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Afetividade, funcionalidade e qualidade de vida em indivíduos idosos institucionalizados tabagistas, ex-tabagistas e não tabagistas

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Stricto Sensu em Gerontologia

AFETIVIDADE, FUNCIONALIDADE E QUALIDADE DE VIDA EM INDIVÍDUOS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS TABAGISTAS, EX-TABAGISTAS E NÃO TABAGISTAS

Brasília - DF 2010

Autora: Tarsila Fagury Videira Secco Orientadora: Profa. Dra. Lucy Gomes Vianna Co-Orientador: Prof. Dr. Otávio de Toledo Nóbrega

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AFETIVIDADE, FUNCIONALIDADE E QUALIDADE DE VIDA EM INDIVÍDUOS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS TABAGISTAS, EX-TABAGISTAS E NÃO TABAGISTAS.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós – Graduação de Mestrado Stricto Sensu em

Gerontologia, da Universidade Católica de Brasília, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Gerontologia.

Orientadora: Profa. Dra. Lucy Gomes Vianna Co-Orientador: Prof. Dr. Otávio de Toledo Nóbrega

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7,5 cm 7,5cm

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

04/11/2010

S444a Secco, Tarsila Fagury Videira

Afetividade, funcionalidade e qualidade de vida em indivíduos idosos institucionalizados tabagistas, ex-tabagistas e não tabagistas. / Tarsila Fagury Videira Secco – 2010.

103f.; il.: 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2010. Orientação: Lucy Gomes Vianna

Co-Orientação: Otávio de Toledo Nóbrega

1. Afetividade. 2. Qualidade de Vida. 3. Assistência ao Idoso. 4. Tabagismo. I. Vianna, Lucy Gomes, orient. II. Nóbrega, Otávio de Toledo, co-orient. III. Título.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, Nossa Senhora Desatadora dos Nós e Santa Anna, fontes de inspiração e paciência.

Aos meus pais, Ricardo e Filomena, pelo carinho e apoio incondicional. À minha irmã, Tâmara, pelo incentivo, apoio e pela alegria.

Ao Marcelo Carlson Thadeu, pelo companheirismo, amor e ajuda na correção gramatical, formatação textual, abstract e pesquisa de campo. Esta conquista também é sua! Obrigado por

fazer parte da minha vida!

A meu futuro cunhado, Filipe Charone, pela amizade e por fazer feliz a minha irmã Tâmara. À minha avó Izabel, madrinha de crisma, pelas orações e inúmeros santos que presenteou para

a conquista de proteção, paz e amor.

Aos meus avós Américo, Sandoval e Floripes (in memoriam) pela “presença” em forma de

luzes de confiança e inteligência.

À Drª Suely Araújo por cuidar preventivamente da minha saúde. À tia Izabel Cristina pela confiança depositada em mim. Ao tio Luís pelos livros de gerontologia, gentilmente presenteados.

À Socorro, uma pessoa querida da família, em convivência desde minha infância, pela prontidão em solucionar minhas dificuldades.

À todas as irmãs da Congregação Sagrada Família, em especial à Irmã Dita, pela acolhida

carinhosa, que me ajudou a “driblar” a saudade.

À minha querida orientadora, Profª Drª Lucy Gomes Vianna, profissional iluminada, pela orientação paciente e segura. Obrigada por fazer parte da conquista deste sonho. Que Deus lhe

recompense e continue lhe iluminando!

Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Otávio de Toledo Nóbrega, pelas correções e sugestões, que contribuiram para o desenvolvimento do trabalho.

À querida Profª Drª Altair Macedo Lahud Loureiro, por me encantar com suas excelentes aulas durante o curso e por aceitar gentilmente o convite para participar da minha banca de

defesa de dissertação.

Ao Prof. Dr. Renato da Costa Teixeira, excelente e renomado fisioterapeuta. Agradeço pelos ensinamentos desde a vida acadêmica até a profssional. Obrigado por participar da minha

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Aos Profs. Dr. Vicente de Paula Faleiros e Drª Carmen Jansen de Cárdenas, pelas aulas ministradas no curso. Obrigado pelos ótimos ensinamentos gerontológicos!

Ao Prof. Dr. Adriano Bueno Tavares, Presidente da Comissão de Bolsas e Coordenador do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de

Brasília, pelo profissionalismo e competência.

Ao Prof. Dr. Demétrio Antônio Gonçalves da Silva Gomes, orientador das bolsas de estudos da CAPES, pela sua educação e fineza em lidar com os alunos.

À CAPES, pela bolsa concedida para a realização do curso de mestrado.

Ao secretário do curso, Danilo de Sousa Missias, pela presteza com os alunos do curso. Ao fisioterapeuta MSc. Anderson de Albuquerque Carvalho e à fonoaudióloga MSc. Fabiane

Regina Marques, pela disposição em colaborar comigo.

Ao Prof. Alex de Assis Santos dos Santos, do Instituto Bioestatístico (Belém-PA), pelas contribuições na análise de dados deste estudo.

À amiga Thaisa Gonçalves, pela amizade e pelos contínuos “desabafos” por telefone.

Aos idosos participantes da pesquisa, pela alegria e disposição em sempre colaborar e

participar. Foi um momento único com estes “jovens” idosos. Desejo saúde e esperança a

todos vocês!

À cidade de Brasília, da qual aprendi a gostar mesmo com o silêncio das ruas, mas que me acolheu durante o curso com suas bibliotecas, faculdades, pontos turísticos, churrascarias (que

eu adoro) e shopping centers!

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RESUMO

SECCO, Tarsila Fagury Videira Secco. Afetividade, Funcionalidade e Qualidade de Vida em Indivíduos Idosos Institucionalizados Tabagistas, Ex-Tabagistas e Não Tabagistas. 103f. Dissertação de Programa de Pós – graduação Stricto Sensu em Gerontologia –

Universidade Católica de Brasília, 2010.

Objetivo: Investigar afetividade, funcionalidade e qualidade de vida em indivíduos idosos institucionalizados fumantes, ex-fumantes e não fumantes, bem como seu perfil sócio-demográfico, doenças tabaco-relacionadas e cognição, e ainda verificar nos fumantes correlação da dependência nicotínica com motivação tabágica. Método: Trata-se de estudo epidemiológico analítico e transversal, em idosos tabagistas, ex-tabagistas e não tabagistas, com 60 anos ou mais, internados no Lar dos Velhinhos Maria Madalena, Distrito Federal. Os idosos responderam a questões abrangendo os fatores sócio-demográficos e envolveram os seguintes instrumentos: Mini-exame do Estado Mental, Avaliação do Vínculo Afetivo, Escala de Atividades Básicas de Vida Diária, Questionário de Tolerância Nicotínica de Fagerström, Escala Razão Para Fumar Modificada e Questionário de Qualidade de Vida (WHOQOL-BREF e WHOQOL-OLD). Correlacionou-se a qualidade de vida com vínculo afetivo nos três grupos. No grupo de idosos tabagistas, foi também verificada a correlação entre dependência nicotínica e motivos para fumar. Resultados: A amostra foi composta de 61 idosos institucionalizados, sendo 33 (18 mulheres, 15 homens) do grupo não-fumante, 20 (4 mulheres e 16 homens) do grupo fumante e 10 ( 2 mulheres e 8 homens) do grupo ex-fumante, na faixa etária entre 60 a 89 anos, com média e desvio padrão de 74,8±5,2 anos, 72,4±5,5 anos e 73,1±5,6 anos, respectivamente, nos três grupos mencionados. Com relação às doenças tabaco-relacionadas, as prevalências de bronquite, enfisema e osteoporose mostraram-se significativamente maiores no grupo fumante quando comparadas com as do grupo não fumante (p=0,0002, p=0,0003, p=0,0220, respectivamente), assim como no grupo ex-fumante comparadas às do grupo não-fumante (p<0,0001,p<0,0001, p=0,0011, respectivamente). Não se encontrou diferença significativa dessas prevalências entre os grupos fumante e ex-fumante (p>0,05). Também não houve diferença significativa entre os três grupos quanto à prevalência de hipertensão arterial (p>0,05). Encontrou-se predomínio significativo da variável vínculo afetivo entre os idosos não-fumantes, comparando-se com os fumantes e ex-fumantes (p=0,0008, p=0,0472, respectivamente). Quanto ao perfil de funcionalidade, o grupo não-fumante (78,8%) apresentou significativamente maior

