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WHOQOL BREF não fumante

fumante ex-fumante p-valor

Físico 63,2±15,0 27,0±12,5 34,6±13,9 0,0001*

Psicológico 71,5±8,0 36,3±11,5 47,5±6,3 <0,0001*

Social 55,8±19,5 37,1±24,6 43,3±17,5 0,0085*

Meio Ambiente 51,2±15,7 28,8±9,8 25,3±6,3 0,0001* Geral 68,9±19,5 29,4±20,0 36,3±15,0 <0,0001* Fonte: Protocolo da pesquisa, 2010.

* p-valor significativo

As médias e erros-padrões dos domínios do WHOQOL-BREF (%) nos grupos não fumante, fumante e ex-fumante foram mostradas na Figura 7.

NF F EF NF F EF NF F EF NF F EF NF F EF 0 20 40 60 80 100

Físico* Psicológico** Social*** Meio Ambiente**** Geral*****

W HOQ OL -BRE F (% )

Figura 7. Médias e Erros-Padrões dos domínios do WHOQOL-BREF (%) nos 63 idosos institucionalizados dos grupos não fumante, fumante e ex-fumante, Brasília-DF, 2010.

p-valor = 0,0001*, p-valor <0,0001**, p-valor = 0,0085***, p-valor = 0,0001****, p-valor <0,0001*****

NF: Não Fumante F: Fumante EF: Ex-fumante

Objetivo específico 9

Comparar os domínios de qualidade de vida (WHOQOL-OLD) nos idosos dos três grupos da pesquisa.

A análise da qualidade de vida realizada através do questionário WHOQOL-OLD, mostrou que o grupo não fumante obteve melhores resultados em todos os domínios, quando comparados com os grupos fumante e ex-fumante (Tabela 10).

O estudo minucioso do domínio funcionamento dos sentidos (FS) mostrou que o grupo não fumante (76,7±20,0) foi significativamente diferente dos demais grupos, com p- valor<0,0001 (significativo). Não houve diferença significativa entre os grupos fumante (39,7±19,1) e ex-fumante (38,1±18,0),obtendo-se p-valor>0,05.

O estudo do domínio autonomia (AUT) mostrou que o grupo não fumante (58,0±14,0) foi significativamente diferente dos grupos fumante (38,4±9,1) e ex-fumante (32,5±14,7), com p-valor <0,0001 (significativo). Por outro lado, não houve diferença significativa entre os grupos fumante e ex-fumante (p-valor>0,05).

O resultado do estudo do domínio Atividades Passadas, Presentes e Futuras (PPF) revelou que o grupo não fumante (56,1±16,8) apresentou qualidade de vida significativamente

melhor do que os grupos fumante (26,6±13,4) e ex-fumante (30,6±12,3), com p-valor <0,0001. Não houve diferença significativa entre os grupos ex-fumante e não-

fumante (p-valor>0,05).

Quando foram realizadas as comparações referentes ao domínio participação social (PSO), notou-se que o grupo não fumante (60,4±16,4) apresentou melhores níveis de qualidade de vida em relação aos grupos fumante (17,8±16,9) e ex-fumante (25,0±16,4), obtendo um p-valor <0,0001 (significativo). Não houve diferença significativa entre os grupos fumante e ex-fumante (p-valor>0,05).

A avaliação da qualidade de vida realizada através do domínio morte/morrer (MEM) mostrou que o grupo não fumante obteve melhores níveis de qualidade de vida (79,9±16,1) do que os grupos fumante (37,2±19,5) e ex-fumante (55,0±21,4), com p-valor<0,0001 (significativo). Não houve diferença significativa entre os grupos fumante e ex-fumante (p- valor>0,05).

As comparações referentes ao domínio intimidade (INT) mostrou que o grupo não fumante (61,4±18,6) apresentou significativos melhores valores de qualidade de vida do que os grupos fumante (31,3±20,6) e ex-fumante (40,0±21,3), resultando no p-valor <0,0001 (significativo). Não surgiu diferença significativa entre os grupos ex-fumante e fumante. (p-valor>0,05) (Tabela 10).

Analisando-se o escore global de qualidade de vida do instrumento WHOQOL-OLD, encontrou-se que o grupo não fumante (72,3±10,9) possuiu significativos melhores valores de qualidade de vida do que os dos grupos fumante (45,5±10,1) e ex-fumante (49,5±9,8), com p- valor <0,0001 (significante). Entretanto, quando foi realizada a comparação entre os grupos fumante e ex-fumante, não surgiu diferença significativa entre os dois grupos (p-valor>0,05).

