• Nenhum resultado encontrado

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

3.1 GRAU DE INTERNACIONALIZAÇÃO NAS PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS

Selecionaram-se 24 artigos para este estudo, sendo nove deles que trataram prioritariamente sobre o grau de internacionalização de empresas, através de estudos empíricos.

Destes, seis artigos apresentaram hipóteses sobre possíveis variáveis que influenciam o grau de internacionalização de uma firma, enquanto três analisaram a relação entre o grau de internacionalização e o desempenho da firma, ou seja, o grau de internacionalização como uma das variáveis para analisar a performance.

Os primeiros artigos a serem analisados nesta seção são os que apresentam variáveis para o grau de internacionalização. O quadro 3 esquematiza de forma sintetizada como o grau de internacionalização é apresentado em cada um dos artigos analisados.

Quadro 3 - Artigos que apresentaram o estudo de variáveis do Grau de Internacionalização

Autores

Temáticas abordadas no

Estudo

Cerrato; Piva (2012) O efeito da característica de empresa familiar na internacionalizaçã o da firma. Degree of internationalizatio n e level of internationalizatio n foram utilizados como sinônimos. Foram adotadas três unidades de medida para o grau de internacionalização das empresas familiares exportadoras: intensidade de exportação (vendas de exportação sobre vendas totais); Escopo geográfico (número de regiões para as quais a empresa exporta) e medida da diversificação

da internacionalização (regiões para as quais a

firma exporta, determinadas pela sua

importância).

Foram estudadas 1324 firmas italianas. Foi

identificado que o gerenciamento familiar influência na decisão à internacionalização, mas não no grau. Além disso,

o tempo de funcionamento da firma

estava positivamente ligado à sua expansão geográfica, o que sugere

um processo de internacionalização mais

gradual, que evolui a partir do conhecimento de mercado. Graves; Thomas (2006) A habilidade de uma firma em expandir internacionalment e é dependente de esta possuir as capacidades de gerenciamento necessárias para competir em um ambiente internacional. Os termos Degree of internationalizatio n, international expansion e export intensity são utilizados para tratar do grau de internacionalizaçã o. O grau de internacionalização foi medido pela proporção

entre as vendas de exportação e as vendas

totais. A partir disso as empresas foram divididas em três grupos: Domésticas, de

internacionalização moderada (exportações abaixo da média geral),

e altamente internacionalizadas (com intensidade de exportação acima da

média geral).

Foram analisados dados de empresas australianas em três

anos. Para firmas consideradas não

familiares, foi reconhecida uma relação positiva entre a

capacidade de gerenciamento e o grau

de internacionalização. Porém, esta relação não

foi identificada em empresas familiares. Mesmo assim, estas últimas conseguem alcançar um alto grau de

internacionalização. Kuivalainen e outros (2010) O efeito das capacidades organizacionais na internacionalizaçã o. Degree of internationalizatio n foi utilizado em sua abreviatura DOI. Grau de internacionalizaçã o e performance foram apresentados como variáveis diferentes. O grau de internacionalização foi

medido através das seguintes variáveis: taxa estimada de retorno dos mercados internacionais em 2002, taxa estimada de retorno dos mercados internacionais em 2003, porcentagem de clientes internacionais, porcentagem do faturamento advinda de mercados estrangeiros, quantidades de países

em que a firma opera (excluindo o país de origem) e quota de parceiros internacionais. Foram estudadas 124 pequenas e médias empresas da Finlândia. Os resultados mostraram que o aprendizado experimental relacionado às operações internacionais é um determinando tanto do grau quando da performance internacionais.

Lin; Cheng; Liu (2009) A influência da folga organizacional (organizational slack) na internacionalizaçã o. Degree of firm's internationalizatio n, degree of internationalizatio n. Em alguns momentos, o termo internationalizatio n foi utilizado para

descrever o grau de internacionalizaçã

o.

A internacionalização da empresa foi medida

através de: vendas estrangeiras (vendas ao

exterior sobre vendas totais), ativos estrangeiros (ativos estrangeiros sobre ativos totais) e dispersão geográfica (número de países em que a empresa possui

subsidiárias).

Foram estudadas 179 firmas taiwanesas de alta tecnologia. A folga

organizacional foi tida como indicador que influencia as decisões

estratégicas internacionais. Foi constatado que folgas de

alta discrição levam os gestores às decisões

que diminuem a sua internacionalização. Carpenter; Sanders (2004) O efeito do pagamento de top management teams na performance da empresa. Degree of internationalizatio n foi utilizado em sua abreviatura DOI.