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manuseio (p=0,0079). Com relação à qualidade de vida, utilizando-se o instrumento WHOQOL-BREF, os idosos não-fumantes apresentaram escores de qualidade de vida significativamente mais elevados do que os dos grupos fumantes e ex-fumantes, obtendo p=0,001 (domínio físico), p<0,0001 (domínio psicológico), p=0,0085 (domínio social), p=0,0001 (domínio meio ambiente) e p<0,0001 (domínio global). Não surgiu diferença significativa entre os grupos fumante e ex-fumante (p>0,05). A análise da qualidade de vida, através do instrumento WHOQOL-OLD, demonstrou que os idosos não-fumantes possuem significativa melhor qualidade do que os fumantes e ex-fumantes, obtendo-se p<0,0001 em todos os domínios, não surgindo diferença significativamente entre os grupos fumante e ex-fumante (p>0,05). Associando-se qualidade de vida e vínculo afetivo, através do WHOQOL-BREF, notou-se que os idosos não-fumantes com vínculo afetivo obtiveram significativamente melhores escores de qualidade de vida, quando comparados com aqueles não-fumantes sem vínculo afetivo (p=0,0020). A mesma associação realizada nos grupos fumante e ex-fumante não mostrou diferença significativa (p>0,05). Correlacionando qualidade de vida com vínculo afetivo, com o questionário WHOQOL-OLD, encontrou-se que a presença de vínculo afetivo melhorou significativamente a qualidade de vida dos três grupos estudados: não-fumante (p=0,0020), fumante (p=0,0021) e ex-fumante (p=0,0082). Conclusão: O grupo de idosos não-fumantes obteve melhores valores em todas as variáveis estudadas: melhor saúde, menor índice de doenças tabaco-relacionadas, maiores prevalências das categorias independência e vínculo afetivo e melhores escores de qualidade de vida. Observou-se ainda que não houve diferença estatística em todas variáveis estudadas nos grupos fumante e ex-fumante, ressaltando assim o efeito negativo da nicotina no organismo dos idosos de ambos os grupos, mesmo após longo período de tempo após a cessação desse vício.

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ABSTRACT

SECCO, Tarsila Fagury Videira Secco. Affection, Functionality and Quality of Life in Institutionalized Elderly, Smokers, Ex-Smokers and Non-smokers. 103f. Dissertation for the Post - Graduate Programee Stricto-Sensu in Gerontology - Catholic University of Brasilia,

2010.

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ex- smoker (p> 0,05). The analysis of quality of life by the WHOQOL-OLD demonstrated that non-smokers elderly have a significantly better quality than the smokers and ex-smokers, obtaining p <0.0001 in all areas, no significant differences emerged between groups smoker and ex-smoker (p> 0,05). Associating quality of life and commitment, through the WHOQOL-BREF, it was noted that non-smokers elderly with affective bonding obtained significantly better scores for quality of life compared with those non-smokers without affective bonding (p = 0,0020 ). The same association realized in the smoking and ex-smokers groups showed no significant difference (p> 0, 05). Comparing quality of life with affective bond with the WHOQOL-OLD, it was found that the presence of a significantly affective bonding improved the quality of life of three groups: nonsmokers (p = 0, 0020), smoking (p = 0, 0021) and ex-smokers (p = 0, 0082). Conclusion: The group of non-smokers elderly had better scores in all the studied variables: better health, lower rates of tobacco-related diseases, high prevalence of independence and affective bonding categories and better quality of life scores. There is also no statistical difference in all studied variables in the Smokers, Ex-Smoker groups, highlighting the negative effect of nicotine in the body of the elderly in both groups, even after long period of time after the end of this addiction.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Características sócio demográfica e clínica de 93 idosos institucionalizados, nos grupos não fumante, fumante e ex-fumante, Brasília-DF, 2010 ... 43 Tabela2. Doenças referidas em 63 idosos institucionalizados nos grupos não fumante, fumante e ex-fumante,Brasília – DF, 2010... ... 46 Tabela 3. Distribuição (%) da variável vínculo afetivo nos 63 idosos institucionalizados dos grupos não fumante, fumante e ex-fumante, Brasília- DF, 2010 ... 48 Tabela 4. Distribuição (%) do perfil de funcionalidade nos 63 idosos institucionalizados dos grupos não fumante, fumante e ex- fumante, Brasília-DF, 2010 ... 49 Tabela 5. Medidas de tendência central e variação da ERPFM no grupo de 20 idosos institucionalizados fumantes, Brasília-DF, 2010 ... 50 Tabela 6. Distribuição (%) da dependência nicotínica (FAG), no grupo de 20 idosos institucionalizados fumantes, Brasília-DF, 2010 ... 50 Tabela 7. Correlação entre pontuação de dependência nicotínica (FAG) e os motivos para fumar (ERPFM), no grupo de 20 idosos institucionalizados fumantes, Brasília-DF, 2010 ... 51 Tabela 8. Coeficiente de Fidedignidade Alfa de Cronback nos questionários WHQOOL BREF

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LISTA DE FIGURAS

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 15

2 REVISÃO DE LITERATURA 17

Capítulo 1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL 17

Capítulo 2 QUALIDADE DE VIDA 19

2.1 CONCEITOS 19

2.2 QUALIDADE DE VIDA E SUA RELAÇÃO COM A SAÚDE 21

2.3 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA 22

Capítulo 3 INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA DE IDOSOS 24

Capítulo 4 TABAGISMO 27

4.1 TABAGISMO NO MUNDO 27

4.2 COMPOSIÇÃO DA FUMAÇA DO CIGARRO 28

4.3 DEPENDÊNCIA NICOTÍNICA 30

4.4 REPERCUSSÕES DO TABAGISMO EM INDIVÍDUOS IDOSOS 31

3 OBJETIVOS 33

3.1 OBJETIVO GERAL 33

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 33

4 MATERIAL E MÉTODO 34

4.1 DESENHO DO ESTUDO 34

4.2 LOCAL DO ESTUDO 34

4.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO 35

4.4 PROCEDIMENTO E COLETA DE DADOS 36

4.4.1 Aferição das informações sócio-demográfica e clínica 36

4.4.2 Avaliação do vínculo 36

4.4.3 Avaliação da cognição 37

4.4.4 Análise da Funcionalidade 37

4.4.5 Estudo da Qualidade de Vida 38

4.4.6 Aferição para motivação para o fumo 39

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4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA 40

4.6 ASPECTOS ÉTICOS 41

4.7 DECLARAÇÃO DE TORNAR PÚBLICO OS RESULTADOS 41

5 RESULTADOS 43

6 DISCUSSÃO 59

7 CONCLUSÕES 66

8 REFERÊNCIAS 68

APÊNDICE A AUTORIZAÇÃO DA ILPI 76

APÊNDICE B QUESTIONÁRIO DE INFORMAÇÕES SÓCIO-DEMOGRÁFICA E CLÍNICA 77

APÊNDICE C TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 78

ANEXO A AVALIAÇÃO DO VÍNCULO AFETIVO 81

ANEXO B MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL 82

ANEXO C ESCALA DE ATIVIDADES BÁSICAS DE VIDA DIÁRIA 84

ANEXO D WHOQOL-BREF 85

ANEXO E CÁLCULO DOS DOMÍNIOS OBTIDOS DO QUESTIONÁRIO WHOQOL-BREF 92

ANEXO F WHOQOL - OLD 93

ANEXO G CÁLCULO DOS DOMÍNIOS OBTIDOS DO QUESTIONÁRIO WHOQOL-OLD 100

ANEXO H ESCALA RAZÕES PARA FUMAR MODIFICADA 101

ANEXO I QUESTIONÁRIO DE TOLERÂNCIA NICOTÍNICA DE FAGERSTRÖM 102

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1 INTRODUÇÃO

O crescente aumento da população idosa em todo o mundo, comprovado através de estudos demográficos, tem levado aos órgãos governamentais e à sociedade o desafio de solucionar problemas médico-sociais, próprios do envelhecimento populacional. O mundo está passando por transformação demográfica sem precedentes e, até o ano de 2.050, o número de pessoas acima de 60 anos aumentará de 600 milhões para quase 2 bilhões, prevendo-se a duplicação do percentual de pessoas com 60 anos ou mais, passando de 10% para 21% (GARCÈZ LEME,1996).

