• Nenhum resultado encontrado

SUPERVISÃO DE ENSINO: CARACTERÍSTICAS INSTITUCIONAIS HISTÓRICAS E MITOS TIPOLÓGICOS VIGENTES EM PROCESSO DE TENSÃO

2.1 As heranças legais e políticas

A ação de supervisores de ensino, enquanto cargo do quadro da administração pública educacional estadual, é disciplinada pela Lei Complementar/SP nº 836, de 30 de dezembro de 1997, que Institui Plano de Carreira, Vencimentos e Salários para os Integrantes do Quadro do

Magistério da Secretaria de Educação.

I – Cargo do Magistério: o conjunto de atribuições e responsabilidades conferidas ao profissional do magistério;

Artigo 4º - O Quadro do Magistério constituído das seguintes classes: I – Classes de docentes:

a) Professor Educação Básica I – SQC - II e SQF - I; b) Professor Educação Básica II – SQC – II e SQF – I;

II – classes de suporte pedagógico: a) Diretor de Escola – SQC-II;

b) Supervisor de Ensino – SQC-II; (g.n.). c) Dirigente Regional de Ensino – SQC-I.31

A supervisão de ensino é um locus privilegiado de mediação entre escola e a administração central do sistema, apresentando como sede de trabalho uma Diretoria de Ensino, órgão descentralizado da estrutura educacional da SEE/SP, vinculado a Coordenadoria de Ensino e responsável pelas escolas públicas e privadas sob sua jurisdição no âmbito regional.

Nas diretorias os supervisores possuem um setor de trabalho, composto por um conjunto de escolas públicas e privadas vinculadas ao sistema de ensino e sob a responsabilidade de uma DE, de acordo com a Res. SE/SP 28/1994, alterada pela Res. SE/SP 55/1995, que estabelece:

Art. 3º - Os critérios para composição do Setor de Trabalho do Supervisor de Ensino compreenderão as escolas sob a responsabilidade deste especialista e as atribuições do cargo, definidas em lei, a saber:

I – exercer, por meio de visitas aos estabelecimentos de ensino, a supervisão e fiscalização das unidades escolares incluídas no setor de trabalho que lhe for atribuído, prestando a necessária orientação técnica e providenciando a correção de falhas administrativas e pedagógicas, sob pena de responsabilidade e

II – realizar estudos e pesquisas visando ao desenvolvimento do sistema de ensino.

Parágrafo único - Além das atribuições previstas neste artigo, deve o Supervisor de Ensino obedecer ao disposto nos art. 78 do Decreto nº 7.510/1976 e do art. 7º do Decreto nº 5.586/1975.

Além desse conjunto de escolas, os supervisores incorporam ao seu trabalho outras atividades. Essas dizem respeito a projetos e atividades (administrativas e pedagógicas) planejadas pela SEE e/ou DE , que envolvem todas as escolas, direta ou indiretamente,

31 As siglas referem-se a; SQC II – Subquadro de Cargos Públicos constituídos de cargos de provimento efetivo, que comportam substituição; e SQC I – Subquadro de Cargos Públicos, constituídos de cargos de provimento em comissão. (Lei Complementar nº 180/1978 – SP).

pertencentes à região da Diretoria. A fim de exemplificação podemos citar, entre muitos, os trabalhos ligados:

a) à Atribuição de Aulas – organizando, orientando e executando todo o processo de atribuição de aulas da regional, do início e ao longo do ano;

b) ao Professor-Coordenador – com organização, orientação, planejamento e execução do processo de credenciamento e seleção do professor-coordenador (elaboração, correção das provas e publicação dos resultados), bem como, ações de formação continuada para esse grupo de educadores;

c) ao Ingresso e Remoção – organização, orientação e execução das instruções para o ingresso e a remoção de funcionários, professores, diretores e supervisores;

d) à Progestão – participando da tutoria de grupos na DE, organizando e planejando as capacitações de acordo com as orientações recebidas pela equipe central, bem como, cuidando dos registros e avaliações do grupo sob sua responsabilidade;

e) a projetos e atividades – com Educação de Jovens e Adultos e Exames Supletivos; Escola da Família; Projeto Letra e Vida; Fundação Casa; Ensino Médio em Rede; GDAE ; Cadastro Nacional de Cursos de Educação Profissional; Educação Especial; etc., envolvendo ações diversas da supervisão na coordenação dessas atividades paralelas e materialização dos registros, na instrução dos expedientes e comunicação com os diferentes órgãos do sistema.

