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3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

3.3 A RELAÇÃO ENTRE O GRAU E A VELOCIDADE DE

INTERNACIONALIZAÇÃO NAS PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS

Dentre os artigos selecionados para este terceiro objetivo, cinco abordaram a relação entre o grau de internacionalização e sua velocidade. Destes, apenas um representou um ensaio teórico, enquanto os outros quatro foram estudos empíricos. É importante notar que alguns dos artigos explorados neste tópico não trouxeram explicitamente nenhum termo referente ao grau de internacionalização. Porém, durante a análise dos artigos e, principalmente, das variáveis utilizadas para os estudos empíricos, pôde-se perceber a correspondência de algumas destas variáveis com as apresentadas e utilizadas por estudos sobre o grau de internacionalização.

Este tópico foi organizado de forma que apresentasse inicialmente o ensaio teórico, que traz uma análise mais abrangente sobre o processo de internacionalização, e em seguida fossem apresentados os artigos que realizaram estudos empíricos relacionando a velocidade e o grau como variáveis da performance internacional, bem como os artigos que trataram sobre a internacionalização de born globals.

O único artigo classificado como ensaio teórico que trouxe análises tanto sobre grau como quanto sobre a velocidade de internacionalização foi o estudo escrito por Casillas e Acedo (2013).

De acordo com os autores, a internacionalização deve ser analisada a partir de três aspectos, que refletem a multidimensionalidade do processo.

O primeiro aspecto da internacionalização exposto por Casillas e Acedo (2013) é a extensão ou grau de internacionalização, que advém de duas atitudes da empresa: o compromisso com as vendas internacionais, normalmente medido pelo volume de exportações, e o nível de disponibilidade de recursos alocados para a internacionalização, que pode ser analisado também através do modo de entrada elegido (investimento direto externo, por exemplo, representa um modo de entrada com alto comprometimento de recursos).

O segundo aspecto é a amplitude ou escopo, representada pela variedade de locais em que a firma desenvolve seus negócios, incluindo mercados e países em que vende e produz. A amplitude pode ser medida pelo número de países abordados, número de subsidiárias em território estrangeiro e a diferença de distância psíquica entre os países (CASILLAS; ACEDO, 2013).

O terceiro aspecto da internacionalização é a velocidade, que pode ser dividida em três tipos: a velocidade de crescimento internacional, representado pelo aumento de vendas internacionais, a velocidade de aumento de disponibilidade de recursos, representado por exemplo pelo aumento no número de subsidiárias instaladas no exterior, e a velocidade de dispersão em mercados internacionais (CASILLAS; ACEDO, 2013).

Ainda, Casillas e Acedo (2013) argumentaram que a análise do tempo dentro da velocidade pode ter duas indicações, a de momentos, que são específicos, e a de intervalos, que representam a passagem de tempo entre dois momentos específicos do processo de internacionalização. Estes intervalos podem representar uma mudança seguida de um período de estabilidade ou um período contínuo de mudanças, e podem ser estudados a partir de uma perspectiva de curto ou de longo prazo.

A partir disto, os autores expõem os quatro métodos de estudo de intervalos no tempo, que combinam as quatro perspectivas: o tempo entre duas mudanças específicas (descontínuas e de curto-prazo), o tempo entre várias mudanças (descontínuas no longo prazo), o tempo entre duas mudanças específicas que aconteceram de maneira contínua (no curto prazo) e o tempo entre várias mudanças contínuas (longo prazo).

Na opinião de Casillas e Acedo (2013), o processo internacional descontínuo é resultado de contínuas mudanças internas na empresa. Para eles, o processo de internacionalização se inicia com a mudança de percepções internas da firma, no chamado processo de pré-exportação, que resultarão na primeira participação internacional da firma. Por este motivo, seria necessário entender a relação entre a continuidade e descontinuidade dos processos de internacionalização, para entender como estas definem a velocidade de internacionalização.

Em conclusão, a definição de velocidade de internacionalização apresentada é que esta é a relação entre o tempo e a estratégia internacional adotada pela empresa. Por este motivo, Casillas e Acedo (2013) acreditam que futuros estudos da

área deverão considerar as quatro análises propostas, para garantir uma análise mais completa e menos restrita da internacionalização.

