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Defesa Nacional

6 PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM DEFESA: SISTEMAS DE ENSINO CIVIL E MILITAR

6.4 GRUPOS DE PESQUISA E SOCIEDADES CIENTÍFICAS

Tão importantes quanto os programas de pós-graduação, são os grupos de pesquisa, liderados por pesquisadores e docentes de instituições de ensino, nascedouros da pesquisa científica e responsáveis pela geração, uso, e disponibilização de conhecimento.

Segundo a literatura na área, especialmente Ceron (2012), já anteriormente mencionada por ter desenvolvido pesquisa na área, há grupos de pesquisa nos programas de pós-graduação em áreas do conhecimento afins, que estudam temas relacionados à defesa nacional.

Em busca realizada no portal do CNPq, os grupos que serão abordados nos parágrafos seguintes não foram localizados, contudo, sua existência é certificada em suas respectivas instituições. Cumpre ressaltar que, devido às limitações desta pesquisa, estes grupos serão citados, porém não serão objeto de análise.

Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) há dois que se destacam. É o caso do Grupo de Pesquisa de Política Internacional, constituído de pesquisadores na área de Relações Internacionais, Direito e Ciências Sociais. O grupo está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em História Comparada. Entre as linhas de pesquisa existentes, duas se destacam pela pertinência aos temas de

defesa: Defesa Nacional e Segurança Internacional; e História Comparada das Instituições e Formas Políticas.69

O outro é o Laboratório de Estudos sobre os Militares na Política (LEMP), cuja temática aborda a relação das Forças Armadas comos processos políticos, em qualquer tempo e lugar. Na área de Defesa, o LEMP privilegia o estudo do Estado, analisado no plano teórico e no processo histórico brasileiro. O LEMP é vinculado ao Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. 70

Na Sociologia da PUC-Rio, há o grupo de pesquisa “Núcleo de Estudos Sociais das Instituições Militares Brasileiras”, que estuda as mudanças socioculturais e institucionais das Forças Armadas Brasileiras e os seus efeitos sobre as práticas da corporação militar, destacando-se àquelas ligadas à formação profissional. Tal grupo conta com fomento do Pró-Defesa da CAPES71.

Segundo registrado na Ficha de Avaliação do Programa (2013), expedida pela CAPES, o programa participou, no triênio 2010-2012, de um programa do Pró-Defesa (financiado pela CAPES/Ministério da Pró-Defesa) junto com a pós-graduação de Relações Internacionais da UNB e a Escola de Guerra Naval (EGN).

Ainda na Região Sudeste do País, cabe destacar as atividades realizadas pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), por meio do Centro de Pesquisas Estratégicas Paulino Soares de Sousa, criado em 2005. Tal Centro tem a finalidade de canalizar iniciativas de pesquisas e divulgação do Pensamento Estratégico nas seguintes modalidades: estudos relativos à História Militar e Tecnologia Militar, estudos sobre autores expoentes do Pensamento Estratégico na tradição brasileira, bem como estudos voltados aos principais problemas estratégicos que afetam o Brasil na atualidade, discutidos em duas linhas de pesquisa: Tecnologia Militar e História do Pensamento Estratégico e Problemas Estratégicos72.

69Grupo de pesquisa de política internacional. Disponível em:

<:http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0202709Q2CJTNW.>. Acesso em: 13 nov. 2013.

70

Laboratório de estudossobre militares na política. Disponível em: <http://www.lemp.ifcs.ufrj.br/aln.html.> Acesso em: 13 nov. 2013.

71 Projetos de pesquisa. Disponível em: <http://www.cis.puc-rio.br/laborat.html>/ Acesso em: 13 nov. 2013.

72 Apresentação Centro. Disponível em:

<http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/index.php?option=com_content&task=section&id=31&Itemid= 64>. Acesso em: 13 nov. 2013.

Além dos grupos de pesquisa existentes na região sudeste, há que se destacar iniciativas realizadas na Região Nordeste do País.

Na Universidade de Fortaleza (UNIFOR), no Centro de Ciências Jurídicas, há o grupo de pesquisa “Direito e Relações Internacionais, Segurança e Reforma do Estado”, cujo objetivo é fomentar pesquisas na área de segurança internacional e estudos estratégicos, com ênfase nos impactos sobre os processos regionais de integração e sobre o tratamento legal de tema como o terrorismo, a biossegurança e os conflitos internacionais73.

