• Nenhum resultado encontrado

Glândulas Sudoríparas

No documento Ana Luisa Paçó Zootecnista (páginas 37-40)

CAPÍTULO I - CONSIDERAÇÕES GERAIS

2. Tolerância ao calor

2.2. Glândulas Sudoríparas

Existem dois tipos de glândulas sudoríparas nos animais. O tipo mais numeroso tem origem embriológica como parte do folículo piloso. Tratam-se de glândulas com mecanismo de secreção apócrino. O segundo tipo de glândulas sudoríparas tem origem embriológica independente do folículo piloso e seu modo de secreção é do tipo écrino. Por esta razão, alguns autores sugerem a substituição dos termos apócrinas e écrinas por epitriquiais e atriquiais, respectivamente.

As glândulas sudoríparas atriquiais (écrinas) não são encontradas nos ruminantes. Elas são pequenas e espiraladas e são localizadas na derme profunda. Os espirais secretórios consistem de uma única camada de células epiteliais cuboidais a colunares e uma única camada de células fusiformes mioepiteliais. A porção intradermal do ducto excretório consiste de uma fileira dupla de células epiteliais cuboidais. O ducto excretório abre-se diretamente na superfície cutânea, caracterizando-se por uma produção contínua de suor. As glândulas sudoríparas atriquiais podem ser observadas nos coxins de cães e gatos, por exemplo (SCOTT, 2001).

As glândulas sudoríparas epitriquiais geralmente são espiraladas e saculares ou tubulares e são distribuídas por toda a pele com pelos. Essas glândulas estão localizadas abaixo das glândulas sebáceas e usualmente abrem-se através de ducto dentro do canal piloso na região do infundíbulo, acima do ducto sebáceo. As porções secretórias das glândulas epitriquiais consistem de uma única camada de células epiteliais colunares a achatadas e uma única camada de células fusiformes mioepiteliais (SCOTT, 2001). Os produtos das glândulas sebáceas e epitriquiais são misturadas na superfície do folículo piloso. No modo epitriquial de secreção, o produto de secreção e uma parte do citoplasma da superfície secretora são perdidos, constituindo seu produto de secreção final. Essas glândulas apresentam um funcionamento descontínuo. Quando o lúmen celular de uma glândula epitriquial está repleto

de secreção, as miofribilas se contraem, causando a expulsão do conteúdo glandular para a superfície.

Pelo fato das glândulas sudoríparas estarem associadas aos folículos pilosos, informações sobre estes auxiliam no entendimento da função e atividade dessas glândulas. Os pelos são estruturas queratinizadas altamente modificadas, produzidas pelos folículos pilosos. Os folículos pilosos bem como as glândulas sudoríparas, constituem um desenvolvimento da própria epiderme.

Em geral, um conjunto piloso consiste de dois a cinco grandes folículos primários rodeados por grupos de folículos secundários. Os folículos primários possuem glândulas sebáceas e sudoríparas, um músculo eretor e emergem independentemente através de poros separados. Os folículos secundários são menores, normalmente, são acompanhados apenas de glândulas sebáceas e emergem através de poro comum (SCOTT, 2001). São dos folículos secundários que se origina a lã. A base desses folículos é irrigada por vasos sanguíneos que penetram através da papila; quanto maior a papila, maior a quantidade de vasos em seu interior e maior a irrigação sanguínea do folículo, sendo essa irrigação de muita importância para o crescimento ativo dos pelos e lã (SILVA, 2000).

De acordo com Mobidini et al. (2015), os folículos primários estão localizados em maior profundidade do que os folículos secundários na camada epidérmica em todas as regiões e idades em ovinos da raça Lori-Bakhtiari. Esses resultados estão de acordo com os encontrados por Ahmad et al. (2011), sendo o diâmetro dos folículos primários maior do que o dos secundários.

