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APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.4 GUINÉ-BISSAU: contexto histórico, político, social e econômico.

O país localiza-se na costa ocidental da África, com uma superfície terrestre de 36.125 quilômetros quadrados. Sua capital é Bissau e encontra-se entre o Senegal, ao norte, e a Guiné-Conakry, ao Sul e Leste; ao oeste, é limitado pelo Oceano Atlântico (INE DE GUINÉ-BISSAU, 2009). Possui um clima tropical úmido com duas estações anuais, sendo uma seca, que vai de novembro a abril, e outra das chuvas, que vai de maio a outubro, com uma precipitação média anual que oscila entre 1500 e 2000 mm (INE DE

GUINÉ-BISSAU, 2009).

Guiné-Bissau vem enfrentado inúmeros momentos de agitação política e militar. Logo após a independência, em 1975, o país mergulhou em uma guerra civil,perdendo milhares de vidas. Mais tarde, em 1980, ocorreu um golpe militar que estabeleceu o ditador autoritário João Bernardo "Nino Vieira” como presidente (OCDE, 2014). Vieira foi eleito presidente nas primeiras eleições livres, em 1994, e deixou o poder em 1999, devido a um motim militar, resultando em outra guerra civil (FMI, 2011).

Na década de 2000, o país foi novamente marcado pela persistência da instabilidade política, fragilidade do Estado e não observância dos preceitos do Estado Democrático de Direito, particularmente no que se refere à submissão do poder militar ao poder civil. O país não foi capaz de superar as consequências políticas, econômicas e sociais geradas pelo conflito político-militar de 1998-1999 (FMI, 2011). Um governo de transição passou o poder ao líder da oposição, Kumba Ialá, depois que ele foi eleito para presidente. Em setembro de 2003, tendo permanecido apenas três anos no cargo, Ialá foi derrubado em um golpe militar sem derramamento de sangue, e o empresário Henrique Rosa foi empossado como presidente interino.

Em 2005, o ex-presidente Vieira foi reeleito, comprometendo-se a promover o desenvolvimento econômico e a reconciliação nacional. Porém, em março de 2009, ele foi assassinado. Em seguida, Malam Bacai Sanha foi empossado após uma eleição de emergência, realizada em junho de 2009. No entanto, veio a falecer em janeiro de 2012, por causas naturais. Um golpe militar em abril de 2012 impediu a segunda rodada das eleições presidenciais de Guiné-Bissau para determinar o sucessor de Sanha. Por intermédio da Comunidade Econômica dos Estados Africanos Ocidentais, um governo de transição civil assumiu o poder em 2012 e permaneceu até as eleições livres, que ocorreram em 2014, tendo vencido José Mário Vaz (BANCO MNUDIAL, 2015). Atualmente, o país vive um período de paz,

mas a situação social de Guiné-Bissau é precária, com um dos mais baixos resultados nos Indicadores de Desenvolvimento Humano (IDH) no mundo, 0,393. De acordo com a classificação do IDH de 2011, a Guiné-Bissau ocupava a 176ª posição, num conjunto de 184 países (PNUD, 2011).

Guiné-Bissau tem uma população de 1,7 milhão de habitantes, caraterizado por uma população predominantemente jovem e escassa população idosa. A população de 0 a 14 anos representa 39,8%; de 15 a 24 anos, 20,2%; de 25 a 54 anos, 32,1%; e mais de 60,

3,3%. A idade média da população é de 21,7 anos, sendo a idade mediana de 18,8 anos para a população feminina e de 17,5 anos para a população masculina. A maioria da população é do sexo feminino, correspondendo a 51,4% (INE DE GUINÉ-BISSAU, 2009). A pobreza afeta dois terços da população guineense, sendo que 66,7% da população vive com menos de 2 dólares por dia e 20,8% com menos de 1 dólar por dia. A percentagem de pobres é mais elevada nas zonas rurais e entre indivíduos com mais de 45 anos (INE DE GUINÉ-BISSAU, 2009). O país é predominantemente rural, onde a agricultura, a silvicultura, a pesca e a pecuária representaram 49,1% do PIB em 2013. Esse setor empregava 72,4% da força de trabalho.

