• Nenhum resultado encontrado

Há interações entre as crianças e a professora, e entre elas próprias Essas

5. ANÁLISE DOS DADOS CONSTRUÍDOS

5.4. A ocorrência das interações (socialização)

5.4.1. Há interações entre as crianças e a professora, e entre elas próprias Essas

vínculos afetivos de amizade, respeito e uma aprendizagem significativa às

crianças

Em distintos momentos, as interações entre as crianças, a professora e o espaço foram visíveis. Construíram laços de afetividade, confiança, e segurança significativos, marcantes e construtores de uma educação infantil de qualidade.

Observamos que ocorreram alguns tipos de interações, dentre elas: a interação espontânea entre as crianças e o ambiente de aprendizagem, entre as próprias crianças, entre as crianças e a professora, entre as crianças e a enfermeira, e entre a enfermeira e a professora. Por exemplo, no dia 17 de setembro de 2008, observamos um grupo de crianças na sala de aula dialogando de forma envolvente e prazerosa:

G (Guilherme): Ei, pessoal que legal. J (Jussara): O que Gui?

G: Isso aqui. Essa brincadeira com tinta meleca da tia Sofia. L (Luciana): É bem gostoso. Já provou? Tem gosto de limão. G: Luciana vou contar pra tia, não pode comer tinta não, viu.

M (Mateu): Guilherme é de mentirinha. É assim, oh, de brincadeirinha. Prova.

G: Sei não hein... M: Vai logo, é legal.

S (Sofia): O que tá acontecendo aqui? Quem já fez a atividade? J: Tia, eu. Quer? Tem gosto de que?

S: Humm... humm...tem gosto de picolé de limão.

Todos riram, e começaram a fazer de conta que estavam chupando picolé de limão.

Envolvida com a situação, a professora Sofia, logo em seguida, na hora do recreio, saiu, comprou limão, e fez suco com as crianças, distribuindo entre elas e falando sobre os diferentes sabores das coisas. No dia seguinte, fugindo do seu roteiro de atividades e quebrando a sua rotina, levou em uma caixa surpresa outros limões, água, açúcar e saquinhos de picolé. Retomou os acontecimentos do dia anterior e convidou as crianças para fazerem algo com tudo aquilo. Ela questionou: O que podemos fazer com esses limões?

G : Já sei tia.

S: O que Guilherme? G: Um bolo de limão azedo.

S: Será que com esse material dá pra fazer um bolo delicioso de limão? Não está faltando nada não?

J: Tia, não tem farinha e ovo. S: Pra que farinha e ovo Jussara? J: Ué tia, pra fazer o bolo.

S: Pessoal, o bolo leva farinha e ovo? Sa (Samanta): Leva tia, mas é caro. T (Tadeu): Muito caro, mas muito gostoso.

S: Se o bolo leva farinha e ovo, e eu não nenhuma das duas coisas, posso fazer bolo com limão, saquinho e açúcar e água?

Th (Thalita): Não né tia.

E (Enfermeira): hum... dá pra fazer uma coisa gostosa e geladinha que vocês adoram.

S: Obrigada, querida. Mas quem será que irá adivinhar? QT (Quase todos): Já sei... já sei... picolé... sorvete... suco...

S: Parabéns pessoal, vocês estão muito espertos, mas será bolo, picolé, sorvete ou suco? Vamos ver.

(Diário de campo, 17/09/2008)

Sofia começou a separar os ingredientes, cortou os limões, espremeu-os dentro de uma jarra com água, colocou açúcar e misturou sem parar. Depois, distribuiu um saquinho para cada criança segurar e colocou o suco de limão, amarrando-o em seguida. Momento em que algumas crianças ficaram chateadas, pois achavam que iriam tomar o suco. Ao finalizar esse momento, Sofia questionou novamente:

S: Então crianças, o que fizemos? A (Allana): picolé de limão.

Ga (Gabriela): Ra...ra...ra...(sorrindo) não Allana, fizemos dindim de limão, né tia?

G (Guilherme): Que dindim o que. A tia fez chupadinho de limão azedinho.

Então Sofia explicou que havia feito com as crianças picolé de limão que em alguns lugares era conhecido como chupadinho, em outros como laranjinha e em Brasília como dindim. Todos experimentaram, muitos adoraram o picolé.

(Diário de campo, 17/09/2008)

Isso nos remete a Machado (2007), quando diz que a criança é um ser social, o que significa dizer que seu desenvolvimento se dá entre outros seres humanos, em um espaço e tempo determinados numa perspectiva histórica e dialética.

No entanto, não visualizamos ou presenciamos a interação entre a professora e a equipe docente e a gestão da instituição.

Em diferentes momentos da rotina escolar, constatamos que as crianças, conversavam bastante entre si, e estabeleciam as interações de forma espontânea, recorrendo a um vasto repertório de vida, voltado a questões do âmbito familiar, desejos, sonhos, idealizações, ao mundo do faz de conta e tantas outras questões. Para isso, utilizou-se essencialmente o diálogo, peça-chave para o sucesso de suas construções, favorecendo o desenvolvimento e a aprendizagem da criança.

Assim, a professora Sofia ao propor situações de aprendizagem sistematizadas proporcionando aos seus alunos momento de conflito entre o conhecimento já adquirido e a vivência de novos, mediando, negociando e orientando-os materializou a concepção de Vygotsky sobre as zonas de desenvolvimento proximal. De acordo com Barbato (2008):

Daí vem a importância da construção das zonas de desenvolvimento proximal em que a criança, a partir do que sabe fazer sozinha, desenvolve a atividade junto com alguém que sabe mais que ela, seja o professor, um colega, o irmão ou outra pessoa responsável. (p.31)

Ainda de acordo com a autora, a ZDP é também, o lugar do professor ou das pessoas responsáveis pelas crianças aprenderem sobre elas, sobre a forma como utilizam os conhecimentos frente às situações de aprendizagem. Isso possibilita perceber se a criança compreendeu o enunciado das atividades propostas, se há algo poderia ser alterado nessa atividade para que entendessem com clareza o que estava sendo solicitado para assim alcançarem os objetivos necessários.

Acreditamos assim, que as crianças tiveram acesso a uma diversidade de interações das mais diferentes naturezas, tendo acesso a elementos essenciais ao seu desenvolvimento e aprendizagem.

Dessa forma, no contexto da sala de aula ocorreram diferentes interações que proporcionaram a construção de relações saudáveis, vínculos afetivos de amizade e respeito e uma aprendizagem significativa para as crianças, contribuindo assim para o desenvolvimento de uma educação infantil de qualidade.