O grau foi medido em três dimensões: porcentagem de vendas estrangeiras, porcentagem de produção estrangeira e dispersão geográfica de vendas. Foram estudadas 224 multinacionais americanas. Ao final do

estudo, foi identificado que baixas diferenças de

pagamento de top

management teams

beneficia a performance sobretudo em firmas que apresentam alto grau de

internacionalização.

Manolova, Manev e Gyoshev (2010)

O papel das redes de relacionamento no processo de internacionalizaçã o da firma. O termo internationalizatio n foi utilizado para

se referir ao grau de internacionalizaçã o. O grau de internacionalização foi medido através da proporção entre as vendas de exportação e as vendas totais. Foram estudadas 623 firmas da Bulgária. Foi

constatado que é importante que as firmas

tenham uma boa transição de entre uma

rede e a outra, para garantir o seu sucesso

internacional. Fonte: elaboração da autora, 2017.

No primeiro artigo listado, Cerrato e Piva (2012) realizaram um estudo acerca da influência das características familiares sobre a internacionalização de pequenas e médias empresas da Itália.

A primeira hipótese apresentada, e confirmada no estudo empírico, foi a de que o envolvimento familiar no gerenciamento da firma é negativamente ligado à internacionalização. Isto acontece porque empresas familiares tem menos acesso à recursos de gestão, trazendo uma dificuldade que cresce juntamente com o nível de internacionalização, ou seja, quanto mais elevado o grau, maior será a dificuldade relacionada aos recursos de gestão (CERRATO; PIVA, 2012).

A segunda hipótese apresentada por Cerrato e Piva (2012) diz respeito ao capital humano, e defende que este afeta a internacionalização de forma positiva. Segundo os autores, a falta de qualificação da mão-de-obra implica em uma barreira interna à internacionalização. Neste caso, a contratação de externos, que não

estejam no círculo familiar, pode contribuir com habilidades e conhecimentos que os gestores não possuíam, além de ser uma oportunidade de crescimento da rede de relacionamentos da empresa (o que também pode influenciar no grau de internacionalização da empresa, como apresentado em outros estudos explorados adiante).

Na terceira hipótese de estudo os autores questionaram sobre a influência positiva que acionistas estrangeiros tem sobre a internacionalização (CERRATO; PIVA, 2012). Trazendo esta hipótese, e confirmando-a no estudo empírico, os autores justificaram que essa participação estrangeira pode trazer mais conhecimento sobre os mercados estrangeiros. De fato, o estudo realizado constatou uma intensidade maior de exportações nas empresas que também são financeiramente internacionalizadas, quando comparadas com empresas de capital nacional.

Com relação ao grau de internacionalização, Cerrato e Piva (2012) argumentaram sobre a superficialidade de uma avaliação baseada apenas no número de vendas, que analisa somente a performance, ou no número de subsidiárias internacionais, uma vez que não diferencia o grau de importância de cada uma delas. Dessa forma, depois de realizar a divisão entre empresas familiares exportadoras e não exportadoras, os autores propuseram três medidas que foram analisadas separadamente.

A primeira medida é a de intensidade de exportação, medida pela divisão de vendas de exportação pelo número total de vendas. A segunda medida que foi utilizada é a de âmbito geográfico, em que foram divididos nove grupos de países, de acordo com suas regiões. Já a terceira medida foi o índice de entropia baseado em vendas. Para a sua medida, os autores partiram dos nove grupos geográficos já definidos, e desenvolveram uma fórmula com o intuito de considerar não só o número de regiões para os quais as empresas vendem, mas também a importância relativa de cada região individualmente.

Como resultado da análise do grau de internacionalização, Cerrato e Piva (2012) constataram que não se percebe diferença no grau de internacionalização quando a empresa tem gerentes familiares ou não-familiares. Segundo eles, a questão de gerenciamento familiar influencia a decisão de uma firma em se internacionalizar, mas após o início do processo, o grau é independente da característica familiar ou não-familiar da empresa.

Outra conclusão do estudo foi a de que a idade da firma (considerada no estudo como uma variável de controle) teve um efeito significativamente positivo sobre o âmbito geográfico. De acordo com os autores, este resultado está de acordo com as teorias que tratam a internacionalização como um processo gradual, em que a empresa ganha alcance geográfico à medida que aumenta seu conhecimento de mercado através da experiência (CERRATO; PIVA, 2012).

