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2.2 GESTÃO POR RESULTADOS E INDICADORES DE DESEMPENHO

2.2.1 Indicadores de Desempenho: considerações básicas

O MPOG (2010) conceitua indicadores de desempenho como métricas que proporcionam informações sobre o desempenho de um objeto. Instrumentos de gestão essenciais nas atividades de monitoramento e avaliação das organizações, assim como seus projetos, programas e políticas, pois permitem acompanhar o alcance das metas, identificar avanços, melhorias de qualidade, correção de problemas, necessidades de mudança etc.

O TCU (2000, 2011), por sua vez, conceitua indicadores de desempenho como um número, percentagem ou razão que mede um aspecto do desempenho, com o objetivo de comparar esta medida com metas preestabelecidas.

Desta forma, indicadores de desempenho, de modo geral, servem para mensurar os resultados e gerir o desempenho, confrontado-o com metas ou padrões preestabelecidos; embasar a análise crítica dos resultados obtidos e do processo de tomada de decisão; contribuir para a melhoria contínua dos processos organizacionais; facilitar o planejamento e o controle do desempenho; e viabilizar a análise comparativa do desempenho da organização

4 Martins e Marine (2010) apresentam um review de alguns modelos de gestão por resultados, são eles: Balanced

Scorecard - BSC de Kaplan e Norton; Bain & Company de Gottfredson e Schaubert; Prisma de Desempenho de Neely e Adams; Hoshin Kanri; Gestão da Qualidade Total ou Total Quality Management (TQM e PDCA; As Nove Variáveis de Desempenho de Rummler e Brache; Cadeia de Valor de Michael Porter; Gestão de Projetos - PMBOK (Project management Body of Knowledge); Cadeia de Suprimento (Supply Chain) de Lambert; Planejamento Estratégico Situacional (PES) de Carlos Matus e Valor Público de Mark Moore.

ao longo do tempo (desempenho anterior x desempenho corrente; desempenho corrente x padrão de comparação; desempenho planejado x desempenho real) e ainda comparar o desempenho de diversas organizações atuantes em áreas ou ambientes semelhantes (TCU, 2000, 2011; MPOG, 2010). A Figura 1 sintetiza aspectos relacionados aos indicadores de desempenho.

Figura 1 - Diagrama de Insumo-Produto e as Principais Dimensões de Desempenho

Fonte: TCU (2011, p. 12).

A partir da Figura 1, algumas classificações relativas a indicadores precisam ser esclarecidas. Os indicadores podem ser classificados quanto aos momentos do ciclo de gestão, de acordo com a abordagem sistêmica e quanto a dimensão do desempenho avaliado (TCU, 2011; MPOG, 2012).

a) Quanto ao Ciclo de Gestão: essa classificação permite separar os indicadores de acordo com a sua aplicação nas diferentes fases do ciclo de gestão de uma política pública, quais sejam: antes, durante ou depois de sua implementação. Assim, os indicadores podem ser de:

Insumo (antes): também denominados inputs, são indicadores com relação direta com os recursos a serem alocados, ou seja, com a disponibilidade dos recursos humanos, materiais, financeiros e outros a serem utilizados.

Processo (durante): também denominados throughputs, são medidas que traduzem o esforço empreendido na obtenção dos resultados, ou seja, medem o nível de utilização dos insumos alocados.

Produto (depois): ora denominados outputs, medem o alcance das metas físicas. São medidas que expressam as entregas de produtos ou serviços ao público-alvo.

Resultado (depois): essas medidas expressam, direta ou indiretamente, os benefícios no público-alvo decorrentes das ações empreendidas no contexto de uma dada política e têm particular importância no contexto de gestão pública orientada a resultados.

