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A recompra de ações pode ser autorizada por decisão da assembleia geral extraordinária. Caso a empresa tenha seu capital social autorizado, ou seja, já haja limite prévio em estatuto social da empresa para o aumento do capital social, por meio de novas subscrições de capital, a utilização da ferramenta de recompra pode ser decidida em reunião do conselho de administração. Data de início do programa, prazo em que a firma poderá exercer a recompra,

classe e quantidade de ações a serem recompradas, destino das ações e instituições financeiras intermediárias do processo, devem ser decididas na assembleia ou reunião citadas acima. Após essas definições ocorre a divulgação para o mercado, tendo início então o programa de recompra de ações (PROCIANOY, 2006).

Além disso, para que o programa de recompra possa ser autorizado, as empresas devem dispor de reservas disponíveis, superando o montante anunciado no programa de recompra, De acordo com a ICVM 567 de 2015, reservas disponíveis são: i) todas as reservas de capital e lucros com exceção das reservas legal, de lucros a realizar, especial de dividendo obrigatório não distribuído e incentivos fiscais e ii) o resultado já divulgado no exercício social já divulgado.

Essa ferramenta vem crescendo ao redor do mundo, fato esse sendo confirmado no mercado de ações do Brasil. Recompra de ações é uma desvantagem fiscal para empresas brasileiras, pois o ganho de capital no Brasil é tributado em 20%, e as recompras de ações são tratadas como tal, enquanto a remuneração de dividendos é isenta de tributos. Ainda assim, a ferramenta é cada vez utilizada em maior número pelas empresas brasileiras, seguindo mercados como Estados Unidos. Além disso, no Brasil, a recompra de ações já é tratada como uma forma de expropriação de acionistas minoritários, com os mesmos repassando suas ações, e o controle acionário das empresas ficando cada vez mais concentrado. Esses fatos levantam diversas dúvidas referentes às motivações que os gestores têm para recomprar ações no mercado brasileiro (PROCIANOY, 2006).

As modalidades de recompras de ações praticadas no Brasil são a recompra a mercado aberto e a oferta pública de ações (OPA). A recompra de mercado aberto teve sua primeira regulação no artigo 30 da lei 6404/76, além das instruções da CVM de número 10/1980, 268/1997 e 299/99. Moreira (2000, p. 46), fez uma síntese da lei e das duas primeiras instruções. A lei 6404/76 estabelece que a aquisição das próprias ações pela companhia deve obedecer as normas ditadas pela CVM. A instrução número 10 da CVM autoriza as empresas a recomprar seus papeis desde que o estatuto atribua ao conselho de administração o poder para autorizá-las. A recompra pode ter por finalidade o cancelamento ou posterior alienação. A instrução 268/97 somente ampliou o limite de ações da própria emissão que as empresas podem manter em tesouraria de 5% para 10%. O artigo 2° da instrução CVM número 10 proíbe a recompra sempre que esta demandar recursos superiores ao saldo de lucros ou reservas disponíveis no último balanço; estiver em curso oferta pública de aquisição; e, visar ações não integralizadas ou de propriedade do acionista controlador. Estabelece também que as ações serão realizadas em bolsas (art. 9°).

A instrução 299/99 provocou um aumento nos programas de recompra de ações, impulsionando o montante de eventos anunciados e montantes recomprados. A instrução

funcionou de certa forma como um mecanismo de proteção ao acionista minoritário, reduzindo a assimetria informacional entre gestor e acionista, com isso, empresas aumentaram a utilização da ferramenta de recompra de ações no Brasil (ETCHEBEST et. al, 2014).

A oferta pública de ações ocorre quando a empresa define, entre outras coisas, o preço que pretende pagar por ação, utilizando portanto um preço fixo de negociação. No Brasil, a oferta pública de ações não tem sido executada com a finalidade de recomprar ações, apesar da não proibição por parte da lei 6404/76, enquanto lhe cabia essa atribuição, ou da instrução ICVM 567 de 2015, distinguindo o mercado brasileiro de outros como Estados Unidos, Europa e China, onde o mecanismo é amplamente utilizado. No mercado brasileiro, a variabilidade do preço das ações pode incentivar os gestores a não utilizarem a OPA. Com o preço fixo, corre- se o risco das ações sofrerem uma desvalorização repentina, devido às grandes oscilações do nosso mercado, e assim impedir que as empresas recomprem ao menor valor possível (PROCIANOY, 2006).

A ICVM 567 de 2015, publicada em fevereiro de 2016, reafirma o limite de 10% como cota máxima que as empresas podem manter de suas ações em tesouraria. As vedações para recompra de ações de acordo com o artigo 7° da ICVM 567 são: i) Requerer a utilização de recursos superiores ao saldo de lucros ou reservas disponíveis; ii) For realizada a preços superiores aos de mercado; iii) Tiver por objeto ações pertencentes ao acionista controlador; e iv) Estiver em curso oferta pública de aquisição de suas ações.

Podem haver sanções relacionadas aos programas de recompras de ações, onde as companhias deverão ser cuidadosas quando da aquisição e alienação de ações de sua emissão. A ICVM 567 é clara quando menciona que o programa de recompra de ações, direta ou indiretamente, não deverá: i) criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço, ii) manipulação de preço, iii) operações fraudulentas e iv) práticas não equitativas.

Levando-se em consideração que existe a possibilidade na qual práticas de GR podem criar condições artificiais de demanda, oferta e preço, inclusive podendo manipular o valor de uma ação, o GR poderia ser enquadrado entre as sanções, dependendo da capacidade do mercado em detectar o GR por parte das empresas.

2.2 GERENCIAMENTO DE RESULTADOS