Tabela 10. Média e desvio padrão de cada domínio referente à qualidade de vida do questionário WHOQOL-OLD nos 63 idosos institucionalizados dos grupos não fumante, fumante e ex-fumante, Brasília-DF, 2010.

Domínios do WHOQOL- OLD

não fumante Grupos fumante ex-fumante

p-valor FS 76,7±20,0 39,7±19,1 38,1±18,0 <0,0001 * AUT 58,0±14,0 38,4±9,1 32,5±14,7 <0,0001 * PPF 56,1±16,8 26,6±13,4 30,6±12,3 <0,0001 * PSO 60,4±16,4 17,8±16,9 25,0±16,4 <0,0001 * MEM 79,9±16,1 37,2±19,5 55,0±21,4 <0,0001 * INT 61,4±18,6 31,3±20,6 40,0±21,3 <0,0001 * GLOBAL 72,3±10,9 45,5±10,1 49,5±9,8 <0,0001 * Fonte: Protocolo da pesquisa, 2010.

As médias e erros-padrões dos domínios do WHOQOL-OLD (%) nos grupos não fumante, fumante e ex-fumante são mostrados na Figura 8.

NF F EF NF F EF NF F EF NF F EF NF F EF NF F EF NF F EF 0 20 40 60 80 100

FS* AUT* PPF* PSO* MEM* INT* GLOBAL*

W HO Q O L- O LD (% )

Figura 8. Médias e erros-padrões dos domínios do WHOQOL-OLD (%) nos 93 idosos institucionalizados dos grupos não fumante, fumante e ex-fumante, Brasília-DF, 2010.

*p-valor <0,0001 NF: Não Fumante F: Fumante EF: Ex-Fumante

Objetivo específico 10

Avaliar a qualidade de vida nos idosos dos três grupos da pesquisa, conforme o vínculo afetivo.

Com relação às medidas de qualidade de vida do WHOQOL BREF, no escore global dos três grupos, conforme a presença ou ausência de vínculo afetivo, observou-se resultado significativo (p-valor = 0,0020*) apenas no grupo não fumante, no qual houve diferença estatística significante de qualidade de vida (WHOQOL BREF), pois o subgrupo com vínculo afetivo apresentou os mais altos escores de qualidade de vida (74,4±14,1) em relação àqueles sem vínculo afetivo (31,3±7,2). Entre os fumantes com vínculo afetivo, a média e desvio padrão foram 38,9±22,9 já os sem vínculo afetivo resultou em 21,6±13,8. No grupo ex- fumante com vínculo afetivo, a média e desvio padrão foram de 37,5±17,5 e os sem vínculo afetivo foram de 33,3±7,2. Portanto, não houve diferença significativa em relação ao vínculo afetivo nos grupos fumante e ex-fumante, obtendo p-valor>0,05 (Tabela 11 e Figura 9).

Tabela 11. Médias e desvios padrões do escore geral do WHOQOL BREF, conforme a presença ou ausência de vínculo afetivo, nos 63 idosos institucionalizados dos grupos não fumante, fumante e ex- fumante, Brasília-DF, 2010.

Grupos Grupos

Medidas de QV (WHOQOL-BREF) vs

VA fumante não fumante ex-fumante fumante fumante não fumante ex-

Com vínculo afetivo Sem vínculo afetivo

Média 74,1 38,9 37,5 31,3 21,6 33,3

Desvio Padrão 14,1 22,9 17,7 7,2 13,8 7,2

Fonte: Protocolo da pesquisa, 2010. *p-valor NF (Com/ Sem vínculo): 0,0020 p-valor F ( Com/Sem vínculo): 0,1286 p-valor EF ( Com/ Sem vínculo): 0,9427 QV: Qualidade de Vida/ VA: Vínculo Afetivo NF: Não Fumante

F: Fumante EF: Ex- Fumante

Figura 9. Frequência relativa (%) do escore geral de qualidade de vida, no WHOQOL BREF, conforme a presença ou ausência de vínculo afetivo, nos 63 idosos institucionalizados dos grupos não fumante, fumante e ex-fumante, Brasília-DF, 2010.