Além do atendimento ao seu setor, da coordenação e atividades da DE, do atendimento ao público em plantão de supervisores, o supervisor também participa de outras comissões designadas para fins específicos: autorização de funcionamento de escolas e cursos; encerramento de escolas e cursos; apuração preliminar de denúncias; apuração preliminar de furtos; organização e participação em eventos com entidades parceiras da DE; capacitações em parceria com a Oficina Pedagógica; análise de recursos de avaliação final de alunos; e muitos outros.

Para situar esse vasto campo de atuação e inter-relações estabelecidas pela supervisão, apresentamos a seguir, de forma sucinta, a estrutura básica da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo:

a) Órgãos Centrais:

a. DRHU (Departamento de Recursos Humanos) – “órgão setorial da Administração de Recursos Humanos do Estado, através das unidades constantes de sua Estrutura Organizacional, planeja, coordena, executa e

presta orientações técnicas, sobre atividades de Administração de Pessoal no âmbito da Secretaria de Educação, observadas as políticas, diretrizes e normas emanadas do Órgão Central do Sistema”.32

b. CEI (Coordenadoria de Ensino do Interior) – “compõe a estrutura básica da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, tendo como objetivo implementar o Plano de Educação proposto pela SEE em sua área territorial de atuação, que compreende 610 municípios no interior do Estado, a fim de construir e consolidar a Escola dos Nossos Sonhos. O propósito desta página é encurtar distâncias, agilizar as tomadas de decisões e a melhoria da política educacional nos diferentes níveis administrativos do sistema, além de facilitar os contatos da CEI com as 62 Diretorias de Ensino localizadas em regiões estratégicas do Estado de São Paulo”. 33

c. CENP (Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas) – “é um dos órgãos da estrutura básica da Secretaria de Estado da Educação. São suas atribuições gerais: desenvolver estudos e pesquisas objetivando o estabelecimento de diretrizes e normas pedagógicas para a rede estadual de ensino; desenvolver estudos e pesquisas objetivando o estabelecimento de diretrizes e normas organizacionais de funcionamento das unidades escolares da rede estadual de ensino; elaborar, orientar, coordenar e acompanhar o Programa de Educação Continuada do quadro do magistério; propor, orientar e acompanhar a avaliação externa do sistema de ensino; organizar o acervo de documentos e publicações do interesse da Secretaria, colocando-os à disposição dos interessados; desenvolver estudos e pesquisar, diretamente ou por meio de terceiros, que visem o aprimoramento do desenvolvimento do ensino; assessorar o Secretário da Educação no âmbito de suas atribuições”.34 d. COGSP (Coordenadoria de Ensino da Região Metropolitana da Grande São Paulo) – “tem como área de abrangência o Município de São Paulo, dividido em treze Diretorias de Ensino, e trinta e quatro municípios da região da

32 Disponível em: <http://drhu.edunet.sp.gov.br/Apresentacao/index.asp>. Acesso em: 6 ago. 2007. 33 Disponível em: <http://cei.edunet.sp.gov.br/subpages/sobreCEI/equipe.htm>. Acesso em: 6 ago. 2007. 34 Disponível em: <http://cenp.edunet.sp.gov.br/index.htm > . Acesso em: 6 ago. 2007.

