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4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.2. Motivações de ingresso no curso, expectativas profissionais e áreas de

4.2.2 Grafo Implicativo

As relações de quase-implicação foram organizadas em forma de um grafo. O resultado revelou a existência de várias redes e caminhos de quase-implicação, expressos por um conjunto de regras de agrupamento entre as variáveis, modelados estatisticamente por um critério probabilístico, conforme a Figura 2. O nível de qualidade desse agrupamento é expresso por um índice, no qual o grau máximo de implicação é igual a 1. Foi selecionado para o nível de confiança de 0,97 as flechas de cor vermelha (intensidade muito alta) e para o nível de confiança de 0,95 as flechas azuis (intensidade forte). Para reduzir o número de caminhos e facilitar a interpretação, restringimos para a confecção do grafo os caminhos implicativos com intensidade de 0,97 representados por flechas de cor vermelha na Figura 3.

Figura 2 – Grafo implicativo, Teoria clássica, lei de Poisson (Tentativa 1)

Fonte: Dados da pesquisa (2019)

14bC 14fC 14gC 14aC 12aC 14dC 14cC 12iC 13gC 15bC 15cC 13eC 12gC 13fC 14iC 12fC 13aC 15dC 12kC 14eC 13dC 12hC 14hC 12jC 15gC 12cC 15eC 12bC 13cC 14jC 12lD 15aC 12dD 14eI 15aI 13dI 12eC 12lC 15eI 12hI 12dC 12cI 13aI 13bC 13gI 14cI 12gI

Figura 3 - Grafo implicativo, Teoria clássica, lei de Poisson, nível de confiança de 0,97

Fonte: Dados da pesquisa (2019)

Na Figura 3, o grafo foi constituído por 40 variáveis que estabeleceram uma rede com 47 caminhos quase-implicativos que revelam tendências de escolhas que que acreditam com as maiores possibilidades de alcance do objetivo profissional de bom salário e demais benefícios (v14bC), todos a um nível de confiança de 0,97.

Como pode ser visto na Tabela 5, alguns desejos profissionais (v12) ao término do curso participaram dessas relações dando partida a 25 caminhos quase- implicativos. Somente o C14, a parte dessa rede, aponta o sentimento de indiferença

14bC 14fC 14gC 14aC 12aC 14dC 14cC 12iC 13gC 15bC 15cC 13eC 12gC 13fC 14iC 12fC 13aC 15dC 12kC 14eC 13dC 12hC 14hC 12jC 15gC 12cC 15eC 12bC 13cC 14jC 12lD 15aC 12dD 14eI 15aI 13dI 12hI 12dC 12cI 13bC 14cI

profissional de atuar como controller (v12hI) associado à indiferença de atuar na área de controladoria (v13dI).

Os caminhos C1 a C8 revelam que relações de implicação podem ser estabelecidas entre o desejo profissional de fazer concurso em qualquer área (v12bC) e a indiferença em montar um escritório de contabilidade (v12cI), como antecedentes da motivação de fazer concurso (v15dC) e os objetivos profissionais de estabilidade no emprego (v14dC), crescimento profissional (v14fC), realização e crescimento pessoal (v14gC), reconhecimento no trabalho (v14aC) e desejo profissional de concurso na área contábil (v12aC). Nos caminhos C9 a C11, o desejo profissional de atuar no ensino, como professor ou pesquisador na área contábil (v12dC), vincula-se à atuação na área fiscal ou tributária (v13aC) e/ou auditoria (v13eC), precedendo o desejo profissional de atuar como auditor (v12iC) e os objetivos profissionais de realização e crescimento profissional (v14gC). Destaca-se que todos esses caminhos são percebidos como possibilidades/tendências que convergem à consecução do objetivo de obter um bom salário e demais benefícios (v14bC) a um nível de confiança de 0,97.

No entanto, o C12 revela que, os que discordam em atuar no ensino, como professor ou pesquisador na área contábil, ainda objetivam o reconhecimento no trabalho (v14aC), bom salário e demais benefícios (v14bC), desconsiderando essa possibilidade de carreira. Da mesma forma, o C13 mostra que a procura por crescimento no trabalho (v14fC), bom salário e demais benefícios (v14bC), pode estar dissociada da carreira de auditor (v12iD).

