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∗ Projeção UTM 23S

GILBERTO DRIGHETT

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO,

neste ato representado por seu Promotor de Justiça e do Meio Ambiente da Comarca de São Carlos e ANTONIO JORGE BOVI, brasileiro, casado, Citricultor, portador do RG n. 3.630.229 e CPF/MF n. 036.691.818-49, residente na Rua Senador Vergueiro, n. 1266 – na cidade de Limeira-SP., CEP – 13.480-005 – tel (0xx19) 451-7787 e 451-6442, acompanhado de seu Advogado Antero Lisciotto – OAB/SP – 16.061, nos autos do Procedimento n.

46/2001-MA, em trâmite na Promotoria de Justiça do Meio Ambiente de São Carlos, que versa

sobre conduta consistente em dificultar a regeneração de vegetação natural em área de preservação permanente (margens de lagoa), com uso de trator com roçadeira e, para composição e recuperação dos danos ambientais, bem como para solucionar também as questões referentes às demais áreas de preservação permanente existentes na propriedade, resolvem firmar compromisso de ajustamento nos termos seguintes:

1 –o autuado, juntamente com sua mulher Marina Penteado Dos Santos Bovi, brasileira, casada, do lar, RG. n. 3.565.043-SSP/SP e CPF/MF n. 160.701.648-65, que também assina este termo como anuente às obrigações nele inseridas, é proprietário do imóvel rural denominado “Fazenda Colômbia”, sita nas margens da Estrada Vicinal que liga os Distritos de Água Vermelha e Santa Eudóxia – Km 09, no Município de São Carlos e reconhece que efetivamente promoveu atividades com trator e roçadeira nas margens de uma das lagoas sita no imóvel, além de estar promovendo o plantio e cultivo de laranjas nas margens da mesma lagoa, de outras logo abaixo e também do córrego formado com a água que nasce na propriedade, abastece cinco lagoas e segue seu curso normal. Reconhece que estas atividades estão a dificultar a regeneração natural da vegetação ciliar das margens das referidas lagoas e do respectivo córrego, ocasionando danos ambientais, embora quando o interessado adquiriu a Fazenda Colômbia já não houvesse essa vegetação;

2- para recompor os danos ambientais causados, bem como e principalmente em relação à recomposição de todas as áreas de preservação permanente de sua propriedade, fica o autuado obrigado a isolar e cercar a área de preservação permanente da nascente que situa-se na parte superior da primeira lagoa, a menor delas, devendo ainda promover o replantio com vegetação nativa, de mais 05 (cinco) metros de raio em torno da mesma nascente, contando-se esta distância a partir do término da vegetação hoje existente no local;

3 – o autuado se obriga a retirar o cultivo de laranjas que estiver ocupando a área de preservação permanente do lado direito das margens das 2ª e 3ª represas indicadas mapa de fls.39, que equivale a 50 (cinquenta) metros a partir do final do espelho d’água, indicadas no mapa de fls.39, devendo ainda recuperar tais áreas com espécies nativas da região, num espaçamento de 3X2 metros, dispensando os tratos culturais adequados, como adubação, coroamentos, por um período de 03 anos e ou quando as mudas atingirem 3 (três) metros de altura, o que ocorrer primeiro, inclusive, replantando aquelas que não vingarem por qualquer razão. Na margem direita da 2ª lagoa, de cima para baixo, o autuado fica autorizado a deixar uma área de 50 metros lineares para só regeneração natural, tudo em função da visualização da sede da fazenda, que é muito antiga e incorporada àquela paisagem, propícia de ser mantida para composição do ambiente local. Sobre este aspecto e concessão, está-se considerando, principalmente que se trata de imóvel antigo, com construções e conformações antigas, cujos desmatamentos não foram procedidos pelo autuado, que na verdade só a está recuperando em função da obrigação legal mas, também, pela consciência ambiental que ostenta;