Ainda em Fortaleza, há o Observatório das Nacionalidades, fundado em 2004, que se constitui em um grupo de pesquisa multidisciplinar voltado para estudos teóricos e empíricos concernentes à construção das nações. O Observatório reúne pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e da Universidade Federal Fluminense (UFF). O grupo trabalha com as seguintes linhas de pesquisa: Internacionalismo e nacionalismo; Forças Armadas e Pensamento Militar; e Construção da Nacionalidade Brasileira74.

Outro projeto representativo foi o "Consórcio Forças Armadas Século XXI", fomentado pelo Pró-Defesa, da CAPES, realizado entre 2006 e 2009. Seu objetivo era implantar redes de cooperação acadêmica na área de defesa nacional, para a produção de pesquisas científicas e tecnológicas e a formação de recursos humanos pós-graduados buscando, dessa forma, contribuir para desenvolver e consolidar o pensamento brasileiro na área de defesa. O projeto teve como instituição-líder o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas, sob a coordenação geral de Celso Castro. Participaram também do projeto oPrograma de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), sob a coordenação de João Roberto Martins Filho, e o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA), da Universidade Federal do Pará, sob a coordenação de Durbens Martins Nascimento.

O referido projeto contou, ainda, com dois núcleos de pesquisa e documentação: o Arquivo de Política Militar Ana Lagoa, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o Observatório de Estudos de Defesa da Amazônia, da

73Grupos e linhas de pesquisa do Nupesq CCJ. Disponível em:

<http://www.unifor.br/index.php?option=com_content&view=article&id=346&Itemid=756> Acesso em: 13 nov. 2013.

74 Observatório das Nacionalidades. Disponível em: <http://www.nacionalidades.net/index.php> Acesso em: 13 nov. 2013.

Universidade Federal do Pará (UFPA). O projeto trouxe, como resultado, a orientação de várias dissertações e teses defendidas no período, a publicação de livros e artigos sobre a temática, distribuídos nas três linhas de pesquisa de atuação do Consórcio: Democracia e Forças Armadas; Defesa da Amazônia; e Forças Armadas, tecnologia e sociedade. 75

Igualmente importante é destacar os grupos de pesquisa efetivamente registrados no CNPq. Em consulta realizada em fevereiro de 2015 naquele portal, em uma consulta parametrizada, utilizando os termos de busca defesa e segurança, foram localizados 14 grupos de defesa em instituições brasileiras. Os resultados compõem o quadro a seguir.

Quadro 3 – Grupos de pesquisa registrados no CNPq na área de Defesa e Segurança

Instituição Grupo Líder 2º Líder predominante Área

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Centro de Estudos Internacionais sobre Governo Luis Gustavo

Mello Grohmann Aurélio Marco Chaves Cepik

Ciências Humanas

Universidade

Federal Fluminense Defesa, Ciência & Tecnologia e Política Internacional

Luiz Pedone - Ciências Humanas Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Economia Política do

Desenvolvimento Luis Manuel Rebelo Fernandes - Ciências Humanas Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Gestão de Segurança

Cibernética Leonardo Rocha de Oliveira - Ciências Sociais Aplicadas Universidade Federal do Rio de Janeiro Grupo de acompanhamento e análise de terrorismo internacional

Alexander Zhebit - Ciências Humanas

Universidade

Federal de Sergipe Grupo de Estudos Comparados em Política Externa e Defesa Érica Cristina Alexandre Winand Lucas Miranda Pinheiro Ciências Humanas

75 Consórcio Forças Armadas Século XXI. Disponível em:<http://cpdoc.fgv.br/cfa21 ;http://www.arqanalagoa.ufscar.br/; http://www.obed.ufpa.br/> Acesso em: 13 nov. 2013.