*p-valor<0,05 0 20 40 60 80 100

Não Fumante* Fumante Ex-Fumante

W H OQOL B re f Ge ra l (% )

As medidas do domínio global da qualidade de vida, no WHOQOL OLD, conforme a presença ou ausência de vínculo afetivo mostrou resultados significativos, confirmando que, nos três grupos, os idosos que possuem vínculo afetivo apresentam melhor qualidade de vida: não fumante (p-valor = 0,0020*), fumante (p-valor = 0,0021*) e ex-fumante (p-valor = 0,0082*) (Tabela 12 e Figura 10).

Tabela 12. Médias e desvios padrões do domínio global do WHOQOL OLD, conforme a presença ou ausência de vínculo afetivo, nos 63 idosos institucionalizados dos grupos não fumante, fumante e ex- fumante, Brasília-DF, 2010.

Grupos Grupos

Medidas de Qv (WHOQOL-OLD)

vs VA não fumante fumante ex-fumante fumante fumante não fumante ex-

Com Vínculo Sem Vínculo

Média 75,0 52,7 52,9 53,1 39,5 41,7

Desvio Padrão 8,4 9,6 9,9 5,9 6,0 0,8

Fonte: Protocolo da Pesquisa, 2010. *p-valor NF (Com/ Sem vínculo): 0,0020 *p-valor F (Com/ Sem vínculo): 0,0021 *p-valor EF (Com/ Sem vínculo): 0,0082 QV: Qualidade de Vida/ VA: Vínculo Afetivo NF: Não Fumante

F: Fumante EF: Ex- Fumante

0 20 40 60 80 100

Não Fumante* Fumante* Ex-Fumante*

W

HO

QO

L

OL

D

GL

OBAL

(%

)

Figura 10. Frequência relativa (%) do domínio global do WHOQOL OLD, conforme a presença ou ausência de vínculo afetivo, nos 63 idosos institucionalizados dos grupos não fumante, fumante e ex- fumante, Brasília-DF, 2010.

6 DISCUSSÃO

A longevidade é uma conquista, mas para alguns idosos pode representar um fardo, um castigo. Para o idoso, não deveria existir lugar melhor do que seu próprio lar, junto aos familiares. Porém, o lar pode ser um local com situação precária, que compromete o bem-estar e a vida.

O aumento da expectativa de vida das pessoas significou um novo desafio para a sociedade e para os indivíduos: desfrutar uma sobrevida maior, com melhor qualidade de vida. Com o avanço da idade, os riscos de ocorrência de doenças e incapacidades físicas, psíquicas e sociais aumentam e, consequentemente, deve haver mais preocupação e empenho por parte dos gerontólogos e geriatras em possibilitar o envelhecimento com manutenção da qualidade de vida.

A apresentação e descrição dos dados obtidos na coleta, a partir dos instrumentos de pesquisa, dividem-se quanto ao perfil dos entrevistados, ao vínculo afetivo, funcionalidade, dependência a nicotina, motivação para fumar e qualidade de vida.

No presente estudo, constatou-se que dos 93 idosos residentes na instituição pesquisada, 63 participaram do estudo, colaborando alegremente para a obtenção das informações contidas nos questionários da pesquisa. Estes se caracterizaram por apresentar estado cognitivo normal, o que se fazia imprescindível para a obtenção de resultados confiáveis nos testes e questionários aplicados.

Os sujeitos da pesquisa não se distribuíram de maneira homogênea quanto ao gênero, pois houve predomínio do masculino nos grupo fumante (n=16/ 80%) e ex-fumante (n= 8/ 80%). Tal achado assemelha-se às elevadas taxas observadas entre os idosos da Região Metropolitana de Belo Horizonte, sendo de 19,6% no gênero masculino, assim como naqueles do Município de Bambuí, MG, que foi de 31,4%. Contudo, nestes mesmos estudos a prevalência nas mulheres foi de 8,1% tanto em Belo Horizonte quanto no Município de Bambuí.(PEIXOTO et al, 2006).

