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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.3 HIPÓTESES DA PESQUISA

Foram elaboradas hipóteses a respeito da relação entre os indicadores de gestão do TCU e o IGC dos IFs. Nas bases pesquisadas não foram encontradas teorias conclusivas que expliquem os fatores que efetivamente determinem a qualidade do ensino superior medida pelo IGC. Desse modo, as hipóteses a seguir levaram em consideração alguns estudos que abordam a relação entre indicadores de gestão TCU e indicadores de qualidade das universidades federais (IDD, Conceito ENADE e IGC); outros estudos que tratam do uso dos indicadores do TCU como forma de comparação entre as IFES e por fim, a própria natureza dos indicadores.

H1: O IGC não possui relação com o RCV.

O RCV verifica o grau de atendimento da sociedade através da oferta de vagas dos IFs. Não foram encontrados estudos que relacionem este indicador com a qualidade do ensino, e a natureza deste indicador não sugere relação com IGC. Deste modo, acredita-se que o RCV não possui relação com o IGC.

H2: O IGC será maior se o RIA for maior.

O RIA também está relacionado com a oferta de vagas. Este verifica a capacidade de renovação do corpo discente. Também não foram encontrados estudos precedentes que relacionem este indicador com a qualidade do ensino superior, entretanto, considerando que a alta porcentagem de renovação do corpo discente pode ser reflexo tanto do aumento do número de vagas ofertadas, quanto do baixo índice de retenção de alunos, o que implicaria na redução do número de alunos matriculados (denominador da equação do RIA), acredita-se que este, de forma indireta, tem uma relação positiva com o IGC.

H3: O IGC será maior se o RCA for maior.

O RCA quantifica a taxa de concluintes em relação ao total de alunos matriculados. Conforme dispõe a SETEC (2012b) é um indicador para ser relacionado com outros dois: o IEAC e o IRFE, pois contribui nas análises de eficácia e eficiência acadêmica. Não foram encontrados estudos precedentes que relacione este indicador com a qualidade do ensino, mas pressupõe-se que quanto maior o número de concluintes melhor é a qualidade da IES, posto que o IRFE será menor e o IEAC será maior.

H4: O IGC será maior se o ITCD for maior.

O ITCD representa a qualidade do corpo docente da instituição. Os estudos analisados apresentaram relação entre a qualificação docente e os indicadores de qualidade do ensino superior. Três desses estudos apresentaram relação positiva (Barbosa, Freire e Crisóstomo, 2011; Costa, 2012 e Boynard, 2013). Outros dois estudos (Barbosa, 2011 e Corrêa, 2013) apresentaram relação negativa, ou seja, a medida que o ICQD aumenta a qualidade do ensino superior, predominantemente graduação, diminui. Segundo estes, esta relação negativa está associada a um trade off existente entre pesquisa e ensino, atividades que concorrem em termos de tempo e dedicação dos docentes, sendo que a pesquisa é privilegiada pelos docentes em detrimento da docência. Além da teoria, 27% da equação do CPC, maior componente do IGC, refere-se a titulação do corpo docente, portanto, acredita-se que uma maior qualificação docente implica numa maior qualidade dos cursos de ensino superior.

H5: O IGC será maior se o RADTI for maior.

O RADTI mede a quantidade de aluno para cada professor. Apesar de intuitivamente considerar que um menor número de discentes por professor favorece o processo educativo e a qualidade do ensino oferecido, estudos como os de Barbosa, Freire e Crisóstomo (2011); Boynard (2013) e Corrêa (2013) encontraram relação positiva entre o RADTI e os indicadores de qualidade do ensino superior, indicando que quanto maior o número de discentes por professor melhor a qualidade do ensino. Corrêa (2013) sugere que esta relação positiva deve- se ao esforço adicional que o docente imprime em seus processos de aprendizagem, dada a reduzida disponibilidade de docentes para cada aluno. Assim, acredita-se que quanto maior o número de alunos por professor maior a qualidade do ensino.

H6: O IGC será maior se o IEAC for maior.