Os próximos artigos apresentados representaram estudos empíricos, que analisaram: o papel das networks e da proatividade sobre o grau e a velocidade de internacionalização, as relações entre grau, velocidade e performance de internacionalização, o grau de internacionalização de born globals e os modelos de internacionalização acelerada. A síntese se encontra exposta no quadro 5.

Quadro 7 - Artigos que apresentaram estudos empíricos sobre a relação entre grau e velocidade de Internacionalização

Autores

Temáticas abordadas no

Estudo

Termos Definições Resultados

Ciravegna, Majano e Zhan (2014) A influência da pró- atividade e das redes de relacionamento sobre a internacionalização. Internationalization speed, intensity, geographical scope, depth of internationalization. A intensidade de exportações foi medida pela porcentagem de vendas exportadas entre as vendas totais, e a velocidade foi medida pelo tempo

entre o surgimento da firma e o início de sua atividade internacional. Foram estudadas 109 firmas chinesas.

Foi constatado que firmas se internacionalizaram de forma mais rápida

nos casos em que agiram de forma reativa sobre as oportunidades. Porém, as firmas que

declararam possuir uma atitude proativa, mostraram ter melhor

performance internacional. Wagner (2004) A relação entre a velocidade de internacionalização e a eficiência em custos. Speed of internationalization, degree of internationalization (DOI). A velocidade de internacionalização

foi medida através da mudança no grau

de

internacionalização num período de cinco anos, sendo o

grau de internacionalização considerado como a

parcela de vendas estrangeiras dentro

das vendas totais.

Foram estudadas 83 firmas alemãs. Foi

constatado que a relação entre a velocidade de internacionalização e o seu custo-benefício é representada por um formato de U invertido. Kuivalainen, Sundqvist e Servais (2007) A medida de grau para Born Globals (degree of born

globalness), e a

relação entre este grau e a performance da

firma.

Foi feita uma diferenciação entre

born globals e born internationals. Foi introduzido o conceito de degree of born globalness (DGB). O DGB foi medido através da relação entre o DOI (volume

e distância de vendas) e velocidade. Foram estudadas 185 firmas finlandesas. Foi constatado que as born internationals assumiram mais riscos, porém as born

globals foram as que

melhores performances nos três aspectos estudados. Kuivalainen, Saarenketo e Puumalainen (2012) A performance pós- internacionalização. Identificar se as firmas que escolheram uma internacionalização rápida mantiveram suas atividades internacionais ou se retiraram do mercado. Fez a diferenciação do tempo entre rapidity e pace. Utilizou o conceito de- internationalized para se referir a firmas que se retiraram de suas atividades internacionais. A velocidade foi dividida entre rapidity, que representa o intervalo de tempo entre a criação da firma e o início da sua atividade internacional, e pace, que representa a velocidade do crescimento e desenvolvimento internacional. Foram estudadas 78 empresas finlandesas. Foram apresentados quatro possíveis modelos para a internacionalização

das born globals e modelos de continuação de suas

atividades internacionais. Fonte: elaboração da autora, 2017.

O artigo de Ciravegna, Majano e Zhan (2014) teve como objetivo observar a influência da proatividade e das redes de relacionamento sobre a internacionalização, analisada sobre os aspectos de velocidade, intensidade e escopo geográfico.

Segundo os autores, a capacidade de reconhecimento de oportunidades internacionais é uma característica fundamental do empreendedorismo. Os empreendedores podem assumir uma característica proativa, em que eles próprios exploram e analisam as oportunidades internacionais, ou uma característica reativa, de responder às oportunidades que surgirem (CIRAVEGNA; MAJANO; ZHAN, 2014). Ainda, os autores apresentaram um argumento semelhante ao de Zucchella, Palamara e Denicolai (2007), que defende que a experiência internacional dos gestores é um fator positivamente ligado à internacionalização.

Como hipótese de pesquisa, os autores Ciravegna, Majano e Zhan (2014) argumentaram sobre cinco pontos explorados a seguir.

A primeira hipótese apresentada foi a de que uma busca proativa de oportunidades internacionais influenciará positivamente a velocidade, performance e expansão da firma.

A segunda é a de que empreendedores que possuem experiências internacionais prévias tendem a ter uma busca proativa por oportunidades internacionais.

O terceiro ponto defendeu que tendo mais experiência internacional, os gestores tendem a recorrer às suas redes de relacionamento para a identificação de novas oportunidades.