Associado ao acréscimo na expectativa de vida ocorre o aumento da prevalência de doenças respiratórias em pessoas idosas, em decorrência principalmente do hábito tabágico (GOMES apud: LOUREIRO, 2009).

Acerca do tabagismo no Brasil, levantamento nacional realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1989) apontou prevalência de 32,56% de fumantes na população brasileira de 15 ou mais anos de idade. O "Inquérito Domiciliar sobre Comportamento de Risco e Morbidade Referida de Doenças e Agravos Não Transmissíveis", realizado nos anos 2002 e 2003, em indivíduos de 15 anos ou mais, em 15 capitais brasileiras e no Distrito Federal (DF), detectou que essa prevalência diminuiu para 18,8%, colocando o Brasil entre os países com as menores taxas de fumantes do mundo. Os resultados desse inquérito domiciliar variaram de 25,2% em Porto Alegre, cidade na qual se encontrou a maior prevalência de tabagismo, a 12,9% em Aracaju, com a menor prevalência detectada (BRASIL, 2004).

Nesse contexto, os indivíduos idosos são considerados vítimas esquecidas nos casos de doenças e mortes relacionadas ao tabaco. Enquanto a atenção é voltada para prevenção do tabagismo em pessoas jovens, os indivíduos velhos não recebem atenção da mídia, pesquisadores, gestores ou políticos (CAVALCANTE, 2002).

Partir do pressuposto de que a pessoa por estar em idade avançada merece o último prazer, que seria o de fumar, é negligenciar a sua saúde. Não importa a idade, o abandono do fumo traz benefícios reais (GOSNEY, 2001; OSTBYE et al, 2002). Assim, estudo vêm demonstrando que a idade avançada não pode ser fator limitador para aplicação de procedimentos preventivos e terapêuticos na dependência nicotínica. Os idosos não podem ser excluídos ou ignorados nos programas anti-tabágicos (HALTY e HÜTTNER, 2007).

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contexto, a sua inserção nos ambientes asilares compreende um campo de estudo diferenciado, visto que os processos patológicos, aos quais os indivíduos velhos estão sujeitos, precipitam-se no interior das Instituições de Longa Permanência (ILPIs), pois a institucionalização frequentemente contribui para o isolamento e a inatividade física e mental, provocando consequências negativas à saúde do idoso (NOVAES, 2003; ALCÂNTARA, 2004; DAVIM et al, 2004).

A pesquisa atual tem como propósito analisar a afetividade, a funcionalidade e a qualidade de vida de indivíduos idosos institucionalizados tabagistas, ex-tabagistas e não-tabagistas. O interesse em abordar este tema surgiu da atuação da pesquisadora como fisioterapeuta, especialista em fisioterapia respiratória, em clínicas de reabilitação pulmonar, abordando idosos tabagistas. A partir da leitura sobre o tema em questão, constatou-se a carência de estudos sobre o tabagismo na velhice, em especial em idosos institucionalizados.

Partindo-se da preocupação gerontológica em preservar e melhorar a Qualidade de Vida (QV) e funcionalidade do sujeito idoso, justifica-se a relevância deste estudo, que visa melhor conhecer a repercussão do tabagismo na QV e na funcionalidade de indivíduos idosos tabagistas institucionalizados, bem como a influência do vínculo afetivo para a melhoria da qualidade de vida, comparando-as com a dos idosos ex-tabagistas e não tabagistas, vivendo em circunstâncias idênticas de vida.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

CAPÍTULO 1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL

Os debates e as preocupações sobre aspectos que cercam o processo de envelhecimento, o resultado deste processo e a fase na qual este ocorre não são recentes. A humanidade, desde o início das civilizações, mostra-se preocupada com a velhice e o envelhecimento. As idéias sobre estes temas são tão antigas quanto a origem da própria humanidade (GARCÉZ LEME, 1996). O envelhecimento é um fenômeno que tem sido observado em todo o mundo, constatado não só nas comunidades científicas como também no senso comum (LUZARDO et al., 2006).

Guimarães (1998) estimou um incremento cada vez maior do número de pessoas da terceira idade.O perfil demográfico do povo brasileiro tem mudado, principalmente nas últimas décadas, havendo uma transição demográfica influenciada pela queda na mortalidade na década de 1940, e pela queda da fecundidade a partir de 1960, sendo este o fator realmente decisivo para a ampliação da população mais idosa em relação aos mais jovens (VERMELHO e MONTEIRO, 2004). O envelhecimento populacional no Brasil é fenômeno recente, que se processa de forma gradual, contínua e irreversível, afetando todos os setores da vida humana. No Brasil, 55% dos idosos são mulheres, sendo esta a maior proporção do gênero feminino observada em todo o mundo. Assim, o envelhecimento é experiência que se processa de forma diferente para homens e mulheres (BERZINS, 2003).

Na população do Brasil, as taxas de mortalidade nos idosos são as que têm experimentado a maior queda, o que tem propiciado o envelhecimento da população idosa. Observa-se que é a população “muito idosa”, ou seja, a de 80 anos e mais, que tem apresentado as maiores taxas de crescimento, alterando a composição etária dentro do próprio grupo, ou seja, a população considerada idosa também está envelhecendo, proporcionando uma maior heterogeneidade do grupo idoso. Além disso, a taxa de fecundidade também vem reduzindo de forma acentuada, contribuindo para o nível e o ritmo do envelhecimento populacional (CAMARANO et al., 2004).

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Estado, os setores produtivos e as famílias. Já em 1994, documento do Banco Mundial afirmava que o aumento da expectativa de vida ao nascer e o declínio da fecundidade nos países em desenvolvimento estavam provocando a “crise da velhice”, traduzida por pressão nos sistemas de Previdência Social, a ponto de pôr em risco não somente a segurança econômica dos idosos, mas o próprio crescimento econômico (GUIMARÃES, 1998).

Tavares (2001) chama atenção para o envelhecimento populacional brasileiro e a necessidade de reorientação do sistema de saúde, bem como das práticas de saúde, em decorrência da crescente demanda de atendimento ao idoso. Há necessidade de redirecionamento do ensino nas universidades, para que possam qualificar os profissionais de saúde no atendimento a esse grupo populacional.

No DF era pouco habitado até a década de 50, quando ocorreram as correntes migratórias, trazendo trabalhadores jovens para a construção de Brasília. (COMPANHIA DE PLANEJAMENTO DO DISTRITO FEDERAL-CODEPLAN, 1998).

O censo demográfico de 1960 registrou, antes da inauguração da nova capital, 139.796 residentes, na grande maioria adulta em idade ativa, isto é, 67% da população estavam entre 15 e 59 anos de idade, enquanto que a população de indivíduos com 60 anos ou mais correspondia a somente 1,2% dos residentes na nova capital. Em 1996, o censo demonstrou que 4,6% da população do DF era composta por idosos, e o censo de 2004 revelou um crescimento de 7,4% da população idosa. Os censos de 1960 até 2004 mostraram aumento constante na proporção de idosos do DF, com aumento cumulativo de 60% na parcela da população dessa faixa etária (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA-IBGE, 2004).

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CAPÍTULO 2 QUALIDADE DE VIDA

2.1 CONCEITOS

O termo QV foi utilizado pela primeira vez em 1920, na área econômica e política, sendo descrito no livro “The Economics of Welfare”, no qual foi proposta ajuda governamental para as classes menos favorecidas, analisando o impacto dessa ajuda sobre as vidas e sobre o orçamento do Estado (OGATA, 2002). O termo apareceu pela primeira vez no

Psycological Abstract, em 1931, no Sociological Abstract, em 1964 e no MEDLINE,em 1966,

sendo que entre 1966 e 2001 foram registradas 41.740 publicações sobre QV (NERI, 2002a). O interesse sobre esse tema, despertado por filósofos, sociólogos e políticos nas ciências humanas e biológicas, surgiu como resposta à desumanização crescente na medicina e ciências afins (FLECK et al, 1999).

Definir QV abrange parâmetros amplos, referindo-se a movimento das ciências humanas e biológicas na busca de valorizar, mais do que o controle dos sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da expectativa de vida (FLECK et al, 1999).

Dentre as inúmeras definições para QV, destacam-se aquelas que incluem conceitos como bem-estar, satisfação, felicidade, expectativas e funcionalidade, mostrando a multidimensionalidade desse conceito. QV boa ou excelente é aquela que oferece um mínimo de condições para que os indivíduos possam desenvolver o máximo de suas potencialidades, ou seja, viver, sentir ou amar, trabalhar, produzir bens e serviços e fazer ciência ou artes (MINAYO et al, 2000).

