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Grupos de trabalho para o sucesso (STAD)

CAPÍTULO II F UNDAMENTAÇÃO T EÓRICA

9. Métodos de aprendizagem cooperativa

9.1. Grupos de trabalho para o sucesso (STAD)

O método STAD foi desenvolvido por Slavin durante os anos 70. Este método permite criar formas de interdependência entre os membros de um grupo, tornando-os responsáveis não só pelo êxito da sua aprendizagem mas também pela dos outros elementos do grupo (Bessa & Fontaine, 2002). Deste modo, o sucesso do grupo está dependente dos contributos individuais de cada elemento, introduzindo um factor de responsabilização individual. Assim, no sentido de melhorar as prestações de cada elemento e possibilitar o sucesso do grupo são estabelecidas relações de entreajuda, de forma a garantir que todos tenham um bom desempenho em situações de avaliação individual. Para além disso, todos os elementos podem contribuir para o sucesso do seu grupo, independentemente de serem alunos mais fracos ou não, ou seja, cada elemento é importante e indispensável.

Neste método, após algumas aulas de trabalho cooperativo, os alunos são sujeitos a mini-testes/questionários e os resultados obtidos são comparados com o rendimento alcançado na avaliação anterior. Neste caso, o que está em causa é a melhoria alcançada por cada aluno em cada avaliação efectuada, ou seja, o aluno não é comparado com os seus colegas, mas com os seus próprios resultados individuais. Assim, o importante é o sucesso individual que deve ser alcançado através da entreajuda estabelecida no grupo cooperativo e que, por sua vez, se reflecte no sucesso da equipa.

Aos alunos mais fracos não lhes é solicitado que de imediato obtenham resultados positivos, mas estes poderão ser alcançados com os sucessivos progressos na sua aprendizagem. Deste modo, quando um aluno obtém um resultado melhor do que o anterior, contribui com pontos para a sua equipa. Este facto permite ao aluno, através da realização progressiva de objectivos intermédios, atingir objectivos mais gerais, com consequências benéficas ao nível do rendimento académico, da auto-eficácia e da motivação (Bandura e Schunk, 1981, cit. Bessa & Fontaine, 2002).

Segundo Lopes e Silva (2009), citando Slavin (1986, 1995, 1999) e Stevens, Slavin e Farnish (1991), o método STAD consta de cinco elementos principais:

1. Apresentação – o professor faz a apresentação da lição ao grupo turma, devendo as explicações centrarem-se no conteúdo a ser avaliado nos questionários individuais, o que contribui para que os alunos prestem uma maior atenção à apresentação do professor.

2. Trabalho em grupo – o grupo deve ser constituído por 4 ou 5 membros representando a heterogeneidade da turma. O principal objectivo é preparar os vários elementos do grupo para o questionário individual. Assim, os alunos estudam as fichas, comparam respostas, discutem problemas, elaboram esquemas e resumos e clarificam conceitos. Os vários elementos devem dar o seu melhor pela equipa e devem ajudar os seus colegas para que possam ter um bom desempenho. Este método tem efeitos importantes não só na aprendizagem dos conteúdos, mas também no desenvolvimento do respeito mútuo, contribuindo para a auto-estima e a integração de diferentes tipos de estudantes.

3. Mini-testes/Questionários de avaliação individual – os alunos respondem, individualmente e sem qualquer ajuda dos seus colegas de equipa, a um mini- teste/questionário, sobre as matérias leccionadas pelo professor e trabalhadas em grupo.

4. Progresso individual – todos os alunos têm a possibilidade de melhorar a sua pontuação, pois o que é “medido” é o seu progresso em relação ao seu desempenho nos questionários/mini-testes anteriores. Assim, todos os elementos, independentemente do nível de competências em que se encontrem, podem contribuir com pontos para a sua equipa.

Ao aluno é atribuída uma pontuação de superação individual de acordo com a sua classificação de base (tabela 1). A primeira classificação de base é calculada a partir dos resultados obtidos pelos alunos nas avaliações realizadas antes da aplicação da metodologia de aprendizagem cooperativa. Após a aplicação desta metodologia e de cada novo período de avaliações, as classificações de base são recalculadas, com base na média dos resultados obtidos nos questionários/mini-testes efectuados. As pontuações de superação individual revertem para o grupo. Ou seja, as pontuações das

equipas são calculadas a partir da média das pontuações de superação individual, obtidas pelos vários membros que constituem a equipa.

Deste modo, todos os elementos do grupo têm oportunidade de contribuir de igual forma para o sucesso da sua equipa.

Tabela 1 - Critérios para a atribuição individual de pontos (adaptado de Lopes & Silva, 2009)

Critério Pontuação

Um trabalho perfeito, independentemente da classificação de base

30 pontos

Mais de 10 pontos acima da classificação de base 30 pontos De 10 pontos a um ponto acima da classificação de base 20 pontos

Resultado igual à classificação de base 20 pontos

Um ponto abaixo até 10 pontos abaixo da classificação de base 10 pontos Mais de 10 pontos abaixo da classificação de base 5 pontos

5. Recompensas do grupo – as equipas podem receber uma recompensa, como certificados ou pequenos prémios, caso atinjam uma dada pontuação (tabela 2). Os pontos ganhos pelas equipas podem ser usados para subir cinco pontos nas suas notas. Podem ser utilizadas outras formas de reconhecimento social, como boletins informativos, jornais de parede ou jornais escolares, onde são distinguidos os alunos e os grupos que obtiveram um óptimo desempenho. Estas recompensas funcionam como um reforço positivo e uma forma de demonstrar a importância do empenho individual e colectivo para o sucesso da equipa.

Tabela 2 - Critérios para a atribuição de prémios às equipas (adaptado de Lopes & Silva, 2009)

Critério (média da equipa) Reconhecimento do êxito das equipas

15 pontos Boa Equipa

20 pontos Grande Equipa

Lopes e Silva (2009), citando Slavin (1990), referem que existem diversos estudos que comprovam os benefícios da aplicação do método STAD aos alunos do 2.º ao 12.º ano de escolaridade, nos diversos conteúdos curriculares e áreas disciplinares, nomeadamente nas Ciências. As investigações demonstram os efeitos positivos não só ao nível do rendimento escolar, mas também na auto-estima, no comportamento do aluno, nas relações interpessoais e no gosto de frequentar a escola.

Estes benefícios verificam-se tanto para os alunos com menor rendimento escolar como para os médios e os bons alunos. O mesmo autor afirma que o método STAD é muitas vezes utilizado com alunos com necessidades educativas especiais (NEE), sendo obtidos resultados positivos, nomeadamente no aproveitamento escolar, no comportamento e na sua aceitação pelos colegas.