Quanto às faixas etárias, os idosos com idade entre 70-79 anos tiveram prevalência neste estudo nos três grupos pesquisados: não fumante (54,6%), fumante (50,0%) e ex- fumante (60,0%). Tal fato corrobora, em parte, os achados de Halty et al., (1994) & Peixoto et al., (2006) que também demonstram diminuição da prevalência tabágica o aumento da faixa etária. Entretanto, deve-se realçar, mais uma vez, que tais pesquisas abordam idosos não institucionalizados

Com relação à escolaridade, notou-se um predomínio de idosos analfabetos nos grupos não fumante (66,7%), fumante (55%) e ex - fumante (40%). Pode - se levar em consideração que, antigamente, não havia necessidade, principalmente por parte das mulheres, de estudar, já que o papel delas na sociedade era o de cuidar da casa e dos filhos (BRODERSEN e HERMANN, 2006). O analfabetismo no idoso representa uma realidade nos países em desenvolvimento, como o Brasil.

Pôde-se observar que todos os indivíduos idosos da pesquisa não apresentam companheiro formal (não fumante (100%), fumante (100%) e ex- fumante (100%)) o que corrobora o que Oliveira et al (2010) afirmam: “As pessoas admitidas num asilo se tornam membro de uma nova comunidade, geralmente vivenciam uma radical ruptura de seus vínculos relacionais afetivos”. Independente da qualidade da instituição ocorre normalmente o afastamento da vida “normal”.

Nota-se ainda uma prevalência de indivíduos idosos que sofrem de alguma doença nos três grupos da pesquisa (não fumante (87,9%), fumante (100%), ex- fumante (100%)), porém não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos. Segundo INCA-CONPREV (2001), os efeitos adversos do tabagismo à saúde têm sido demonstrados há muitas décadas. Além de ser responsável por vários tipos de câncer, o tabaco também aumenta o risco de doenças cardiovasculares e respiratórias.

Com relação à variável saúde percebida, verificou-se que a maioria do grupo não fumante relatou uma saúde boa (69,7%), já nos grupos fumante (70%) e ex-fumante (80%) a maioria relatou uma saúde ruim. Tal achado também já foi verificado em estudo realizado por Hirdes e Maxwell (1994), no qual foi avaliada a QV de indivíduos idosos fumantes e não fumantes, sendo que os fumantes obtiveram pior percepção do estado de saúde. A diferença significante encontrada pode estar relacionada ao conhecimento que os sujeitos fumantes têm dos malefícios que podem ser desenvolvidos a longo prazo com a utilização do tabaco e, no caso do estudo de Hirdes & Maxwell (1994) realizado com idosos, destes sujeitos já obterem resquícios desse malefício na sua saúde geral. (KARINI, 2009). Apesar dos estudos citados acima, observa-se que no Brasil são raros os estudo de base populacional que avaliam a distribuição da auto-avaliação da saúde dos idosos.

Cortelletti et al. (2004) afirmam que a saúde é o estado de bem-estar físico, psicológico, social e espiritual que permite às pessoas realizarem suas atividades diárias com eficiência e autonomia. Muitos idosos que vivem em instituições asilares apresentam problemas de saúde, necessitando de cuidados especiais, às vezes permanentes, por terem perdido sua autonomia, por serem portadores de doenças crônicas ou de demências senis.

Ainda há os que lá se encontram por não terem família ou por terem sido abandonados por ela, por não terem quem os cuide ou onde morar e ainda por falta de condições econômicas. Os problemas de saúde podem ser gerados ou agravados por alguma dessas causas, como solidão e baixo nível socioeconômico.

Das doenças tabaco-relacionadas, nota-se a prevalência de bronquite, enfisema e osteoporose de maneira significante nos grupos fumante e ex- fumante, quando comparados com o grupo não Fumante. Gomes (2006) afirma que as duas causas mais comuns de obstrução crônica de vias aéreas são bronquite e enfisema, frequentemente coexistindo nos pacientes com DPOC. Cerca de 80 a 90% dos casos de DPOC são causados por tabagismo, sendo que um fumante tem 10 vezes mais probabilidade do que um não fumante de morrer devido a DPOC. Assim, todos os fumantes ou ex-fumantes devem ser considerados com risco de DPOC. Segundo Torres & Goddoy (2004), os fumantes têm maior prevalência de sintomas respiratórios e a obstrução das vias aéreas é mais comum entre fumantes que em não fumantes.

Para HALTY e HÜTTER (2007), a fumaça do cigarro exerce vários efeitos sobre o trato respiratório, tanto do fumante ativo quanto do fumante involuntário, trazendo sequelas como destruição tecidual, acúmulo de secreções, falta de ar decorrente do comprometimento da trocas gasosas, perda gradual do indivíduo na execução das atividades da vida diária, dentre outras. As principais queixas clínicas iniciais relacionadas ao fumo são a presença de tosse e pigarro, a falta de ar e acúmulo de secreção.