Os caminhos C15, C16 e C17 indicam que, os que desejam atuar como controller (v12hC) pretendem atuar nas áreas da contabilidade geral (v13fC), controladoria (v13dC) e financeira (v13gC), sendo no C17 uma expectativa também possível atuar como auditor (v12iC). Do C18 ao C20, desejos profissionais de atuar como controller (v12hC), consultor contábil (v12fC), perito contábil (v12gC) ou ainda fazer concurso na área contábil (V12aC), estão associados aos objetivos profissionais de ter estabilidade no emprego (v14dC), realização e crescimento pessoal (v14gC), reconhecimento no trabalho (v14aC). Todos esses caminhos são percebidos como possibilidades/tendências que convergem à consecução do objetivo de obter um bom salário e demais benefícios (v14bC) a um nível de confiança de 0,97.

No C21 e C22, a expectativa de ser contador em empresas privadas de pequeno, médio (v12jC) ou grande porte (v12kC), e os objetivos profissionais de participação nos lucros (v14cC), reconhecimento no trabalho (v14aC),crescimento profissional (v14fC), um bom salário e demais benefícios (v14bC), surgem como não relacionadas às motivações familiares (v15aI), a um nível de confiança de 0,97.

Os caminhos C23 ao C25 apontam que os desejos profissionais de ser contador em empresas privadas de pequeno, médio (v12jC) ou grande porte (v12kC), atuar como consultor (v12fC) ou perito contábil (v12gC), ou fazer concurso na área contábil (v12aC) estão associados aos objetivos profissionais de ter estabilidade no emprego (v14dC), reconhecimento no trabalho (v14aC), convergindo, por fim, ao alcance de um bom salário e demais benefícios (v14bC)a um nível de confiança de 0,97.

Tabela 5 – Caminhos implicativos iniciados pelos desejos profissionais C01: 12bC → 15dC → 14dC → 14aC → 14bC C02: 12bC → 15dC → 14dC → 12aC → 14bC C03: 12bC → 15dC → 14fC → 14bC C04: 12bC → 15dC → 14gC → 14bC C05: 12cI → 15dC → 14dC → 14aC → 14bC C06: 12cI → 15dC → 14dC → 12aC → 14bC C07: 12cI → 15dC → 14fC → 14bC C08: 12cI → 15dC → 14gC → 14bC C09: 12dC → 13aC → 12iC → 14bC C10: 12dC → 13aC → 13eC → 14gC → 14bC C11: 12dC → 13aC → 14gC → 14bC C12: 12dD → 14aC → 14bC C13: 12iD → 14fC → 14bC C14: 12hI → 13dI C15: 12hC → 13fC → 13gC →14bC C16: 12hC →13dC → 13gC → 14bC C17: 12hC → 13dC → 12iC → 14bC C18: 12hC → 12fC → 12gC → 14dC →14aC→14bC C19: 12hC → 12fC → 12gC → 14dC → 12aC → 14bC C20: 12hC → 12fC → 12gC → 14gC → 14bC

C21: 12jC → 12kC ←15aI → 14cC → 14aC → 14bC C22: 12jC → 12kC ←15aI → 14cC → 14fC → 14bC

C23: 12jC → 12kC → 12fC → 12gC → 14dC → 14aC → 14bC C24: 12jC → 12kC → 12fC → 12gC → 14dC → 12aC → 14bC C25: 12jC → 12kC → 12fC → 12gC → 14gC → 14bC

Fonte: Dados da pesquisa (2019)

Na Tabela 6 se situam os caminhos C26 ao C29 relacionados ao interesse nas diferentes áreas de atuação da contablidade. O caminho C26 situa o interesse por atuar na contabilidade de agronegócios (v13bC) como um precedente do desejo de montar um escritório de contabilidade (v12cC), seguindo para interesses nas áreas de contabilidade geral (v13fC) e financeira (v13gC). No C27o interesse em contabilidade de agronegócios (v13bC) e o desejo de montar um escritório de contabilidade (v12cC), antecedem a motivação por realização profissional (v15cC). O C28 e C29 o desejo de atuar na área trabalhista (v13bC) é percebido como um caminho para alcançar os objetivos profissionais de realização, crescimento pessoal (v14gC) e profissional (v14fC). Por fim, é possível destacar que esses quatro caminhos são percebidos como convergentes ao alcance do objetivo profissional de um bom salário e demais benefícios (v14bC) a um nível de confiança de 0,97.

