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2 INDICADORES DE AVALIAÇÃO COMO SUBSÍDIO NA EXECUÇÃO

2.3 Governança pública

Após resgatar um levantamento bibliográfico de livros e periódicos recentes (COELHO; CRUZ; PLATT NETO, 2011; COSENZA; TEIXEIRA FILHO; LOPES, 2012; FÉLIX, 2008; MACHADO; HOLANDA, 2012), e de uma análise reflexiva, verificou-se que no contexto da governança pública, a Contabilidade tem o papel de: 1) realizar o registro, classificar e controlar o patrimônio que diz respeito aos cidadãos; 2) evidenciar (disclosure) as informações contábeis de forma acessível e transparente proporcionando aos cidadãos uma melhor visão da gestão da res

pública; 3) reparar equívocos capazes de prejudicar a estabilidade das contas

públicas, por meio do desenvolvimento da eficácia, ou seja, buscando cumprir os objetivos fixados nos programas de ação e realizando uma comparação dos resultados realmente obtidos com os previstos; 4) avaliar resultados sob a égide da eficiência e economicidade dos gastos públicos, operacionalizando ao mínimo custo possível; 5) orientar nas políticas públicas; 6) fortalecer a democracia e promover o empoderamento do cidadão; 7) promover a responsabilização (accountability) da prestação de contas dos gestores públicos à sociedade; 8) fornecer informações e garantir procedimentos para a instrumentalização do controle social, incentivando a vigilância dos gastos públicos pela sociedade e estimulando a participação social nos processos de planejamento e execução orçamentária, e; 9) desempenhar o papel ativo na transformação social.

Ao considerar os estudos de Rodrigues e Malo (2006), a governança classifica-se em dois grandes grupos: governança corporativa e governança pública. Na concepção de Kissler e Heidmann (2006), a governança pública engloba três dimensões: política, social e territorial. Está relacionada a uma transformação política, tratando de uma tendência a recorrer cada vez mais a autogestão no campo social e novos formatos de interação entre Estado, sociedade e setor privado. Para Saurin (2011), a governança pública pode ser visualizada como uma oportunidade de solucionar problemas que afetam a humanidade. Fenômenos como a globalização, a internacionalização dos mercados, a internet, as epidemias, a

fragilização do meio ambiente, a corrupção, a fome e pobreza requerem governança que busca promover a articulação de interesses e os mecanismos de agregações entre os atores sociais.

A governança pública tornou-se conceito chave no cenário de modernização do setor público (KISSLER; HEIDEMANN, 2006). Entretanto, a complexidade do termo “governança pública” faz com que muitos utilizem da expressão sem saber exatamente o que significa. Um conceito bastante usual e respeitado, advindo da Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD, 2002), refere-se à governança como políticas de desenvolvimento que se instrui por pressupostos de gestão, responsabilidade, lisura e retidão do setor público.

No que tange aos atores envolvidos em arranjos de governança pública, Kissler e Heidmann (2006) deixam claro que ela não pode ser imposta, origina-se de um processo de troca. Participa desse processo a negociação, em que os interesses parcialmente diferenciados e conflitantes vão se ajustando uns aos outros.

Segundo Matias-Pereira (2010, p. 134), a implementação da governança pública com sucesso depende do comprometimento de todos os atores envolvidos. Uma característica de boa governança, refere-se à eficiência e eficácia. A administração pública deve “produzir resultados que vão ao encontro das necessidades da sociedade” e ao mesmo tempo fazer “o melhor uso possível dos recursos à sua disposição”.

Os princípios da governança pública não diferem muito dos princípios aplicados à governança corporativa. A International Federation of Accountants (IFAC) em sua publicação Governance in the public sector: a governing body perspective menciona três princípios fundamentais da governança pública:

Opennes (Transparência) – é requerido para assegurar que as partes

interessadas (sociedade) possam ter confiança no processo de tomada de decisão e nas ações das entidades do setor público, na sua gestão e nas pessoas que nela trabalham;

Integrity (Integridade) – compreende procedimentos honestos e perfeitos. É

baseada na honestidade, objetividade, normas de propriedade, probidade na administração dos recursos públicos e na gestão da instituição, e;

Accountability (Responsabilidade de prestar contas) – as entidades do setor

público e seus indivíduos são responsáveis por suas decisões e ações, incluindo a administração dos recursos públicos e todos os aspectos de desempenho e, submetendo-se ao escrutínio externo apropriado (MATIAS- PEREIRA, 2010, p. 118).

Isto posto, no âmbito público, uma adequada governança demanda, entre outras ações, uma gestão estratégica, comando político e gerenciamento da eficiência, eficácia e efetividade. Por isso uma gestão estratégica se torna possível criar alcance público. Com a gestão política, é possível buscar o alcance da autenticidade junto aos dirigentes políticos e os cidadãos. A gestão da eficiência, eficácia e efetividade é o modo de empregar corretamente as ferramentas acessíveis para tornar realizável uma boa governança (DAVID; SANÁBIO; FABRI, 2012).

Cozzolino e Irving (2015) afirmam que o processamento de construção de governança pública deve, idealmente, contemplar o compromisso com a eficiência da gestão e sua eficácia no alcance de resultados efetivos com relação às ações pactuadas, assim como com a efetividade dos mecanismos de controle social e de accountability. A afirmação dos autores parte da compreensão de que um estado efetivo de governança compreende a articulação entre demandas, saberes e potencialidades dos diversos segmentos sociais, mas decorre também dos tratos de responsabilização estipulados entre a sociedade e as agências do Estado.

O TCU, em documento elaborado em 2014, intitulado “Governança Pública: referencial básico de governança aplicável a órgãos e entidades da administração pública e ações indutoras de melhoria”, define governança no setor público, como:

Um conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e controle postos em prática para AVALIAR, DIRECIONAR E MONITORAR a gestão, com vistas à conclusão de políticas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade (BRASIL, 2014c, p. 10).

A CF/88 consagra em seu art. 6º a educação como sendo um dos direitos sociais, entretanto, para ser real e aplicável, torna-se necessário além de uma ação estatal (políticas públicas) recursos materiais e financeiros, isto é, contratação de pessoas, compras de materiais, equipamentos, etc. (orçamento). E, como todo direito social é um processo progressivo, que só terá avanços com a participação de todos, Estado e sociedade, a governança na forma defendida pelo TCU, acima é imprescindível.

Seguindo nessa diretriz este estudo é pertinente, uma vez que se busca avaliar, direcionar e monitorar os gastos públicos de uma instituição pública, ou seja,

a UFJF, e para tal se propõe a utilização de indicadores, o que se passa a apresentar e como estes são usados para avaliar a execução orçamentária nas Ifes.

2.4 A utilização de indicadores de gestão para avaliar a execução