O quarto argumento é o de que, em casos de que o primeiro cliente internacional foi buscado e identificado pelo próprio empreendedor, as redes serão utilizadas para o reconhecimento de oportunidades de negócios internacionais.

Por fim, os autores apresentaram como quinta hipótese que o uso de redes de relacionamento para a exploração de oportunidades internacionais resultará em uma melhor performance de internacionalização.

Para o seu estudo, Ciravegna, Majano e Zhan (2014) analisaram dados recolhidos através de entrevistas com 109 firmas chinesas. As medidas não- subjetivas utilizadas para alcançar os resultados foram: a característica do empreendedor foi dividida entre proativa e não-ativa; a intensidade de exportações foi medida pela porcentagem de vendas exportadas entre as vendas totais; a velocidade foi medida da mesma forma que a precocity, proposta por Zucchella, Palamara e Denicolai (2007); e o escopo foi medido pelo número de países abordados pela firma.

Como resultado, Ciravegna, Majano e Zhan (2014) apresentaram que firmas se internacionalizaram de forma mais rápida nos casos em que agiram de forma reativa sobre as oportunidades, enquanto que firmas que tomaram uma atitude proativa em relação à busca por oportunidades tiveram uma internacionalização mais lenta quando comparadas. Porém, as firmas que declararam possuir uma atitude proativa, mostraram ter melhor performance internacional.

Quanto à experiência internacional do empreendedor, pode-se concluir que se mostrou como influência positiva para o início das exportações (CIRAVEGNA; MAJANO; ZHAN, 2014). Esta conclusão se complementa com a já apresentada pelo estudo de Zucchella, Palamara e Denicolai (2007), que concluiu que o mesmo aspecto influencia positivamente a velocidade de internacionalização.

Por fim, um dos argumentos dos autores que não foi sustentado pelo estudo foi o da relação entre o uso das redes de relacionamento e a performance internacional.

Um outro artigo que trouxe a relação entre o grau de internacionalização e a velocidade foi o estudo de Wagner (2004) teve como objetivo estudar a relação entre

a velocidade de internacionalização e a eficiência de custos. O autor iniciou seu artigo apresentando três argumentos.

De acordo com Wagner (2004), as oportunidades de internacionalização são percebidas a partir de duas necessidades: de redução de custos de mão-de-obra através da realocação da produção e a redução de custos de materiais através de compras de matérias-primas de países estrangeiros.

Porém, ao mesmo tempo, Wagner (2004) argumentou que além de oportunidades, a internacionalização também traz ameaças e aumenta a complexidade da firma, tanto interna (em questão de necessidade de aperfeiçoamento organizacional) quanto externa (em razão da adaptação a um novo mercado). Relacionando as ameaças aos dois tipos de oportunidade de redução de custo apresentadas, a firma pode enfrentar leis trabalhistas distintas das nacionais, ou que exijam mais treinamento aos funcionários, ou exigir adaptações organizacionais complexas. Apenas quando estes fatores forem controlados, a firma pode obter os benefícios da internacionalização (WAGNER, 2004).

Em adição, o autor apresenta a velocidade como mediadora do custo- benefício. Isto porque, segundo Wagner (2004), uma internacionalização acelerada pode causar uma má adaptação da firma ao mercado, levando à uma performance ruim. Assim, o artigo considera que uma expansão gradual garante à firma um tempo de adaptação das suas capacidades, e a empresa pode aproveitar as oportunidades ao mesmo tempo em que controla os riscos.

As variáveis utilizadas como medidas para o estudo realizado por Wagner (2004) foram: mudanças no custo benefício, medido pela soma entre os custos de mão-de-obra divididos pelas vendas totais e os custos materiais divididos pelas vendas totais, resultando no custo-benefício geral; e a velocidade de internacionalização, foi medida através da mudança no grau de internacionalização num período de cinco anos (1993 a 1997), sendo o grau de internacionalização considerado como a parcela de vendas estrangeiras dentro das vendas totais.

O estudo foi realizado através da análise de 83 firmas alemãs pertencentes a quatro indústrias diferentes, o que garantiu a diversificação dos dados. O resultado da análise indicou um formato de U invertido na relação entre a velocidade de internacionalização e o seu custo-benefício. Assim, é possível confirmar o papel da velocidade como moderadora entre os custos e benefícios da expansão internacional.