Para Villanova et al. (2001), além dos efeitos citados anteriormente, o fumo também pode causar perda dos movimentos ciliares, hipersecreção de muco, fibrose da parede brônquica, aumento da resistência bronquial à ventilação pulmonar, diminuição de oxigênio, edema de mucosa e broncoespasmo, alteração nos valores funcionais respiratórios e DPOC.

Além das doenças respiratórias, também houve uma prevalência de osteoporose nos grupos fumante (15%) e ex- fumante (30%) em relação ao grupo não fumante (0%).

GOMES (2002) relata que tabagismo é o fator de risco para o desenvolvimento da osteoporose e deve ser evitado na profilaxia dessa doença. O efeito antiestrogêncio da nicotina concorre para explicar a relação da incidência de osteoporose com o tabagismo. Outro mecanismo descrito na literatura é o de que os produtos nocivos do fumo são fatores preditivos para deficiência de vitamina D, por meio do decréscimo do ácido fólico das hemácias, que contribui para a queda da hidroxivitamina D3. Esta última está associada à alteração da densidade mineral óssea e predisposição à osteoporose.

De alta prevalência nos 3 grupos da pesquisa destacou–se a HAS: não fumante (63,6%); fumante (55%) e ex- fumante (60%). A velhice é uma etapa da vida na qual as pessoas são mais suscetíveis às doenças e algumas patologias crônicas estão dentro do quadro de normalidades desta fase da vida. A longevidade acarreta uma prevalência de doenças crônicas. De 10% a 15% dos brasileiros são hipertensos, mas esse percentual sobe para 30% a 55% quando se trata de população idosa (Costelletti et al., 2004). Para Stewart et al (1994), quando a velhice está associada ao fumo, há também uma contribuição para a hipertensão arterial, já que embora o fumo não seja um fator de risco para o desenvolvimento da hipertensão arterial, sabe-se que fumar está associado com um aumento na variabilidade da pressão arterial e que hipertensos que fumam têm maior risco de desenvolverem hipertensão maligna, nefroesclerose e de morrer de hipertensão arterial.

A realidade observada, principalmente em relação às condições de saúde dos idosos, demonstra a urgência de ações voltadas à melhoria das condições de atenção à saúde nas instituições, através de capacitação dos profissionais.

Com relação à presença de vínculo afetivo, constatou-se que o grupo não fumante (87,9%) apresentou maior proporção de idosos com vínculo afetivo em relação aos grupos fumante (45%) e ex- fumante (60%). Carvalho (2008) relatou que os idosos que mantém algum nível de vínculo afetivo, não necessariamente um vínculo marital, são menos dependentes da nicotina.

Em relação ao perfil de funcionalidade da amostra estudada, observou-se que o grupo não fumante apresentou maior concentração na categoria “Independente” (78,8%) em relação aos grupos fumante (45,5%) e ex-fumante (40,0%). Já a variável “Dependência Importante” teve maior prevalência nos grupos fumante (40,0%) e ex-fumante (50,0%) do que no grupo não fumante (9,1%). Silva Filho (2007) relata que fumantes e ex-fumante apresentaram incapacidade laboral e doméstica, quando avaliados pela Escala de KATZ, mais frequentemente que o grupo não fumante, ressaltando assim que o consumo de cigarro está associado à morte prematura por doença crônica, à perdas econômicas para sociedade e a uma substancial sobrecarga aos sistemas de saúde. O tabagismo não só aumenta o risco para doenças tabaco-relacionadas, como também pode levar à importante perda da capacidade funcional, por acelerar a perda da densidade óssea, força muscular e função respiratória.

Com a finalidade de avaliar os motivos para fumar no grupo fumante, foi aplicada a Escala Razão Para Fumar Modificada, que analisa 7 componentes, sendo que os componentes com maior pontuação foram “Prazer” e “Redução de Tensão-Relaxamento”. Este achado corrobora com o estudo de Rebelo (2008) em fumantes, no qual ele relatou que a principal

razão apresentada para fumar entre os indivíduos fumantes foi “combate ao stress”, seguida por “prazer” e “por convívio social”. Ainda quando correlacionado a variável Dependência Nicotínica e os Motivos para Fumar, através do coeficiente de correlação linear de Pearson, notou-se que há associação significativa da dependência nicotínica com 2 fatores da escala Razão Para Fumar: “Hábito/ Automatismo” e “ Manuseio”. Estes dados são de grande importância para outros pesquisadores que se interessem por esta linha de pesquisa, uma vez que dados apontando os motivos para fumar e correlacionado-os com a dependência nicotínica é escasso no meio científico.

