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GESTÃO SOCIAL E EMPREENDEDORISMO SO- SO-CIAL

No documento EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (páginas 42-45)

educação a distância e impactos sociais 1

2. GESTÃO SOCIAL E EMPREENDEDORISMO SO- SO-CIAL

A gestão social é um campo ainda em construção, cuja dis-cussão e interesse acadêmico ainda são recentes (SILVA JUNIOR et al., 2008; CANÇADO; TENÓRIO; PEREIRA, 2011; LIMA; PE-REIRA, 2015), de modo que, de acordo com Boullosa e Schommer (2008, p. 11), “[...] a gestão social se difundiu, muitos falam dela, tanto ensinam, muitos e muitos querem aprender e ninguém sabe precisamente do que se trata”.

Contudo, nos últimos anos, verifica-se a produção de pes-quisas cujo foco é discutir o conceito e a caracterização do que comporia a gestão social, ainda que persista, em alguma medida,

a observação de Pinho (2009) de que os estudos têm se concentra-do em analisar a gestão social enquanto prática, sem preocupação equivalente com seu conceito.

Diante de tal contexto, analisamos um conjunto de conceitos sobre gestão social, sem a ambição de esgotar o debate, mas com o intuito de reunir subsídios que nos permitam avançar em nossa discussão. De modo sucinto, podemos inferir que a gestão social, assim como a empresarial, passa por funções básicas de administra-ção, como planejar, organizar, dirigir e comunicar, sendo que suas habilidades e competências podem ser sintetizadas no conjunto de ações abaixo, baseadas nos constructos teóricos de Moura (1988), Salamon (1998), Teodósio (2001), Maia (2005), Tenório (2005), Pimenta e Brasil (2006), Gomes et al. (2008), Botrel et al. (2011), Carvalho (2012), Pereira et al. (2013) e Lima e Pereira (2015):

• planejar é conhecer a realidade social onde a organiza-ção opera, desde a comunidade até o/a setor/área como um todo, para construir um cenário que permita analisar a conjuntura e fazer prospecções sobre necessidades e opor-tunidades futuras;

• organizar diz respeito a delimitar como as gestões de pes-soas, de recursos, de serviços e de informações serão de-senvolvidas, identificando necessidades sociais, capacida-de capacida-de atendimento, oportunidacapacida-des capacida-de captação capacida-de recursos, demandas por profissionais, materiais e/ou espaço físico, por exemplo;

• dirigir corresponde a acompanhar a execução de todas as ações planejadas e organizadas, buscando reduzir falhas e/

ou custos ao longo do processo, dar menos “espaço” para imprevistos e ter visão da organização e suas atividades como um todo; e

• comunicar parte do princípio de que há diferentes fontes de recursos e diferentes segmentos para apresentação/

prestação de contas tanto financeira quanto do impacto so-cial da atividade desenvolvida (Estado/Poder Executivo, Ministério Público, pessoas jurídicas e físicas que fazem

doações, voluntários, beneficiários dos serviços prestados e sociedade de modo geral).

Para além das habilidades e competências gerais, cabe desta-car, ainda segundo os autores citados no parágrafo anterior, que a gestão social implica no desenvolvimento de especificidades, como a capacidade de mobilização de potencialidades e energias popula-res (aproximar-se da população no sentido de atendê-la, appopula-resentar demandas e pressionar o poder público e a comunidade para sanar ou reduzir problemas sociais), de identificação de problemas que devem ser expostos à discussão pública, a habilidade para estimular e desenvolver parcerias, alianças e trabalhar tanto em equipe quan-to em rede. Por fim e em consequência das habilidades e competên-cias descritas até aqui, o compromisso com o processo de melhoria da qualidade de vida da comunidade, atuando como agentes de pro-moção de mudanças e transformações na realidade social.

Dentre o conjunto de competências a serem desenvolvidas no âmbito da gestão social, a perspectiva de contribuição para melho-ria da realidade social se destaca diante de um conceito emergente nos estudos sobre o tema: o empreendedorismo social. De acordo com Marins (2018, p. 13), “[...] a ideia de empreendedorismo social é historicamente muito recente. De fato, pode-se dizer que se trata de uma ideia nova e de um conceito inovador”.

O conceito de empreendedorismo social foi cunhado por Dees (2001) e ainda não é uniformemente interpretado, de modo que, para o propósito deste artigo, consideramos a interpretação mais recente e que, portanto, considera as definições anteriores em sua composição: “[...] emerge o empreendedorismo social, em sua contemporânea complexidade, como movimento transforma-dor amplo, cívico, ético, democrático, transversal, descentralizado, inovador e exponencial” (MARINS, 2018, p. 13).

Empreendedorismo social é o processo pelo qual cidadãos constroem ou transformam instituições para promover soluções para problemas sociais como pobreza, doença, analfabetismo, destruição ambiental, abuso dos direitos humanos e corrupção, com o objetivo de tornar a vida me-lhor para todos (BORNSTEIN; DAVIS, 2010, p. 12-13).

De acordo com a linha do tempo estabelecida por Bornstein e Davis (2010) e as posteriores contribuições de Marins (2018), seria possível afirmar a existência de uma conjugação de fatores que impulsionaram o empreendedorismo social, quais sejam: a al-teração do regime de trabalho majoritariamente escravista para as-salariado no século XVIII, o crescimento da urbanização desde o século XIX, a emergência de movimentos sociais no século XX, a elevação dos níveis educacionais e do acesso à informação desde a metade do século passado e o colapso de regimes comunistas e de regimes autoritários na década de 1970. Mais recentemente, a ampliação da expectativa de vida, as alterações climáticas e o maior destaque às lutas sociais por direitos sociais de minorias também teriam contribuído para tal desenvolvimento.

Nas sociedades contemporâneas, uma característica central para a identificação dos empreendedores sociais seria seu papel voltado à criação de valor social por meio de uma atuação que seja inovadora, ou seja, o empreendedorismo social denota, em algu-ma medida, a promoção de alterações nas algu-maneiras de interferir na realidade social e não apenas sua modificação. Assim, enquanto a gestão social buscaria influenciar a realidade social de maneira po-sitiva, o empreendedorismo buscaria fazê-lo de modo diferenciado e inovador.

Nesse sentido, seria possível analisar o empreendedorismo social como elemento de democratização do poder (MARINS, 2018), uma vez que a expansão das maneiras por meio das quais os indivíduos e instituições podem se organizar para reivindicar e/

ou se beneficiar de recursos públicos e privados para o desenvolvi-mento de políticas públicas e de direitos sociais favorece o princí-pio do referido regime que tange à vocalização e atendimento das necessidades sociais com vistas à redução de desigualdades.

3. O CURSO DE GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA EM

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