Impacto (depois): também chamados outcomes, possuem natureza abrangente e multidimensional, têm relação com a sociedade como um todo e medem os efeitos das estratégias governamentais de médio e longo prazos. Na maioria dos casos estão associados aos objetivos setoriais e de governo.

b) Quanto a Avaliação de Desempenho: essa classificação possui foco maior na avaliação dos recursos alocados e dos resultados alcançados. Segundo esta, os indicadores podem ser de:

Economicidade: medem os gastos envolvidos na obtenção dos insumos (materiais, humanos, financeiros etc.) necessários às ações que produzirão os resultados planejados. Visa minimizar custos sem comprometer os padrões de qualidade estabelecidos e requer um sistema que estabeleça referenciais de comparação e negociação;

Eficiência: essa medida possui estreita relação com produtividade, ou seja, o quanto se consegue produzir com os meios disponibilizados. Assim, a partir de um padrão ou referencial, a eficiência de um processo será tanto maior quanto mais produtos forem entregues com a mesma quantidade de insumos, ou os mesmos produtos e/ou serviços sejam obtidos com menor quantidade de recursos;

Eficácia: aponta o grau com que um Programa atinge as metas e objetivos planejados, ou seja, uma vez estabelecido o referencial (linha de base) e as metas a serem alcançadas, utiliza-se indicadores de resultado para avaliar se estas foram atingidas ou superadas;

Efetividade: mede os efeitos positivos ou negativos na realidade que sofreu a intervenção, ou seja, aponta se houve mudanças socioeconômicas, ambientais ou institucionais decorrentes dos resultados obtidos pela política, plano ou programa. É o que realmente importa para efeitos de transformação social.

Na literatura relativa a indicadores há o consenso de que o processo de monitoramento e avaliação por meio de indicadores não é perfeito. Os indicadores possuem limites - de escopo, timing, metodologia, confiabilidade e qualidade das informações, etc. Para minorar tais limitações vários autores sugerem que algumas propriedades dos indicadores devem ser observadas.

Levando em consideração autores como Rua (2004); Jannuzzi (2005); Ferreira, Cassiolato e Gonzalez (2009), o MPOG (2012) categorizou as propriedades dos indicadores em essenciais e complementares, conforme segue:

a) Propriedades Essenciais: são aquelas que qualquer indicador deve apresentar. São elas:

Utilidade: devem suportar decisões, seja no nível operacional, tático ou estratégico. Assim, devem basear-se nas necessidades dos tomadores de decisão;

Validade: devem representar, o mais próximo possível, a realidade que se deseja medir e modificar e essa representatividade deve permanecer ao longo do tempo;

Confiabilidade: devem ter origem em fontes confiáveis, que utilizem metodologias reconhecidas e transparentes de coleta, processamento e divulgação;

Disponibilidade: os dados primários devem ser de fácil obtenção.

b) Propriedades Complementares: não menos importantes, dependem do contexto da avaliação. São elas:

Simplicidade: indicadores devem ser de fácil obtenção, construção, manutenção, comunicação e entendimento pelo público em geral, interno ou externo.

Clareza: geralmente um indicador é definido como uma divisão entre duas variáveis básicas; é formado, portanto, por um numerador e um denominador, ambos compostos por dados de fácil obtenção. Porém, algumas vezes um indicador pode ser complexo na sua fórmula, envolvendo muitas variáveis. Em todo caso, porém, é imprescindível que seja claro, atenda à necessidade do decisor e que esteja adequadamente documentado.

Sensibilidade: devem refletir tempestivamente as mudanças decorrentes das intervenções realizadas;

Desagregabilidade: devem ter a capacidade de representação desagregada, seja por região ou outra modalidade de análise;

Economicidade: devem ser obtidos a custos modestos, que permitam uma favorável relação custos/benefícios;

Estabilidade: devem estabelecer séries históricas estáveis que possibilitem monitoramentos e comparações;

Auditabilidade ou rastreabilidade: qualquer pessoa deve sentir-se apta a verificar a boa aplicação das regras de uso dos indicadores (obtenção, tratamento, formatação, difusão, interpretação).