A situação sanitária guineense é caraterizada por morbilidade e mortalidade elevadas, sobretudo grupos considerados mais vulneráveis, como crianças, mulheres e pobres, que estão sujeitos a vários fatores de ordem ambiental, biológica, cultural, econômica, demográfica, institucional e política (INE DE GUINÉ-BISSAU, 2009). A par dos fatores acima mencionados, há também outro fator que influência as condições sanitárias do país:

“A pobreza é a grande determinante da realidade sanitária observada no país. Esta se reflete no stress, na reduzida higiene doméstica, na violência doméstica, na ruptura do tecido social tradicional, na insegurança alimentar, no abuso de álcool e droga, no caso dos jovens, e na falta de cuidados médicos para pequenos distúrbios, que acabam por se agudizar.” (PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO SANITÁRIO, 2010, p. 26).

As doenças transmissíveis são consideradas o maior problema de saúde pública, destacando-se como maiores causas de morbilidade e mortalidade o paludismo, a tuberculose, a infecção do VIH/SIDA, as doenças diarreicas e as infecções respiratórias agudas. As crianças e as mulheres, particularmente as grávidas, são as mais afetadas por essas doenças (INE DE GUINÉ-BISSAU, 2009). No que concerne à prevenção e tratamento do HIV/SIDA, tuberculose e malária, existem fraquezas e obstáculos que afetam a oferta de cuidados, tais como a inacessibilidade geográfica dos centros de saúde, o envelhecido sistema de infraestruturas e os fracos sistemas logísticos (MEN DE GUINÉ- BISSAU, 2003).

Apesar do alto índice de infecções por HIV, a expectativa de vida, registrou uma melhoria significativa. Assim, em 1997, a expectativa de vida para mulheres era de 44 anos contra 40,6 anos nos homens e, em 2011, a expectativa de vida passou para 51,93 anos para as mulheres, contra 47,87 nos homens (INE DE GUINÉ-BISSAU, 2011).

A taxa de alfabetização é de 77,28% (2015), existindo ainda 30% de crianças em idade escolar fora do sistema de ensino em 2010, e a taxa de reprovação foi de 14,07% no mesmo ano (UNESCO, 2015).

Enquanto isso, a economia de Guiné-Bissau recuou com o golpe militar de 2012. Houve a suspensão de doações internacionais e o governo de transição fracassou em suas campanhas de comercialização de caju (principal fonte econômica) em 2012 e 2013, além das políticas que têm sido implementadas erroneamente (BANCO MUNDIAL, 2015).

Ademais, além do quadro desfavorável citado acima, existem falhas em infraestruturas, como no setor de eletricidade e abastecimento de água, portos, e dificuldades ligadas à disponibilidade de financiamento, à instabilidade institucional e às capacidades institucionais e humanas do país na implementação de projetos de desenvolvimento dentro dos prazos previstos (FMI, 2011).

Guiné-Bissau é altamente dependente da agricultura de subsistência, com potencial significativo para o desenvolvimento de recursos minerais, incluindo fosfatos, bauxita e outros minérios. O clima e o solo são viáveis para o crescimento de uma ampla gama de culturas de rendimento, como frutas, verduras e tubérculos; no entanto, a castanha de caju gera mais de 80% das receitas de exportação, sendo a principal fonte de renda para muitas comunidades rurais (ODM, 2015). Além disso, há ainda uma dependência quase total da comunidade internacional para o financiamento em setores sociais, como a saúde e a educação (PNUD, 2007). A seguir apresenta-se um quadro referente ao contexto socioeconômico de Guiné-Bissau.

Quadro 6 - Indicadores Sociais e Econômicos

Taxa de crescimento da população (média anual %) 2010-2015 2,4 Taxa de crescimento da população urbana (%) 2010-2015 3,6

População urbana (%) 2013 45,3

População com idade entre 0-14 anos (2013) 41,5%

IDH (2013) 0,396

IDH (2013) posição no ranking 178

População com idade 60+ anos (Mulheres e Homens %) 2013 56/ 50 Expectativa de vida (mulheres e homens) 2010-2015 55,7/52,7 Taxa de mortalidade infantil (por 1000 nascidos vivos) 2010-2015 93,9

Taxa de desemprego (%) 18

Taxa de alfabetização % (2015) 77,28%

Taxa de crianças fora do sistema de ensino % (2010) 30%

Taxa de reprovação % (2010) 14,07%

Taxa de inflação (%) 1,75

Taxa do crescimento do PIB (%) 2015 656

PIB per capita (2014) 1363