• Nenhum resultado encontrado

Para Gilberto Velho, a sociedade contemporânea vive permanentemente: 1 Situações de risco e ameaça de violência.

2. Risco de segurança ambiental. 3. Situações de insegurança financeira.

4. Risco de ameaças aos direitos e garantias fundamentais. 5. Situações que demandam gerenciamento de crise.

Questão 21: Para Gilberto Velho, as desigualdades sociais no mundo atual:

(a) Ocorrem somente nas grandes cidades do terceiro mundo.

(b) É um fenômeno que assiste a sua redução com o aumento da riqueza. (c) Está superada nos países ricos.

(d) Acontece em todos os Estados Nacionais, mesmo nas sociedades mais prósperas.

(e) É um problema que não afeta a Europa.

Questão 22: Segundo o antropólogo Gilberto Velho, o fenômeno da violência:

a. Apresenta-se de forma semelhante e homogênea por todo o mundo. b. Não se manifesta em assuntos religiosos.

c. Sempre tem no narcotráfico o seu principal problema em todos os países.

d. Não é homogêneo e as situações são altamente diferenciadas em cada país.

e. Não possuem estudos conclusivos sobre as semelhanças e as diferenças ao redor do mun - do.

Questão 23: Sobre os veículos de comunicação e as modernas tecnologias da informação, o an-

tropólogo Gilberto Velho considera que:

(a) Não influenciam a percepção dos fatos violentos.

(b) Influenciam o discurso da violência sem grandes alterações nos últimos sessenta anos.

(c) Influenciam somente no discurso sobre a violência somente um pequeno seguimento da po - pulação.

(d) Possuem uma grande e generalizada influência no discurso sobre a violência, tendo um grande poder que se amplifica no mundo globalizado.

(e) Nenhuma das respostas anteriores.

Questão 24: Para o antropólogo Gilberto Velho: “À medida que o

__________________________ foi assumindo formas mais agonísticas e que a impessoalidade foi progressivamente, ocupando espaços antes caracterizados por contatos face to face, a violên- cia física foi se rotinizando, deixando de ser excepcional para se tornar uma característica cotidia- na”.

1) Narcotráfico.

2) Individualismo.

3) Narcisismo.

4) Discurso sobre a violência. 5) Criminoso.

Questão 25: Uma característica das políticas sociais do poder público no Brasil, e que provoca

consequência na segurança pública e nos índices de violência, segundo Gilberto Velho, seria: a. A ação racionalmente orientada.

b. A descontinuidade das políticas.

c. O monitoramento constante.

d. Falta de servidores públicos competentes.

e. O efeito das privatizações ocorridas no setor público.

Questão 26: Para Gilberto Velho, uma das possibilidades de superação da violência nas grandes

cidades, e de alternativa a vida em condomínios fechados, em bunkers ou ao retraimento em for - mas de refúgios, seria:

(a) Estimular a migração e o crescimento das cidades médias, diminuindo o tamanho das gran - des cidades.

(b) Realizar a reforma da educação pública e apostar na melhoria da qualidade da educação. (c) Criar leis e códigos de posturas que inibam a edificação de condomínios fechados.

(d) Investir na construção de grandes conjuntos habitacionais.

(e) Pensar modos de participação política a partir de bairros, de localidades, de vizinhança e pequenos grupos, investindo na relação direta entre as pessoas.

Questão 27: Para Gilberto Velho, a repressão policial e a ação rotineira da justiça:

(a) São fundamentais no combate a violência. (b) Apresentam resultados históricos consistentes. (c) São eficazes em todo o mundo.

(d) Não possuem dados conclusivos sobre sua eficácia.

(e) Têm sido impotentes diante do agravamento do quadro da violência.

PARTE III: (SENTO-SÉ, João Trajano. Prevenção ao Crime e Teoria Social. Lua Nova, São Pau- lo, 83: 9-40, 2011. Disponível em: www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102- 64452011000200002...sci... Acesso em: 30 de outubro de 2012; MISSE, Michel. Crime organiza-

do e crime comum no Rio de Janeiro: diferenças e afinidades. Rev. Sociol. Polit., Out 2011, vol.19, no.40, p.13-25. Disponível em: www.uff.br/ineac/sites/default/files/031.pdf. Acesso em: 30 de outubro de 2012).

Questão 28: De acordo com Misse, a variedade e a extensão das organizações criminosas no

Brasil não permitem uma exposição abrangente de suas características e modos de atuação. Sendo assim, Misse não contempla em seu artigo:

(a) O “jogo do bicho”, as formas de corrupção nas relações entre empresas privadas e governos nas licitações de obras públicas e o contrabando de mulheres.

