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Os avanços nas publicações internacionais sobre as relações entre o grau e a velocidade de internacionalização de empresas

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OS AVANÇOS NAS PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS INTERNACIONAIS SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE O GRAU E A VELOCIDADE DE

INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

Florianópolis 2017

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LUIZA GODOI DALMOLLIN

OS AVANÇOS NAS PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS INTERNACIONAIS SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE O GRAU E A VELOCIDADE DE

INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de bacharel

.

Orientador: Prof. Beatrice Maria Zanellato Fonseca Mayer, Msc.

Florianópolis 2017

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Dedico este trabalho ao meus pais, Maurício e Susana, e aos meus irmãos, Mauana e Bruno, que me apoiam incondicionalmente.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a minha família, a quem eu amo acima de tudo, por sempre acreditarem em mim.

Aos meus irmãos, agradeço pela nossa sintonia e conexão, pelos conselhos, risadas, e por todos os momentos que compartilhamos. Também, por saber que vocês sempre estarão ao meu lado.

Aos meus pais, agradeço tudo o que vocês nos ensinaram, por toda a paciência, sabedoria e oportunidades que vocês nos proporcionaram. Por nos ensinar a pensar grande, a abraçar as oportunidades, e nos dedicar aos nossos sonhos.

Aos meus amigos e colegas, agradeço pela parceria nos momentos difíceis e também pela alegria nos momentos bons.

Agradeço a UNISUL e seu corpo docente por ter propiciado o acesso à tantas oportunidades e conhecimentos.

E, em especial, agradeço a minha professora orientadora, Beatrice Mayer, por todo o apoio e instrução durante a minha experiência acadêmica. Você foi uma parte essencial deste Trabalho de Conclusão de Curso. Te agradeço por todo o conhecimento que você compartilhou comigo e por ter me guiado e orientado com paciência mesmo nas minhas horas de desespero.

Por fim, agradeço a todos que fizeram parte da minha experiência acadêmica, direta ou indiretamente.

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“In times of change, learners inherit the earth, while the learned find themselves beautifully equipped to deal with a world that no longer exists” (HOFFER, Eric).

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RESUMO

Este trabalho objetivou analisar a evolução dos estudos científicos publicados em revistas internacionais de língua inglesa de maior grau de impacto e com maior número de citações, relacionando grau e velocidade de internacionalização. Para o aporte teórico foram abordadas as teorias clássicas de internacionalização de empresas, de abordagem econômica e de abordagem comportamental. Metodologicamente este estudo se enquadra como uma pesquisa descritiva sob abordagem qualitativa. Por se tratar do método de pesquisa bibliográfica, o procedimento de coleta de dados ocorreu por meio da técnica bibliométrica, em que foram buscados, através da Pesquisa Integrada UNISUL, artigos de revistas acadêmicas internacionais que tratassem sobre os temas speed, degree e internationalization, a partir do ano de 2004. Em seguida, estes artigos foram filtrados de acordo com sua relação com o tema, relevância acadêmica e grau de impacto, resultando em um conjunto de 24 artigos. Posteriormente, como procedimento de análise de dados foi realizada a revisão integrativa da literatura, que consistiu em compreender as linhas de pesquisa e os tipos de estudos que vem sendo desenvolvidos sob o tema de velocidade de internacionalização e sua relação com o grau de internacionalização. Na revisão integrativa se constatou que a medida utilizada para o grau de internacionalização apresenta uma forte limitação por ser baseada nas vendas da empresa. Nos estudos sobre a velocidade, um avanço importante foi a consideração de que o processo de internacionalização é contínuo, ou seja, a análise de velocidade não acaba ao início das atividades internacionais da empresa. Quanto ao tipo de pesquisa se verificou que há um maior número de estudos empíricos, que se pautam nas teorias clássicas de internacionalização de empresas, sobretudo nas de network e empreendedorismo internacional. Mesmo com a proposta deste estudo em avaliar a evolução das pesquisas, o que se verificou é uma evolução não linear, ou seja, os estudos teóricos ainda estão sendo conduzidos para melhor definir os constructos do que se refere à velocidade de internacionalização. Em síntese esta temática ainda não atingiu um grau de maturação e consenso entre os artigos analisados, indicando lacunas de pesquisa que precisam ser conduzidas, como os estudos relacionados à velocidade de internacionalização pós entrada.

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Palavras-chave: grau de internacionalização; velocidade de internacionalização; internacionalização de empresas.

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ABSTRACT

This work aimed to analyze the evolution of the scientific studies published in international journals of higher impact factor and with more citations, relating degree and speed of internationalization. For the theoretical contribution, the classic theories of internationalization of companies, the ones of economic perspective and the ones of behavioral perspective were approached. Methodologically this study fits as a descriptive research under a qualitative approach. Since this study followed the method of bibliographical research, the data collection procedure was performed through the bibliometric technique, in which the UNISUL Integrated Research platform was used to search for articles from international academic journals that dealt with topics such as speed, degree and internationalization, from year 2004. These articles were then filtered according to their relationship to the theme, academic relevance and degree of impact, resulting in a set of 24 articles. Afterwards, as a data analysis procedure, an integrative review of the literature was carried out, which consisted of understanding the lines of research, the types of studies that have been developed under the theme of internationalization speed and its relation to the degree of internationalization. In the integrative review, it was found that the measure used for the degree of internationalization has a strong limitation because it is based on the sales of the company. In studies on speed, an important advance was the consideration that the internationalization process is continuous, that is, the speed analysis does not end at the beginning of the company's international activities. As to the type of research, it has been verified that there is a greater number of empirical studies that are based on the classic theories of internationalization of companies, especially in networks and international entrepreneurship. Despite the proposal of this study to evaluate the evolution of the researches, what has been verified is a nonlinear evolution, that is, the theoretical studies are still being conducted to better define the constructs of what refers to the speed of internationalization. In summary, this issue has not yet reached a degree of maturation and consensus among the articles analyzed, indicating research gaps that need to be addressed, such as the studies related to the speed of internationalization after market entry.

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Keywords: degree of internationalization; speed of internationalization; internationalization of enterprises.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 - Número de artigos encontrados pela Pesquisa Integrada Unisul. ... 16 Quadro 2 – A teorias de internacionalização. ... 28 Quadro 3 - Artigos que apresentaram o estudo de variáveis do Grau de Internacionalização ... 30 Quadro 4 - Artigos que apresentam o estudo do Grau de Internacionalização como variável da performance ... 40 Quadro 5 - Artigos que apresentam o estudo de determinantes da velocidade de entrada em mercados internacionais. ... 51 Quadro 6 - Artigos que apresentam o estudo de determinantes da velocidade pós internacionalização. ... 60 Quadro 7 - Artigos que apresentaram estudos empíricos sobre a relação entre grau e velocidade de Internacionalização ... 68

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Número de artigos por número de citações ... 17 Tabela 2 - Número de artigos por Fator de impacto. ... 17

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA ... 12

1.2 OBJETIVOS ... 13

1.3 JUSTIFICATIVA... 13

1.4 METODOLOGIA CIENTÍFICA ... 14

1.4.1 Procedimento de coleta de dados ... 15

1.4.2 Procedimento de análise de dados ... 19

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 20

2.1 INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS ... 20

2.2 TEORIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO COM ABORDAGEM ECONÔMICA . 21 2.2.1 Teoria de poder de mercado ... 21

2.2.2 Teoria do ciclo de vida do produto ... 22

2.2.3 Teoria da Internalização ... 23

2.2.4 O Paradigma eclético ... 24

2.3 TEORIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO COM ABORDAGEM COMPORTAMENTAL ... 25

2.3.1 O Modelo de Uppsala ... 25

2.3.2 A teoria de redes de relacionamento ... 26

2.3.3 O empreendedorismo internacional ... 27

2.4 INTERNACIONALIZAÇÃO ACELERADA ... 29

2.4.1 As born globals ... 29

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ... 30

3.1 GRAU DE INTERNACIONALIZAÇÃO NAS PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS .... 30

3.2 A VELOCIDADE DE INTERNACIONALIZAÇÃO NAS PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS INTERNACIONAIS ... 44

3.3 A RELAÇÃO ENTRE O GRAU E A VELOCIDADE DE INTERNACIONALIZAÇÃO NAS PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS ... 66

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 76

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1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo de introdução foram expostos o tema e objetivos deste trabalho, bem como a justificativa de escolha do tema e a metodologia científica utilizada para o desenvolvimento das análises.

