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III. Revisão da Literatura

3.4. A Importância dos Estilos de Tomada de Decisão para a Gestão

3.4.3. Gestor do Desporto

Na transição do século XIX para o século XX, com a industrialização, com o avanço da tecnologia, com o aumento do tempo livre, as entidades desportivas passam a ter cada vez mais autonomia, afastando-se das organizações militares e religiosas. Em todas as modalidades começam a surgir os clubes e as associações desportivas, surgindo a necessidade de outras formas de organização desportiva. Os meios de comunicação social e as empresas começam a interessar-se exponencialmente pelos eventos desportivos, os atletas começam a ter um percurso profissional no desporto, deixam de

ser os únicos intervenientes, a competição desportiva passa a ser um espetáculo, onde as marcas patrocinadoras do acontecimento também competem.

O desenvolvimento e a evolução do desporto conduziram ao surgimento natural do gestor dentro das organizações desportivas. Numa fase inicial a gestão era realizada por indivíduos sem formação adequada na área da gestão desportiva, na maioria das vezes eram os professores de educação física, que com a sua experiência e prática do desporto passavam a desempenhar estas funções.

Valente (2011), salienta a necessidade de novas formas de gestão no desporto, de reestruturar, organizar, estabelecer novas estratégias, redefinir objetivos, procurar novas soluções e superar preconceitos dentro das organizações desportivas. Com isto há uma maior procura de profissionais cada vez mais competentes e qualificados na sua área de atividade.

Ao analisarmos a investigação de Pires e Lopes (2000), baseada em estudos de diversos autores, Costa (1979); Parkhouse e Ulrich (1979); Chazaud (1983); Chelladurai (1985, 1994); Gordon (1988); Tatarelli (1986); Zeigler (1987); Parkhouse (1996); Slack (1991, 1998); Soucie (1994); Pires e Claudino (1994), que se têm dedicado à problemática da Gestão do Desporto, podemos referenciar um conjunto de indicadores que têm vindo a contribuir para a evolução da gestão do desporto como uma nova área de intervenção profissional.

De acordo com os referidos autores, o estado de crise do desporto moderno, foi um dos indicadores mais reveladores da necessidade de reequacionar os modelos tradicionais de organização desportiva, estes, já não conseguem dar resposta às dinâmicas da sociedade da nova economia, às novas tecnologias da informação, da comunicação e do desporto, associadas à indústria do entretenimento.

Nesta linha de pensamento, estes investigadores justificam com duas perspetivas a necessidade da gestão do desporto: uma pragmática, baseada na capacidade de solucionar os problemas, de gerir rotinas e desenvolver novos projetos. Outra perspetiva, designada por académica, capaz de dar respostas originais a problemas

gestão, que tem evoluído devido ao desenvolvimento da própria complexidade da dinâmica social. Tanto na América do Norte, como na Europa, as teorias da gestão em geral foram-se desenvolvendo, conduzindo a um esforço daqueles que querem acompanhar esta evolução no mundo desportivo. Tanto na investigação, como no ensino, a gestão do desporto foi sofrendo um longo processo de evolução, começando a existir sínteses reflexivas, “… uma norte-americana centrada na base do desporto universitário das ligas e da gestão de negócios e outra europeia, mais preocupada na intervenção política da administração pública…” (Pires & Lopes, 2000, p.91). O terceiro indicador apontado pelos autores em questão, foi o aparecimento de organizações criadas com o intuito de dar respostas às questões da gestão do desporto, verificando-se que com a institucionalização de organizações de caráter científico e profissional, houve um forte desenvolvimento na área da gestão do desporto. A investigação apresenta-se com o quarto indicador importante para a origem dos diferentes processos de gestão do desporto. Os primeiros estudos foram realizados no âmbito da educação física, surgindo posteriormente as pesquisas na área das ciências do desporto. A partir dos anos sessenta, na Europa Ocidental, com a promoção de programas de desporto, com a adesão de um número significativo de indivíduos, com movimentos de massas, com o conceito de “Desporto para Todos”, foi surgindo cada vez mais a necessidade “… de processos de gestão desde as grandes decisões estratégicas, realizadas a nível dos Governos, até ao planeamento operacional dos diversos organismos públicos ou privados que acabaram por ter de as implementar…” (Pires & Lopes, 2000, p.92), desencadeando um número consideravelmente crescente de projetos de investigação. As oportunidades profissionais, são outro aspeto que estes autores consideram evidente, com as investigações realizadas, têm sido delineadas as tarefas e funções de um gestor desportivo. O desporto é uma área que tem vindo a apresentar vários setores de intervenção profissional, criando assim cada vez mais oportunidades de emprego. “As oportunidades de atuação do gestor desportivo são muito amplas e diversificadas.

Para Valente (2011), o gestor de desporto pode atuar em várias organizações desportivas, públicas ou privadas (câmaras, federações, associações, ligas desportivas, clubes desportivos, ginásios, health clubs; empresas de serviços desportivos, complexos

desportivos, escolinhas desportivas e outras organizações que tenham o desenvolvimento do desporto como objetivo principal).

Em conformidade com esta ideia, Pires e Lopes (2000), afirmam que atualmente já é possível encontrar vários postos de trabalho na área da gestão do desporto, tais como, entre outros: diretores técnicos; secretários técnicos; diretores gerais, técnicos de pelouros desportivos de autarquias; diretores de instalações; gestores de eventos desportivos; gestores de produto; gestores de empresas e de outras organizações ou entidades privadas e públicas; diretores comerciais; gestores de recursos humanos; gestores da área de marketing; investigadores. Por último, os autores apresentam como sexto indicador, a formação em gestão do desporto, formando especialistas que respondam com eficiência às rápidas e constantes alterações sociais.

Para Pires (2007), a gestão do desporto, trata de estabelecer a interface entre a gestão e o desporto de maneira a engendrar um quadro teórico que fundamente a ação do gestor desportivo.