Um estudo também envolvendo empresas familiares e não-familiares foi desenvolvido por Graves e Thomas (2006), em que eles comparam as diferenças na capacidade de gestão das duas categorias de empresas, de acordo com o seu grau de internacionalização. Os autores argumentaram que a capacidade de uma firma em ter uma boa expansão internacional depende de uma boa capacidade de gestão a fim de desenvolver recursos para competir no mercado internacional. De acordo com os autores, dois dos determinantes da vantagem competitiva são recursos inimitáveis e insubstituíveis, e são estes recursos que ditarão as diferenças de performance entre firmas similares.

Nota-se também que durante o estudo os termos grau de internacionalização (degree of internationalization), expansão internacional (international expansion) e intensidade de exportação (export intensity) são utilizados para tratar do grau de internacionalização.

Para a realização do estudo empírico, as variáveis escolhidas foram: nível de negócio familiar, em que empresas com sua maioria possuída pela família e com pelo menos um membro familiar na gerência foram consideradas como empresas familiares; capacidades de gestão, medidas por nove variáveis, como por exemplo se a empresa possuía um plano de expansão internacional, se os empregados recebiam treinamentos profissionais ou de gerência; e grau de internacionalização, medido através da proporção entre as vendas de exportação e as vendas totais (GRAVES; THOMAS, 2006).

Ainda, a partir dos indicadores de grau de internacionalização, foram divididos três grupos de empresas: domésticas, de internacionalização moderada (intensidade de exportação abaixo da média encontrada pelo estudo), e de internacionalização alta (intensidade de exportação acima da média encontrada pelo estudo).

Após as análises, os autores Graves e Thomas (2006) constataram que os times de gerência de firmas não familiares tinham o seu tamanho associado positivamente ao grau de internacionalização, enquanto que, em comparação, os

times de gerência de empresas familiares são menores em empresas de internacionalização moderada e alta. Uma diferença também foi encontrada no treinamento profissional e de gerência dos empregados, em que as firmas caracterizadas como não familiares se sobressaíram.

Levando em consideração outros resultados do estudo empírico, Graves e Thomas (2006) destacaram que as capacidades gerenciais das empresas familiares tardam quando comparadas a empresas não familiares durante suas expansões internacionais, principalmente em altos níveis de internacionalização. Assim, observou-se uma relação positiva entre as capacidades gestoras das firmas não familiares e os seus graus de internacionalização.

Mesmo que esta relação positiva não tenha sido observada empiricamente no caso das empresas familiares, estas ainda têm a capacidade de atingir elevados graus de internacionalização. Isto se dá pela eficiência na utilização dos seus recursos para alavancar resultados positivos para a firma (GRAVES; THOMAS, 2006).

Já se tratando dos recursos e capacidades, o artigo de Kuivalainen e outros

(2010) apresentou uma análise do efeito das capacidades organizacionais na

internacionalização de 124 pequenas e médias empresas finlandesas. Ao apresentarem suas hipóteses, os autores realizaram também uma crítica às teorias já existentes, que, segundo eles, não conseguem explicar a dinâmica de internacionalização de empresas intensivas em conhecimento.

Os autores definiram dois tipos de conhecimento organizacional: a informação, considerada facilmente transferível, porém de difícil proteção, e o “know-how”, ou o “saber fazer” da empresa, que por estar incorporada aos funcionários, é de mais difícil transferência, porém de mais fácil proteção. Assim, firmas que conseguem, além de ganhar conhecimento, criar inovação através do conhecimento desenvolvido, garantem a sua vantagem competitiva (KUIVALAINEN et al., 2010).

Para a formação da primeira hipótese de pesquisa, os autores apresentaram que para o desenvolvimento das capacidades da empresa e do seu processo de inovação, é preciso considerar as chamadas capacidades de absorção da firma, que são definidas como “a capacidade para reconhecer, assimilar e aplicar informação a um uso” (KUIVALAINEN et al., 2010, p. 139, tradução nossa). Além disso, um outro aspecto considerado como influenciador do desenvolvimento das capacidades é a

internacionalização, que, sendo vista como uma prática empreendedora, pode influenciar o desenvolvimento de outras capacidades da empresa.

De acordo com Kuivalainen e outros (2010), as capacidades da firma estão enquadradas em quatro aspectos: financeiro, gerencial, tecnológico e de marketing.