Santos et al (2002) relatam que o conceito de QV baseia-se em três princípios: capacidade funcional, nível socioeconômico e satisfação. Pode estar relacionado também com capacidade física, estado emocional, interação social, atividade intelectual, e auto-percepção da saúde. Esse conceito pode variar de indivíduo para indivíduo, de acordo com a percepção de cada um, podendo ser considerado unidimensional por alguns e multidimensional por outros.

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auto-estima e ao bem-estar pessoal, abrangendo uma série de aspectos, tais como capacidade funcional, nível sócio-econômico, estado emocional, interação social, atividade intelectual, auto-cuidado, suporte familiar, estado de saúde, valores culturais, valores éticos e religiosidade (SANTOS et al, 2002).

Segundo Paschoal (2002), o termo QV possui natureza abstrata e, em decorrência disso, compõe-se de vários significados diferentes, para diferentes pessoas, lugares e ocasiões. O mesmo autor descreve que cada indivíduo tem seu próprio conceito, sendo este submetido a múltiplos pontos de vista, pois varia de época para época, de cultura para cultura e de classe social para classe social.

Segundo Victor et al (apud, PEREIRA, 2005) os modelos de qualidade de vida variam desde „satisfação com a vida‟ ou „bem-estar social‟, até modelos baseados em conceitos de independência, controle, competências sociais e cognitivas.

O conceito de bem-estar, que no passado significava somente disponibilidade de bens materiais (moradia adequada, renda suficiente, alimentação, acesso a serviços de saúde e de ação social), atualmente passou a abranger novas dimensões, como: segurança, dignidade pessoal, oportunidade de atingir objetivos pessoais, satisfação com a vida, alegria, felicidade e visão positiva de si próprio, dentre outras (NERI, 2002b).

Para Neri (2002a), mesmo com tantos pontos de vista existentes sobre o termo, sabe-se que QV é conceito multidimensional, sendo um fenômeno complexo. É um conceito global, que aborda diferentes facetas da vida do indivíduo, sendo definida como tentativa de nomear características da experiência humana (GONÇALVES e DIAS, 1999). A mesma pode ser afetada pela interação entre saúde, estado mental, espiritualidade, relacionamentos do indivíduo e elementos do ambiente (NERI, 2002a).

Assim, a falta de consenso na delimitação de QV deve-se, entre outras razões, à complexidade do seu estudo, determinada pelo seu caráter temporal e sua natureza multidimensional, na qual intervêm fatores objetivos e subjetivos. Em torno do bem-estar humano existe uma diversidade de enfoques, nos quais se incluem desde condições objetivas materiais e sociais, elementos de felicidade e de satisfação pessoal. Portanto, a definição de QV está intimamente relacionada às categorias sociológicas e psicológicas que compreendem nível de vida, desenvolvimento econômico, condições de vida e estilo de vida (HUAN, 1979).

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três características principais do construto: subjetividade, multidimensionalidade e bipolaridade (WORLD HEALTH ORGANIZATION- WHO,1995). A OMS define QV como a percepção do indivíduo à sua posição na vida e ao contexto da cultura e do sistema de valores em que vive, levando em conta suas metas, expectativas, padrões e preocupações.

A compreensão da QV na velhice é central no desenvolvimento de iniciativas de intervenção, visando prevenção e reabilitação nos vários contextos da vida do indivíduo idoso e também no planejamento e na avaliação de serviços e políticas destinados a promover o bem-estar dos mesmos. QV é definida como a adequação das circunstâncias materiais e dos sentimentos das pessoas acerca dessas circunstâncias (NERI, 2002b).

Um dos modelos mais conhecidos sobre QV na velhice foi desenvolvido por Lawton (1983), que a define como resultado de avaliação multidimensional realizada a partir de critérios intrapessoais e sócio-normativos, a respeito do sistema pessoa-ambiente de um indivíduo, no momento atual, no passado e no futuro.

O surgimento e o desenvolvimento do conceito de QV para intervir na enfermidade, na saúde e bem–estar, reflete um progresso para a humanidade. A busca de informações acerca das condições de vida das sociedades, instituições, família e indivíduos são consequências que podem, de fato, colaborar para a promoção da saúde e a qualidade de vida dos indivíduos, principalmente daqueles idosos (PÉREZ, 2002).

2.2 QUALIDADE DE VIDA E SUA RELAÇÃO COM A SAÚDE

De acordo com a OMS, saúde é definida como “estado de completo bem-estar físico, mental e social e não uma mera ausência de afecção ou doença” (WHO, 1946). Desta forma, ao tornar-se mais abrangente o conceito de saúde, percebe-se que existem outros fatores a serem considerados, sendo que esta temática não pode ser analisada exclusivamente com as estatísticas das doenças, mortalidade e morbidade (SEIDL e ZANNON, 2004; SEGRE e FERRAZ, 1997; DANTAS, 2002).

A saúde também é definida como sendo o direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (Constituição da República Federativa do Brasil-CF, 1988).

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acarretado aumento da sobrevida e/ou vida longa das pessoas acometidas por esses agravos. Assim, informações sobre QV têm sido incluídas tanto como indicadores para avaliação da eficácia, eficiência e impacto de determinados tratamentos, quanto na comparação entre procedimentos para o controle de problemas de saúde (SEIDL e ZANNON, 2004).

Duas tendências quanto à conceituação do termo QV na área de saúde são identificadas: como conceito mais genérico e como conceito relacionada à saúde ( health-related quality of life) (SEIDL e ZANNON, 2004). No primeiro caso, QV apresenta uma

acepção mais ampla, aparentemente influenciada por estudos sociológicos, sem fazer referência a disfunções ou agravos. Já no segundo caso, no âmbito do setor saúde, tornou-se comum repetir a seguinte frase: „saúde não é doença, saúde é QV. Por mais correta que esteja tal afirmativa, é vazia de significado e, frequentemente, revela a dificuldade de encontrar sentido teórico fora do marco referencial do sistema médico, que domina a reflexão e a prática do campo da saúde pública. Dizer, portanto, que o conceito de saúde tem relações ou deve estar mais próximo da noção de QV e que saúde não é mera ausência de doença, já é um bom começo, porque manifesta o mal-estar com o reducionismo biomédico (MINAYO et al.,

2000).

Seidl e Zannon (2004) alertam que os termos QV e estado de saúde aparecem na literatura muitas vezes quase como sinônimos, ressaltando que:

um aspecto importante que caracteriza estudos que partem de uma definição genérica do termo QV é que as amostras estudadas incluem pessoas saudáveis da população, nunca se restringindo a amostras de pessoas portadoras de agravos específicos.

A saúde associada à QV tem características que devem respeitar os objetivos de cada indivíduo. O conceito de saúde é dinâmico, no qual modelos ou padrões preestabelecidos visam atender a preceitos sociais, assim como objetivos e expectativas individuais (DANTAS, 2002; MAZO et al, 2004).

2.3 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA

Avaliar QV na velhice implica na adoção de múltiplos critérios de natureza biológica, psicológica e sóciocultural (NERI, 2002b). Utilização de instrumentos ou questionários de avaliação da QV tem sido reconhecida como importante área do conhecimento científico no campo da saúde (DIAS et al, 1999).

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consequências e benefícios de determinada investigação terapêutica. Os instrumentos de avaliação de QV são divididos em duas categorias: os genéricos e os específicos para determinada área de interesse. A maioria destes instrumentos é baseada em questionários que podem ser auto-administráveis ou administrados por entrevistadores (FALCÃO, 1999).

Um dos questionários de avaliação mais utilizado é o WHOQOL-100, desenvolvido pela OMS, criado por pesquisadores de diferentes países, dentro de uma perspectiva transcultural (FLECK et al, 1999). Devido à complexidade e extensão deste instrumento, a OMS desenvolveu teste resumido, utilizado em estudos epidemiológicos amplos, apresentando características psicométricas satisfatórias, o WHOQOL-BREF (FLECK et al,

2000). Os critérios de seleção das questões para compor o instrumento abreviado foram determinados pelo WHOQOL Group, que preservou o caráter abrangente do instrumento

original. Sua adaptação foi realizada dentro de padrões metodológicos rigorosos, a fim de que os resultados do escore final do WHOQOL-BREF fossem próximos do escore final do WHQOL-100 (FLECK et al, 2000).