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA

A expansão dos negócios empresariais tornou-se uma alternativa às empresas que buscam novos recursos e mercados, em um contexto de mundo globalizado marcado pelo aumento das interações e pela diminuição das distâncias culturais, políticas e econômicas entre Estados. Para isto, o processo de internacionalização de negócios é fundamental a empresas que buscam aumentar a competitividade de seus produtos e as suas exportações, além de melhorar sua rentabilidade e competitividade nos mercados local e global.

O mercado estrangeiro, por ser mais complexo, traz desafios às empresas que procuram ampliar sua participação internacional, pois apresenta variáveis importantes que podem ditar se uma empresa será bem ou mal sucedida em seus esforços para a internacionalização. Além disto, por se tratarem de ambientes internacionais diferentes, a falta de conhecimento por parte das empresas implica num aumento da percepção de complexidade do mercado estrangeiro.

Mesmo assim, o fenômeno da globalização faz com que empresas busquem se internacionalizar, pois este processo permite o descobrimento de novas tecnologias, de recursos mais acessíveis e de um aumento na qualidade do produto, e assim, de sua competitividade e rentabilidade.

Partindo disto, pode-se caracterizar dois aspectos de análise importantes no processo de internacionalização de empresas. O primeiro deles seria o grau de internacionalização, que corresponde ao grau de participação internacional de uma empresa, e que muitas vezes é aumentado de forma gradual, como sugerido pelas teorias clássicas de internacionalização.

O segundo seria a velocidade de internacionalização, que se refere tanto ao tempo entre o surgimento da empresa e o início das suas atividades internacionais, quanto à sua velocidade de expansão internacional. Esse aspecto é mais abordado

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nas teorias e análises mais recentes, que tratam de um processo de internacionalização acelerada.

Sendo estes dois aspectos relevantes aos estudos na área de Gestão de Negócios Internacionais, apresenta-se a necessidade de compreender como se dá a evolução de análise da sua relação dentro do processo de internacionalização de empresas.

A partir disso, apresenta-se a seguinte pergunta de pesquisa: Quais são as conceituações e medidas utilizadas para o grau, a velocidade de internacionalização e a sua relação nas publicações científicas internacionais, no período de 2004 a 2017?

1.2 OBJETIVOS

Com base na pergunta de pesquisa, definiu-se como objetivo geral deste estudo descrever as conceituações e medidas utilizadas para o grau, a velocidade de internacionalização e a sua relação nas publicações científicas internacionais, no período de 2004 a 2017.

A partir deste objetivo geral, definiram-se três objetivos específicos que foram atingidos ao final deste trabalho. São eles:

- Identificar as conceituações e medidas utilizadas nas publicações acadêmicas internacionais para o grau de internacionalização de uma empresa; - Identificar as conceituações e medidas utilizadas nas publicações acadêmicas internacionais para a velocidade de internacionalização de uma empresa;

- Evidenciar as conceituações acerca da relação entre grau e velocidade de internacionalização de empresas nas publicações acadêmicas internacionais.

1.3 JUSTIFICATIVA

Como justificativa para a escolha do tema pesquisa, este trabalho apresentou-se como uma oportunidade de aprendizado para a autora em temas de apresentou-seu interesse. Por estar dentro da área de Gestão de Negócios Internacionais, o trabalho permitiu a autora ampliar os seus conhecimentos sobre temas que pretende continuar estudando futuramente. Além disso, a autora desenvolveu e expandiu

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conhecimentos que serão aplicados em sua vida profissional na área de Negócios Internacionais.

Sendo aplicado à área de Gestão de Negócios Internacionais, este estudo apresentou uma revisão bibliográfica de publicações acadêmicas acerca de dois pontos de análise importantes dentro da internacionalização de empresas, resultados poderão ser utilizados como referência não só às empresas, mas também à outras pesquisas acadêmicas.

Por ser um pré-requisito para a graduação no curso de Relações Internacionais, este trabalho torna-se relevante para a academia por oferecer aos acadêmicos da Universidade do Sul de Santa Catarina um complemento às teorias estudadas em sala de aula. A exposição de autores e teorias mais atuais acerca dos temas estudados em sala permite um melhor entendimento das teorias e um complemento na formação acadêmica e profissional.

1.4 METODOLOGIA CIENTÍFICA

Por se tratar de uma pesquisa que fez o uso e a aplicação de conhecimentos já desenvolvidos, este trabalho caracterizou-se como uma pesquisa de caráter aplicado (VERGARA, 2003).

De acordo com Mezzaroba e Monteiro (2008), a pesquisa qualitativa é aquela que possui um conteúdo descritivo, que tem como objetivo a interpretação de fenômenos a fim de alcançar uma visão global dos fatores estudados, privilegiando o seu contexto.

Desta forma, esta pesquisa foi classificada como qualitativa, uma vez que se tratou de uma revisão integrativa que teve como objetivo descrever e interpretar os estudos recentes sobre o grau e a velocidade de internacionalização de empresas.

Vergara (2003, p. 47) define que uma pesquisa descritiva “expõe características [...] de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza”.

Assim, em seu objetivo, esta pesquisa seguiu uma análise descritiva, uma vez que se baseou em trabalhos publicados, e buscou reconhecer, descrever e relacionar as características dos fenômenos de grau e velocidade de internacionalização, além explorar os fatores que contribuem para a sua ocorrência e como estudam declaram que se esta decorre e se relaciona na prática.

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Quanto aos procedimentos utilizados, o desenvolvimento desta pesquisa se dará através do método de pesquisa bibliográfica. Segundo Marconi e Lakatos (2010) a pesquisa bibliográfica é baseada em trabalhos em geral, que forneçam dados atuais sobre os assuntos tratados.

Para o levantamento das bibliografias estudadas foi utilizado o método de coleta de dados por bibliométrico. Em seguida, para o procedimento de análise dos dados, foi realizada uma revisão integrativa seguida de uma análise de conteúdo por categorização.

Os métodos e processos utilizados para a delimitação dos artigos estudados são descritos em sequência.

1.4.1 Procedimento de coleta de dados

Para o levantamento dos artigos a serem selecionados para este estudo, foi realizada como primeira etapa a coleta de dados por bibliométrico.

De acordo com Okubo (1997, apud CHUEKE; AMATUCCI, 2015, p. 2):

Estudos bibliométricos se concentram em examinar a produção de artigos em um determinado campo de saber, mapear as comunidades acadêmicas e identificar as redes de pesquisadores e suas motivações. Tais objetivos são tangibilizados por meio da criação de indicadores que buscam sumarizar as instituições e os autores mais prolíferos, os acadêmicos mais citados e as redes de coautorias.

Desta forma, os procedimentos e indicadores utilizados para este estudo foram descritos adiante.

