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1. INTRODUÇÃO

A deterioração na paisagem natural, especialmente, nos recursos hídricos, tem sido uma das questões mais preocupantes no mundo científico, pois as consequências dessa ação na dinâmica da natureza são preocupantes para as populações futuras.

Diante disto, há uma ampla preocupação com relação ao gerenciamento e uso dos recursos hídricos em âmbito mundial. Diversas ações de forma conjunto e/ou isolada vêm sendo realizadas procurando amenizar os efeitos da escassez de água, sem, contudo representarem soluções adequadas ou definitivas.

As ações integradas no manejo das bacias e/ou sub-bacias hidrográficas introduzem um novo “modelo” de gestão de desenvolvimento sustentável, que visa preservar efetivamente os recursos naturais, integrando o homem ao meio. Neste contexto, a interação homem com o ecossistema se inicia por um planejamento do uso dos recursos naturais, ou seja, por planos e ações de ocupação do espaço físico.

A utilização da bacia hidrográfica como unidade de planejamento permite uma avaliação continua e eficiente do complexo ambiental, além se constituir em um instrumento útil para administrar e tomar decisões sobre o ambiente, haja vista que está baseada em fatores ecológicos mutáveis (GUERRA, SILVA & BOTELHO, 1999).

Guerra & Marçal (2006) chamaram atenção para a relevância da bacia hidrográfica na recuperação de áreas degradadas, assim como a necessidade de se conhecer a sua formação, constituição e dinâmica. Para Rocha & Kurts (2001), os impactos ambientais que ocorrem no meio rural e urbano se “refletem” nos rios e nos açudes e, portanto, eles mostram a degradação ambiental no ecossistema. Por

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isso, o diagnóstico de deterioração física conservacionista deve ser sempre o primeiro a se elaborar para uma bacia, sub-bacia ou micro bacia hidrográfico.

A análise de bacias hidrográficas começou a apresentar caráter mais objetivo a partir de 1945, com a publicação do notável trabalho do engenheiro hidráulico Robert E. Horton que procurou estabelecer as leis do desenvolvimento dos rios e de suas bacias, propondo de maneira precisa, os critérios da hierarquia fluvial. Posteriormente surgiram outros sistemas, como os de Arthur N. Strahler e de Adrian E. Scheidegger. Nesse contexto, a análise morfométrica de uma bacia hidrográfica deve ser iniciada pelo estabelecimento da hierarquização fluvial, seguindo-se pela determinação dos aspectos linear, areal e hipsométrico (CHRISTOFOLETTI, 1980).

A erosão é o efeito da degradação ambiental e o responsável pelo início dos agentes causadores do assoreamento, ou seja, por entulhar com sedimentos os mananciais hídricos. O processo de erosão pluvial pode se dividido em três estágios: salpicamento (splash), formação de poças (ponds) e escoamento superficial (runoff). O escoamento superficial é o principal causador do processo erosivo na superfície, ocasionando a erosão laminar, o fluxo linear, o desenvolvimento e a formação de micro ravinas com cabeceiras. Já, as ravinas podem evoluir por processos erosivos de maior proporção, denominadas de voçorocas (GUERRA, SILVA & BOTELHO, 1999).

Estudar a morfometria do alto curso da bacia hidrográfica do Rio Paraíba e estabelecer os indicadores hídricos de susceptibilidade a erosão e à desertificação, justifica-se pela importância que a referida bacia hidrográfica representa para o estado da Paraíba, por represar no açude Epitácio Pessoa a água necessária para o abastecimento público de quase um milhão de habitantes, fora outras formas de uso da água. Diante disto, houve a necessidade de se estabelecer as principais características morfométricas do alto curso do Rio Paraíba, incluindo-se o regime hídrico, o potencial de erosividade da chuva e os indicadores hídricos de susceptibilidade a erosão e à desertificação, sendo essas determinações os objetivos principais.

2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A bacia hidrográfica do Rio Paraíba, que compõe a sub-bacia do Rio Taperoá e as regiões hidrográficas do alto, média e baixo curso (Figura 1). É a segunda maior do estado da Paraíba e abrange 38 % da área territorial. Nasce na Serra de Jabitacá, no município de Monteiro, a uma altitude superior a 1000 m, drena uma área de 20.071,83 km², compreendida entre as latitudes 6°51’ e 8°26' S e as longitudes 34°48' e 37°2' W.

O trecho denominado de alto curso do Rio Paraíba recebe o principal afluente, a sub-bacia do Rio Taperoá, cujas águas são barradas no açude Epitácio

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Pessoa, Boqueirão, o responsável pelo abastecimento de água de quase um milhão de pessoas. A área de drenagem do alto curso do Rio Paraíba é de 12.389,14 km2 e está compreendida entre as latitudes de 07º20’48” e 08º18’12” S e longitude 36º07’44” e 37º21’22” W.

Figura 1 - Mapa do estado da Paraíba, com destaque para o alto curso do Rio

Paraíba. Fonte: Marinho (2011).

De acordo com a classificação climática de Köppen, a região hidrográfica do Alto Curso do Rio Paraíba e a sub-bacia do Rio Taperoá possuem clima do tipo BSwh’, ou seja, semiárido quente, com precipitação pluvial média anual variando de 400 a 600 mm e com estação seca de 8 a 10 meses.

O relevo do alto curso do Rio Paraíba é ondulado a fortemente ondulado, com variações hipsométricas que atingem a cotas acima de mil metros. É formado por rochas do período pré-cambriano e solos do tipo Bruno não Cálcico de pouca espessura, que cobre todo cristalino, com a presença de solos Litólicos, Regossolos e Cambissolos.

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Os municípios que compõem o alto curso do Rio Paraíba, com suas respectivas micro e mesorregiões geográficas, são mostrados na Tabela 1.

Tabela 1. Municípios com as suas respectivas micros e mesorregiões geográficas

do Alto Curso do Rio Paraíba.

3. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS MORFOMÉTRICAS DO ALTO CURSO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAÍBA

A caracterização morfométrica de uma bacia hidrográfica é um dos procedimentos mais comum nas análises hidrológicas ou ambientais. As diferentes formas de relevo são oriundas da interação entre processos tectônicos, pedogênicos e intempéricos, que atuam de forma diversificada nos diferentes materiais rochosos.

As análises linear, areal e hipsométrica foram elaboradas com o auxílio do software ArcGis 9.3 que permitiu, em ambiente SIG, extrair os seguintes parâmetros morfométricos do alto curso do Rio Paraíba: área, perímetro, comprimento da bacia, comprimento do rio principal, comprimento dos rios,