(b) Os “comandos”, o contrabando de armas e o tráfico de mulheres, crianças e órgãos. (c) As “milícias”, a pirataria de softwares, compact disks e DVDs e o contrabando de armas. (d) O “jogo do bicho”, os “comandos” e as “milícias”.

(e) O contrabando de armas, o tráfico de mulheres, crianças e órgãos e a pirataria de

softwares, compact disks e DVDs.

Questão 29: O território do bicheiro é geralmente onde ele mora (um ou mais bairros, uma cida-

de e mesmo um município). A relação dos bicheiros com a população de seu território tem as ca - racterísticas do que no mundo rural brasileiro chamou-se “mandonismo local”. Nesse sentido, Misse afirma que:

(a) Contribuições filantrópicas a diversas associações e um grande investimento no carnaval não permitem uma abrangente neutralização, entre beneficiários e setores das camadas popula - res, das acusações e denúncias feitas pela grande imprensa.

(b) Jornalistas, políticos, lideranças comunitárias, policiais e mesmo promotores e juízes nunca fi - zeram parte dessas folhas de pagamento.

(c) Candidatos ao governo e ao Parlamento estadual não buscavam o apoio dos bicheiros até muito recentemente.

(d) Durante a ditadura militar os bicheiros gozaram de ampla impunidade e alguns deles festejaram o regime.

(e) As escolas de samba não tinham o seu bicheiro, tanto que os seus nomes não são conheci- dos de todos que produzem o carnaval popular no Rio de Janeiro.

Questão 30: Em 1980, os banqueiros do jogo do bicho do Rio de Janeiro interromperam suas

disputas e constituíram uma “cúpula”, em resposta à queda nos lucros, decorrente do surgimento de várias loterias de sorteio imediato, diário ou semanal, controladas por um banco oficial, a Cai- xa Econômica Federal. Segundo Misse:

(a) Os banqueiros então, mesmo sem abandonar o jogo do bicho, diversificaram seus in - vestimentos em empresas legais e pequenos cassinos clandestinos, propiciando uma relativa trégua na violência que antes marcara a atividade.

(b) Com o declínio do jogo do bicho após o surgimento dessas loterias, a cúpula deixou de “in - vestir” todos os seus rendimentos em hotéis no Brasil e em cassinos legais em outros países da América do Sul.

(c) Parte da cúpula do “jogo do bicho”, repartindo em conflito a herança do principal Capo, Castor de Andrade, passou a reviver as antigas disputas, mas não pelo controle da distribuição de máquinas caça-níqueis em bares da cidade.

(d) Sobre o “jogo do bicho”, há ainda denúncias de “lavagem de dinheiro” e ligações com o tráfico internacional, e todas foram provadas judicialmente.

(e) Em 1993, os 14 bicheiros mais importantes do Rio foram absolvidos por uma Juíza durante uma audiência corriqueira, quando deveriam ter sido condenados por “formação de quadri- lha” (crime organizado) a até seis anos de prisão.

Questão 31: Como o jogo do bicho sempre foi criminalizado no Brasil, mas também sempre ob -

teve adesão popular, com centenas de milhares de apostadores, criou-se um ambiente favorável à corrupção de policiais, de membros do poder Judiciário e de políticos. Nesse contexto, Misse diz que:

(a) Políticos não recebiam votos em troca de tolerância ao jogo, assim como policiais também não recebiam propinas regulares nos pontos de jogo ou constavam na folha de pagamento, junto com pistoleiros, jogadores de futebol, artistas e membros do poder Judiciário.

(b) Entre o final dos anos 1950 e meados dos anos 1960 alguns governadores (Bahia, Paraíba e Rio de Janeiro) resolveram “condenar” por parte do próprio jogo do bicho, permitindo sua re - pressão pela polícia estadual, sob a justificativa de lutar contra a corrupção.

(c) Nos Estados do Nordeste, o jogo do bicho é semilegal até hoje, embora recentemente uma operação da Polícia Federal tenha fechado várias lojas onde funcionam pontos do jogo no Ceará e em Pernambuco.

(d) No Rio de Janeiro o jogo não continua mais sendo oferecido em todo o Estado, geralmente próximo a bancas de jornais, por apontadores sentados em cadeiras ou em improvisados ban- cos feitos de caixas de frutas.

(e) A polícia não recebe a sua parte e, constantemente, detém apontadores e apreende os talões de jogos, provavelmente sem combinação com os contraventores, visto que o jogo não conti- nua sendo jogado normalmente.

Questão 32: Ao tratar dos “Comandos” dos tráficos de drogas, Misse apresenta dados significan-

tes sobre a produção, o transporte e o consumo de material entorpecente por meio dos seguintes argumentos:

(a) Há uma produção relativamente grande de cannabis (maconha) no Nordeste, nem sempre sob repressão federal, mas que é suficiente para abastecer o consumo no país.