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CAPÍTULO 3 INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA DE IDOSOS

O surgimento de instituições para idosos não é recente. O cristianismo foi pioneiro no amparo aos velhos: "Há registro de que o primeiro asilo foi fundado pelo Papa Pelágio II (520-590), que transformou a sua casa em um hospital para velhos". No Brasil Colônia, o Conde de Resende defendeu que soldados velhos mereciam uma velhice digna e "descansada". Em 1794, no Rio de Janeiro, começou então a funcionar a Casa dos Inválidos, não como ação de caridade, mas como reconhecimento àqueles que prestaram serviço à pátria, para que tivessem uma velhice tranquila. (ALCÂNTARA, 2004).

No século XVIII, os asilos da Era Elisabetana eram instituições que abrigavam mendigos. A partir do século XIX, foram criados na Europa asilos grandiosos, com alta concentração de velhos (BEAUVOIR,1990).

O hospital como instrumento terapêutico, aparece em torno de 1780. Até essa época, o hospital era um lugar de "internamento", cujo objetivo era prestar assistência material e espiritual aos doentes, pobres, devassos, loucos e prostitutas. Caracterizava-se como espaço de separação e exclusão, pois acreditava-se que o indivíduo doente deveria ser separado do convívio social para evitar dano à sociedade (FOUCAULT, 1979).

A história dos hospitais se assemelha à de asilos de velhos, pois em seu início ambas abrigavam idosos em situação de pobreza e exclusão social. No Brasil, o Asilo São Luiz para a Velhice Desamparada, criado em 1890, foi a primeira instituição para idosos no Rio de Janeiro. Seu surgimento dá visibilidade à velhice. A instituição era um mundo à parte e ingressar nela significava romper laços com família e sociedade (GROISMAN, 1999).

Quando não existiam instituições específicas para idosos, estes eram abrigados em asilos de mendicidade, junto com outros pobres, doentes mentais, crianças abandonadas, desempregados. Em meados do século XIX, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo dava assistência a mendigos e, conforme o aumento de internações para idosos, passou a definir-se como instituição gerontológica em 1964 (BORN, 2002).

O modelo asilar brasileiro ainda tem muitas semelhanças com as chamadas instituições totais, ultrapassadas no que diz respeito à administração de serviços de saúde e/ou habitação para idosos ( CORTELETTI, et al, 2004).

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situava-se em torno de 0,8% (CAMARANO et al., 2005). Segundo Bartholo (2003), “o termo

asilo é tradicionalmente empregado com sentido de abrigo e recolhimento, usualmente mantidos pelo poder público ou por grupos religiosos”.

No dicionário HOUAISS da língua portuguesa (2004) consta que “asilo é instituição de assistência social que abriga crianças, doentes mentais e idosos com intuito de proteção e segurança”. Esta definição é complementada pela definição de proteção e segurança fornecida pelo Decreto nº 1948, de 03/07/1996, que define asilo como sendo “forma de assistência social, sob regime de internato, que acolhe idosos sem vínculo familiar, de modo a prover sua própria subsistência, satisfazendo suas necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência social” (BRASIL, 2007).

No Brasil, o asilo, designação para o serviço de assistência ao idoso, recebe atualmente a denominação de Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI). Este termo baseia-se em adaptação do termo usado pela OMS, Long-Term Care Instituition. Contudo, encontra-se

na literatura e na legislação a referência indiscriminada de asilos ou de ILPIs. De forma usual, essas instituições se autodenominam asilos, casas de repouso, residências para idosos e casas geriátricas, entre outras (HERÉDIA et al, 2004).

A ILPI é instituição que abriga pessoas vivendo sob o mesmo teto, compartilhando o mesmo espaço físico, seguindo o mesmo ritual e sob as normas impostas pelo corpo funcional interno (CORTELLETI et al, 2004). É carregada de estereótipos negativos, sendo designada também como “Lar dos Velhinhos”, “Jardim ou Casa de Repouso”, termos estes sugeridos para minimizar o impacto de se dizer asilo, talvez porque pensar que um idoso vive em um lar ou em uma casa seja menos difícil do que dizer que ele se encontra ilhado em situação asilar (PERNIN, 2008). Com o surgimento dos asilos, a velhice ganhou um lugar, mas perdeu simbolicamente o seu lugar na vida. A localização da velhice no asilo não parece ser apenas geográfica, mas representativa (GOFFMAN, 2001).

Em 2003, foi instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos. O capítulo II deste estatuto descreve que o idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou privada. Sendo assim, segundo o Estatuto do Idoso, as entidades de atendimento ao idoso são obrigadas a manter padrões de habitação compatíveis com as necessidades deles, bem como provê-los com alimentação regular e higiene indispensáveis às normas sanitárias e com estas condizentes, sob as penas da lei.

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sentir no Estatuto do Idoso, em vigor desde2003. No entanto, pouco se fez em relação aos idosos institucionalizados. Para alguns idosos, a institucionalização representa, ainda, a única forma de sobrevivência. Essa perspectiva é gerada pela precariedade das condições sócio-econômicas e culturais que incidem sobre o envelhecer e por ele são reforçadas.

Segundo Debert (2004), os asilos apresentam duas faces distintas. Uma delas é negativa, fazendo-nos pensar na solidão e no desprezo sofrido pelos idosos que vivem neles; por outro lado, a experiência de vida dos idosos e a sabedoria daqueles que lá vivem, sugerem-nos um ambiente rico em experiências e paz.

De forma geral, as ILPIs não tiveram uma boa finalidade durante o processo histórico, sendo esses ambientes local de “depósito de velhos”. O processo do envelhecimento sempre fez parte do contexto de exclusão social, seja pelo processo histórico de produção e de exploração do corpo ou pelo simples “estigma” de ser velho (NOVAES, 2003).

O asilamento comprova a ação da sociedade, que descarta os indivíduos no momento em que deixam de ser saudáveis, produtivos e utiliza um discurso controverso à sua integração ao meio social (CORTELLETI et al, 2004).

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CAPÍTULO 4 TABAGISMO

4.1 TABAGISMO NO MUNDO

O tabagismo consiste em um comportamento complexo, influenciado por estímulos ambientais, hábitos pessoais, condicionamentos psicossociais e também pelas ações biológicas da nicotina (CHATIKIN e KIRCHENCHTEJN, 2004).

A OMS considera o tabagismo como uma pandemia, pois mata mais do que a soma das mortes ocorridas por Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), cocaína, heroína, álcool, suicídios e acidentes de trânsito, sendo que nenhum outro produto viciante aproxima-se deste índice (LOPES et al, 2001).

Cerca de cinco milhões de pessoas morrem a cada ano em consequência de doenças relacionadas ao tabaco. A previsão é de que ocorram 10 milhões de mortes/ano até 2030. No Brasil, são estimadas cerca de 200 mil mortes por ano em consequência do tabagismo (WHO, 2004).

Atualmente, um terço dos adultos no mundo (1,1 bilhão de pessoas) são tabagistas, sendo que 80% deles vivem em países de média ou baixa renda (BALA et al, 2008). O tabagismo é a causa da morte de um em cada dez fumantes, correspondendo a aproximadamente cinco milhões de mortes desnecessárias a cada ano (WHO, 2004). A previsão é de que, até 2025, o número total de fumantes no mundo seja de 1,6 bilhões e que, até 2030, 10 milhões de óbitos em decorrência do fumo sejam registrados anualmente, sendo que 70% desses óbitos ocorrerão em países em desenvolvimento (BALA et al, 2008).

O número de cigarros em países desenvolvidos diminuiu nas últimas três décadas, enquanto que nos países em desenvolvimento este consumo aumentou de 800 cigarros anuais por adulto, para 1.450 (MENEZES, 2004). Embora o percentual de fumantes tenha diminuído em alguns países a partir da década de 60, o número absoluto de mulheres que fumam atualmente é muito maior do que em décadas anteriores (HALAL et al, 1993).

A queda no consumo de cigarros começou a se manifestar no início dos anos 90, com as campanhas antitabagistas e as leis de restrição ao fumo. Na ocasião, 35% dos brasileiros tinham o hábito de fumar. Em sete capitais do país, o número de fumantes supera a média nacional, sendo Porto Alegre a líder desse ranking. A capital gaúcha é a que registra maior

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Existem poucos estudos sobre a prevalência de tabagismo em pessoas idosas no Brasil e no mundo (SILVA FILHO, 2007).