Para o primeiro procedimento, foi utilizada a Pesquisa integrada Unisul, que abrange tanto bases de acesso livre quanto bases assinadas pela Universidade. A coleção de bases de dados da Pesquisa Integrada Unisul é composta pelas bases conveniadas da CAPES, e pelas bases assinadas: Abstracts in Social Gerontology, AgeLine, Business Source Complete, Family Studies Abstracts, GreenFILE, Human Resources Abstracts, MEDLINE, Public Administration Abstracts, Regional business news, Saúde em português, Scientific & Medical Art Imagembase, The (SMART IMAGEMBASE), Revista dos Tribunais On Line, além das bases de e-books Minha Biblioteca e Biblioteca Virtual Universitária.

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Foram realizadas 8 pesquisas, entre os dias 17 de abril e 5 de maio de 2017, considerando publicações em revistas acadêmicas internacionais, no período entre 2000 e 2017. As variáveis utilizadas para cada pesquisa foram:

Quadro 1 - Número de artigos encontrados pela Pesquisa Integrada Unisul.

Pesquisa Variáveis Resultados

totais

Resultados utilizados Pesquisa 1 Título Internationalization

97 33

Título Speed

Pesquisa 2 Título Internationalization

138 67

Resumo Speed

Pesquisa 3 Título Internationalization

108 37

Título Degree

Pesquisa 4 Título Internationalization

458 257

Resumo Degree

Pesquisa 5 Título Internationalization

1 0

Título Velocity

Pesquisa 6 Título Internationalization

1 0

Resumo Velocity

Pesquisa 7 Título Internationalization

2 0

Título Degree

Título Speed

Pesquisa 8 Título Internationalization

3 2

Resumo Degree

Resumo Speed

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

A diferença entre o número de resultados totais e o número de resultados utilizados se justifica pela eliminação, feita pela própria plataforma de pesquisa, de resultados repetidos, e pela eliminação de artigos que tinham a sua publicação em revistas acadêmicas do Brasil. Considerando-se, então, apenas os artigos publicados em revistas acadêmicas internacionais e no período especificado, resulta-se em um banco de 396 artigos a serem filtrados.

Todos os artigos encontrados foram exportados para a plataforma Mendeley, e foi feita uma nova filtragem de artigos duplicados, para eliminação de artigos que não haviam sido eliminados anteriormente. Nesta fase foram eliminados 101 artigos, resultando em 295 artigos não repetidos.

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Após esta etapa, foi realizada a filtragem por alinhamento de título e resumo, sendo encontrados 161artigos alinhados com o tema a ser estudado.

Para a filtragem seguinte, foram levantados dois dados. Primeiramente, foram levantados os dados quanto ao reconhecimento científico de cada artigo, medido através do número de citações de cada artigo no Google Scholar. Os resultados encontrados foram:

Tabela 1 - Número de artigos por número de citações

Número de Citações Número de artigos

>100 24 50 - 100 19 20 - 49 23 10 - 19 26 Até 10 64 Não encontrados 5

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Depois, foram levantados os dados quanto ao Fator de Impacto do jornal em que o artigo foi publicado. Para isto, foi consultada a base de dados Journal Citation Reports (Thomson Reuters), de acesso através do Portal CAPES. Para a definição do Fator de Impacto foi utilizada a classificação de periódicos no Qualis, procedimento utilizado pela CAPES para a estratificação da qualidade de artigos publicados em periódicos acadêmicos.

A estratificação da Qualis segue os seguintes critérios (BASTOS, 2017): A1- Fator de Impacto igual ou superior a 3,800; A2- Fator de Impacto entre 3,799 e 2,500; B1- Fator de Impacto entre 2,499 e 1,300; B2- Fator de Impacto entre 1,299 e 0,001. Seguindo essa estratificação, chegou-se aos seguintes resultados:

Tabela 2 - Número de artigos por Fator de impacto.

Fator de Impacto Número de artigos

A1 1

A2 7

B1 24

B2 29

Grau não identificado 100

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Em seguida, foi realizado um cruzamento dos dados de reconhecimento científico e de fator de impacto para definição da linha de corte. Com a análise, foi decidido adotar uma linha de corte temporal que abrangia apenas artigos publicados entre os anos de 2004 e 2017. Entre estes, foi constatado que artigos publicados em periódicos de fator de impacto entre A1 e B2 não apresentavam, necessariamente, bom reconhecimento científico, de mesma forma que os artigos com bom desempenho científico estavam também no grupo com fator de impacto não identificado.

Com isso, a primeira linha de corte adotada foi a de fator de impacto, considerando apenas os artigos de fator entre A1 e B2. Porém, algumas das publicações dentro desta delimitação não possuíam reconhecimento científico relevante, por isso foi feito um novo corte, dentro deste grupo, considerando apenas artigos com mais de 70 citações, resultando em 12 artigos.

Em seguida, foi observado que artigos com alto reconhecimento científico não estavam inclusos no grupo de artigos selecionados, por não terem classificação de fator de impacto. Por este motivo, a segunda linha de corte adotada foi a relevância científica, em que foram considerados os artigos com mais de 70 citações que pertenciam ao grupo “Grau não identificado” na análise de fator de impacto, resultando em 13 artigos.

A partir deste agrupamento, foi decidido ainda considerar artigos que tinham reconhecimento científico entre A1, A2 e B1, com acima de 49 citações, por ser considerado, através da leitura de títulos e resumo, que este grupo também indicava relevância para a pesquisa. Este corte resultou em cinco artigos.

Com os três grupos de corte adotados, resultou-se em 30 artigos. Porém, na etapa de busca pelos artigos integrais, dois artigos não foram encontrados.

Ainda, quatro artigos foram excluídos posteriormente, durante o processo de revisão integrativa pois mesmo apresentando os critérios de seleção utilizados, os artigos possuíam baixa aderência ao tema. Ou seja, mesmo contendo os termos selecionados, não puderam ser relacionados diretamente aos temas estudados.

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1.4.2 Procedimento de análise de dados

Para a análise de dados, foi utilizado o procedimento de revisão integrativa, que segundo Chueke e Amatucci (2015), se baseia na delimitação de categorias que servirão como critérios de análise dos artigos e conceitos por eles apresentados.

Nos três tópicos que tratam sobre a apresentação e análise dos artigos selecionados, foi feita a distinção entre artigos classificados como ensaios teóricos, e aqueles classificados como estudos empíricos.

Os ensaios teóricos foram apresentados no início do capítulo, uma vez que oferecem uma visão de base para a análise dos estudos empíricos.

Dentro dos nove artigos sobre o grau de internacionalização, os estudos empíricos puderam ser divididos entre duas categorias: artigos que apresentaram possíveis variáveis do grau de internacionalização, e artigos que apresentaram o grau de internacionalização como influenciador da performance da firma.

O segundo tópico, composto pelo estudo de dez sobre velocidade, utilizou dois artigos entre os classificados com a maior importância como introdutores dos temas dos outros artigos estudados. Os outros oito artigos foram organizados de forma que apresentassem os ensaios teóricos, seguidos pelos artigos que estudaram a velocidade de entrada internacional e a velocidade de expansão pós-entrada.

Já o terceiro tópico, sobre a relação entre grau e velocidade de internacionalização, apresentou o estudo de cinco artigos, e apresentou inicialmente os artigos em que foram realizados estudos empíricos relacionando a velocidade e o grau como variáveis da performance internacional, e em seguida os artigos que trataram sobre a internacionalização de born globals.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo teve como objetivo apresentar a fundamentação teórica, que trouxe a conceituação de internacionalização de empresas, seguindo uma divisão entre as teorias de internacionalização com abordagem comportamental ou econômica.