A segunda hipótese parte da definição de grau de internacionalização como sendo um panorama da firma, em uma situação e temo específicos. Isto implica que todo o conhecimento já aplicado e acumulado durante a construção do processo de expansão internacional reflita no conhecimento atual e no grau de internacionalização da empresa. Portanto, os autores argumentaram que quanto mais experiência internacional a empresa possui, maior será o seu potencial para alcançar vastos grau e performance internacionais.

E a terceira hipótese de estudo considerou que as capacidades da firma (financeiro, gerencial, tecnológico e de marketing) refletirão positivamente tanto no grau quanto no desempenho internacional.

Para a comprovação das hipóteses, foram considerados dois indicadores: o desempenho internacional e o grau de internacionalização. O primeiro foi medido através de uma escala de pontuação subjetiva acerca dos seguintes aspectos: vendas, parcela de mercado e declarações relacionadas aos lucros. O segundo indicador, grau de internacionalização, foi medido através de uma combinação de seis itens: taxa estimada de retorno dos mercados internacionais em 2002, taxa estimada de retorno dos mercados internacionais em 2003, porcentagem de clientes internacionais, porcentagem do faturamento advinda de mercados estrangeiros, quantidades de países em que a firma opera (excluindo o país de origem) e quota de parceiros internacionais (KUIVALAINEN et al., 2010).

Os resultados encontrados confirmaram que o aprendizado experimental vindo de experiências profissionais é determinante da performance e do grau de internacionalização, e que o aumento deste último é influenciado positivamente pelas capacidades financeiras da firma.

Diferentemente, o resultado do estudo empírico mostrou uma relação negativa entre as capacidades de marketing e o grau de internacionalização. Segundo

Kuivalainen e outros (2010), isto pode ser explicado porque, ao adentrar um novo

mercado, os recursos de marketing utilizados para criar vantagem competitiva no mercado nacional poderão ser diferentes dos necessários para a criação da

vantagem internacional, e por isso deverão ser adaptados ao novo ambiente de marketing.

Porém, a questão das capacidades de marketing também foi tratada como limitação da pesquisa, uma vez que foram medidas apenas capacidades gerais, e não capacidades específicas do marketing internacional. Outra limitação apresentada foi a escolha de empresas atuantes apenas em um setor. Segundo

Kuivalainen e outros (2010), esta escolha representou uma amostra de variáveis

homogêneas, com poucas variações nas respostas. Por esta razão, um estudo com características de amostra menos homogêneas, que aborde mais de uma indústria, foi sugerido.

Outra possível variável para o grau de internacionalização foi apresentada no artigo de Lin, Cheng e Liu (2009). Em seu estudo, os autores introduzem o conceito de folga organizacional (organizational slack), que representa alguns recursos possuídos pelas empresas que seriam guardados quase como garantias, como “amortecedores” (cushion), protegendo as firmas em casos de pressões externas, mas permitindo o início de mudanças estratégicas.

Seguindo esta definição, Lin, Cheng e Liu (2009) apresentaram que folgas organizacionais podem ser moderadoras da inovação e da internacionalização. Para empresas com poucas folgas organizacionais, o processo de expansão internacional acontece de forma mais cautelosa, com esforços para redução de riscos de entrada. Já as firmas com folgas organizacionais altas conseguem responder melhor às oportunidades de expansão internacional que se apresentam.

Para comprovar essa influência da folga organizacional sobre a internacionalização, os autores realizaram um estudo com 179 firmas tailandesas de alta tecnologia, medindo estes dois fatores.

A folga organizacional foi separada entre “de alta discrição” e “de baixa discrição”, medidos através de indicadores financeiros. O grau foi medido através de “vendas estrangeiras” (vendas ao exterior sobre vendas totais), “ativos estrangeiros” (ativos estrangeiros sobre ativos totais) e “dispersão geográfica” (número de países em que a empresa possui subsidiárias).

Nos resultados, os argumentos apresentados pelos autores foram sustentados, indicando que as folgas organizacionais realmente influenciam as decisões estratégicas acerca da internacionalização (LIN; CHENG; LIU, 2009).

Em alguns momentos, os termos internacionalização (internationalization) e grau de internacionalização (degree of internationalization) foram utilizados com o mesmo significado, descrevendo o grau de internacionalização. Como limitação de pesquisa, os autores reconhecem a barreira de nenhum fator do ambiente externo da empresa ter sido considerado, limitando assim a visão adotada sobre os fatores que afetam a internacionalização (LIN; CHENG; LIU, 2009).