É estimada a existência de um milhão a um milhão e meio de idosos fumantes no Brasil (ARAÚJO et al., 2004). Halty et al (1994), enfocando o tabagismo na região Sul do

país, verificaram que a prevalência de fumantes entre os indivíduos com idade ≥ 60 anos foi de 10,6%, diminuindo com o aumento da faixa etária. Estudo realizado em indivíduos idosos na Região Metropolitana de Belo Horizonte e no Município de Bambuí, Minas Gerais, revelou a prevalência de 19,6% e 8,1% em Belo Horizonte e 31,4% e 8,1% em Bambuí, em homens e mulheres, respectivamente (PEIXOTO et al., 2006).

A questão econômica é de importância quando se debate o tabagismo e a dependência química, pois o cigarro brasileiro é um dos mais baratos do mundo e de fácil acesso físico, chegando a todos os lugares com bastante facilidade (CAVALCANTE, 2002).

4.2 COMPOSIÇÃO DA FUMAÇA DO CIGARRO

O tabaco é uma erva que o ser humano tem utilizado por processo inalatório há mais de 300 anos. Tem sido utilizado de diferentes formas, que na atualidade, são representadas principalmente pelo cigarro (industrial ou artesanal), pelo charuto e pelo cachimbo (SILVA, 2001).

O tabaco é obtido a partir de duas espécies vegetais, a Nicotiana tabacum e a Nicotiana rustica, nativas dos Andes peruanos e equatorianos. Essas plantas foram

descobertas há aproximadamente 18.000 anos, época em que populações asiáticas migraram para a América. Quando Cristóvão Colombo chegou ao Novo Mundo, o cultivo e o uso do tabaco já estavam disseminados entre os índios de todo o continente. Empregavam-no das mais variadas maneiras, inclusive nos rituais religiosos e como inseticida nas lavouras. A partir de 1920, foi observado o aumento da incidência de câncer de pulmão nos indivíduos fumantes, o que se confirmou em estudos realizados trinta anos depois. Em 1971 foi publicado nos Estados Unidos um relatório oficial, afirmando que "o fumo afeta negativamente a saúde humana e contribui para o desenvolvimento de graves doenças" (MUSK & DE KLERK, 2003).

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A fumaça do cigarro consiste de substâncias químicas voláteis (92%) e material particulado (8%), resultantes da combustão do tabaco. A nicotina, uma amina terciária volátil, é o componente ativo mais importante do tabaco(MARQUES et al, 2001; DO CARMO &

PUEYO, 2002).

A fumaça do cigarro ainda é constituída de gases e gotículas de alcatrão (substância carcinogênica), no quais já foram identificados mais de 4.000 compostos.

Além do alcatrão, a amônia e o monóxido de carbono, estão presentes na fumaça do cigarro (MEIRA, 2001). Considera-se que a amônia adicionada ao tabaco aumenta os níveis de absorção de nicotina pelo organismo (CAPRIGLIONE, 1996). O monóxido de carbono possui a capacidade de dificultar a utilização de oxigênio pelo organismo e de contribuir para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (MEIRA, 2001).

A nicotina do tabaco curado para cachimbos e charutos é alcalina, sendo absorvida com maior facilidade pela boca. Já a nicotina dos cigarros é ácida, e por isso praticamente não absorvida pela mucosa bucal, necessitando ser tragada para que ocorra absorção nos pulmões (ROSEMBERG, 2002; MUSK & DE KLERK, 2003). A nicotina é rapidamente absorvida pelos alvéolos pulmonares e atinge o cérebro em cerca de 10 segundos (KHURANA et al,

2003). O metabólito mais importante da nicotina é a cotinina, que pode ser detectada na urina, saliva e sangue(ROSEMBERG, 2002). Apenas 5% da nicotina são excretados sob forma inalterada pelos rins(MARQUES et al., 2001). As ações sistêmicas da nicotina são mediadas por receptores nicotínicos, encontrados no sistema nervoso central (SNC), nos gânglios autonômicos periféricos, na glândula supra-renal, em nervos sensitivos e na musculatura estriada esquelética(MARQUES et al, 2001). Os principais efeitos agudos da nicotina sobre o sistema cardiovascular são: vasoconstrição periférica, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. A nicotina também interfere no sistema endócrino, favorecendo a liberação de hormônio antidiurético e retenção de água. No sistema gastrointestinal ela tem ação parassimpática, estimulando o aumento do tônus e da atividade motora do intestino (FURTADO, 2002).

A nicotina exerce seus efeitos no cérebro através de receptores colinérgicos amplamente distribuídos no SNC, já que apresenta estrutura molecular semelhante à da acetilcolina. A administração continuada de nicotina altera a estrutura do SNC (BALFOUR, 1982).

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(ROSE et al., 2003). A nicotina é estimulante do SNC, levando ao aumento do estado de alerta

e à redução do apetite. A sensação após tragar um cigarro é similar à descrita pelos usuários de anfetamina, heroína, cocaína e crack(MARQUES et al, 2001). A ação central também

pode provocar tontura, náuseas e vômitos(FURTADO, 2002).

A tolerância constitui o efeito gerado pela ação da nicotina sobre o SNC, que passa a exigir doses cada vez maiores de nicotina, para que os dependentes se satisfaçam, e surge com o uso frequente e continuado da substância (PEREZ, 1982).

4.3 DEPENDÊNCIA NICOTÍNICA

Esta dependência caracteriza a necessidade compulsiva do uso da nicotina. Os dependentes relatam os efeitos positivos, como prazer, estímulo, redução da ansiedade e do estresse, alegando, ainda, que a nicotina melhora o nível de atenção e rendimento de tarefas (OLIVEIRA e JARDIM, 2003).

O mecanismo de dependência nicotínica consiste em um processo complexo que independe da forma de iniciação do hábito (HALTY et al, 2002). O uso frequente de tabaco

leva ao desenvolvimento de tolerância e dependência. Do mesmo modo como ocorre em outras dependências, a da nicotina é um transtorno progressivo, crônico e recorrente, mediada pela ação da substância em receptores centrais e periféricos. O processo da dependência envolve vários fatores: ambientais, biológicos, psicológicos e farmacológicos. (MARQUES et al, 2001).

O uso prolongado do fumo provoca alterações no cérebro, aumentando o número de receptores nicotínicos, que por sua vez gera uma necessidade cada vez maior de se realizar a reposição desta substância, induzindo o indivíduo a continuar a fumar. Ao nível cerebral, sabe-se que a estrutura molecular da nicotina é semelhante a da acetilcolina, por isso ela exerce seus efeitos no cérebro através de receptores colinérgicos (nAChR) amplamente distribuídos no sistema nervoso central –SNC (MENEZES,2000).

O estabelecimento do número de cigarros que um indivíduo necessita por dia, demora algum tempo para ser definido, em função de vários fatores, como custo, proibições do consumo em escolas e em casa, pelo desenvolvimento da tolerância e, possivelmente, pelas características individuais, isto é, o fenótipo em relação ao tabagismo (CHATIKIN e KIRCHENCHTEJN, 2004).

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nicotina e receptores de dopamina que podem modular a resposta à esta substância (OLIVEIRA e JARDIM, 2003).

O gene CYP2A6 está relacionado com a dependência nicotínica. Os portadores deste gene codificam enzimas que metabolizam 60% a 80% da nicotina inalada, tendo grande compulsão para fumar, tornando-se tabagistas pesados com intensa nicotino-dependência, enquanto os indivíduos que possuem este gene com alelos heterozigóticos são fracos metabolizadores da nicotina, tornando-se fumantes moderados (ROSEMBERG, 1997; OLIVEIRA e JARDIM, 2003).

4.4 REPERCUSSÕES DO TABAGISMO EM INDIVÍDUOS IDOSOS

O tabagismo é considerado a principal causa de morte evitável em todo o mundo, principalmente causada por câncer, doenças pulmonares e cardiovasculares, além de ser fator de risco para outras doenças (WHO, 2008).

As doenças relacionadas ao tabaco são importantes causas de morbidade e mortalidade nos dias atuais (MENEZES, 2004). Apesar dos males causados pelo cigarro serem bem conhecidos, as dificuldades dos fumantes para deixar a dependência tabágica são notórias. Ao que tudo indica, o ato de fumar envolve prazer, hábito e dependência farmacológica, o que torna difícil abandoná-lo (MARTINEZ et al, 2002).