Estas definições basearam o desenvolvimento deste trabalho e ajudaram no alcance do objetivo da pesquisa, que propôs descrever quais são os avanços nas publicações acadêmicas internacionais sobre as relações entre o grau e a velocidade de internacionalização de empresas.

2.1 INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

A internacionalização pode ser definida como o crescente processo de envolvimento de uma empresa em operações internacionais (MARIOTTO, 2007). Este processo pode ser explicado através de algumas teorias, paradigmas e modelos conceituais divididos entre duas abordagens, econômica e comportamental, que foram exploradas adiante.

Segundo Vasconcellos (2008), no contexto da globalização e, especialmente, a partir do início do século XXI, as empresas passaram a enfrentar o desafio de tornarem-se mais internacionalizadas, com o objetivo de aumentar sua competitividade a nível global. Neste cenário, a internacionalização de empresas torna-se uma “necessidade para que as empresas possam aumentar sua competitividade e enfrentar a concorrência internacional” (RICUPERO; BARRETO, 2007, p. 9).

Esta maior competitividade da empresa se dá em razão do aprimoramento de seus processos internos (organizacionais e administrativos), produtivos e comerciais, e do aumento na qualidade do produto, que reflete no âmbito interno. Todavia, desafios também são impostos, como a necessidade de adaptação do produto às necessidades dos novos mercados abordados (LOPEZ; GAMA, 2005). Além disso, os referidos autores apresentam o benefício do aperfeiçoamento das estratégias de marketing, que agora serão aplicadas a um mercado cultural, político e economicamente diferente do ambiente nacional.

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Porém, para o alcance da competitividade internacional é preciso que a empresa considere a complexidade dos mercados internacionais. “A empresa que atua em um mercado estrangeiro tem, logo de saída, uma desvantagem em relação a um concorrente desse mercado: ela está menos familiarizada com a cultura, os costumes, as preferências, a legislação, enfim, com as instituições do país” (MARIOTTO, 2007 p. 7).

Ainda, segundo Vasconcellos (2008), estas diferenças exigem da empresa uma busca pelo equilíbrio entre os benefícios trazidos por uma adaptação do produto às necessidades e características locais e os benefícios oferecidos por produtos considerados globais.

A seguir, são explicados alguns dos modelos clássicos de internacionalização dentro das abordagens econômica, comportamental e de internacionalização acelerada.

2.2 TEORIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO COM ABORDAGEM ECONÔMICA

Neste capítulo foram apresentados os modelos considerados os mais relevantes sobre o processo de internacionalização de empresas com abordagem econômica. Esta abordagem apresenta uma maior consideração pelos aspectos macroeconômicos, tanto nacionais quanto internacionais, e busca explicar a internacionalização como uma oportunidade de expansão econômica para a empresa.

As teorias apresentadas foram: a teoria de poder de mercado, a teoria do ciclo de vida do produto, a teoria da internalização e o paradigma eclético de Dunning.

2.2.1 Teoria de poder de mercado

Através da Teoria de Poder de Mercado, Hymer faz uma crítica à teoria de investimento de portfólio, que tem apresenta como base ao investimento a vantagem oferecida pelas taxas de juros. Segundo o autor, a motivação da empresa para a internacionalização na verdade se baseia “nos lucros derivados do controle da empresa estrangeira” (Dib, 2008 p. 24), ou seja, é uma forma de que a firma aumente o seu poder no mercado.

De acordo com Dib (2008), a empresa aumentaria a sua fatia de participação do mercado no mercado nacional, até o ponto em que uma maior participação se

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tornaria mais difícil em razão da concentração deste mercado. A partir disso, a firma passaria a adotar esse processo de aumento de participação e concentração no mercado internacional. Ainda segundo o autor, no caso de empresas multinacionais, a firma teria mais vantagens ao não ter mediações de mercado, controlando as suas atividades produtivas internamente.

Amatucci (2009) apresenta duas vantagens para a adoção dessa internalização. A primeira seria a maior segurança e controle de investimentos, e a segunda trata-se da eliminação da concorrência internacional, uma vez que algumas barreiras comerciais podem ser derrubadas com a adoção do Investimento externo Direto (IED).

2.2.2 Teoria do ciclo de vida do produto

A teoria do ciclo de vida do produto foi criada por Vernon, na década de 60, e tinha como objetivo explicar como o ciclo de vida do produto influencia em sua venda, compra e produção internacional (HEMAIS; HILAL, 2004).

Os autores Pessoa e Martins (2007), apresentam as três fases de produto estabelecidas por Vernon: a introdução, a maturação e a padronização.

A fase de introdução é caracterizada pela incerteza, já que o processo produtivo e as especificações de produto não estão bem definidos. Nesta fase, é importante se ter uma variedade de fornecedores com os quais negociar, para aumentar a flexibilidade de escolhas e alcançar assim uma vantagem competitiva. Além disso, as empresas irão concentrar seus custos na inovação, enquanto os custos de produção serão deixados em segundo plano (PESSOA; MARTINS, 2007)

De acordo com Amatucci (2009, p. 11):

Vernon assume assim o pressuposto de que a inovação tecnológica depende de riqueza nacional em forma de disponibilidade de capital, especialização da mão-de-obra, e também, do lado da demanda, de um consumidor abastado, capaz de pagar pelo preço da inovação, que é alto devido aos altos custos de produção de um produto ainda não padronizado.

Já no processo de maturação, de acordo com Pessoa e Martins (2007), o produto contará com mais estandardização, o que faz com que a empresa consiga ter um melhor planejamento e aproveitamento dos custos e uma produção mais padronizada. No que diz respeito à concorrência, o número de produtores cresce e a

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concorrência aumenta. Nesta fase, a empresa deve investir na diversificação do produto, uma vez que a vantagem competitiva por preço não é mais garantida.

Segundo Pessoa e Martins (2007), a empresa se sentirá pressionada pela crescente demanda internacional a adotar uma unidade produtiva no exterior. Esta expansão internacional, segundo os autores, pode acontecer não só a partir do desejo de expansão de mercado, como também por necessidade de manter a sua competitividade internacional e o fluxo de vendas.

A terceira fase do ciclo de vida do produto é a fase de padronização. A maturação do produto no mercado consumidor faz com que as características do produto sejam padronizadas e permite que a empresa trabalhe com a massificação da produção. Ao contrário da primeira fase, os custos de produção, como mão de obra e matérias primas, têm maior importância, enquanto que os custos com tecnologia e inovação declinam. Por esta razão, pode ser vantajoso que a firma assuma atividades produtivas em outros países, principalmente países em desenvolvimento, que permitem o baixo custo de produção. Segundo os autores, “quanto mais estandardizado o produto for, mais atrativos se tornam aqueles países nos quais se possa dispor de mão de obra a custos relativamente baixos (PESSOA; MARTINS, 2007, p. 317).

Segundo Hemais e Hilal (2004), em 1979 Vernon reconheceu a diminuição da aplicabilidade de sua teoria em razão do surgimento de um novo ambiente internacional, em que o tempo entre as produções nacional e internacional já era muito menor do que o previsto. Além disso, o lançamento de produtos mundiais diminuía o tempo de transferência da produção de países desenvolvidos para países em desenvolvimento.

2.2.3 Teoria da Internalização

Segundo Hemais e Hilal (2004), a teoria de internalização se refere ao interesse de uma empresa em manter a sua produção dentro da mesma.

