• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 2 A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL

2.2 HISTÓRIA DAS ESTATÍSTICAS EDUCACIONAIS NO

Embora a História da avaliação institucional no Brasil, como política educacional de longo prazo remonte ao fim da década de 1980 e início da década de 1990, as primeiras tentativas de se levantar dados sobre a situação da educação nacional datam do início do século XX. Elas faziam parte do Anuário Estatístico do Brasil, ou AEB.

O Annuário Estatístico do Brazil, Anno 1 (1908-1912), publicado entre os anos de 1916 e 1927, apresentava dados relativos “ao sistema de ensino, que compreendiam informações sobre o número de estabelecimentos ou cursos, corpo docente e matrículas nos diferentes níveis de ensino” (HASENBALG, 2006, p.91) do

Distrito Federal42 Porém, as informações eram descontínuas, tanto que não houve

levantamento de dados no período que compreende os anos de 1913 a 1931. Eles voltaram a ser publicados a partir do ano de 1936, com dados quatrienais relativos aos anos de 1932-1936. A partir da publicação do AEB de 1936, os próximos anuários passaram a englobar um estudo mais abrangente, envolvendo todos os estados da federação e, à medida que novos anuários eram publicados, foram inseridos novos dados.

O AEB de 1939-1940 apresenta uma sinopse para os anos de 1932 a 1938 semelhante à do AEB de 1938, atualizando assim os dados básicos dos níveis e categorias de ensino até 1938. Os dados do ensino em geral,[...] de movimento escolar para 1936, discriminam as informações para todas as modalidades do ensino médio e carreiras do ensino superior. Uma novidade introduzida nas informações do ensino primário geral está na distinção entre 1) matrícula geral (inicial); 2) matrícula efetiva total (no fim do ano); e 3) matrícula efetiva-repetentes.(HASENBALG, 2006, p. 97)

A partir da década de 1930, observamos uma frequente preocupação na organização de uma estrutura educacional no Brasil com a criação do Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública por meio do Decreto 19.402/30. Mais tarde foi aprovado o Decreto 19.560/31, regulamentando as atribuições do órgão, que definia entre outras, a criação da Diretoria Geral de Informações Estatísticas e Divulgação, que seria a responsável pelo levantamento dos dados relativos à educação (HORTA NETO, 2007). Esta seria a primeira medida criada pelo Governo Federal como uma política de longo prazo prevendo a elaboração e análise de dados estatísticos organizados, que englobavam a área da educação.

Em 1936 foi criado o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE,

com a finalidade de produzir pesquisas, análise de dados e difusão de informação e estudos de natureza estatística dos diferentes órgãos do Governo Federal (COSTA, 1992, p. 24), dentre eles, passou a ser responsabilidade do IBGE o levantamento de dados relacionados à educação e cultura. (HORTA NETO, 2007).

Após a sanção da Lei 378, em 1937, o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública, passou a ser denominado Ministério da Educação e Saúde. A referida lei também criou o Instituto Nacional de Pedagogia. Em 1938, o órgão iniciou seus trabalhos, com a publicação do Decreto-Lei nº 580, regulamentando a organização e a estrutura da instituição e modificando sua denominação para

Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos – INEP (ROTHEN, 2005, p. 192),

contando com as seguintes funções:

Art. 2o Compete ao Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos:

a) organizar documentação relativa à história e ao estudo atual das doutrinas e das técnicas pedagógicas, bem como das diferentes espécies de instituições educativas;

b) manter intercâmbio, em matéria de pedagogia, com as instituições educacionais do país e do estrangeiro;

c) promover inquéritos e pesquisas sobre todos os problemas atinentes à organização do ensino, bem como sobre os vários métodos e processos pedagógicos;

d) promover investigações no terreno da psicologia aplicada à educação, bem como relativamente ao problema da orientação e seleção profissional;

e) prestar assistência técnica aos serviços estaduais, municipais e particulares de educação, ministrando-lhes, mediante consulta ou independentemente desta, esclarecimentos e soluções sobre os problemas pedagógicos;

f) divulgar, pelos diferentes processos de difusão, os conhecimentos relativos à teoria e à prática pedagógicas.(BRASIL, 1938, p.15.169)

O Inep tornou-se, então, o primeiro órgão de investigação e organização de documentação e atividades pedagógicas em curso no Brasil. Inicialmente tendo a responsabilidade de desenvolver fontes de dados ou interpretar dados desenvolvidos por outros órgãos (como os dados do IBGE, por exemplo), suas funções foram sendo ampliadas no decorrer dos anos.

Ao longo da sua história de mais de seis décadas, esta instituição mostrou grande capacidade de sobreviver às vicissitudes da administração pública e de superar desafios em diversos contextos históricos e sociais, assumindo funções bem distintas em cada época. Concebido originalmente como órgão de pesquisa para assessorar o Ministério da Educação e Saúde, na prática logo se tornou um órgão executor da política educacional, perfil que alcançaria maior expressão durante o período em que foi presidido por Anísio Teixeira, de 1952 a 1964. No final dos anos 60 e sobretudo nas décadas de 70 e 80, o INEP ganhou nova configuração, passando a atuar mais como uma agência de fomento à pesquisa especializada na área educacional. (CASTRO, 1999)

No período em que Anísio Teixeira dirigiu o INEP, verificamos a efetivação de algumas políticas educacionais surgidas como produto das pesquisas e interpretação dos dados coletados pelo órgão, citamos como exemplo a criação, em 1953 da Campanha de Inquéritos e Levantamentos do Ensino Médio e Elementar (CILEME), cujo objetivo era “medir e avaliar a situação do ensino médio e do ensino

elementar em todo o país” (BRASIL, 1953, p. 5891) frente a sua recente expansão.

O INEP continuou sendo um órgão muito importante na gestão dos dados relativos à Educação, no início do Regime Militar (1964-1985), porém, na segunda

metade da década de 1970 passou por “tempos de desmonte” (ROTHEM, 2005, p.

212) no inicio do governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992) o órgão passou pelo período de maior dificuldade, quando, segundo Castro (1999), quase foi extinto. De acordo com a autora, na metade da década de 1990 o INEP iniciou um novo processo de reestruturação e redefinição de suas metas.

O espaço de atuação do novo INEP começou a ser delineado com as reformas conduzidas pelo Ministério da Educação a partir de 1995, fortemente orientadas pela descentralização das políticas de educação básica. Com a redefinição das competências e responsabilidades dos três níveis de governo, efetivada por meio da Emenda Constitucional nº 14 e da nova LDB (Lei nº 9.423, de 20 de dezembro de 1996), emergiu com maior nitidez o novo papel a ser desempenhado pelo INEP, como órgão responsável pelo desenvolvimento de sistemas nacionais de avaliação e da produção das estatísticas educacionais.(CASTRO, 1999)

Atualmente, o INEP responde pelas avaliações do Sistema Educacional Brasileiro em todos os níveis e modalidades, além de continuar promovendo pesquisas e estudos relacionados à área educacional. Dentre os sistemas de avaliação gerenciados pelo órgão, encontram-se o SAEB/ Prova Brasil, que juntamente com o dos dados coletados pelo Censo Escolar , geram o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, indicador que mais a diante exploraremos com maiores detalhes.

2.3 DAS ORIGENS DOS SISTEMAS DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL AO