(b) A maior parte das drogas ilícitas, principalmente a cannabis e a cocaína, não chegam ao Bra- sil por meio da fronteira com o Paraguai.

(c) O Brasil faz parte da rota internacional da cocaína que sai da Bolívia, do Peru e da Colômbia com destino à Europa e aos Estados Unidos.

(d) Rotas não são utilizadas para abastecer o tráfico de drogas a varejo, inicialmente com base no desvio de frações das partidas do tráfico internacional e, já nos anos 1980, constituindo uma via própria de abastecimento.

(e) Nos anos 1990, a rota que liga o Paraguai a São Paulo e Rio de Janeiro deixou de ser usada para o tráfico de armas de guerra para abastecer as disputas pelos pontos de venda entre quadrilhas e facções nos morros do Rio de Janeiro e nos confrontos com a polícia.

Questão 33: As principais organizações criminosas do tráfico a varejo no Rio de Janeiro surgi-

ram dentro do sistema penitenciário durante a ditadura militar. Desse modo, Misse informa que:

(a) A partir de 1968, organizações de esquerda que resistiam à ditadura lançaram-se à luta armada e o assalto a bancos passou a ser uma das formas de arrecadação de recursos para a Revolução.

(b) O regime militar não sancionou a Lei de Segurança Nacional, em 1969, considerando comuns os crimes cometidos pelos militantes de esquerda.

(c) Com a sanção da Lei de Segurança Nacional, em 1969, militantes políticos e assaltantes de bancos comuns não conviveram, sob a mesma lei, até a sua revogação mais de dez anos de- pois.

(d) Nesse período, os presos políticos não organizaram-se dentro das penitenciárias do Rio de Janeiro para reivindicar alguns direitos que lhes estavam sendo negados.

(e) A relativa derrota dos presos políticos em suas reivindicações, na primeira metade dos anos 1990, criou um efeito de demonstração para os assaltantes de banco comuns, chamados en- tre os criminosos em geral pela alcunha de “os lei de segurança”.

Questão 34: Entre 1982 e 1985 consolidou-se um modelo de organização interligando em uma

rede as quadrilhas atuantes no varejo, com base na proteção oferecida pelo Comando Vermelho dentro do sistema penitenciário. Por conseguinte, verifica-se, conforme Misse, que:

(a) O modelo desenvolvido de uma organização em rede dentro do sistema penitenciário desde então deixou de ser dividido em dois setores, um “intramuros” e outro “extramuros”.

(b) Pouquíssimos “donos” (presos ou não) controlam o varejo em uma ou mais favelas, com rela - tiva dependência em relação aos dirigentes do CV e com vínculo organizacional com os for - necedores da droga no atacado.

(c) O capital dos “donos” em nenhum momento foi o exercício, pela violência, do mandonismo na área, e os contatos com fornecedores intermediários (“mulas”) ou mesmo atacadistas.

(d) Em cada território dominado pelo tráfico organizou-se uma divisão de trabalho e uma hierarquia de poder que ainda mantêm-se quase trinta anos depois, embora em algu - mas áreas tenha se simplificado em decorrência da forte repressão policial na última década.

(e) Apesar de tudo isso já ocorrer há pelo menos 30 anos, não há toda uma geração nascida e socializada em favelas e conjuntos habitacionais para a qual o “movimento” (nome que se dá ao varejo do tráfico) integra normalmente seu repertório cultural.

Questão 35: A expectativa do Comando Vermelho era a de oligopolizar o mercado a varejo das

drogas em todo o Estado do Rio de Janeiro, mas ainda em meados dos anos 1980 surgiu outra organização, intitulada “Terceiro Comando” (TC), que passou a disputar violentamente os territó- rios com o CV. Para Misse, essa dinâmica significou que:

(a) Iniciou-se, assim, uma pequena corrida armamentista entre os dois comandos pela posse das armas mais eficientes e letais, mas foram incapazes de garantir seja a manutenção do con- trole dos pontos de venda, seja sua expansão para outras favelas.

(b) A despeito da corrida armamentista, não se estruturou, em paralelo ao tráfico de drogas, o trá- fico de armas de guerra (fuzis AK-47, AR-15, metralhadoras de uso reservado das Forças Ar- madas, granadas, armas antiaéreas, bazucas etc.).

(c) Havia também os traficantes que controlavam áreas que se consideravam “dependentes” dos dois comandos.

(d) Com o tempo, dissidências surgiram e criaram-se novas facções a partir de meados dos anos 1980 (Comando Vermelho Jovem (CVJ), Amigos dos Amigos (ADA) e Terceiro Comando Puro (TCP), diminuindo consideravelmente a disputa com o Comando Vermelho (CV) em ní- veis de violência inéditos na cidade).