O último estudo empírico que apresenta uma possível variável para o grau de internacionalização foi escrito por Carpenter e Sanders (2004), e considerou os dados de 224 empresas multinacionais dos Estados Unidos. A hipótese defendida pelos autores é a de que os salários de times gerenciais ótimos (top management teams) afeta positivamente a internacionalização da empresa.

Os estudos foram realizados considerando a performance da firma (medida através da proporção do mercado no valor contábil), o nível de pagamento dos times gerenciais ótimos e a diferença entre o pagamento entre eles e o diretor da empresa, incentivos a longo prazo. O grau de internacionalização foi medido em três dimensões: porcentagem de vendas estrangeiras, porcentagem de produção estrangeira e dispersão geográfica de vendas (CARPENTER; SANDERS, 2004).

Foi constatado que, em firmas com elevados níveis de grau de internacionalização, eram oferecidos mais incentivos de longo-prazo aos times gerenciais ótimos do que aos diretores, o que pode indicar uma transferência gradual de responsabilidades da diretoria para os times de gerência. Com relação às diferenças de pagamento, foi constatado que baixas diferenças no pagamento entre os times gerenciais e o diretor beneficiam as performances das multinacionais quando estas apresentam alto grau de internacionalização, principalmente em aspecto geográfico.

O estudo apresentado por Manolova, Manev e Gyoshev (2010) teve como objetivo entender o papel das redes de relacionamento entre firmas na internacionalização. Para realizar suas pesquisas, os autores estudaram 623 firmas da Bulgária, e focaram nas chamadas redes domésticas.

De acordo com Manolova, Manev e Gyoshev (2010), é através das suas redes de relacionamento pessoais que o empreendedor aprende sobre oportunidades de expansão internacional. Além disso, estas redes oferecem sanções sociais informais (MANOLOVA; MANEV; GYOSHEV, 2010), que diminuem custos de transações com contratos e negociações. Por isto, os autores

apresentaram a hipótese de que estas redes pessoais estão positivamente ligadas à internacionalização.

Sobre a relação de redes entre firmas domésticas e a internacionalização, os autores argumentaram que as redes entre empresas domésticas garantem acesso aos recursos e ao aprendizado e especialização sobre operações e capacidades. Por este motivo, este tipo de redes garante a vantagem competitiva por diferenciação ou diminuição de custos de operação da firma também em âmbito internacional (MANOLOVA; MANEV; GYOSHEV, 2010).

Ainda, Manolova, Manev e Gyoshev (2010) apresentaram que a idade da firma apresenta papel de moderadora no uso de networks, pois com o passar do tempo, as firmas devem transferir as suas redes de relacionamento pessoais para redes de relacionamento entre firmas, para garantir a sua sobrevivência no mercado.

Para o desenvolvimento do estudo empírico, os autores adotaram as seguintes variáveis: a internacionalização, medida pela proporção de vendas internacionais dentro das vendas totais da empresa; rede de relacionamento pessoal, medida pelo número de ocupações (pessoas ocupando cargos específicos) contatadas em caso de necessidade de orientação; e rede de relacionamentos entre firmas, medida através de onze variáveis que abrangeram temas como a relação da empresa com serviços de transporte, serviços terceirizados, desenvolvimento de produtos, etc.

Como resultado, foi constatado que as redes pessoais influenciam positivamente a internacionalização. Já sobre as redes de relacionamento entre firmas, os resultados mostraram que estas perdem sua importância com o passar do tempo. Por esta razão, Manolova, Manev e Gyoshev (2010) defenderam a necessidade de um estabelecimento rápido destes contatos, a partir do surgimento da firma, para que tenham uma resposta mais rápida às oportunidades internacionais. Por fim, de acordo com os autores, é importante que as firmas tenham uma boa transição de entre uma rede e a outra, para garantir o seu sucesso internacional.

Os últimos três artigos estudados sobre o grau de internacionalização trataram o grau como uma das variáveis da performance da empresa. O quadro 4

esquematiza de forma sintetizada como o grau de internacionalização é apresentado em cada um dos artigos analisados.

Quadro 4 - Artigos que apresentam o estudo do Grau de Internacionalização como variável da performance Autores Temáticas abordadas no Estudo

Termos utilizados Definições Resultados

Documentos relacionados