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3.4 Gestão de risco no setor aeroespacial

3.4

Gestão de risco no setor aeroespacial

No setor aeroespacial, especificamente o norte-americano, a NASA (National Aeronautics and Space Administration – USA) destaca que pretende implementar análise / avaliação de risco probabilística em todos os seus programas e se tornar referência em PRA. Para a NASA, uma PRA objetiva garantir o sucesso da missão e do programa, e atingir e manter um alto padrão de segurança. (NASA, 2002b).

Note-se que, para a NASA, a PRA extrapola a preocupação com a segurança e visa garantir o sucesso da missão.

Tendo em vista que o desenvolvimento da PRA no setor aéreo iniciou-se na década de 1960, era de se esperar que a NASA tivesse, desde então, adotado esta prática. De fato, no começo do projeto Apollo, questionou-se qual era a probabilidade de sucesso em enviar astronautas à Lua e retorná-los em segurança. De alguma forma, foi feito um cálculo de risco / confiabilidade e a probabilidade obtida foi considerada inaceitavelmente baixa. Isso teria desencorajado a NASA a fazer outros estudos probabilísticos, adotando, em contrapartida, análises de risco qualitativa, como a FMEA. No entanto, após o incidente com a Challenger, em 1986, a importância da PRA veio à tona e seu uso começou a crescer. (NASA, 2002a).

A NASA adota a metodologia de gerenciamento de risco contínuo (continuous risk mana- gement– CRM) para todo o ciclo de vida de seus programas (NASA, 2002b) e salienta que uma comunicação aberta entre os seus membros e uma visão ampla do programa e de seus critérios de sucesso são pontos essenciais para um gerenciamento de risco bem sucedido (NASA, 2004a). Apesar de a metodologia atender a todo o ciclo de vida, tem ênfase nas etapas anteriores à operação, uma vez que a NASA exige que se tenha um posicionamento de todos os riscos antes da entrega para a operação (NASA, 2004a).

O principal objetivo de um sistema de segurança – para a NASA – é fornecer uma abor- dagem organizada e disciplinada de como identificar e trabalhar precocemente os perigos às pessoas, às instalações e equipamentos, ou ao sucesso do programa até atingir níveis tão bai- xos quanto se possa considerar razoável aceitar (as low as reasonably achievable – ALARA11) (NASA, 2004b). As atividades do sistema de segurança estão subdivididas conforme apresentado na Figura 3.5.

A identificação procura levantar cada risco, em relação ao evento indesejado, e as con- sequências que este evento pode causar. Adicionalmente, devem-se incluir todas as informa- ções necessárias para localizar o risco no contexto (o que; quando; onde; como; e por quê)

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Documentação e comunicação

Figura 3.5: O processo de gerenciamento contínuo de risco Fonte: (NASA, 2002b, p. 8, tradução nossa)

do programa – o que é importante para outras pessoas entenderem, especialmente quando já se passou algum tempo (NASA, 2002b;NASA, 2004a). Nessa fase, devem-se fazer as seguintes questões – não se restringindo a elas –, mesmo para os casos que estão sendo bem sucedidos (NASA, 2004a): O que pode dar errado? Quais as consequências possíveis – à segurança, aos objetivos do programa, ao cronograma, e aos custos – se isto der errado?

Técnicas como árvore de evento (event tree analysis – ETA) e árvore de falha (fault tree analysis– FTA) podem ser utilizadas nessa fase (NASA, 2002b).

Os resultados principais dessa fase são a “declaração de cada risco” (contendo todas as informações sobre o risco, de forma concisa) e a lista dos riscos (ordenada por prioridade com as informações necessárias para gerenciar e documentar a evolução dos riscos ao longo do ciclo de vida).

Na análise dos riscos, as seguintes questões devem ser respondidas, mas sem se restringir a elas (NASA, 2004a): Qual a chance de esse risco ocorrer? Quão cedo devem ser tomadas as

ações relativas a esse risco? Como esse risco pode ser comparado com outros riscos?

A análise do risco procura identificar a chance de o risco ocorrer e o momento em que se devem tomar ações para que o risco identificado não cause danos (por exemplo: curto-prazo; médio-prazo; e longo-prazo). A estimativa pode ser tanto qualitativa quanto quantitativa e deve possibilitar que se classifiquem e priorizem os riscos em relação a seu impacto.

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Pode-se fazer uso de técnicas como: FTA; análise do modo de falha, efeitos e criticidade (FMECA); escalas de risco; análise estatística dos históricos; comparação com sistemas análo- gos; etc.

No planejamento dos riscos, por sua vez, procura-se responder às seguintes questões, mas sem se restringir a elas (NASA, 2004a): O que pode ser feito para prevenir, ou pelo menos diminuir a probabilidade ou a severidade das consequências? Quem deve ser acionado para tomar essas providências?

O planejamento envolve delegar a responsabilidade e determinar a abordagem que deve ser adotada em resposta a cada risco identificado e, caso se opte por mitigá-lo, devem-se elaborar e implementar as subsequentes ações.

As seguintes abordagens podem ser adotadas:

1. mitigação: envolve eliminar o risco ou reduzir a chance de ele ocorrer, ou o impacto de suas consequências (o que implica definir o escopo do plano de mitigação, estabelecendo metas e determinando os recursos necessários para sua implementação);

2. aceitação: devem-se estabelecer critérios para aceitar um risco (um critério pode ser, por exemplo, o fato de existirem planos de contingência ou de recuperação documentados, testados e aprovados para mitigar as consequências, caso o risco ocorra);

3. pesquisa: inclui coleta de novas informações, avaliação e documentação dos resultados, nos quais se basearão as próximas decisões, ou – em alguns casos – para reduzir as incer- tezas envolvidas na estimativa do risco (metaincertezas);

4. monitoramento: decide-se não tomar medidas imediatas, mas rastrear, levantar e observar as tendências no comportamento dos indicadores do risco no decorrer do tempo.

No rastreamento do risco, pretende-se avaliar o progresso do programa de gerenciamento de risco. Para tanto, as seguintes questões devem ser respondidas, mas sem se restringir a elas (NASA, 2004a): As ações para mitigação dos riscos estão sendo efetivas e estão dentro dos

limites do orçamento? O risco geral do programa está aumentando ou diminuindo? Se o risco geral está diminuindo e se está diminuindo ao máximo que se pode praticar?

Rastrear os riscos envolve coleta, atualização, processamento, organização e análise dos dados para indicar as tendências de um determinado risco no decorrer do tempo. No caso de o risco estar sendo monitorado, devem-se definir os limites de controle ou de alerta (trigger levels).

No controle do risco, tomam-se decisões quanto à implementação de medidas relativas a um determinado risco, com base nas informações coletadas no rastreamento do risco (NASA,