um vasto leque de competências informáticas e técnicas, como o conhecimento para solucionar problemas informáticos, proficiência em várias CAT-tools, competência para criar e gerir TM e TB, capacidade para efetuar uma pesquisa eficiente na Internet, entre outras (Gouadec, 2007: 91). De forma geral, “[t]he translator now needs to be familiar with different computer environments and platforms, and should be able to set up, uninstall and use any new software that happens to be required, or adapt it to specific needs and uses” (ibid.), esperando-se, desta forma, uma grande flexibilidade de conhecimentos e de adaptação por parte do tradutor.

As CAT-tools são, indiscutivelmente, uma mais-valia para todos os intervenientes num projeto de tradução, principalmente quando este é extenso e/ou envolve vários tradutores. Segundo Esselink (Esselink, 2000: 366), a produtividade de um tradutor poderá aumentar, em média, 30% a 50% através da utilização de uma CAT-tool, o que, globalmente, pressupõe uma redução de 15% a 30% do custo de uma tradução. De facto, ao longo do estágio curricular, foi possível constatar que as CAT-tools tornam o trabalho do tradutor mais célere e rigoroso, asseguram consistência e uniformidade terminológica (através da partilha de TM), efetuam contagem de palavras, de repetições, de full e fuzzy

matches etc., permitem visualizar e movimentar as tags presentes no source, entre outros

benefícios.

Na Kvalitext foi possível não só aprofundar o conhecimento em determinadas ferramentas de tradução adquirido durante o MTSL, mas também entrar em contacto, quer direta, quer indiretamente com outras (através dos manuais internos disponibilizados para todas as ferramentas), bem como explorar mais a fundo as suas funcionalidades. No

que diz respeito às CAT-tools, foram utilizadas quatro durante o estágio, nomeadamente o SDL Trados Studio (versão 2017), o memoQ (versões 2015 e 8.2), o Wordbee e o SDL

Passolo (versão 2016).

Para efeitos de relatório, serão listadas a seguir as CAT-tools utilizadas ao longo do estágio com o objetivo de colocar em evidência algumas das suas vantagens ou desvantagens; não serão apresentadas, portanto, características gerais dos programas, mas sim certos aspetos e reflexões sobre os mesmos, que me pareceram mais relevantes em virtude da minha utilização do software.

3.2.1. SDL Trados Studio

O SDL Trados Studio (doravante, Studio) é a CAT-tool mais utilizada na Kvalitext e, apesar de a versão utilizada na empresa (a mais recente até à data) ser diferente da trabalhada na UC de Informática da Tradução do MTSL, a adaptação à versão 2017 não acartou qualquer dificuldade devido à semelhança entre as diferentes versões do software. Ao trabalhar no Studio, o tradutor tem de ter especial cuidado com as TM, mais

23 (68%) 9 (26%)

1 (3%) 1 (3%)

CAT-tools utilizadas

SDL Trados Studio memoQ Wordbee SDL Passolo

concretamente, verificar se estas estão corretamente atribuídas e atualizadas. Da mesma forma, deve ter consciência de que, ao confirmar um segmento, está não só a inserir uma tradução no target daquele projeto, mas também a partilhar uma TM que, mais tarde, será consultada pelos colegas para referência e uso e, por isso, deve garantir que a entrada que insere na TM é fruto de um trabalho profissional e consciente. Afinal de contas, uma TM é o resultado de anos de trabalho e de constante atualização e melhoria, pelo que deve ser utilizada com cuidado. Por conseguinte, uma TM constitui, para qualquer profissional de tradução, a já referida forma de “leverage” (Rico Pérez, 2002), ou seja, uma espécie de vantagem porque, segundo a autora (ibid.),

every translation assignment (…) is nevertheless associated, to a lesser or greater extent, to other translation projects we handled in the past or that we might do in the future, either because we are working for the same client on different updates of the same product or because we are specializing in a particular field.

Isto corrobora a visão de Essenlink, que defende que as TM “are specifically designed to recycle previously created translations as much as possible” (Esselink, 2000: 363). De facto, muitas traduções realizadas ao longo do estágio prendiam-se com documentos com secções reescritas ou novas cuja tradução era necessária, situações nas quais uma TM fiável e recheada se revela essencial para efetuar uma tradução coerente e de qualidade num espaço de tempo relativamente menor, devido a todos os apoios disponíveis.

A figura 89 exibe uma captura de ecrã dos resultados da TM do projeto 2018_0438, que consistiu na tradução de 2600 palavras de um manual de instruções com 149 páginas já anteriormente traduzidas na Kvalitext.

9 Na caixa cinzenta encontra-se o segmento presente no source, na rosa o segmento presente na TM, na

verde a sua tradução e nas caixas amarelas a identificação da TM e do colaborador que inseriu a entrada.

Neste tipo de tradução, o Studio é bastante útil porque apresenta os fuzzy matches de forma muito clara: em primeiro lugar, é exibido o segmento presente no source com as diferenças destacadas (na figura, a palavra a azul indica que aquele termo é novo), na linha abaixo à esquerda é exibido o segmento presente na TM com as novas palavras a azul e as palavras que não se encontram presentes no segmento do source que está a ser traduzido a vermelho e rasuradas; à direta, é apresentada a tradução desse segmento da TM. Com tais realces, o tradutor pode mais rapidamente identificar as diferenças entre o

source e a TM e, assim, acelerar o seu processo de tradução. Por fim, a linha inferior

amarela fornece, entre outras, uma informação particularmente relevante: a data da inserção desse segmento na TM, bastante útil para o tradutor porque, em caso de dúvida em relação a certos termos, será sempre mais seguro seguir as entradas mais recentes da TM porque, à partida, serão as mais atuais.

Globalmente, o Studio demonstrou ser uma CAT-tool muito confiável e intuitiva, cuja utilização é relativamente simples assim que o utilizador esteja familiarizado com as suas funcionalidades mais relevantes. Para trabalhar com TM e TB, o software revelou-se também o ideal, com uma organização que permite ao tradutor/revisor economizar tempo e esforço.

3.2.2. memoQ

O memoQ foi a segunda ferramenta mais utilizada durante o estágio na Kvalitext e, assim, pude explorar uma funcionalidade do software não trabalhada em contexto académico: o servidor online. Uma das características definidoras deste software é o facto de possibilitar o trabalho em projetos online, no servidor do cliente (mediante credenciais individuais), não sendo necessário definir TM, TB ou parâmetros de QA (como ocorre no

Studio). Tudo isto facilita, sem dúvida, o trabalho do tradutor, mas sujeita-o a uma ligação

à Internet, o que, por um lado, pode tornar o programa algo lento e, por outro, pode causar problemas na sincronização dos ficheiros ou até mesmo impedir a tradução, caso haja uma falha na ligação à Internet (como algumas vezes aconteceu).

Duas outras particularidades do memoQ prendem-se com a possibilidade de facilmente inserir as tags no target pela ordem em que aparecem no source através do atalho “F9” e, para além disso, a possibilidade de localizar, através de “Crtl + F”, determinada frase/palavra no documento e gerar uma lista com todas as suas ocorrências, inclusivamente com as palavras do texto contido nas tags que, obviamente, não pode ser editado, mas cujo conteúdo é importante para a seleção de preposições (como realçado a preto na figura 9) ou quando é necessário movimentar as tags para assegurar a coerência da frase (como demonstrado na figura 10).

Figura 10: Tags do memoQ contendo informação textual.

De forma geral, no memoQ realizavam-se projetos online ou projetos offline que

Documentos relacionados