A velocidade foi confirmada como forte influenciadora da eficiência de custos com mão-de-obra, porém não pareceu exercer efeitos sobre a eficiência dos custos materiais. Com isto, foi percebido que em velocidades baixas de expansão a performance foi positivamente afetada, enquanto em velocidades elevadas a expansão apresentou um efeito negativo sobre a performance (WAGNER, 2004).

Complementando dois estudos empíricos já apresentados, os dois artigos subsequentes tratam sobre a relação entre o grau de internacionalização e a velocidade adotando como parâmetro o processo de internacionalização acelerado, caracterizado pelas born globals.

O artigo de Kuivalainen, Sundqvist e Servais (2007) apresentou uma proposta de medida de grau para born globals (degree of born globalness), e a relação entre este grau e a performance da firma. Foram estudadas 185 empresas da Finlândia.

As born globals foram definidas como firmas que se internacionalizaram nos seus três primeiros anos de existência e que possuíam ao menos 25% de vendas internacionais de suas vendas totais. Para o estudo as empresas Born Globals foram divididas em dois tipos: as born globals aparentes (apparently born global), ou Born Internationals, aquelas que somente exportam para mercados próximos, enquanto as verdadeiras Born Globals (true born global) tem operações em mercado psiquicamente e geograficamente distantes.

Como aspectos da internacionalização, os autores consideram os mesmos apresentados por Casillas e Acedo (2013): grau (analisado pelo volume de exportação), escopo (que pode seguir a estratégia de concentração ou de diversificação) e tempo.

Em adição os autores apresentaram que é necessário considerar a orientação empreendedora ao diferenciar as born globals aparentes e verdadeiras. Pode-se dizer que empresas que teriam uma visão mais voltada ao empreendedorismo, que estariam mais dispostas ao investimento de recursos, se aproximariam mais das estratégias de true born globals, e teriam mais capacidade de competir em um ambiente internacional (KUIVALAINEN; SUNDQVIST; SERVAIS, 2007).

Para definir a medida de degree of born globalness (DGB), os autores mediram primeiro o grau de internacionalização das firmas. Este foi medido através da distância entre país de origem e os outros países abordados pela empresa. Depois, para a definição do DGB, foi criada a relação entre volume, distância e velocidade.

A medida para a performance foi dividida em três aspectos: performance de vendas, de lucros e de eficiência em vendas.

Como resultado, foi constatado que as firmas que mais assumiram riscos foram as born internationals, que em geral eram empresas menores e com menor diversificação. Porém, as verdadeiras born globals foram as que apresentaram melhores performances nos três aspectos estudados. Além disso, os resultados mostraram que a orientação empreendedora tem efeito direto sobre a estratégia utilizada na internacionalização.

Um outro estudo sobre born globals foi conduzido por Kuivalainen, Saarenketo e Puumalainen (2012), e apresentou um estudo sobre a performance pós-internacionalização da firma, com o objetivo de identificar se as firmas que escolheram uma internacionalização rápida mantiveram suas atividades internacionais ou se retiraram do mercado.

Para o desenvolvimento de seu trabalho, os autores realizaram uma distinção entre três tipos de firmas: as firmas tradicionais (que seguem um processo de internacionalização gradual), as born globals (BG - que buscam atividades internacionais logo após o seu surgimento) e as born-again globals (BAG - são as firmas que estão bem estabelecidas em seus mercados nacionais e buscaram uma súbita e rápida inserção internacional).

Além disso, os autores consideram os mesmos aspectos adotados por Casillas e Acedo (2013) e Kuivalainen, Sundqvist e Servais (2007) para a internacionalização. São ele: grau, escopo e o tempo, sendo este último o que distingue os três tipos de firmas apresentados (KUIVALAINEN; SAARENKETO; PUUMALAINEN, 2012; KUIVALAINEN; SUNDQVIST; SERVAIS, 2007).

Porém, diferentemente do exposto por Casillas e Acedo (2013), o aspecto do tempo escolhido por Kuivalainen, Saarenketo e Puumalainen (2012) se divide entre rapidity, que representa o intervalo de tempo entre a criação da firma e o início da sua atividade internacional, e pace, que representa a velocidade do crescimento e desenvolvimento internacional. Segundo os autores, existe uma dificuldade em classificar um período de tempo que se encaixe no conceito de born global, mas, para este estudo, foi considerado o período de três anos desde a fundação.