Tabela 6 – Caminhos implicativos iniciados pelas áreas de atuação C26: 13bC → 12cC → 13fC → 13gC → 14bC

C27: 13bC → 12cC → 15cC → 14bC C28: 13cC → 14fC → 14bC

C29: 13cC → 14gC → 14bC Fonte: Dados da pesquisa (2019)

Na Tabela 7, a um nível de 0,97 de confiança, se situam os caminhos implicativos 30 ao 39 tratando acerca dos objetivos que os alunos desejam alcançar como profissional. O C30 indica que quem é indiferente a participação nos lucros (v14cI) tende a ser indiferente em ter prêmios por produtividade (v14eI). Logo a seguir, no C31 é possível perceber que os que tem como objetivo obter prêmios por

produtividade (v14eC) tendem a atuar como auditor (v12iC), como antecedentes de um bom salário e demais benefícios (v14bC).

O C32 e C33 também partem do objetivo de obter prêmios por produtividade (v14eC), seguidos de participação nos lucros (v14cC), reconhecimento no trabalho (v14aC) e crescimento profissional (v14fC), convergindo à procura por um bom salário e demais benefícios (v14bC). O C34 ainda parte do objetivo de obter prêmios por produtividade (v14eC) mas antecede o desejo de atuar na auditoria (v13eC) e o crescimento profissional (v14fC) que convergem para um bom salário e demais benefícios (v14bC).

O C35 se inicia do objetivo de se obter status e prestígio (v14hC) que precede o objetivo de reconhecimento no trabalho (v14aC) e um bom salário e demais benefícios (v14bC). O C36 e C37 partem do desejo de obter status e prestígio (v14hC) como antecedentes dos objetivos de trabalhar em equipe (v14iC), crescimento profissional (v14fC) e a realização e crescimento profissional (v14gC) convergindo todos para um bom salário e demais benefícios (v14bC).

Os últimos dois caminhos (C38 e C39) iniciam do objetivo de obter auxílio educação (v14jC) tendem a buscar trabalho em equipe (v14iC), crescimento profissional (v14fC) e realização e crescimento pessoal (v14gC) convergem todos para o desejo de bom salário e demais benefícios (v14bC).

Tabela 7 – Caminhos implicativos iniciados pelos objetivos profissionais C30: 14cI → 14eI C31: 14eC → 12iC → 14bC C32: 14eC → 14cC → 14aC → 14bC C33: 14eC → 14cC → 14fC → 14bC C34: 14eC → 13eC → 14fC → 14bC C35: 14hC → 14aC → 14bC C36: 14hC → 14iC → 14fC → 14bC C37: 14hC → 14iC → 14gC → 14bC C38: 14jC → 14iC → 14fC → 14bC C39: 14jC → 14iC → 14gC → 14bC Fonte: Dados da pesquisa (2019)

Na última tabela, encontramos os últimos sete caminhos implicativos que se iniciam pelas motivações de ingresso no curso, todos a um nível de 0,97 de confiança. No C40 e C41, se destaca a motivação familiar (v15aC) e a intenção de fazer concurso em qualquer área (v12aC), associados ao objetivo de obter estabilidade no emprego (v14dC), reconhecimento do trabalho (v14aC), bom salário e demais benefícios (v14bC).

No C42, é exposto que os que foram motivados pelo desejo de empreender (v15eC) e realizar-se profissionalmente (v15cC), acreditam com isso obter um bom salário e demais benefícios (v14bC). O C43 e C44 também situam a motivação de empreender (v15eC), associada ao desejo de ter participação nos lucros (v14cC), reconhecimento no trabalho (v14aC) e crescimento profissional (v14fC), obtendo bom salário e demais benefícios (v14bC).