Grande São Paulo, constituídos por quinze Diretorias. Abrange, portanto, a COGSP esse pequeno número de circunscrições territoriais, também numa reduzida área, comparada com a extensão estadual. No entanto, ressalta-se grande concentração demográfica nessa região, que determina por parte da Secretaria de Estado da Educação a proposição de alternativas específicas e particulares para atendimento dessa numerosa demanda escolar, de modo eficiente e com qualidade de ensino. E estabelece-se como atribuição inicial para o Coordenador de Ensino da COGSP a implementação das ações do Plano de Educação estabelecido pela Secretaria de Educação”. 35

e. CRE (Centro de Referência em Educação Mário Covas) – “idealizado pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, tem como objetivo ser um referencial pedagógico de excelência na disseminação da informação educacional. Para isso, conta com um acervo documental que poderá ser consultado fisicamente, em sua sede, ou acessado virtualmente pelo site”. 36

b) Órgãos Vinculados:

a. FDE – “Criada em 1987, a FDE - Fundação para o Desenvolvimento da Educação é responsável por viabilizar a execução das políticas educacionais definidas pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, implantando e gerindo programas, projetos e ações destinadas a garantir o bom funcionamento, o crescimento e o aprimoramento da rede pública estadual de ensino. Cabe à Fundação produzir, adquirir e distribuir materiais institucionais indicados ao ensino e à aprendizagem, bem como providenciar os recursos físicos (como prédios, mobiliário e equipamentos) utilizados pela rede”.37

b. CEE (Conselho Estadual de Educação) – “Tanto na Constituição Estadual, quanto na Lei de sua criação, configura-se a complexa natureza jurídica do CEE, em decorrência de suas funções simultaneamente normativas, deliberativas e consultivas. Esta tríplice natureza é fonte permanente de

35 Disponível em: < http://cogsp.edunet.sp.gov.br/a_principal/coordenador.htm >. Acesso em: 6 ago. 2007. 36 Disponível em: <http://www.crmariocovas.sp.gov.br/top.php?t=004> . Acesso em: 6 ago. 2007.

colisões, explícitas ou não, com o Poder Legislativo, com o Poder Executivo e até mesmo com o Poder Judiciário, sem contar eventuais desencontros com as expectativas da comunidade face ao Órgão, instância última de recurso. No binômio da vocação do CEE, de Órgão simultaneamente de esclarecimento e de proposta de soluções, o CEE pode exercer sua missão mais alta, tendo como interlocutores governo e comunidade, contextualizando vocação e interlocutores no objetivo maior de qualificar a educação paulista, pública e privada, de todos os níveis”.38

Tradicionalmente, na administração pública estadual de São Paulo, a atuação do supervisor de ensino acontece em nível de sistema, contemplando as dimensões administrativas e pedagógicas da educação, como percebemos nas exposições supracitadas, diferentemente de outros sistemas de ensino.

A ação pedagógica realizada no interior da escola pode ser relacionada na rede estadual às funções de coordenação pedagógica exercida pelo antigo Coordenador-Pedagógico (cargo da carreira do magistério extinto com a LC/SP 836/1997) e atualmente pelos Professores- Coordenadores.

A LDB 9394/96 ao tratar da formação dos profissionais da educação, aponta:

Art. 64 – A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.

Na rede pública estadual paulista de ensino, a LC/SP 836/1997, disciplinou a matéria especificando como forma de provimento para o cargo, concurso público de provas e títulos e nomeação, sendo que para o exercício da função supervisora requer-se a licenciatura plena em Pedagogia ou Pós-Graduação na área de Educação, e ter, no mínimo, oito anos de efetivo exercício de Magistério dos quais dois anos no exercício de cargo ou função de suporte

pedagógico educacional ou de direção de órgãos técnicos ou ter, no mínimo, dez anos de Magistério. 39

A partir desta descrição institucional, tomando por base a regulamentação legal vigente, empreendemos uma retomada histórica, buscando identificar as características institucionais, mitos tipológicos e identidade da supervisão de ensino e, respectivamente, de seus agentes: os supervisores de ensino.