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2.4 GRANDES MESTRES: OS SUJEITOS GUERREIROS POR NATUREZA

Todos os autores pesquisados sobre o Guerreiro (BRANDAO, 1998; VASCONCELOS, 2001; DOUXAMI, 2004) expõem a vulnerabilidade desta prática espetacular destinada à modificações. Os Mestres Guerreiros por natureza mais conhecidos na capital Maceió, ainda atuantes são: o Mestre André Joaquim, Mestre Benom Pinto, Mestre Juvenal Leonardo, Mestre Pedro Lins, o Mestre Juvenal Domingos e a Mestra Anadeje Morais. Todos eles possuem problemas estruturais com seu grupos e de saúde pela idade avançada. Mas temos ainda os grandes Mestres do passado como: o Mestre Manoel Venâncio de Amorim, Mestra Joana Gajuru, Mestre Patrício, Mestra Maria Vitória, Mestre Arthur Morais, Mestre Verdelinho, Mestra Virginia Moraes e Mestre Zé Lorentino, este último, sendo o Mestre de Guerreiro Treme Terra Mundial da cidade de Atalaia, todos estão falecidos e aparecem como os grandes Mestres na história do Guerreiro de Alagoas. Abaixo descrevo sucintamente a trajetória dos que conseguem ainda manter acesa a chama da brincadeira do Guerreiro até o ano e 2015:

Mestre André Joaquim dos Santos nasceu no ano de 1947, filho de José Joaquim dos Santos e de Cícera Maria dos Santos. Ainda criança foi morar no sertão de Alagoas na cidade de Olho Dágua das Flores. No ano de 1969 veio morar em Maceió conhecendo José Tenório, fundador do grupo de Guerreiro Treme Terra de Alagoas, sendo convidado a ser Contramestre. No ano de 1978 ele conheceu o Mestre Jorge Ferreira e fez parte de seu grupo. Mestre André, como é conhecido, também foi o continuador dos ensaios do grupo de dona Augusta, o Guerreiro Santa Luzia, quando este grupo parou de ensaiar sendo desfeito por problemas financeiros, o Mestre André foi brincar no Guerreiro Mensageiro Padre Cícero, grupo criado pelo Mestre Manoel Venâncio, falecido no ano de 2008. Ele adquiriu a documentação do Guerreiro mensageiro Padre Cícero, os instrumentos músicais, com excessão da sanfona e figurinos doados pela Associação dos Folguedos de Alagoas - ASFOPAL, que por sua vez, adquiriu os equipamentos do Guerreiro Mensageiro Padre Cícero comprado no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais) das mãos da esposa do antigo Mestre Manoel Venancio, dona Gilvanete da Silva, que também era brincante. Mestre André Joaquim trabalha como vendedor de peixes e retira R$ 200,00 (duzentos reais) a cada quinzena para custear a brincadeira, pois segundo ele, compra lanches, dá um trocado para os músicos e passagens de ônibus para alguns dos brincantes chegarem à sede. A sede do Guerreiro Mensageiro Padre Cícero, atualmente, está localizada na casa da rainha da Nação do

Guerreiro, no bairro Santos Dumont, periferia de Maceió, que faz parte de um complexo de bairros chamado: Tabuleiro dos Martins. Os ensaios são de quinze em quinze dias, devido aos custos financeiros, sendo este grupo que abrigou a pesquisa de campo desde o ano de 2000.

Figura 13 Mestre André Joaquim dos Santos. Ano: 2014. Foto: Cláudio Antônio

O Mestre Benom Pinto da Silva nasceu na cidade de Cabo, em Pernambuco, no dia 13 de julho de 1936, é filho de José Pinto da Silva e Maria Francisca da Conceição, bem jovem veio morar no Estado de Alagoas, terra que ele adotou como sua de “coração”. No Estado de Alagoas ele conheceu o Guerreiro Alagoano no município de Cajueiro, local o qual aconteciam muitas festas. Aos sete anos de idade entrava no meio das brincadeiras, mas só se interessava pelo Guerreiro Alagoano. Aos dez anos de idade ele foi Caboclinho no Guerreiro da Mestra Joana Gajuru, depois Vassalo, Ìndio Peri, Embaixador. Os Mestres Antônio