Com relação ao grau de internacionalização, foram consideradas born globals as firmas que, além de iniciar suas atividades internacionais em um período de no máximo três anos após o seu surgimento, apresentaram mais de 25% das suas

vendas como sendo vendas internacionais. Este critério, segundo Kuivalainen, Saarenketo e Puumalainen (2012), ajudou a distinguir firmas que apresentavam exportações esporádicas daquelas que realmente tinham um comprometimento com as suas atividades internacionais.

Já tratando sobre o escopo, os autores argumentaram que não existe uma medida comumente aceita para a diversificação de mercados das born globals. Ao invés disso, o que se é aceito é que as born globals têm um alcance a múltiplos mercados desde a sua inserção internacional. Por este motivo, foram consideradas born globals as empresas cujo número de países abordados fosse maior que o seu número de países vizinhos, o que implica que este escopo incluirá países psiquicamente distantes (KUIVALAINEN; SAARENKETO; PUUMALAINEN, 2012).

De acordo com Kuivalainen, Saarenketo e Puumalainen (2012), utilizando-se três indicadores do grau de internacionalização (que seriam o período de tempo entre a fundação e a internacionalização, a parcela de vendas internacionais e o número de mercados abordados pela empresa), e considerando os três tipos de classificação de empresas (tradicionais, BG e BAG), pode-se encontrar um total de dez modelos de internacionalização para empresas start-up. Destes, quatro modelos foram apresentados no estudo por se referirem às born globals.

O primeiro modelo se refere às nascidas internacionais esporádicas (sporadic born-internationals), que são as firmas que tiveram uma internacionalização precoce, porém tem pouca participação internacional, tanto em número de mercados quanto em proporção de vendas.

Já as nascidas internacionais focadas geograficamente (geographically focused born-international) tiveram uma internacionalização precoce, tem o mínimo de proporção de vendas definido pelo estudo (25%) e operam em mercados geograficamente concentrados.

O terceiro modelo se refere às consideradas born globals falidas (failed born globals), que tiveram internacionalização precoce, estão presentes em vários países, porém não apresentam vendas significativas nos mercados estrangeiros.

O último modelo apresentado é o de verdadeiras born globals (true born globals), que apresentaram internacionalização precoce, um alto número de mercados abordados e com porcentagens altas de vendas internacionais.

Para o teste dos modelos, Kuivalainen, Saarenketo e Puumalainen (2012) analisaram dados de 78 pequenas e médias empresas da Finlândia. Uma das

conclusões dos autores foi a de que as born globals esporádicas e as verdadeiras Born Globals apresentavam, em geral, menos lucros, ciclos de produtos mais curtos, e eram menores e mais novas do que as born-again globals e as firmas tradicionais.

O modelo em que mais firmas se encaixaram foi o das born globals esporádicas. A maior parte das firmas que seguiam o modelo tradicional sofreu um processo de “desinternacionalização” (de-internationalized), ou seja, continuaram existindo, mas se retiraram das atividades internacionais, ou se envolveram em processos de aquisição, ou seja, foram adquiridas (KUIVALAINEN; SAARENKETO; PUUMALAINEN, 2012).

Além disso, os resultados indicaram que as firmas que não alcançaram a proporção mínima de vendas internacionais no período de três anos (as born globals falidas) extinguiram-se ou continuaram tendo operações internacionais limitadas. Já as born globals esporádicas apresentaram as taxas mais altas de extinção pós processo de desinternacionalização.

Como conclusão, os autores apresentaram que, mesmo com os riscos da adoção de uma estratégia de born global, quase 40% das firmas que adotaram esta estratégia foram consideradas globais em cinco anos. Em adição, firmas seguindo um modelo de internacionalização de born globals tem mais chances de desenvolver uma posição global se alcançarem escopo e grau logo após o início da internacionalização. Já as firmas que seguindo um modelo tradicional ou de born global esporádica alcançam apenas um crescimento moderado. No caso das born- again globals, este modelo leva ou à uma presença global, ou a um processo de aquisição, uma vez que a firma já estaria bem posicionada em seu mercado.

Finalizando-se a apresentação e análise de dados, o tópico em seguida teve como objetivo apresentar as considerações finais deste estudo, que analisou o grau e a velocidade de internacionalização e a sua relação nas publicações internacionais.

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