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional Suzeley Kalil Mathias Héctor Luis

Saint Pierre Humanas Ciências

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Grupo de pesquisa de

política internacional Alexander Zhebit - Humanas Ciências Universidade Federal de Santa Catarina Laboratório de Estudos em Direito Aquaviário e Ciência da Navegação

Wilson Pacheco Eduardo Antonio Temponi Lebre Ciências Sociais Aplicadas Universidade

Federal Fluminense Laboratório de Integração Sul Americana

Thomas

Ferdinand Heye Camilo Alves Vagner Humanas Ciências Universidade

Candido Mendes Núcleo de Estudos em Geopolítica, Relações Internacionais, Direito e Defesa

Lier Pires

Ferreira Guilherme Sandoval Góes

Ciências Humanas

Universidade de

Fortaleza Núcleo de Estudos Internacionais - NEI Antonio Walber Matias Muniz -

Ciências Sociais Aplicadas Universidade Federal de Pernambuco

O Brasil e as Américas Marcos Aurelio Guedes de Oliveira - Ciências Humanas Universidade Federal da Paraíba Observatório de Economia e Política das Relações Internacionais - OEPRI Henrique Zeferino de Menezes Marcos Alan Shaikhzadeh Vahdat Ferreira Ciências Humanas Fonte: CNPq, 2015

Figueiredo (2010) assinala que, apesar da negligência com que os assuntos militares foram tratados pelas universidades, ao longo do período da ditadura, houve a produção de trabalhos de qualidade, dentro e fora do país, realizados por estudiosos, já nos anos 1970. Todavia, com o início da transição democrática, tornava-se necessário a produção de investigações referentes à identificação e a proposição de novos padrões que passaram a reger as relações entre militares e a sociedade (FIGUEIREDO, 2010).

Entretanto, apesar de todo esforço percebido pelas instituições de ensino e pesquisa, a oferta de disciplinas e programas de pós-graduação que tematizem o militar e os assuntos relacionados ao uso da força “ainda é rarefeita e precária”. (DOMINGOS NETO, 2013, p. 51). Este autor destaca que “poucas são as

instituições capazes de ofertar cursos de História Militar, Sociologia das Corporações Militares, História do Pensamento Estratégico ou Economia de Defesa”.

No Brasil, a sociedade científica na área de Defesa é representada pela Associação Brasileira de Estudos de Defesa (ABED). Congrega pesquisadores que desenvolvem estudos e pesquisas sobre Defesa Nacional, Segurança Nacional e Internacional, guerra epaz, História Militar, relações entre Forças Armadas e sociedade, e ciência e tecnologia no âmbito da base industrial de defesa (ABED, 2012).

A ABED foi criada em 2005, por ocasião da reunião do Grupo de Trabalho "Forças Armadas, Estado e Sociedade", durante o Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduações em Ciências Sociais (ANPOCS), em Caxambu, MG. A iniciativa resultou do reconhecimento de que a área havia adquirido lugar expressivo no Brasil, daí a necessidade de uma entidade capaz de congregar a comunidade acadêmica dessa temática (ABED, 2012).

A ABED promove, sistematicamente, eventos técnico-científicos anuais que reúnem pesquisadores, políticos, empresários e estudantes interessados em discutir temas de defesa. São apontados pelos pesquisadores como um momento privilegiado de debate e de consolidação dos Estudos de Defesa no Brasil.

Desde 2007, a ABED realizouoito encontros anuais. O evento de 2013, na cidade de Belém – PA, norte do País, contou com a participação de 600 inscritos. Os eventos de 2012 e 2013 tiveram seus anais publicados e disponibilizados no site da instituição.76

A partir de 2014, passou a editar a Revista Brasileira de Estudos de Defesa (RBED), periódico acadêmico semestral que publica artigos científicos, ensaios e resenhas relacionados à área de Defesa e Segurança internacional.77

O quadro a seguir apresenta os eventos realizados, a instituição de ensino superior que o promoveu junto com a ABED, e o tema central que marcou cada encontro (ABED, 2012).

76 Disponível em:<http://www.abedef.org/conteudo/view?ID_CONTEUDO=68>. e http://www.abedef.org/conteudo/view?ID_CONTEUDO=69 Acesso em: 30 mar.2015.

Quadro 4 – Encontros Nacionais da ABED (2007/2014)

ANO IES TEMA CENTRAL

2007 UFSCAR - SP Defesa, Segurança Internacional e Forças Armadas

2008 UFF – RJ Defesa Nacional

2009 UEL – PR Estratégia Nacional de Defesa

2010 UNB – DF Defesa e a Segurança na América do Sul

2011 UFCE- CE Democracia, Defesa e Forças Armadas

2012 São Paulo Pensamento Brasileiro em Defesa

2013 UFPA - PA Defesa da Amazônia

2014 UNB e Instituto Pandiá Calógeras

Defesa e Segurança do Atlântico Sul.

Fonte: ABED, 2014. Sistematizado pela autora.