Esta teoria, apresentada por Buckley e Casson, apresenta uma visão que considera não a maximização do lucro, mas sim as “imperfeições de mercado”, que influenciarão a firma a “trocar custos externos por custos internos” (AMATUCCI, 2009).

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Ou seja, se uma firma reconhece que os custos administrativos da hierarquia de produção (que se referem à garantia de qualidade, gerenciamento, etc.) no exterior são baixos, a tendência é que a empresa descentralize a sua produção internacional. Já no caso de que os custos relativos à negociação com parceiros e às falhas de mercado são altos, a empresa terá a preferência em concentrar a produção internamente, para utilizar e garantir as suas vantagens (HEMAIS; HILAL, 2004).

2.2.4 O Paradigma eclético

O paradigma eclético de Dunning foi criado em meados da década de 1970, e explica que ao tomar a decisão para a internacionalização, a empresa deve possuir alguma vantagem competitiva em relação aos seus competidores. Essa vantagem, segundo Dunning, existe a partir de três aspectos, chamados de PIL, que seriam essenciais para a tomada de decisão de uma multinacional: a vantagem específica do proprietário, as variáveis específicas de localização e a internalização (BARRETTO, 2002).

A vantagem específica do proprietário se refere à propriedade de certos ativos, tecnologias ou mesmo patentes e processos, que traz para a empresa uma vantagem competitiva que poderá ser transferida ao exterior (AMATUCCI, 2009).

A internalização, como já explicado anteriormente, é relacionada aos custos produtivos quando comparados ao risco de mercado. Se os custos forem altos, a tendência é que aconteça a internalização da produção.

Já as variáveis específicas de localização de países ou regiões alternativas, que se referem às vantagens que podem ser alcançadas pelo motivo de a empresa estar presente em outras regiões. Segundo Dunning, em seu artigo, são quatro tipos de interesse que movem a empresa a buscar novas localizações: a satisfação de uma demanda específica do país ou região; a busca por meios de produção; a busca pela divisão do trabalho ou especialização da produção; e a proteção da vantagem competitiva contra a concorrência (DUNNING, 2000).

Barretto (2002) adiciona que para alcançar uma maior compreensão dos esforços de internacionalização de uma firma associando os três aspectos a mais três variáveis relativas: o país, a indústria e as características específicas da empresa.

(27)

De acordo com Barretto (2002), Dunning apontou a necessidade de integrar as duas abordagens, comportamental e econômica, para que se possa alcançar um entendimento sobre como o comportamento influenciaria os aspectos PIL da empresa.

2.3 TEORIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO COM ABORDAGEM

COMPORTAMENTAL

Diferentemente das teorias de abordagem econômicas, as teorias de abordagem comportamental analisam os aspectos comportamentais dos tomadores de decisões dentro da empresa, e apresentam um maior enfoque em como se dá o processo de internacionalização (DIB, 2008).

Para o desenvolvimento deste trabalho, é importante que sejam apresentados três modelos sobre o processo de internacionalização de empresas com abordagem comportamental: o Modelo de Uppsala, a teoria de redes e o empreendedorismo internacional.

2.3.1 O Modelo de Uppsala

O Modelo de Uppsala é tido na literatura como o modelo padrão de internacionalização, em que o desenvolvimento da empresa em âmbito internacional se dá através de um processo gradual (AMATUCCI, 2009). Segundo Amatucci (2009), este modelo é baseado em duas premissas. A primeira é a de que o processo de internacionalização de empresas se dá gradativamente através de uma cadeia de estabelecimento que segue quatro estágios.

O primeiro estágio é atividade de exportação esporádica, que não exige da empresa nem o comprometimento de recursos, nem um conhecimento de mercado. Já o segundo estágio seria a exportação através de distribuidores ou de agentes de venda internacionais. Nesse caso, a empresa já tem um canal com o mercado explorado, o que significa um maior acesso às informações. A terceira etapa é a adoção de uma subsidiária de vendas, que permite que a empresa tenha um alto controle de recursos além de mais acesso e informação sobre os fatores influenciadores do marketing mix. Já a última etapa, que representa ainda mais comprometimento de recursos da empresa, é a instalação de uma unidade produtiva no exterior (JOHANSON; WIEDERSHEIM-PAUL, 1975).

(28)

Segundo Cavusgil, Knight e Riesenberger (2009, p. 83):

A natureza gradual, lenta e incremental da internacionalização resulta da incerteza e inquietação que os administradores sentem, sobretudo devido a informações inadequadas sobre os mercados estrangeiros e à falta de experiência em transações internacionais.

Concordando com este pensamento, a segunda premissa adotada pelo Modelo de Uppsala é a relação entre a distância psíquica dos países e a ordem cronológica adotada no processo de internacionalização (AMATUCCI, 2009).

De acordo com Mariotto (2007, p. 35), “ ‘distância psíquica’ é definida como a soma dos fatores que impedem o fluxo de informação entre dois países. São exemplos as diferenças de linguagem, educação, práticas de negócio, cultura e desenvolvimento econômico”. Assim, as empresas tendem a expandir-se primeiramente para países que apresentam menor distância psíquica com relação ao país em que a empresa se encontra, tendo esta expansão em um país de cada vez. Hemais e Hilal (2002 apud GUEDES, 2007) citam que a internacionalização progredirá para países com maior distância psíquica à medida que a empresa ganhe maior conhecimento através da experiência de atuação no mercado exterior.

2.3.2 A teoria de redes de relacionamento

Seguindo uma linha diferente da de Uppsala, tem-se o modelo de internacionalização de Network, ou Redes de Relacionamento. De acordo com Mariotto (2007), algumas empresas têm nas alianças estratégicas a principal forma de expansão internacional. O autor explica que fornecedores, consultores ou mesmo clientes que atuam de forma internacional acabam servindo como ponte, conectando a firma a outros mercados. Isto pode ocorrer de duas maneiras: transmissão de informações sobre o mercado estrangeiro ou criando a necessidade da participação internacional.

Johanson e Vahlne (1977 apud MARIOTTO, 2007, p. 37) ressaltam que “internacionalizar-se é desenvolver relacionamentos de negócios com redes de outros países”.

Mariotto (2007) apresenta ainda que esse modelo é amplamente utilizado por empresas de alta tecnologia que, por sua rede de contatos com empreendedores e

(29)

detentores de conhecimentos técnicos, tem a capacidade de, já no início de sua expansão, explorar mercados mais distantes psiquicamente. Já Guedes (2007) adiciona que, no modelo de Network, a internacionalização passa a ser um fenômeno de relacionamento entre parceiros, e não só uma questão de produção.

Em adição, Hemais e Hilal (2002) citam que o nível das redes de relacionamento de uma empresa também influenciará o seu grau de internacionalização. Assim, “a internacionalização deixa de ser somente uma questão de mudar a produção para o exterior e passa a ser percebida mais como a exploração de relacionamento potenciais além-fronteiras”. (HEMAIS; HILAL, 2002, p. 31)

2.3.3 O empreendedorismo internacional

Esta teoria, apresentada por Andersson, se baseia na figura do empreendedor como motivador e iniciador do processo de internacionalização da empresa.

Amatucci (2009, p. 22) cita as 5 qualidades de um empreendedor dentro da firma:

Habilidade (ability) de enxergar novas combinações; a vontade de agir e de desenvolver essas ovas combinações; a visão de que agir de acordo com uma visão é mais importante do que os cálculos racionais; a habilidade de convencer outros a investir em projetos empreendedores; e o timing apropriado.

