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3.5 OPERACIONALIZAÇÃO DAS HIPÓTESES E DESENHO GERAL DA PESQUISA

3.5.1 HIPÓTESE 1

A hipótese 1 foi fundamentada no trabalho de Rodríguez e Yue (2008), testada também nos trabalhos de Bens, et. al, (2003), McDonald (1990), Vafeas, et. al, (2003), Farrel, Unlu, Yu (2013), e Voss (2012).

Na hipótese 1, pretende-se verificar se gestores tendem a práticas de gerenciamento de resultados, buscando reduzir os lucros no momento pré recompra de ações, para gerar ganhos anormais posteriormente à utilização da ferramenta. Para que a mesma possa ser respondida, devem ser levantadas todas as empresas que recompram ações, e posteriormente verificar se essas utilizam práticas de gerenciamento de resultados para reduzir os lucros, utilizando os modelos de gerenciamento de resultados. Serão utilizados o ano anterior ao período de recompra, e os anos subsequentes ao mesmo, conforme foi evidenciado no tópico anterior.

Será necessário então elencar todas as empresas que recompraram ações. Dentre as empresas que recompraram ações, selecionar aquelas que possivelmente gerenciaram seus resultados para menor, e que podem ter manipulados no intuito de aumentar os lucros agressivamente, e que aumentaram os resultados suavemente, de acordo com os modelos de Jones Modificado e Performance Matching.

Será necessário calcular o retorno anormal dessas empresas. Para a hipótese 1, será verificado se há o retorno anormal positivo sobre o valor das ações das empresas, nos períodos posteriores à recompra, fruto do processo de reversão dos accruals. Pois a empresa tenta maximizar seus ganhos, no caso da hipótese 1 recomprando ações subavaliadas.

Sarlo Neto (2004) afirma que o retorno anormal é a diferença entre a taxa de retorno da ação e o retorno esperado. No intuito de se chegar aos retornos anormais, foco para esse trabalho, é necessário primeiro realizar o cálculo do retorno esperado das ações e encontrar a taxa de retorno da ação. Logo:

𝑅𝑖𝑡 = (𝑃𝑖𝑡− 𝑃𝑖𝑡−1)/𝑃𝑖𝑡−1 (12) Onde:

𝑅𝑖𝑡: taxa de retorno da ação 𝑖 na data 𝑡.

𝑃𝑖𝑡: preço da ação da empresa i no último dia útil do ano do anúncio da recompra. 𝑃𝑖𝑡−1: preço da ação da empresa i no último dia útil do ano anterior do anúncio da recompra.

O cálculo da taxa de retorno da ação é baseada no trabalho de Nossa, Lopes e Teixeira (2010), acerca de recompra de ações e retorno anormal. O cálculo do retorno esperado é uma proposta de Mellagi Filho e Ishikawa (2000), utilizando o CAPM (Capital Asset Pricing Model). Foram utilizados o índice Ibovespa como retorno de mercado e a taxa de poupança como proxy de taxa livre de risco (SANT´ANNA, 2004). Os índices IBovespa e poupança foram coletados no Ipeadata (Brasil, 2017), e o beta na base de dados Economática®.

𝐸(𝑅𝑖𝑡) = 𝑅𝑓+ 𝛽𝑖𝑡 [𝐸(𝑅𝑚)−𝑅𝑓] (13) Onde:

𝐸(𝑅𝑖𝑡): taxa esperada do retorno da ação 𝑖 na data 𝑡; 𝑅𝑓: taxa livre de risco representada pela poupança;

𝛽𝑖𝑡 : medida de retorno da ação frente aos retornos de mercado; 𝐸(𝑅𝑚): retorno esperado do mercado.

Utilizou-se portanto a taxa de retorno real da ação (Equação 12), e o retorno esperado das mesmas (Equação 13). A diferença entre essas é justamente o retorno anormal das ações, variável utilizada na presente pesquisa, conforme equação 14:

Onde:

𝑅𝐴𝑖𝑡 = Retorno anormal da ação 𝑖 na data 𝑡

Portanto, para a hipótese 1 será possível identificar se as empresas que recompraram ações e gerenciaram seus números para baixo antes da recompra, obtiveram maiores ganhos anormais posteriormente ao anúncio, comparativamente a firmas que gerenciaram seus números a maior. Em outras palavras, se as firmas que recompram essas ações com valor artificialmente baixo, visam o aumento no valor de suas ações com a reversão dos accruals.