As consequências decorrentes do tabagismo nos idosos coincidem com as já descritas para a população em geral, com a diferença que, com maior frequência, temos não o risco de sofrer de uma doença relacionada ao tabaco e sim a presença e agravamento da mesma, seja esta respiratória, vascular coronariana, vascular periférica, cerebrovascular ou neoplásica, e suas complicações (ARAÚJO et al, 2004). Em indivíduo com idade avançada, o fumo está associado com o enfisema, bronquite crônica, câncer de pulmão e laringe (TARANTINO, 1976). Tabagismo e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) são fatores predisponentes para o desenvolvimento de pneumonia adquirida na comunidade, por alterarem as defesas locais. Portanto, a abordagem do tabagismo no idoso é semelhante à dos mais jovens, exceto pela maior possibilidade de co-morbidades e maior risco de interações medicamentosas (GOMES e PEREIRA, 2006).

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modo que aqueles nas demais faixas etárias (INCA-CONPREV, 2001). Entre os benefícios obtidos com a cessação do uso do cigarro em idosos destacam-se: redução do risco de adoecer, melhor controle da evolução de doença pré-existente e aumento da expectativa de vida (APPEL e ALDRICH, 2003; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA-SBPT, 2004).As taxas de sucesso do tratamento em idosos não diferem das encontradas em outras faixas etárias, oscilando entre 23% e 32% após um ano da cessação (TZIVONI et al,1998).

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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a afetividade, funcionalidade e qualidade de vida em idosos institucionalizados tabagistas, ex-tabagistas e não tabagistas.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Traçar o perfil sócio-demográfico e clínico da população de idosos institucionalizados tabagistas, ex-tabagistas e não tabagistas;

- Listar as doenças tabaco-relacionadas nos indivíduos idosos dos três grupos estudados;

- Comparar o vínculo afetivo entre os indivíduos idosos dos três grupos estudados; - Traçar o perfil de funcionalidade e de cognição na população dos três grupos estudados;

- Investigar os motivos para fumar no grupo de indivíduos idosos institucionalizados fumantes;

- Investigar a dependência nicotínica e sua correlação com os motivos para fumar no grupo de indivíduos idosos institucionalizados fumantes;

- Avaliar a correlação entre a dependência nicotínica e os motivos para fumar no grupo de idosos institucionalizados fumantes;

- Avaliar o nível de coerência das respostas emitidas pelos idosos que participaram do estudo;

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4 MATERIAL E MÉTODO:

4.1 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de estudo epidemiológico analítico e transversal, composto por uma amostra de conveniência indivíduos idosos institucionalizados tabagistas, ex-tabagistas e não tabagistas com idade igual ou superior a 60 anos, realizado no primeiro semestre de 2010.

Apesar das limitações do estudo transversal, como impossibilidade de estabelecer causa e efeito, este é um método usado nos estudos em que se pretende examinar a relação entre eventos. Também é um método rápido, simples, de baixo custo e objetivo na coleta de dados (PEREIRA, 1995).

4.2 LOCAL DO ESTUDO

O estudo atual foi desenvolvido na ILPI Lar dos Velhinhos Maria Madalena, após autorização da direção geral da referida instituição (APÊNDICE A), situada à SMPW trecho 03, Área Especial 01, Núcleo Bandeirante - DF, sendo credenciado no Conselho dos Direitos do Idoso, vinculado ao Governo do DF.Foi fundada em 7 de março de 1980, possuindo caráter filantrópico. É um espaço que atende idosos encaminhados pela Secretaria de Estado de Ação Social (SEAS) do DF, os quais não recebem renda ou têm renda mínima (salário mínimo) e não possuem família ou esta não tem condições financeiras de mantê-los. Essa instituição recebe recursos do Governo, por meio de repasse de verbas do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, e também parte dos proventos dos idosos e doações de voluntários.

A ILPI referida abriga cerca de 101 idosos, com idade igual ou superior a 60 anos. É construída em blocos, nos quais os idosos são separados por gênero e por situação de dependência física. No bloco “A” estão as mulheres, no bloco “B” os homens e no bloco “C” os idosos e idosas acamados, que requerem assistência nas atividades de auto-cuidado na vida diária e/ou são portadores de comprometimento cognitivo. Essa ILPI possui área verde e está conjugada com uma creche e com um centro gerontológico, possuindo 35.000m2 , sendo distribuídos em 15.000m2 de área construída e 20.000m2 de área verde.

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auxiliares de enfermagem, além dos cuidadores. Conta ainda com equipe de voluntários da comunidade e acadêmicos, que realizam pesquisas e prestam serviços na instituição.

Por esta ILPI está localizada próxima à sede de uma das regiões administrativas do DF, os indivíduos idosos são beneficiados pelo serviço da Unidade Básica de Saúde (UBS) da circunscrição, principalmente para pequenas consultas, vacinações e visitas da equipe da UBS. Os idosos acamados são vistos pela equipe multiprofissional que trabalha na instituição e, no caso de agravos no quadro de saúde, são transportados à rede hospital. A ILPI possui condução para deslocamento dos idosos, quando são realizados passeios e em necessidade de hospitalização.

Os idosos residentes nessa ILPI podem receber visitas diariamente no período da tarde. No período da manhã, são realizados serviços de limpeza e atendimento aos idosos acamados pela equipe de enfermagem.

4.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO

A amostra foi composta de 93 idosos, com idade igual ou superior a 60 anos, internados no Lar dos Velhinhos Maria Madalena, situado em Brasília-DF. Desta amostra foram excluídos 30 idosos, pois não obtiveram a pontuação mínima exigida no MiniExame do Estado Mental. Portanto, a amostra final foi constituída de 63 idosos de ambos os sexos, divididos em três grupos: não fumante, com 33 idosos; fumante, com 20 idosos e ex-fumante, com 10 idosos. A identificação dos indivíduos idosos tabagistas, ex-tabagistas e não tabagistas na ILPI estudada foi realizada por meio de informações da equipe de enfermagem, somadas à observação da pesquisadora e confirmações fornecidas pelos próprios idosos.

Foi considerado tabagista o indivíduo que fumou mais de 100 cigarros, ou cinco maços de cigarros, em toda a sua vida e fuma atualmente (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD,1995). No grupo ex-fumante foram incluídos os indivíduos que responderam positivamente à questão: "O (a) Sr (a) já fumou?", e que fumaram por um período mínimo de 20 anos.

Todos os participantes incluídos no estudo tinham cognição normal e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram excluídos os idosos que não atendiam às características supra-citadas, e aqueles que apresentavam restrição no leito por limitação física e/ou mental.

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que não foi aberto aos idosos participantes que o principal foco da pesquisa era o tabagismo para não condicioná-los em face das respostas.

4.4 PROCEDIMENTOS E COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada no período de fevereiro a abril de 2010. Foram aplicados os seguintes instrumentos, na ordem de execução: questionário de informações sócio-demográfica e clínica; Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) (ALMEIDA,1998); Escala Adaptada de Vínculo afetivo (FLANAGAN,1982); Escala de Atividades Básicas de Vida Diária (FREITAS e MIRANDA, 2006); Questionário WHOQOL-BREF (POWER et al, 2005); Questionário WHOQOL-OLD (POWER et al., 2005); Escala Razão Para Fumar

(SOUZA, 2009); e Questionário de Tolerância de Fagerström (DO CARMO e PUEYO, 2002). Os dois últimos instrumentos foram aplicados somente no grupo fumante.

A data e horário da coleta de dados foram determinados individualmente através de entendimento entre os indivíduos participantes e a pesquisadora, de acordo com a disponibilidade de ambas as partes.

A aplicação dos questionários foi realizada individualmente pela pesquisadora, lendo cada pergunta para cada um dos indivíduos estudados. Dessa forma, buscou-se a compreensão adequada das perguntas dos questionários pelos idosos, para que assim as respondessem corretamente.

A identificação das doenças dos idosos foi feita com base no prontuário de cada idoso, fornecido pela equipe de enfermagem.

4.4.1 Aferição das informações sócio-demográfica e clínica

As informações sócio-demográfica e clínica foram obtidas através de um questionário, o qual abrange as seguintes características: gênero, faixa etária, escolaridade, estado civil, presença de doença e saúde percebida (APÊNDICE B).