Além disso, a Network do empreendedor tem dois papeis importantes no empreendedorismo. Ela pode influenciar as suas decisões de internacionalização (como na escolha de mercados, por exemplo) e a obtenção de recursos para o investimento. (HEMAIS; HILAL, 2002; HEMAIS; HILAL, 2004)

Em adição, Andersson (2000 apud HEMAIS; HILAL, 2004) apresenta 3 tipos de empreendedores. O empreendedor de técnico, que tem como principal interesse o desenvolvimento técnico de produtos ou meios de produção. Este tipo de empreendedor não vê a internacionalização como prioridade, mas as suas ações podem levar a alguma oportunidade de exportação. Já o empreendedor de marketing trabalha para a abertura de mercados, e tende a ser mais proativo em relação à internacionalização. Segundo Andersson, este tipo de empreendedor pode ser levado a escolher mercados de acordo com as suas redes de relacionamento.

(30)

Por último, os empreendedores estruturais tendem a ver a organização como um todo, ou seja, têm a internacionalização como estratégia geral de estruturação da firma.

Desta forma, esta teoria defende que o empreendedor é o fator mais importante na escolha de modos de entrada, e isto influi em que empresas similares, que atuem no mesmo ambiente, tenham processos diferentes em razão do seu empreendedorismo individual (HEMAIS; HILAL, 2004).

O quadro 2 apresenta de forma sintetizada as teorias que foram expostas neste tópico.

Quadro 2 – A teorias de internacionalização.

Teoria Autores Argumento

Poder de Mercado

S. Hymer (1960)

a) Os IDEs não se comportam como o modelo clássico de fluxos de capitais (da menor para a maior taxa de juros), mas seguem a lógica das operações internacionais da firma. b) A lógica das operações internacionais da firma consiste em explorar vantagens de ownership e de controle. c) As vantagens de ownership são: (1) a prudência e o estímulo ao sucesso de quem investe o próprio capital; e (2) a presença física num mercado estrangeiro que elimina a concorrência dos exportadores para aquele mercado. d) As vantagens de controle são oriundas da transposição das imperfeições do mercado na exploração e ampliação do modelo de negócio da firma.

Ciclo do Produto R. Vernon

(1966, 1979)

a) As inovações são introduzidas nos países desenvolvidos e produzidas para seu mercado e para exportação enquanto é possível usufruir as vantagens de monopólio do produto. b) Quando a tecnologia é dominada e surgem concorrentes, a disputa de preços leva a produção para países de fatores mais baratos, utilizados como plataformas de exportação inclusive para o país de origem da inovação.

Internalização

P. Buckley e M. Casson

(1997)

a) As empresas contemporâneas têm um grande volume de atividades intermediárias ("indiretas").

b) As imperfeições dos mercados intermediários incentivam a firma a internalizar aquelas atividades através da

verticalização (integração).

Paradigma Eclético

J. Dunning (1980)

A internacionalização das empresas é explicada por três fatores conjugados:

a) Ownership como em Hymer.

b) Internalização como em Buckley e Casson.

c) Localização: a empresa internacionaliza-se de maneira a angariar vantagens de fatores locais (elementos do diamante de Porter) Escola de Uppsala J. Johanson e J. E. Vahlne (1977)

a) As empresas internacionalizar-se-ão gradualmente de acordo com a sequência a->s->p.

b) O gradualismo seguirá a distância psíquica entre o país de origem e sucessivos países hospedeiros.

(31)

O tópico em seguida teve como objetivo apresentar a internacionalização acelerada, representada pelas empresas born global.

2.4 INTERNACIONALIZAÇÃO ACELERADA

Indo contra as duas abordagens já apresentadas, que consideram a internacionalização como um processo gradual em que a velocidade é analisada implicitamente, existem empresas, principalmente de base tecnológica, que iniciam suas atividades internacionais logo após o seu surgimento, simultaneamente às atividades em âmbito nacional. Este tipo de empresa, por suas características, não necessita de um processo de aprendizado internacional antes de iniciar a sua participação internacional. Definidas como born globals, estas empresas apresentam um processo de internacionalização acelerada, e terão suas características expostas a seguir.

2.4.1 As born globals

Seguindo os aspectos da internacionalização acelerada surgem as empresas chamadas born globals. Segundo Cavusgil, Knight e Riesenberger (2009), o aumento da intensidade da concorrência internacional e das tecnologias de comunicação e transporte facilita o processo de internacionalização. Isto faz com que as empresas antecipem o processo e comecem a se internacionalizar já a partir do seu surgimento, ou seja, as empresas já não dependeriam do seu porte ou tempo de existência para iniciar o seu processo expansão internacional.

Dib (2008) apresenta a existência de empresas que, ao contrário do colocado pelas teorias tradicionais, desde o início das suas atividades já eram globais, daí a expressão born global. Já Ganistky (1989 apud Dib, 2008) não adotou a nomenclatura “born global”, mas propôs um estudo sobre mostrando a diferença entre os “exportadores inatos”, que já se estabelecem, desde a sua criação, para atender mercados estrangeiros, e os “exportadores adotivos”, que seriam aqueles que têm como foco o seu mercado local, e, com o passar do tempo, passam a adotar novos mercados internacionais em suas vendas.

(32)

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

No presente capítulo será realizada a revisão integrativa da literatura acerca dos artigos elencados na bibliometria sobre os temas propostos nos objetivos específicos. Ao total, foram elencados 24 artigos que tratam de grau (degree of internacionalization - DOI), velocidade de internacionalização (speed of internacionalization) e a relação entre os dois temas. Inicia-se com a abordagem dos artigos sobre grau de internacionalização, posteriormente sobre a velocidade de internacionalização, finalizando pela relação estabelecida pelos dois temas.

3.1 GRAU DE INTERNACIONALIZAÇÃO NAS PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS

Selecionaram-se 24 artigos para este estudo, sendo nove deles que trataram prioritariamente sobre o grau de internacionalização de empresas, através de estudos empíricos.

Destes, seis artigos apresentaram hipóteses sobre possíveis variáveis que influenciam o grau de internacionalização de uma firma, enquanto três analisaram a relação entre o grau de internacionalização e o desempenho da firma, ou seja, o grau de internacionalização como uma das variáveis para analisar a performance.

Os primeiros artigos a serem analisados nesta seção são os que apresentam variáveis para o grau de internacionalização. O quadro 3 esquematiza de forma sintetizada como o grau de internacionalização é apresentado em cada um dos artigos analisados.

Quadro 3 - Artigos que apresentaram o estudo de variáveis do Grau de Internacionalização

Autores

Temáticas abordadas no

Estudo

(33)

Cerrato; Piva (2012) O efeito da característica de empresa familiar na internacionalizaçã o da firma. Degree of internationalizatio n e level of internationalizatio n foram utilizados como sinônimos. Foram adotadas três unidades de medida para o grau de internacionalização das empresas familiares exportadoras: intensidade de exportação (vendas de exportação sobre vendas totais); Escopo geográfico (número de regiões para as quais a empresa exporta) e medida da diversificação

da internacionalização (regiões para as quais a

firma exporta, determinadas pela sua

importância).

Foram estudadas 1324 firmas italianas. Foi

identificado que o gerenciamento familiar influência na decisão à internacionalização, mas não no grau. Além disso,

o tempo de funcionamento da firma

estava positivamente ligado à sua expansão geográfica, o que sugere

um processo de internacionalização mais

gradual, que evolui a partir do conhecimento de mercado. Graves; Thomas (2006) A habilidade de uma firma em expandir internacionalment e é dependente de esta possuir as capacidades de gerenciamento necessárias para competir em um ambiente internacional. Os termos Degree of internationalizatio n, international expansion e export intensity são utilizados para tratar do grau de internacionalizaçã o. O grau de internacionalização foi medido pela proporção

entre as vendas de exportação e as vendas

totais. A partir disso as empresas foram divididas em três grupos: Domésticas, de

internacionalização moderada (exportações abaixo da média geral),

e altamente internacionalizadas (com intensidade de exportação acima da

média geral).