Henrique, João Inácio, Adelmo, Francisco do Jupi, entre outros, foram os que muito lhes o ensinaram. Na década de 1980 criou o afamado Guerreiro: “Treme Terra de Alagoas”, no bairro da Chã de Bebedouro, com ensaios aos sábados. Mestre Benom Pinto é conhecido como o rei do folclore. Ele ressalta que é sempre muito difícil aparecer todos os brincantes nos ensaios ficando quase impossível o entendimento completo da dança do Guerreiro por parte dos integrantes. Segundo o Mestre Benon, todos os chapéus do grupo representando as igrejas e catedrais são feitos por ele e não há financiamento algum, afirmando que o Guerreiro Alagoano: “é um reino encantado, onde a Sereia faz parte do mar, a Estrela Brilhante, a Republicana, a do Norte e a Dalva fazem parte de nossa cor de anil. E nas montanhas encontramos os índios. Os Mateus que são lá do tempo da escravidão.” (Mestre Benon Informação verbal)

Mestre Juvenal Leonardo nasceu em Anadia, Alagoas, no dia 23 de Novembro de 1933, filho de Leonardo Jordão de Moura e dona Doralice Rosa da Conceição, veio com os pais, ainda criança, em Pilar, com dez anos de idade ficou encantado com o Guerreiro do Mestre Arthur José, mais conhecido como Arhur Bozó, começando a dançar com esta idade. Depois de ir ao ensaio com um chapéu de Guerreiro feito por ele e dançar com muito entusiasmo foi convidado a ser Mateus. Um dia abandonado pelo tio com quem morava foi acolhido pelo Mestre de Guerreiro Arthur Bozó, vivendo a brincadeira intensamente. Foi morar no município de Coqueiro Seco e lá montou o seu grupo com a idade de 22 anos. Depois de três anos com esse grupo em Coqueiro Seco mudou-se para Maceió, capital, conhecendo o Mestre João Amado e fez parte do seu grupo. Conheceu o sargento Wilson e José Tenório fundando o grupo Vencedor Alagoano sobre sua responsabilidade até os dias atuais.

Mestre Pedro Lins é natural de Itaiba, cidade do Estado de Pernambuco, foi residir em Palmeiras dos índios, em Alagoas, com seus pais, Pedro Lins e Silvina Maria da Conceição, antes de completar seu primeiro ano de vida. Aos quinze anos de idade foi morar em Messias, município alagoano, dançando Guerreiro pela primeira vez, percorrendo vários municípios se apresentando. Na Usina Flexeira conheceu sua esposa, dona Elenita , Mestra de Baiana e filha de dançador de Pagode. No ano de 1960 veio morar em Maceió, no bairro Chã da Jaqueira, trabalhando como vendedor ambulante, apesar de ser pedreiro de profissão. Nessa ocasião ficava assistindo o Guerreiro do Mestre Jorge Ferreira. Depois passou a fazer parte do Guerreiro Vencedor Alagoano do senhor Zé Tenório que tinha como Mestre Juvenal Leonardo. No Guerreiro Vencedor Alagoano era Embaixador, coordenador e fazia os chapéus. Na década de 1990, fundou o seu grupo: o Guerreiro Santa Luzia, o qual não conseguiu manter depois da morte de sua esposa dona Elenita e da morte do professor Ranilson França, criador do programa de rádio e televisao: Balançando o Ganzá, grande incentivador do grupo divulgando-o sempre em seu programa. Ultimamente Pedro Lins brinca no Guerreiro Mensageiro Padre Cícero do Mestre André Joaquim.

Mestra Anadeje Morais nasceu na cidade de Matriz de Camaragibe, Alagoas, no dia 25 de setembro de 1955, filha de José Antonio de Morais e Maria Vitoria da Silva, desde muito cedo dança Guerreiro, começou aos quatro anos de idade. Depois foi dançar no Guerreiro Vencedor Alagoano do Mestre Juvenal Leonardo, no Guerreiro do Mestre Adelmo em Rio Largo e em outros Guerreiros sempre levada por sua mãe, dona Maria Vitória, que depois formou o Guerreiro Leão Devorador junto com o Mestre Jayme de Oliveira. Após a morte de sua mãe no ano de 2008, mantem com muito esforço o grupo criado por sua mãe.