4.4.2 Avaliação do vínculo afetivo

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filhos, e/ou outros parentes? 2- Possui relacionamento com amigos? (CARVALHO, 2008) (ANEXO A).

4.4.3 Avaliação da cognição

A análise da cognição foi realizada através do MEEM (ANEXO B), que é um teste cognitivo breve, composto por itens relacionados à orientação temporo-espacial, registro, memória de curto prazo, atenção, cálculo e linguagem, possibilitando avaliação concisa do estado mental do paciente (FOLSTEIN et al, 1975). É instrumento utilizado mundialmente,

possuindo versões em diversas línguas e países, já com versão validada para a população brasileira (ALMEIDA, 1998; BRUCKI, 2003). Este instrumento é usado para diagnosticar demência, mas pode ser utilizado como teste de rastreio para perda cognitiva ou como avaliação cognitiva à beira do leito (FOLSTEIN, 1998).

A escolaridade e a idade são variáveis de influência na pontuação desse teste. Vários estudos em diferentes países demonstraram que quanto menor a escolaridade e maior a idade, menor era a pontuação (CALLAHAN et al, 1996; JAQMIN-GADDA et al, 1997; GRIGOLLETO et al, 1999). No estudo atual, utilizou-se a seguinte pontuação de corte no MEEM, de acordo com a escolaridade: igual ou menor a 15 pontos nos indivíduos analfabetos, igual ou menor a 22 pontos naqueles com escolaridade entre 1 a 11 anos, e 27 pontos naqueles com escolaridade superior a 11 anos (ALMEIDA, 1998).

4.4.4 Análise da funcionalidade

Para análise da funcionalidade, foi utilizada a escala de Katz modificada, elaborada por Freitas e Miranda (2006) para avaliação das atividades básicas da vida diária, ou, simplesmente, atividades de vida diária (AVDs). Esta escala tem sido incluída na maioria das avaliações multidimensionais e tem-se mostrado válida nos quase 40 anos em que vem sendo utilizada (ANEXO C).

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4.4.5 Estudo da qualidade de vida

Para avaliação da qualidade de vida na amostra estudada foram utilizados os questionários WHOQOL- BREF e WHOQOL- OLD (POWER et al, 2005).

O WHOQOL-BREF consiste de 26 questões sobre a qualidade de vida, sendo duas gerais e as 24 demais representando cada uma das facetas derivadas do instrumento de avaliação original, o WHOQOL-100 (ANEXO D). Os instrumentos citados já foram traduzidos e validados para língua portuguesa (FLECK et al, 2000).

As 24 perguntas são relativas a quatro domínios e suas respectivas facetas, como segue: domínio 01- físico, focalizando as facetas dor e desconforto, energia e fadiga, sono e repouso, atividades da vida cotidiana, dependência de medicação ou de tratamentos e capacidade de trabalho; domínio 02- psicológico, cujas facetas são sentimentos positivos, pensar, aprender, memória e concentração, auto-estima, imagem corporal e aparência, sentimentos negativos, espiritualidade, religiosidade e crenças pessoais; domínio 03- relações sociais, que inclui as facetas: relações pessoais, suporte (apoio) social e atividade sexual; domínio 04- meio ambiente, abordando as facetas: segurança física, proteção, ambiente no lar, recursos financeiros e cuidados. Para cálculo dos domínios do questionário de qualidade de vida WHOQOL-BREF foi utilizado o modelo padrão estabelecido por Power et al (2005) (ANEXO E).

O WHOQOL-OLD foi desenvolvido para avaliar a qualidade de vida especificamente de indivíduos idosos, assegurando assim que importantes áreas acerca da velhice estejam cobertas por este instrumento (ANEXO F). O módulo WHOQOL-OLD envolve abordagem psicométrica clássica para analisar a consistência interna, validade discriminante, critério de validade, validade concorrente e teste-reteste. Seus resultados indicam propriedades psicométricas adequadas para esta versão. Este instrumento é composto de seis facetas: funcionamento dos sentidos (FS), nas questões 1,2,10,20; autonomia (AUT), nas questões 3,4,5,11; atividades passadas, presentes e futuras (PPF), nas questões 12,13,15,19; participação social (PSO), nas questões 14,16,17,18; morte e morrer (MEM), nas questões 6,7,8,9; intimidade (INT), nas questões 21,22,23,24; e escore global, nas questões de 1 a 24 (FLECK, 2003).

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4.4.6 Aferição para motivação para o fumo

Thomkins (1966) descreveu o tabagismo como maneira empregada pelos indivíduos para controlarem seus sentimentos. Baseados nesta afirmativa, Horn e Waingrow (1966) propuseram uma escala com o propósito de identificar os motivos predominantes que levariam diferentes indivíduos a fumar: a Escala Razões para Fumar (ERPF). SOUZA et al (2009)

propuseram modificação na ERPF, com a introdução de questões relacionadas a: dependência (questões 5,12,19); prazer de fumar (questões 3,10,17); redução da tensão/relaxamento (questões 4,11,18); tabagismo social (questões 7,14,21); estimulação (questões 1,8,15); hábito/automatismo (questões 6,13,20); e manuseio (questões 2,9,16). Esta última escala foi chamada de ERPF modificada (ERPFM) (SOUZA et al, 2009) (ANEXO H).

4.4.7 Análise da dependência nicotínica

O questionário de Tolerância de Fagerström (QTF) foi elaborado pelo médico dinamarquês Karl Fagerström, sendo atualmente utilizado mundialmente para avaliar o grau de dependência nicotínica em substituição a outros teste mais caros, que consomem mais tempo ou são invasivos. Este questionário fundamenta-se em “seis suposições maiores hipotéticas”, com as quais estaria relacionada a dependência nicotínica e que seriam reflexo fiel do comportamento do homem frente ao fumo, independente das interpretações pessoais (HALTY et al, 2002).

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4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

As associações entre os grupos estudados e as variáveis qualitativas foram avaliadas preferencialmente pelo teste do quadrado. Quando não foi possível aplicar o Qui-quadrado, optou-se por utilizar o Teste G conforme recomenda Ayres et al (2007) para variáveis categóricas e quando o número da amostra (n) X probabilidade de acontecer o evento (p) X probabilidade do evento não acontecer (q) fosse menor que 5 (npq<5). Já o Teste Binomial também foi uma alternativa do teste Qui-quadrado, utilizado para as variáveis dicotômicas.

A análise das variáveis quantitativas foi realizada através de análise de variância, visto que o estudo foi realizado sob o enfoque comparativo entre três grupos. Quando a variável quantitativa apresentou distribuição normal, foi aplicada a ANOVA paramétrica com pós-teste de Tukey. Quando a variável quantitativa não apresentou distribuição normal ou apresentou heterocedasticidade, foi aplicado método não-paramétrico: ANOVA de Kruskal-Wallis. Quando foi necessário comparar apenas dois grupos, neste caso, foi aplicado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney.

A avaliação da associação entre a pontuação de Dependência Nicotínica (FAG) e os Motivos Para Fumar (ERPFM) foi realizada através da Correlação Linear de Pearson.

Para análise da consistência interna das respostas obtidas através dos questionários de qualidade de vida (WHOQOL-BREF e WHOQOL-OLD) utilizou-se o Coeficiente Alfa de Cronback, o qual é uma fórmula que analisa o grau de fidedignidade das respostas obtidas nos questionários de Qualidade de Vida. O cálculo do coeficiente Alfa de Cronback foi realizado

com base nas covariâncias entre as variáveis representativas de todas as respostas que compõem o questionário (Power etal, 2005).

Foi previamente fixado o nível de decisão alfa = 0,05 para rejeição da hipótese nula. Os testes e hipóteses foram processados pelo software BioEstat versão 5.

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Tabela  1.  Características  sócio-demográfica  e  clínica  de  63  idosos  institucionalizados,  nos  grupos  não  fumante, fumante e ex-fumante, Brasília-DF, 2010
Figura 1. Distribuição da variável gênero entre os 63 idosos institucionalizados nos grupos não fumante,  fumante e ex-fumante, Brasília-DF, 2010
Figura 2. Distribuição da variável saúde percebida entre os 63 idosos institucionalizados, nos grupos não  fumante, fumante e ex-fumante, Brasília-DF, 2010
Tabela  2.  Doenças  referidas  em  63  idosos  institucionalizados  nos  grupos  não  fumante,  fumante  e  ex- ex-fumante, Brasília- DF, 2010
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Referências

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