Foram analisados dados de empresas australianas em três

anos. Para firmas consideradas não

familiares, foi reconhecida uma relação positiva entre a

capacidade de gerenciamento e o grau

de internacionalização. Porém, esta relação não

foi identificada em empresas familiares. Mesmo assim, estas últimas conseguem alcançar um alto grau de

internacionalização. Kuivalainen e outros (2010) O efeito das capacidades organizacionais na internacionalizaçã o. Degree of internationalizatio n foi utilizado em sua abreviatura DOI. Grau de internacionalizaçã o e performance foram apresentados como variáveis diferentes. O grau de internacionalização foi

medido através das seguintes variáveis: taxa estimada de retorno dos mercados internacionais em 2002, taxa estimada de retorno dos mercados internacionais em 2003, porcentagem de clientes internacionais, porcentagem do faturamento advinda de mercados estrangeiros, quantidades de países

em que a firma opera (excluindo o país de origem) e quota de parceiros internacionais. Foram estudadas 124 pequenas e médias empresas da Finlândia. Os resultados mostraram que o aprendizado experimental relacionado às operações internacionais é um determinando tanto do grau quando da performance internacionais.

(34)

Lin; Cheng; Liu (2009) A influência da folga organizacional (organizational slack) na internacionalizaçã o. Degree of firm's internationalizatio n, degree of internationalizatio n. Em alguns momentos, o termo internationalizatio n foi utilizado para

descrever o grau de internacionalizaçã

o.

A internacionalização da empresa foi medida

através de: vendas estrangeiras (vendas ao

exterior sobre vendas totais), ativos estrangeiros (ativos estrangeiros sobre ativos totais) e dispersão geográfica (número de países em que a empresa possui

subsidiárias).

Foram estudadas 179 firmas taiwanesas de alta tecnologia. A folga

organizacional foi tida como indicador que influencia as decisões

estratégicas internacionais. Foi constatado que folgas de

alta discrição levam os gestores às decisões

que diminuem a sua internacionalização. Carpenter; Sanders (2004) O efeito do pagamento de top management teams na performance da empresa. Degree of internationalizatio n foi utilizado em sua abreviatura DOI.

O grau foi medido em três dimensões: porcentagem de vendas estrangeiras, porcentagem de produção estrangeira e dispersão geográfica de vendas. Foram estudadas 224 multinacionais americanas. Ao final do

estudo, foi identificado que baixas diferenças de

pagamento de top

management teams

beneficia a performance sobretudo em firmas que apresentam alto grau de

internacionalização.

Manolova, Manev e Gyoshev (2010)

O papel das redes de relacionamento no processo de internacionalizaçã o da firma. O termo internationalizatio n foi utilizado para

se referir ao grau de internacionalizaçã o. O grau de internacionalização foi medido através da proporção entre as vendas de exportação e as vendas totais. Foram estudadas 623 firmas da Bulgária. Foi

constatado que é importante que as firmas

tenham uma boa transição de entre uma

rede e a outra, para garantir o seu sucesso

internacional. Fonte: elaboração da autora, 2017.

No primeiro artigo listado, Cerrato e Piva (2012) realizaram um estudo acerca da influência das características familiares sobre a internacionalização de pequenas e médias empresas da Itália.

A primeira hipótese apresentada, e confirmada no estudo empírico, foi a de que o envolvimento familiar no gerenciamento da firma é negativamente ligado à internacionalização. Isto acontece porque empresas familiares tem menos acesso à recursos de gestão, trazendo uma dificuldade que cresce juntamente com o nível de internacionalização, ou seja, quanto mais elevado o grau, maior será a dificuldade relacionada aos recursos de gestão (CERRATO; PIVA, 2012).

A segunda hipótese apresentada por Cerrato e Piva (2012) diz respeito ao capital humano, e defende que este afeta a internacionalização de forma positiva. Segundo os autores, a falta de qualificação da mão-de-obra implica em uma barreira interna à internacionalização. Neste caso, a contratação de externos, que não

(35)

estejam no círculo familiar, pode contribuir com habilidades e conhecimentos que os gestores não possuíam, além de ser uma oportunidade de crescimento da rede de relacionamentos da empresa (o que também pode influenciar no grau de internacionalização da empresa, como apresentado em outros estudos explorados adiante).

Na terceira hipótese de estudo os autores questionaram sobre a influência positiva que acionistas estrangeiros tem sobre a internacionalização (CERRATO; PIVA, 2012). Trazendo esta hipótese, e confirmando-a no estudo empírico, os autores justificaram que essa participação estrangeira pode trazer mais conhecimento sobre os mercados estrangeiros. De fato, o estudo realizado constatou uma intensidade maior de exportações nas empresas que também são financeiramente internacionalizadas, quando comparadas com empresas de capital nacional.

Com relação ao grau de internacionalização, Cerrato e Piva (2012) argumentaram sobre a superficialidade de uma avaliação baseada apenas no número de vendas, que analisa somente a performance, ou no número de subsidiárias internacionais, uma vez que não diferencia o grau de importância de cada uma delas. Dessa forma, depois de realizar a divisão entre empresas familiares exportadoras e não exportadoras, os autores propuseram três medidas que foram analisadas separadamente.

A primeira medida é a de intensidade de exportação, medida pela divisão de vendas de exportação pelo número total de vendas. A segunda medida que foi utilizada é a de âmbito geográfico, em que foram divididos nove grupos de países, de acordo com suas regiões. Já a terceira medida foi o índice de entropia baseado em vendas. Para a sua medida, os autores partiram dos nove grupos geográficos já definidos, e desenvolveram uma fórmula com o intuito de considerar não só o número de regiões para os quais as empresas vendem, mas também a importância relativa de cada região individualmente.

Como resultado da análise do grau de internacionalização, Cerrato e Piva (2012) constataram que não se percebe diferença no grau de internacionalização quando a empresa tem gerentes familiares ou não-familiares. Segundo eles, a questão de gerenciamento familiar influencia a decisão de uma firma em se internacionalizar, mas após o início do processo, o grau é independente da característica familiar ou não-familiar da empresa.

(36)

Outra conclusão do estudo foi a de que a idade da firma (considerada no estudo como uma variável de controle) teve um efeito significativamente positivo sobre o âmbito geográfico. De acordo com os autores, este resultado está de acordo com as teorias que tratam a internacionalização como um processo gradual, em que a empresa ganha alcance geográfico à medida que aumenta seu conhecimento de mercado através da experiência (CERRATO; PIVA, 2012).

Um estudo também envolvendo empresas familiares e não-familiares foi desenvolvido por Graves e Thomas (2006), em que eles comparam as diferenças na capacidade de gestão das duas categorias de empresas, de acordo com o seu grau de internacionalização. Os autores argumentaram que a capacidade de uma firma em ter uma boa expansão internacional depende de uma boa capacidade de gestão a fim de desenvolver recursos para competir no mercado internacional. De acordo com os autores, dois dos determinantes da vantagem competitiva são recursos inimitáveis e insubstituíveis, e são estes recursos que ditarão as diferenças de performance entre firmas similares.

Nota-se também que durante o estudo os termos grau de internacionalização (degree of internationalization), expansão internacional (international expansion) e intensidade de exportação (export intensity) são utilizados para tratar do grau de internacionalização.

