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Graus de intervenção

No documento Diane Pacheco dissertacao (páginas 43-46)

2.1 Património

2.1.3 Graus de intervenção

Os tipos de intervenção a aplicar no património, podem englobar a manutenção, preservação, restauro, reconstrução e adaptação. Orbasli (2008) refere que as intervenções podem reunir a combinação de vários graus em apenas uma obra. A aplicação dos graus de intervenção tem um papel fundamental para um arquiteto, uma vez que são os mesmos que definem o impacto que a intervenção terá no bem patrimonial.

Conservação - A conservação do património é fundamental para a sua proteção, desta forma o conceito é descrito na Carta de Cracóvia como:

Conjunto das atitudes de uma comunidade que contribuem para perpetuar o património e os seus monumentos. A conservação do património construído é realizada, quer no respeito pelo significado da sua identidade, quer no reconhecimento dos valores que lhe estão associados. (Carta de Cracóvia, 2000, citado por Correia & Lopes, 2004, p.295)

Feilden (2004) esclarece que o conceito geral de conservação compreende tudo o que prolonga a vida de um bem patrimonial, abrangendo a manutenção, reparação, consolidação e reforço. González-Varas (2005) partilha o mesmo parecer que Feilden, definindo a conservação de modo geral como uma intervenção que visa a prolongação da vida dos materiais do bem patrimonial a proteger. Contudo o mesmo autor refere que existem dois géneros de conservação, sendo estas conhecidas como conservação preventiva ou indireta, que consiste em intervenções não aplicadas diretamente na estrutura do objeto e intervenção direta, na qual a operação recai na sua estrutura, complementando-se com a consolidação e manutenção.

Prevenção - Muñoz Viñas (1998) e Gonzálvez-Varas (2005) elucidam de forma semelhante que este grau é similar ao de conservação, porém num sentido mais estrito. Contudo Muñoz Viñas descreve o ato de preservar como o gesto de precaver que um bem patrimonial se altere como o passar do tempo, mantendo a sua forma, estado e uso original. Por sua vez Gonzálvez-Varas refere-se ao termo preservação no sentido de salvaguarda do bem arquitetónico perante possíveis perigos e danos. Por sua vez Stubbs (2009) vai

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ao encontro Gonzálvez-Varas partilhando a mesma opinião referindo que este grau consiste em proteger o bem arquitetónico evitando danos, realizando a manutenção e protegendo, assim, o bem de deterioração.

Manutenção - O grau de manutenção é descrito por Orbasli (2008) como uma reparação continuada, onde são utilizados os materiais tradicionais. A manutenção engloba também a manutenção integrada, medidas preventivas, vigilância permanente e manutenção regular.

Gonzálvez-Varas (2005) refere a importância da manutenção do património arquitetónico, sendo essencial uma vez que pode evitar intervenções mais diretas sobre os bens.

Consolidação - Gonzálvez-Varas (2005) menciona que a consolidação é uma prática que reforça a estrutura, e a consistência dos materiais que integram o bem patrimonial.

Orbasli (2008) na sua obra descreve este grau como sendo “intervenções físicas realizadas para impedir uma maior deterioração e instabilidade estrutural” (Orbasli, 2008, p.211).

Restauro - O restauro é considerado como uma parte integrada da conservação segundo Warren (1999), sendo a continuação da conservação quando a mesma já não é suficiente.

Gonzálvez-Varas (2005) refere que o grau de restauro se encontra ligado à intervenção direta, aplicada para preservar um bem patrimonial que se encontre deteriorado devido ao passar do tempo, neste caso é possível executar uma intervenção de restauro, se o mesmo não alterar ou falsificar a sua natureza documental.

Segundo Correia (2009) o restauro implica a busca da história original do objeto, que deve ser baseada por evidências arqueológicas, desenhos ou documentos originais e pela reintegração de detalhes e partes.