O IEAC demonstra a relação entre os alunos concluintes e os alunos ingressantes, considerando a duração padrão do curso. É um indicador de eficácia e eficiência acadêmica. Quando este indicador for igual a um, significa dizer que, 100% dos ingressantes concluíram seus cursos no tempo esperado, indicando que não houve represamento de alunos no curso. Os represamentos são indesejados pelos gestores das IFES, pois a existência de alunos represados implica maior custo com a manutenção de discentes que não precisariam mais estar onerando o funcionamento da instituição. Todos os estudos analisados apresentaram relação positiva entre o IEAC e a qualidade do ensino. Assim, acredita-se que quanto maior

for a IEAC, melhor será o desempenho deste curso no ENADE, que compõe cerca de 55% CPC, que por sua vez, compõe o IGC.

H7: O IGC será maior se IRFE for menor.

O IRFE é também um indicador de eficiência acadêmica. Mede a porcentagem de alunos que não concluem seus cursos no período previsto. Apesar de não terem sido encontrados estudos tratando da relação deste indicador com os indicadores de qualidade do ensino, acredita-se, pela lógica inversa a do IEAC, que um menor IRFE reflete numa melhor qualidade de ensino.

H8: O IGC será maior se o GCA for maior.

O GCA corresponde ao custo por aluno. As gastos correntes correspondem às despesas necessárias à manutenção das atividades das IFES. É um indicador de eficiência acadêmica, segundo o TCU. Quanto maior for a restrição orçamentária de uma IFES, menos recursos ela terá para custeio de suas atividades, então menores tenderão a ser as despesas correntes. A escassez de recursos tende a influenciar negativamente nos resultados dos processos educativos. Dos estudos analisados, somente o de Corrêa (2013) apresentou relação inversa. Assim, acredita-se que quanto maior os gastos correntes por aluno maior será a qualidade dos cursos.

H9: O IGC será maior se o PGP for maior.

O PGP quantifica o gasto total com pessoal em relação aos gastos totais da instituição. Os gastos com pessoal contemplam além dos servidores ativos outros elementos não diretamente associados a atividade acadêmica como inativos, pensionistas, sentenças judiciais e precatórios. Não foram encontrados estudos precedentes que relacione este indicador com a qualidade do ensino. Entretanto, usando a mesma lógica do GCA e considerando que este indicador está diretamente associado ao total de servidores e suas respectivas qualificações, considera-se quanto maior o PGP maior a qualidade dos cursos de ensino superior.

H10: O IGC será maior se o PGOC for maior.

O PGOC quantifica o percentual de gastos correntes da instituição em relação aos gastos totais. Neste não estão incluídos pessoal e benefícios. Do mesmo modo que o PGP, acredita-se que quanto maior o PGOC maior a qualidade dos cursos de ensino superior.

H11: O IGC será maior se o PGI for maior.

O PGI quantifica o percentual de gastos em investimentos e inversões financeiras em relação aos gastos totais. Considerando que aspectos relativos a equação do CPC, que contém elementos relacionados a infraestrutura e instalações físicas, e que este por sua vez compõe o IGC, acredita-se que o PGI tem relação positiva com a qualidade do ensino.

Uma síntese das hipóteses operacionais da pesquisa pode ser vista no Quadro 15.

Quadro 15 - Hipóteses para a relação entre os Indicadores TCU e o IGC

Hipótese Indicadores de Gestão TCU Relação Esperada

H1 RCV Relação candidato/Vaga Nula

H2 RIA Relação Ingresso/Alunos Positiva

H3 RCA Relação Concluintes/Aluno Positiva

H4 ITCD Índice de Titulação do Corpo Docente Positiva

H5 RADTI Relação Aluno/Docente em Tempo Integral Positiva H6 IEAC Índice de Eficiência Acadêmica de Concluintes Positiva

H7 IRFE Índice de Retenção do Fluxo Escolar Negativa

H8 GCA Gastos Correntes por Aluno Positiva

H9 PGP Percentual de Gastos com Pessoal Positiva

H10 PGOC Percentual de Gastos com outros Custeios Positiva H11 PGI Percentual de gastos com Investimentos Positiva

Fonte: Elaboração própria.

Conforme Quadro 15, é possível perceber que se acredita na existência de relação entre a maioria dos indicadores de gestão do TCU e o IGC. De modo geral esta relação é positiva, indicando que, se o indicador de gestão do TCU cresce ou decresce o IGC seguirá nesta mesma direção. Apenas H7 apresenta uma relação negativa. Para H1, que trata do indicador RCV, não se espera relação de qualquer natureza.