4 – o autuado, ainda para recuperação de áreas de preservação permanente em seu imóvel, Fazenda Colômbia, matrícula n.1222, se obriga a retirar toda a laranja e ou outra cultura que estiver nos 50 (cinquenta) metros da área de preservação permanente das 4ª e 5ª represas indicadas no mapa de fls.39, devendo ainda recuperar tais áreas com espécies nativas da região, num espaçamento de 3X2 metros, dispensando os tratos culturais adequados, como adubação, coroamentos, por um período de 03 anos e ou quando as mudas atingirem 3 (três) metros de altura, o que ocorrer primeiro, inclusive, replantando aquelas que não vingarem por qualquer razão;

5 – fica o autuado obrigado ainda, à recuperação da área de preservação permanente

do córrego formado a partir das represas, em sua margem esquerda, já que a margem direita pertence a outra pessoa, vez que o corpo d’água é a divisa dos imóveis. A recuperação de tal área dar-seá na margem do córrego numa faixa de 30 (trinta) metros, em toda sua extensão

período de 03 anos e ou quando as mudas atingirem 3 (três) metros de altura, o que ocorrer primeiro, inclusive, replantando aquelas que não vingarem por qualquer razão, não podendo haver ingresso de animais semoventes (bovinos, equinos, etc) por período mínimo de 03 anos após a efetiva revegetação com replantio de espécies nativas. As espécies também são indicadas pelo DEPRN no laudo de fls.03/05, podendo ser acrescentadas outras nativas, tudo para cumprir com a função social da propriedade, preservando as características do solo e qualidade dos recursos hídricos e o estabelecido pelo art.2º, do Código Florestal Brasileiro (Lei Federal n. 4.771/65). Se o autuado e ou seus sucessores a qualquer título, eventualmente mudar de atividade de citricultor para pecuária e ou outra atividade nociva à recuperação e manutenção das área de preservação do córrego e das represas, fica obrigado a cercá-las adequadamente e de forma imediata e preventiva

6 – o autuado fica também obrigado a providenciar no prazo de 06 (seis) meses, em relação aos barramentos das 05 represas existentes na Fazenda Colômbia, a devida outorga do órgão competente – (Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo - D.A E.E. – com endereço na Rua 13 de maio, n. 2.171 – pavimento superior – São Carlos); 7 - o replantio da vegetação mencionada nos itens “2” e “4”, vale dizer, das áreas de preservação permanente da nascente e das represas 4 e 5, deve ocorrer entre os meses de outubro de 2002 a março de 2003, tratando-se de período das chuvas, mais propício à atividade de revegetação;

8 – já o replantio da vegetação mencionada no item “5”, vale dizer, da área de preservação permanente do córrego, deve ocorrer entre os meses de outubro de 2003 e março de 2004, tratando-se de período das chuvas, mais propício à atividade de revegetação, devendo ser aproveitadas aquelas que porventura estiverem se regenerando naturalmente, caso em que serão consideradas para efeito do cumprimento da obrigação;

9- como já existe uma estrada de terra batida antiga, bem como construções também antigas nas margens esquerdas da 2ª e 3ª represas (colônia e estábulo), conforme indicado no mapa de fls.39, a área de preservação permanente será delimitada e considerada, aquela que se encontra demarcada pela estrada aludida, até o estábulo, devendo contudo, ser abandonada para regeneração natural, podendo, todavia ter o trânsito de alguns animais equinos e bovinos, desde que não ultrapasse 15 cabeças;

10 – No caso de descumprimento de alguma cláusula do presente termo de ajustamento, o autuado fica obrigado ao pagamento de multa cominatória no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), sem prejuízo das execuções específicas das obrigações assumidas, nos termos dos arts.634, e seguintes, do Código de Processo Civil Brasileiro;

11 - Fica o interessado ciente de que este termo de compromisso tem valor de título executivo nos termos da legislação própria, apto a ensejar a execução pertinente, caso as obrigações assumidas não sejam cumpridas nas formas pactuadas, sem prejuízo da execução específica das mesmas obrigações, como já alertado acima.

Oficie-se ao D.E.P.R.N. e Polícia Florestal com cópia para conhecimento e fiscalização. Oficie-se ao Conselho Superior do Ministério Público, enviando-se os autos para homologação, com promoção de arquivamento em separado.

São Carlos, 04 de março de 2002.