Recuperação - Este grau é descrito por Gonzálvez-Varas (2005) como uma revalorização ou recuperação de um bem cultural, que se encontre privado das suas funções devido a vários fatores tais como degradação ou abandono e que se aceite a potencialidade de ser reutilizado.

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Reabilitação - Feilden e Jokilehto (1998), recomendam “utilizar o mais próximo

possível, a função original, de modo a se assegurar um mínimo de intervenções e uma perda mínima de valores culturais” (Feilden e Jokilehto, 1998, p.90). Contudo referem também que o bem arquitetónico se deve adaptar às necessidades dos dias de hoje, sendo necessárias instalações sanitárias, sistemas de aquecimento, etc.

Petzet (2004) é de opinião que se deve minimizar as construções modernas no tecido urbano dos centros históricos, sendo que desta forma se pode encontrar a solução para o incentivo da realização da reabilitação, evitando o abandono dos centros devido à degradação. Correia (2009) completa a ideia dizendo que “hoje em dia, para evitar a degradação devido à falta de uso, é fundamental abrir a reabilitação a outros usos integrativos, respeitando os espaços originais e a estrutura (Correia, 2009, p.96).

Renovação -Feilden e Jokilehto (1998) descrevem a renovação como o ato de conservar os bens patrimoniais, “utilizando materiais compatíveis e técnicas tradicionais de primordial importância” (Feilden e Jokilehto, 1998, p.70).

Porém na opinião de González-Varas (2005), a renovação é uma condição nova que deve implicar uma melhoria ou atualização, ganhando uma importância cultural ou mesmo espiritual. O autor refere que este grau se aplica em particular no urbanismo, associado à renovação urbana, que visa a atualização das suas características por meio de novas atividades económicas e sociais.

Revitalização - Feilden e Jokilehto (1998) consideram que este grau de intervenção, deve encontrar um equilíbrio entre a conservação e o desenvolvimento, os autores explicam que “a revitalização de uma área histórica economicamente decadente pode exigir a reabilitação de um grande número de habitações típicas, bem como de edifícios (redundantes) obsoletos” (Feilden e Jokilehto, 1998, p.91). González-Varas (2005) também reforça a ideia que a revitalização se desenvolve num contexto de recuperação urbana, integrando medidas que visam o melhoramento da vitalidade social ou económica de um conjunto patrimonial.

Regeneração - A regeneração para Orbasli (2008) é um processo desenvolvido a longo prazo, que tem como foco o desenvolvimento económico, visando novos projetos de construção e o urbanismo. Correia (2009) chama a atenção para a diferença entre a renovação urbana em comparação com a

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regeneração urbana, uma vez que este grau de intervenção se encontra relacionado com um ambiente associado às atividades económicas.

Anastilosis - Jokilehto (1986) explica que a principal diferença entre este tipo de intervenção e a reconstrução, é que a anastilosis emprega o material original disponível no local, sendo que na reconstrução é aplicado um material novo. Correia (2009) menciona que este grau de intervenção passa pela operação de recomposição de bens arquitetónicos, com os materiais originais que se encontrem caídos e dispersos na evolvente do edifício.

Reconstrução - González-Varas (2005) indica que este tipo de intervenção deve ser aplicado apenas em circunstâncias históricas excecionais tais como acontecimentos traumáticos que provocaram a destruição de um bem, como por exemplo guerras, terramotos, fogos, etc. No entanto, Correia (2009) chama a atenção relativamente à utilização dos novos materiais, a reconstrução não deverá apresentar a pátina do tempo, uma vez que deve ser visível que não é constituído com o material original, apesar de ter sido realizado com rigor documental.

Relocação - Stubbs (2009) refere que uma intervenção desta natureza só deve ser aplicada quando não existe outra forma de se proteger e salvar um bem patrimonial, nesse caso recorre-se a relocação do mesmo, por vezes transportado por inteiro ou desmontado e montado em outro local.

No documento Diane Pacheco dissertacao (páginas 43-46)

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