Neste estudo, ainda foi analisado o grau de dependência nicotínica dos fumantes através do Questionário de Tolerância Nicotínica de Fagerström, no qual observou-se que a maioria dos fumantes apresentam alto grau de dependência nicotínica, indicando um predomínio da categoria Grave (80%). Este fato pode ser associado ao baixo preço do cigarro, que induz o indivíduo a consumir mais cigarros e consequentemente ficar mais dependente desta droga. Estudos no Brasil mostraram que o alto grau de dependência à nicotina está associado ao maior risco de fracasso no tratamento do tabagismo (CHATIKIN e KIRCHENCHTEJN, 2004). Até recentemente, a dependência resultante do consumo do tabaco não era classificada como dependência às drogas, em parte porque os danos à saúde não eram amplamente reconhecidos, e também, porque o hábito não era associado à intoxicação ou a comportamento não aceito socialmente. Os tempos mudaram e os resultados de muitos estudos levam inquestionavelmente à conclusão de que o consumo de tabaco acarreta dependência e que os processos farmacológicos e comportamentais que determinam a adição ao tabaco são similares àqueles que ocasionam a adição à outras drogas, tais como heroína e cocaína. (POMERLEAU, 2007).

Ao avaliar a qualidade de vida dos idosos institucionalizados, utilizando o questionário WHOQOL-BREF, notou-se que o grupo não fumante apresentou melhores escores de qualidade de vida em todos os domínios (Físico, Psicológico, Social, Meio Ambiente e Global) em relação aos grupos fumante e ex- fumante, sendo a diferença altamente significante entre os grupos.

A qualidade de vida, analisada através do questionário WHOQOL-OLD, também se mostrou significante no grupo não fumante em todos os domínios (Funcionamento dos Sentidos, Autonomia, Atividades Passadas/ Presentes/ Futuras, Participação Social, Morte/ Morrer e Intimidade) e Global) em relação aos grupos fumante e ex-fumante.

Assim, este estudo confirmou que os fumantes e ex-fumantes apresentaram escores de qualidade de vida inferiores e apresentaram incapacidades mais frequentemente que o grupo

não fumante. Esses resultados estão de acordo com o estudo de Schmitz et al. (2003), no qual constatou-se que os dependentes de nicotina apresentaram pior qualidade de vida e maior incidência de incapacidades do que os indivíduos sem dependência nicotínica.

Com relação à avaliação do Vínculo Afetivo, conforme a qualidade de vida, foram utilizados 2 questionários de qualidade de vida: WHOQOL-BREF e WHOLQOL-OLD e 1 questionário de Vínculo Afetivo. Em ambos os questionários de qualidade de vida notou-se que o valor da qualidade de vida é maior para indivíduos com vínculo afetivo, sendo que esse fato se confirmou nos 3 grupos da pesquisa não fumante, fumante e ex-fumante.

O processo natural de envelhecimento conduz o idoso à perda de seus entes queridos, que fazem parte de sua história de vida. Essa redução na rede de apoio social pode ser considerada como um dos fatores que culminam no processo de institucionalização. O idoso institucionalizado vê-se, em muitos casos, excluído de seu contexto familiar, perdendo o contato com parentes. Na nova realidade que se apresenta, o mesmo passa a enfrentar e a buscar novas formas de adaptação às mudanças, pois, em geral, já não conta com o apoio nem da família nem dos amigos (VIEIRA, 2003; MAZO et al., 2004).

As pessoas admitidas num asilo se tornam membro de uma nova comunidade. Geralmente vivenciam uma radical ruptura de seus vínculos relacionais afetivos, convivendo cotidianamente com pessoas com as quais não possuam qualquer vínculo afetivo. Independentemente da qualidade da instituição, ocorre normalmente o afastamento da vida “normal” (OLIVEIRA et al., 2010).

Os vínculos afetivos com a família e os amigos servem como medida preventiva contra o isolamento social, que sabidamente é fator de risco para depressão e suicídio, além de

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