A quantidade de suor produzido depende do número relativo e volume de glândulas sudoríparas ativas e, portanto, o número dessas glândulas por unidade de área epidérmica constitui um dado importante; os animais que vivem em locais constantemente sujeitos às altas temperaturas tendem a apresentar maior densidade numérica de glândulas sudoríparas. Entretanto, nem todas as glândulas se acham em atividade em um dado momento, já que o número de glândulas ativas está relacionado com o ciclo de atividades do folículo piloso e também com a idade (SILVA, 2000).

Em estudos de comparação entre glândulas sudoríparas em bovinos, alguns autores encontraram diferenças estruturais entre raças. Animais de

origem européia tendem a apresentar estruturas de diâmetro menor e aparência enovelada e animais zebuínos apresentam glândulas maiores do tipo saculiformes.

Em bovinos de corte, Ribeiro et al. (2010) observaram efeito significativo de grupo genético para as glândulas classificadas como saculiformes e enoveladas, sendo que a percentagem de glândulas saculiformes foi significativamente maior nos animais Nelore e Senepol x Nelore e menor nos animais Angus x Nelore. Estes por sua vez apresentaram maior número de glândulas enoveladas do que a dos outros dois grupos.

No estudo de Pila (2011) foram classificadas morfologicamente as glândulas sudoríparas de novilhas Senepol, chegando aos seguintes valores: 96,2% como saculiformes; 3,57% intermediárias e 0,23% enoveladas. A mesma autora verificou também que dentro de um mesmo grupo genético existem diferenças individuais quanto às características fisiológicas relacionadas à maior tolerância ao calor, como a quantidade superior de glândulas sudoríparas classificadas morfologicamente como saculiformes, o que proporciona maior eficiência na manutenção da homeotermia dos animais em relação aos que apresentam maior número de glândulas classificadas morfologicamente como intermediárias ou enoveladas.

Resultados semelhantes foram relatados por Wang et al. (2014), comparando o formato das glândulas sudoríparas das raças Sahiwal (Bos indicus), Hostein Friesian (Bos Taurus) e seus cruzados. A raça Sahiwal apresentou maiores densidade e volume das glândulas sudoríparas em comparação com a Hostein Friesian e cruzados.

Em ovinos, o número e o tamanho das unidades secretoras aumentam conforme a idade. Mobini (2012 e 2015) avaliaram grupos de animais entre 10 dias e três anos de idade. As glândulas sudoríparas foram classificadas como enoveladas em todas as áreas da pele, não variando conforme a idade e sexo. Elas eram menores e melhor distribuídas nos cordeiros de um a 10 dias de idade. Em algumas áreas onde não havia glândulas sebáceas, as glândulas sudoríparas continuavam associadas aos pelos.

Em um estudo com bovinos, Ferreira et al. (2009) observaram que as glândulas sudoríparas encontram-se localizadas mais superficialmente no verão e mais profundas na época de inverno. A menor profundidade das

glândulas também é indicativo do aumento de atividade funcional. Ao se comparar as estações, verificou-se também que as áreas das glândulas sudoríparas apresentaram-se menores na época do verão.

Caetano et al. (2015) analisaram o tipo (saculiforme ou anoveladas) e a quantidade de glândulas sudoríparas de amostras da pele de fêmeas ovinas dos grupos genéticos Santa Inês, Ilê de France, Texel, Dorper, ½ Dorper + ½ Santa Inês, ½ Texel + ½ Santa Inês e ½ Ilê de France + ½ Santa Inês. Não foi encontrado efeito de grupo genético para a percentagem de glândulas sudoríparas saculiformes e enoveladas. A percentagem de glândulas saculiformes (7,8%), independente de grupo genético, foi inferior à das enoveladas (92,06%). Esses resultados indicam que o tipo de glândula sudorípara em ovinos não é uma característica diferencial de adaptação ao calor para esses grupos genéticos.

No documento Ana Luisa Paçó Zootecnista (páginas 37-40)

Documentos relacionados