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2.1 HIPÓTESE 1

Admite-se que o basalto e o granito terão seus íons complexados pela ação dos fenóis do líquen Cladonia substellata Vainio, corroborando a contribuição destes seres vivos como fatores biológicos primários no processo de intemperização de rochas e pedogênese.

Justificativa: Quando afloram na superfície terrestre, as rochas estão sujeitas ao intemperismo causado pela ação conjunta de fatores físicos, químicos e biológicos. O basalto e o granito são rochas que afloram no litoral de Pernambuco e são susceptíveis à ação do intemperismo. Em contato com o substrato rochoso o líquen estabelece com ele íntima relação seja para fixação, seja para aquisição de nutrientes. Esta condição favorece a quelação, processo no qual íons metálicos são incorporados às moléculas de compostos orgânicos complexos. Neste contexto, ácidos liquênicos de Cladonia

substellata capturariam os íons dos minerais constituintes das rochas ígneas testadas,

contribuindo para a decomposição das rochas o que, consequentemente, remete à formação primária de manto de intemperismo promovendo o início de um processo pedogenético.

2.2 HIPÓTESE 2

Acredita-se que a adição de fonte de nitrogênio (ureia), em concentrações variadas, em um sistema fechado contendo líquen e rochas ígneas, propiciará a absorção deste elemento por parte de C. substellata. Neste caso o líquen incorporará este composto ao seu metabolismo favorecendo a uma maior e/ou menor produção fenólica, a depender dos teores de ureia e período de incubação.

Justificativa: Os organismos demandam diversos elementos químicos para constituir estruturas biológicas necessárias e manter os processos vitais. Entre eles, o nitrogênio (N2) que é considerado um elemento essencial à vida no planeta, por ser um componente estrutural de proteínas e ácidos nucléicos. Porém, apenas uma parcela mínima dos seres vivos tem a capacidade de fixar o N2, merecendo menção os liquens. Neste grupo a fixação redutora de nitrogênio atmosférico se dá pela ação da nitrogenase que compõe o sistema enzimático. Em adição, a espécie liquênica C. substellata, que contém a alga verde Trebouxia como simbionte, sintetizaria a enzima urease como uma resposta à adição de ureia exógena. A relação entre a amônia resultante da quebra da

ureia e a atividade realizada pela enzima urease são proporcionais, interferindo na dinâmica da produção fenólica de C. substellata. Assim, no que se refere à ureia, esta incrementa a produção de fenóis e demais compostos da via metabólica da espécie liquênica estudada.

2.3 HIPÓTESE 3

É possível que a adição de fonte exógena de nitrogênio (ureia) ao sistema líquen- rocha em variados níveis de concentrações, leve a diferentes configurações morfológicas das estruturas de C. substellata. Esta configuração está relacionada à demanda quantitativa deste elemento nas suas vias metabólicas. É possível que os talos de C. substellata apresentem mais danos morfológicos e morte celular nas amostras submetidas à maior concentração de ureia (1%) do que naquelas mantidas a baixas concentrações (0,1% e 0,01%). Porém, este elemento será capaz de contribuir para a produção de fenóis à medida que o líquen o incorporar a seu metabolismo.

Justificativa: No ecossistema as relações entre os fatores bióticos e abióticos ocorrem através da troca de matéria e fluxo de energia necessários à manutenção e à perpetuação das espécies. Neste processo os organismos utilizam elementos como o oxigênio, hidrogênio e carbono em quantidades maiores e, em menor parcela, porém não menos insignificantes demandam quantidades variáveis de fósforo, cálcio, ferro, magnésio, potássio, nitrogênio (N2), etc. Uma quantidade mínima deste elemento ao entrar na atmosfera é assimilada pelas plantas, porém grande parte entra nas vias biológicas do ciclo do N2 através de sua assimilação por parte de bactérias e liquens que fixam este nutriente. O nitrogênio deve estar presente no meio ambiente em níveis equilibrados, onde o seu déficit ou excesso podem não ser adequados para a sobrevivência dos seres vivos. O desequilíbrio deste elemento levará a um prejuízo nas estruturas morfológicas e fisiológicas dos organismos.

2.4 HIPÓTESE 4

Em análises in vitro rochas foram imersas em solução de água deionizada e ácido úsnico (USN) de C. substellata e em ácido oxálico (AOX), sendo incrementados pela variável temperatura (T=42ºC±3 e T=28°C±3). Estas acompanhadas durante 1 mês (T=42ºC±3) e 3 meses (T=28°C±3), serão significantes na interação entre o USN e os minerais das rochas, que terão intensificados seus processos de degradação

principalmente sob temperatura mais elevada. Os experimentos in natura, realizados durante 6 meses em temperatura ambiente, apresentarão resultados menos expressivos, porém não menos importantes para a compreensão de fenômenos inerentes ao ecossistema.

Justificativa: O clima é um grande condicionante das reações químicas que constituem as dinâmicas do ecossistema. Entre os vários fatores que o compõe, o calor (ou: variação térmica) tem um papel fundamental uma vez que influencia na velocidade através das quais as reações químicas se processam. Sabe-se que quanto maior o gradiente de temperatura, maior é a probabilidade de aceleração das reações químicas porque há um aumento da agitação de suas moléculas. Da mesma forma, muitas condições favoráveis ao desenvolvimento e manutenção da vida dependem das atividades dos organismos vivos. Sob esta ótica o ácido úsnico, principal composto da espécie liquênica tratada neste trabalho, terá em laboratório sua ação fenólica acentuada, ao passo que for submetido a elevadas temperaturas.

Com isso é possível que no ambiente natural, em áreas caracterizadas por altas condições térmicas, a produção liquênica seja também acentuada quando comparadas a sua ação em locais de temperaturas amenas. Este fator faz com que as atividades geoquímicas promovidas sobre o substrato adjacente se intensifiquem.

3 REFERENCIAL