(e) Foi também em meados dos 1990, que o Governador do estado obrigou-se a aceitar a intervenção das Forças Armadas na cidade em uma operação que interrompeu mo- mentaneamente a violência, mas não foi capaz de dissolver os comandos ou impedir o retorno das disputas nos anos seguintes.

Questão 36: A polícia passou a adotar cada vez mais uma política de extermínio, oferecendo

gratificações aos policiais que prendessem ou matassem os chefes do tráfico. De acordo com Misse:

(a) As sucessivas e intermitentes invasões das favelas e conjuntos habitacionais pela polícia pro- duziam contraditoriamente cada vez menos prisões e mortes sem que o Estado conseguisse duradouramente recuperar o controle dessas áreas aos traficantes.

(b) Um dos efeitos perversos dessa política foi, de um lado, estigmatizar os moradores dessas áreas, confundidos com traficantes e vulneráveis à letalidade das ações polici- ais.

(c) Em todas as áreas, moradores passaram a entregar os traficantes para uma polícia que eles consideravam honesta e pacificadora.

(d) O medo dos traficantes e o pavor da polícia não empurraram os moradores locais à submis - são e ao silêncio em todas as localidades.

(e) Com o apoio dos moradores, a polícia tornou-se cada vez mais uma força interna, com a qual muitos jovens da área não só se identificavam como apoiavam como amigos, dando-lhes a al- cunha de “Comando Azul”, e diferenciando-os dos traficantes.

Questão 37: Nos anos 1950, no Rio de Janeiro, por iniciativa do então chefe de polícia, foi criado

um denominado “Grupo de Diligências Especiais” cuja principal missão – que deveria ser cumpri- da clandestinamente – era executar criminosos.

(a) Esse grupo passou a ser chamado popularmente de “Esquadrão da Morte” e seu modelo não se disseminou para outros Estados brasileiros, com o mesmo nome.

(b) Com as sucessivas críticas da imprensa e das comissões de investigação criadas para apurar os crimes cometidos e punir seus autores, o Esquadrão da Morte deixou de existir, após a morte de seu principal dirigente, o detetive Le Cocq.

(c) Os comandados de Le Cocq criaram, já nos anos 1990, a “Scuderie Le Cocq”, composta pe - los autodenominados “Homens de Ferro” da Polícia de São Paulo.

(d) As comissões de investigação prenderam alguns dos membros da “Scuderie Le Cocq”, e o grupo deixou de existir após o golpe militar de 1964.

(e) Uma frase, emitida em entrevista na televisão, por um dos membros da Scuderie Le Cocq ficou famosa: “bandido bom é bandido morto”. Ele exprimia o que um segmento da população pensava a respeito de como se deve tratar com criminosos.

Questão 38: A política semilegal de extermínio prosseguiu durante a ditadura com o surgimento,

a partir dos anos 1970, na “Baixada Fluminense”, a populosa periferia do Rio de Janeiro, de “gru- pos de extermínio” (esse o nome dado pela imprensa da época e que se mantêm ainda hoje). Misse realiza os seguintes comentários sobre essas e outras práticas, que envolvem grupos pa - rapoliciais e oferta de proteção, a saber:

(a) Os “grupos de extermínio” são grupos imensos formados por policiais, agentes penitenciários e guardas que recebem dinheiro de comerciantes, populares e empresários para “limpar a área”, isto é, matar políticos, bicheiros, ladrões e assaltantes que agem na área.

(b) Outra modalidade é a chamada “polícia mineira”, também constituída por grupos de policiais e ex-policiais, mas que não vendem proteção a pequenos empresários e comerciantes, ofere- cendo seus serviços de pistolagem apenas para banqueiros.

(c) As taxas de homicídio na região, nos anos 1980, alcançaram valores extraordinários, principalmente pela ação desses grupos, que continuam a agir ainda hoje, mas de modo mais clandestino.

(d) Na década de 1980 surgiu uma nova modalidade de “polícia mineira” na favela de Rio das Pe - dras, no Rio de Janeiro: a proteção passou a ser oferecida (ou extorquida) aos próprios mo - radores e não aos comerciantes locais, com o objetivo de impedir que o tráfico se instalasse na favela.

(e) Por meio da associação de moradores, formou-se um novo modelo de oferta de proteção que mesclava policiais pistoleiros, a atividade associativa local e lideranças sem ambições de car- reira política a fim de assegurar a permanência dos traficantes de drogas nas favelas do Rio de Janeiro.

PARTE IV: (CERVO, Amado Luis et al. Metodologia Científica. Parte 3: A Pesquisa, p. 55-68; Parte 4: Elaboração e Comunicação de Pesquisa, p. 71-147. Pearson Prentice Hall. 2007.)

Documentos relacionados