Por último, os caminhos do 45 ao 47 se iniciam com a motivação de enriquecer (v15gC), associadas ao desejo de atuar como consultor (v12fC), perito contábil (v12gC) e o de fazer concurso na área contábil (v12aC), junto com o desejo de ter estabilidade no emprego (v14dC), realização e crescimento pessoal (v14gC), reconhecimento no trabalho (v14aC, e por fim, um bom salário e demais benefícios (v14bC).

Tabela 8 – Caminhos implicativos iniciados pelas motivações de ingresso no curso C40: 15aC → 14dC → 14aC → 14bC C41: 15aC → 14dC → 12aC → 14bC C42: 15eC → 15cC → 14bC C43: 15eC → 14cC → 14aC → 14bC C44: 15eC → 14cC → 14fC → 14bC C45: 15gC → 12fC → 12gC → 14dC → 14aC → 14bC C46: 15gC → 12fC → 12gC → 14dC → 12aC → 14bC C47: 15gC → 12fC → 12gC → 14gC → 14bC

Fonte: Dados da pesquisa (2019)

Para Garrido (1990 apud SIQUEIRA, 2006), a motivação é um processo psicológico, uma força que tem origem no interior do indivíduo e que o empurra, o impulsiona a uma ação. Em decorrência disso, nessa pesquisa conseguimos

identificar quais as motivações impulsionaram a escolha do curso de Ciências Contábeis pelos alunos do curso da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

De acordo com a pesquisa, é possível perceber que o que mais motivou os alunos a ingressar no curso foi a procura por estabilidade financeira, realização profissional, reconhecimento do trabalho e a mais importante, a procura por um bom salário e os demais benefícios.

Esse fato pode ser originado da grande crise de desemprego que assola o país nos dias de hoje. Uma pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) afirma que a taxa de desemprego do país, no segundo trimestre de 2019 foi em média, de 12%. Isso corresponde a um total de 12,8 milhões de brasileiros. Por causa disso, as pessoas cada vez mais procuram algo que possa oferecer uma certa estabilidade para que sejam evitados futuros riscos.

Em razão da procura por estabilidade financeira e profissional, uma das maiores motivações percebidas na pesquisa pela escolha do curso também foi o desejo de realizar concursos públicos (73%), tanto dentro como fora da área contábil. Ser aprovado em concursos é, para a maioria dos brasileiros, uma garantia de estabilidade.

Quanto às expectativas profissionais que os alunos possuem diante da conclusão do curso, além de seguir carreira pública através dos concursos, as que mais se destacaram na pesquisa foram o desejo de atuar como auditor, perito contábil e como consultor contábil, ambas profissões muito valorizadas nos dias de hoje. Também demonstraram o desejo de atuar como contador em empresas de grande porte, principalmente.

Sobre os maiores níveis de rejeição, a maioria dos pesquisados não se veem conduzindo os negócios da família e nem seguindo carreira na área de ensino, como professor. Como noticiou o Jornal Globo, uma pesquisa feita em 2018 pelo Movimento Todos Pela Educação indica que 49% dos professores não recomendam sua carreira a um jovem. Os principais motivos que justificam essa decisão são a falta de reconhecimento e os baixos salários, justamente o contrário do que procuram os alunos hoje em dia.

Em relação as áreas de atuação em que os alunos pretendem atuar ou se especializar, as áreas mais desejadas foram a da auditoria, financeira, fiscal e da contabilidade geral. Esse fato também pode ser associado a escolha unanime dos

alunos pela procura por um bom salário e demais benefícios, pois essas áreas são geralmente mais bem remuneradas.

Em relação as áreas que os alunos não têm interesse, a que mais se destaca é a contabilidade de agronegócios. Esse fato pode estar ligado a falta de perspectiva da agricultura no Nordeste, devido as grandes secas. Segundo dados da ANA (Agência Nacional das Águas), o Nordeste fechou em 2017, seu sétimo ano seguido de estiagem, com um terço de seu território (33,6%) no grau mais elevado de seca. Segundo Bastos (2011), a contabilidade rural é uma lacuna na formação dos profissionais, tendo conhecimento bem limitados nessa área.

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