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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.5 Gestão territorial

O ambiente urbano, entendido como uma organização social complexa regida pela incerteza e pela possibilidade - construído pelo conjunto de relações que se estabelecem entre suas partes -, não se restringe apenas às relações entre suas medidas e seus materiais. Como ele não vale por si próprio, seu valor ou significado surge em função das relações que estabelece entre o espaço e seus habitantes (RHEINGANTZ, 1990).

O conceito de gestão já está há bastante tempo estabelecido nos ambientes profissionais ligados à administração de empresa e desde a segunda metade da década de 80 vem se utilizando expressões como: gestão urbana, gestão territorial, gestão ambiental, etc.

Segundo Souza (2003, p. 46) enquanto planejamento remete ao futuro, a gestão remete ao presente: “gerir significa administrar uma situação dentro dos marcos dos recursos presentemente disponíveis e tendo em vista as necessidades imediatas efetivando políticas, planos e programas”.

A gestão territorial é responsável pela administração dos recursos para a implementação do diversos planejamentos, visando otimizar a prestação de serviços públicos. É um processo extremamente importante no planejamento territorial da cidade e sua implementação exige acompanhamento, monitoramento, fiscalização e avaliação cotidianamente durante a realização dos objetivos do planejamento, para poder mudar rumos, quando necessário, com participação do poder público – Executivo, Legislativo e Judiciário – e da sociedade local.

Dentro do novo formato Institucional de Gestão Municipal gerado a partir da Constituição de 1988, reforçado pelo Estatuto da Cidade, cabe à prefeitura a responsabilidade cada vez maior em gerir as questões afetas ao planejamento local, o que significa ter de dispor de condições financeiras adequadas planejando os investimentos no Município em face da realidade por eles vivida. Depois desta Lei, cabe à União e aos Estados, basicamente apenas uma participação financeira e normativa dentro destes parâmetros definidos (Guimarães 2001).

A gestão municipal tem nas informações espaciais e no geoprocessamento das informações gráficas a oportunidade de construir uma base importante para o suporte

do processo decisório. O cadastro técnico multifinalitário é uma ferramenta ideal para a administração de informações fundiárias tendo aplicação na esfera rural e urbana.

Importante lembrar que a harmonia entre a necessidade de promover o desenvolvimento urbano e a necessidade de reduzir e/ou solucionar os problemas socioambientais, inerentes ao ecossistema urbano, demanda ações estratégicas comuns e um empenho coletivo.

2.5.1 A necessidade do Cadastro Técnico Multifinalitário e do Sistema de Informações Geográficas, como base para a gestão territorial

O Cadastro é um sistema de informações do espaço territorial, no qual os dados são organizados em torno da unidade territorial jurídica da parcela (lote, imóvel, propriedade, fazenda). As informações sobre as parcelas são necessárias para um grande conjunto de atividades econômicas, tendo, como usuários, proprietários, compradores, advogados, avalistas e planejadores do uso da terra, e agências governamentais nos níveis locais, estadual e nacional (LOCH, 1993; DALE; MCLAUGHLIN, 1990).

Lima e Philips (2000) colocam que o Cadastro Técnico Multifinalitário, através do conjunto de informações que o constituem, como a medida das parcelas, os aspectos legais das mesmas, conjuntamente com suas características econômicas, pode fornecer às esferas governamentais dados essenciais ao conhecimento mais preciso de seus territórios. O que o torna fundamental ao gerenciamento territorial.

De acordo com Elstner (1971 apud LIMA; PHILIPS, 2000) o cadastro deve servir para múltiplos fins, como:

• Base para a cobrança racional de impostos. • Garantir a posse da propriedade.

• Base para um melhoramento do registro de terras. • Reforma agrária.

• Base para projetos de desenvolvimento: construção de estradas, projetos de economia hidrográfica (irrigação, drenagem, plantas hidroelétricas, águas

subterrâneas, etc.) planejamento de novos povoados, planejamento para o desenvolvimento urbano, base para a geografia regional, base para planejamento na remodelação das propriedades (para construções, ruas, etc.).

• Base para a manutenção atualizada dos mapas topográficos básicos e gerais.

O desenvolvimento da tecnologia da informação tornou disponíveis novos recursos para o processamento de informações cartográficas. No Brasil, o uso integrado da cartografia digital, do sensoriamento remoto e dos sistemas de informações geográficas define o termo geoprocessamento, principalmente pela facilidade de dispor de informações físico-territoriais, inclusive aquelas componentes do cadastro técnico municipal.

Esses termos técnicos dizem respeito a novas tecnologias que aumentam a capacidade de enxergar o meio ambiente (seja urbano ou rural) e o que nele ocorre. Com sua ajuda, os antigos bancos de dados ganharam novas formas de representação e análise, com o posicionamento de uma ocorrência sobre um modelo do mundo real, seja ele uma imagem de satélite, uma foto aérea ou mesmo um mapa cartográfico (CHIARA; STORELLI, 2006).

O geoprocessamento nada mais é que um conjunto de tecnologias para coleta, processamento, análise e disponibilização de informação com referência geográfica. As geotecnologias são compostas por soluções em hardware, software e peopleware que juntos se constituem em poderosas ferramentas para tomada de decisão.

O geoprocessamento, segundo Câmara e Davis (2001) representa a aplicação de técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica ou de acordo com Moura (2003, p. 41) “um conjunto de técnicas e recursos para o armazenamento e análise de dados”.

De acordo com Loch (1994) e Vaz (1997), são muitas as possibilidades de utilização do geoprocessamento pelos municípios, pois qualquer área que possa ser relacionada a pontos específicos do território são dados que devem ser utilizados para o planejamento, ordenamento e gestão do território. Contudo é possível relacionar alguns exemplos que por si só já evidenciam a importância das mesmas como ferramentas de suporte aos gestores:

• Construção e manutenção de bancos de dados e geração da informação. • Gerenciamento do espaço físico-territorial.

• Gerenciamento da prestação de serviços públicos: habitação, educação, saúde, controle de obras; sistema viário.

• Mapeamento de áreas de risco.

• Implantação, operação e manutenção da rede de abastecimento de água e coleta de esgoto.

• Planejamento de rotas de coleta de lixo.

É importante firmar aqui que a relação custo/benefício da implantação de geotecnologias torna-se clara, e os investimentos compatíveis com os orçamentos públicos.

A Gestão Territorial é um trabalho integrado de entidades públicas, privadas e da sociedade organizada. Portanto é importante e é hora de integrar toda esta experiência humana, técnica e científica por meio de cadastros multifinalitários que construam a realidade local a partir da história e identidades existentes para que Comunidades não percam suas riquezas sócio-culturais.

2.5.2 Estrutura administrativa para o planejamento urbano

Pode-se dizer que a sustentabilidade dos municípios de um modo geral esta articulada a um estilo de gestão pública que permita a implementação de controles externos e medidas de desempenho capazes de construir uma gestão eficaz. Devido à velocidade das mudanças do mundo de hoje, o ato de planejar torna-se um imperativo para que se possa obter respostas mais rápidas aos novos desafios e situações até então imprevistas pelos gestores municipais.

Conhecer o município, suas vantagens e problemas, dispor de uma estratégia para sua competitividade, para a coesão social e cultural e para a sustentabilidade dos sistemas urbanos e rurais, implementar políticas que tornam o município mais

organizado economicamente, são os novos desafios daqueles que estudam o município enquanto agente social, cultural e econômico.