Buscando responder se as empresas que praticam o gerenciamento de resultados de forma para reduzir o lucro no momento pré recompra de ações obtêm uma maior valorização no valor da ação nos períodos posteriores à recompra, comparativamente a empresas que que praticam o gerenciamento de resultados para aumentar o resultado. Pois firmas que supostamente gerenciaram seus números a menor no período pré recompra, podem ter adquirido ações a valores subavaliados, gerando maiores retornos anormais sobre suas ações, no momento pós recompra, fruto da reversão dos accruals. As empresas serão divididas de acordo com o nível de GR, utilizando os modelos de Jones Modificado e Performance Matching.

As observações da presente pesquisa, serão subdivididas seguindo um critério padrão no decorrer do trabalho no que se referem aos testes acerca do retorno anormal. É necessário que um grupo seja referente apenas às empresas que supostamente gerenciaram os resultados a menor, para que seja possível verificar se há diferenças em termos de retornos anormais posteriores a recompra, comparativamente a firmas que gerenciaram a maior. Já entre as firmas que supostamente gerenciaram seus números a maior, foi feita uma divisão, por nível de GR positivo. Um grupo será composto por empresas que gerenciaram suavemente seus números contábeis a maior suavemente (Nível de GR > 0 < 0,5), e outro grupo com suposto gerenciamento de resultados a maior agressivamente (Nível de GR > 0,5).

A amostra da hipótese 1 será composta por todas as empresas que recompraram ações, subdivididas em: i) Empresas que gerenciaram seus resultados para menor, ii) Firmas que manipularam os resultados para maior suavemente, e iii) Empresas que gerenciaram a maior agressivamente. Serão calculados para a amostra os retornos anormais dessas firmas, no período anterior a recompra de ações, no próprio período, e nos momentos posteriores a utilização da ferramenta (1, 2 e 3 anos). Por fim será realizado o teste de diferença de médias entre os grupos para identificar se os retornos anormais gerados em cada um deles são estatisticamente diferentes.

Quadro 5: Roteiro de análise por grupos de GR Empresas que recompraram ações

Filtro de GR

GR para reduzir o lucro GR para aumentar o lucro Períodos posteriores a recompra Períodos posteriores a recompra

Cálculo do retorno anormal Cálculo do retorno anormal Teste de diferença de médias entre os grupos, pelo retorno anormal gerado

Resultados obtidos

Interpretação e definição acerca de H1 corroborada ou refutada

Fonte: Elaborado pelo autor

Esse teste de hipótese é uma forma de inferência estatística, utilizado para determinar a diferença entre médias ou não. Portanto, os parâmetros da amostra aqui tratados não são conhecidos, médias (µ) e desvio padrão (σ). Além disso, se tratam de amostras independentes, onde X é uma variável aleatória de interesse, que representa o retorno anormal das empresas pertencentes à amostra. Na população 1, a média de X é 𝜇1, e representa a média dos retornos anormais de empresas que gerenciaram seus lucros para menor, o mesmo raciocínio sendo aplicado para as populações 2 (GR para aumentar os lucros suavemente), e 3 (GR para aumentar o lucro agressivamente).

O teste é realizado para visualizar a diferença ou não entre duas médias. O teste de hipótese ocorre da seguinte maneira:

i) Teste 1. Hipótese Nula: 𝐻0: 𝜇1 = 𝜇2 Hipótese Alternativa: 𝐻𝐴: 𝜇1≠ 𝜇2

Comparando as médias entre o retorno anormal de empresas que gerenciaram seus números para baixo, com as firmas que manipularam para maior, nos períodos posteriores à recompra de ações.

No intuito de visualizar se há discrepância no retorno anormal gerado por ambas posteriormente à utilização da ferramenta. O teste será executado utilizando o software Microsoft Excel®. Se a estatística do teste (stat t) encontrada, for maior que o “t” crítico, e o “p” valor menor que 5% (0,05), rejeita-se a hipótese nula, evidenciando a diferença entre as médias.