Para a realização do estudo empírico, as variáveis escolhidas foram: nível de negócio familiar, em que empresas com sua maioria possuída pela família e com pelo menos um membro familiar na gerência foram consideradas como empresas familiares; capacidades de gestão, medidas por nove variáveis, como por exemplo se a empresa possuía um plano de expansão internacional, se os empregados recebiam treinamentos profissionais ou de gerência; e grau de internacionalização, medido através da proporção entre as vendas de exportação e as vendas totais (GRAVES; THOMAS, 2006).

Ainda, a partir dos indicadores de grau de internacionalização, foram divididos três grupos de empresas: domésticas, de internacionalização moderada (intensidade de exportação abaixo da média encontrada pelo estudo), e de internacionalização alta (intensidade de exportação acima da média encontrada pelo estudo).

Após as análises, os autores Graves e Thomas (2006) constataram que os times de gerência de firmas não familiares tinham o seu tamanho associado positivamente ao grau de internacionalização, enquanto que, em comparação, os

(37)

times de gerência de empresas familiares são menores em empresas de internacionalização moderada e alta. Uma diferença também foi encontrada no treinamento profissional e de gerência dos empregados, em que as firmas caracterizadas como não familiares se sobressaíram.

Levando em consideração outros resultados do estudo empírico, Graves e Thomas (2006) destacaram que as capacidades gerenciais das empresas familiares tardam quando comparadas a empresas não familiares durante suas expansões internacionais, principalmente em altos níveis de internacionalização. Assim, observou-se uma relação positiva entre as capacidades gestoras das firmas não familiares e os seus graus de internacionalização.

Mesmo que esta relação positiva não tenha sido observada empiricamente no caso das empresas familiares, estas ainda têm a capacidade de atingir elevados graus de internacionalização. Isto se dá pela eficiência na utilização dos seus recursos para alavancar resultados positivos para a firma (GRAVES; THOMAS, 2006).

Já se tratando dos recursos e capacidades, o artigo de Kuivalainen e outros

(2010) apresentou uma análise do efeito das capacidades organizacionais na

internacionalização de 124 pequenas e médias empresas finlandesas. Ao apresentarem suas hipóteses, os autores realizaram também uma crítica às teorias já existentes, que, segundo eles, não conseguem explicar a dinâmica de internacionalização de empresas intensivas em conhecimento.

Os autores definiram dois tipos de conhecimento organizacional: a informação, considerada facilmente transferível, porém de difícil proteção, e o “know-how”, ou o “saber fazer” da empresa, que por estar incorporada aos funcionários, é de mais difícil transferência, porém de mais fácil proteção. Assim, firmas que conseguem, além de ganhar conhecimento, criar inovação através do conhecimento desenvolvido, garantem a sua vantagem competitiva (KUIVALAINEN et al., 2010).

Para a formação da primeira hipótese de pesquisa, os autores apresentaram que para o desenvolvimento das capacidades da empresa e do seu processo de inovação, é preciso considerar as chamadas capacidades de absorção da firma, que são definidas como “a capacidade para reconhecer, assimilar e aplicar informação a um uso” (KUIVALAINEN et al., 2010, p. 139, tradução nossa). Além disso, um outro aspecto considerado como influenciador do desenvolvimento das capacidades é a

(38)

internacionalização, que, sendo vista como uma prática empreendedora, pode influenciar o desenvolvimento de outras capacidades da empresa.

De acordo com Kuivalainen e outros (2010), as capacidades da firma estão enquadradas em quatro aspectos: financeiro, gerencial, tecnológico e de marketing.

A segunda hipótese parte da definição de grau de internacionalização como sendo um panorama da firma, em uma situação e temo específicos. Isto implica que todo o conhecimento já aplicado e acumulado durante a construção do processo de expansão internacional reflita no conhecimento atual e no grau de internacionalização da empresa. Portanto, os autores argumentaram que quanto mais experiência internacional a empresa possui, maior será o seu potencial para alcançar vastos grau e performance internacionais.

E a terceira hipótese de estudo considerou que as capacidades da firma (financeiro, gerencial, tecnológico e de marketing) refletirão positivamente tanto no grau quanto no desempenho internacional.

Para a comprovação das hipóteses, foram considerados dois indicadores: o desempenho internacional e o grau de internacionalização. O primeiro foi medido através de uma escala de pontuação subjetiva acerca dos seguintes aspectos: vendas, parcela de mercado e declarações relacionadas aos lucros. O segundo indicador, grau de internacionalização, foi medido através de uma combinação de seis itens: taxa estimada de retorno dos mercados internacionais em 2002, taxa estimada de retorno dos mercados internacionais em 2003, porcentagem de clientes internacionais, porcentagem do faturamento advinda de mercados estrangeiros, quantidades de países em que a firma opera (excluindo o país de origem) e quota de parceiros internacionais (KUIVALAINEN et al., 2010).

Os resultados encontrados confirmaram que o aprendizado experimental vindo de experiências profissionais é determinante da performance e do grau de internacionalização, e que o aumento deste último é influenciado positivamente pelas capacidades financeiras da firma.

Diferentemente, o resultado do estudo empírico mostrou uma relação negativa entre as capacidades de marketing e o grau de internacionalização. Segundo

Kuivalainen e outros (2010), isto pode ser explicado porque, ao adentrar um novo

mercado, os recursos de marketing utilizados para criar vantagem competitiva no mercado nacional poderão ser diferentes dos necessários para a criação da

(39)

vantagem internacional, e por isso deverão ser adaptados ao novo ambiente de marketing.

Porém, a questão das capacidades de marketing também foi tratada como limitação da pesquisa, uma vez que foram medidas apenas capacidades gerais, e não capacidades específicas do marketing internacional. Outra limitação apresentada foi a escolha de empresas atuantes apenas em um setor. Segundo

Kuivalainen e outros (2010), esta escolha representou uma amostra de variáveis

homogêneas, com poucas variações nas respostas. Por esta razão, um estudo com características de amostra menos homogêneas, que aborde mais de uma indústria, foi sugerido.

Outra possível variável para o grau de internacionalização foi apresentada no artigo de Lin, Cheng e Liu (2009). Em seu estudo, os autores introduzem o conceito de folga organizacional (organizational slack), que representa alguns recursos possuídos pelas empresas que seriam guardados quase como garantias, como “amortecedores” (cushion), protegendo as firmas em casos de pressões externas, mas permitindo o início de mudanças estratégicas.

Seguindo esta definição, Lin, Cheng e Liu (2009) apresentaram que folgas organizacionais podem ser moderadoras da inovação e da internacionalização. Para empresas com poucas folgas organizacionais, o processo de expansão internacional acontece de forma mais cautelosa, com esforços para redução de riscos de entrada. Já as firmas com folgas organizacionais altas conseguem responder melhor às oportunidades de expansão internacional que se apresentam.

Para comprovar essa influência da folga organizacional sobre a internacionalização, os autores realizaram um estudo com 179 firmas tailandesas de alta tecnologia, medindo estes dois fatores.

A folga organizacional foi separada entre “de alta discrição” e “de baixa discrição”, medidos através de indicadores financeiros. O grau foi medido através de “vendas estrangeiras” (vendas ao exterior sobre vendas totais), “ativos estrangeiros” (ativos estrangeiros sobre ativos totais) e “dispersão geográfica” (número de países em que a empresa possui subsidiárias).

Nos resultados, os argumentos apresentados pelos autores foram sustentados, indicando que as folgas organizacionais realmente influenciam as decisões estratégicas acerca da internacionalização (LIN; CHENG; LIU, 2009).

Referências

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