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A HISTÓRIA DE UMA MULHER DO “INTERIOR” E SEUS MUITOS FILHOS NA

5 A LUTA DAS CASA E OS ARRANJOS ECONÔMICOS NA FAMÍLIA DE DONA

5.1 A HISTÓRIA DE UMA MULHER DO “INTERIOR” E SEUS MUITOS FILHOS NA

CIDADE

Selene é uma mulher baixa, franzina, de cabelos curtos e olhos pequenos, mas é uma mulher lúcida e esperta a todos os passos da rotina de sua casa. Ela está com 74 anos de idade, casou cedo, teve 13 filhos. Mora na avenida Leste-Oeste há mais de 50 anos, na mesma casa, de oito compartimentos com os filhos e seus familiares. Dona Selene é uma mulher de voz baixa e fala pouco, vive no Pirambu, mas é natural de Aurora: Eu vim pra cá, eu era pobre, né? Eu morava num lugarzinho, uma cidadezinha [no interior do Ceará] e vim pra cá me empregar que a minha patroa era de lá e veio pra cá, aí eu vim com ela.

A casa é comprida, e os cômodos são recortados por um corredor que vai da entrada até a cozinha. Apesar da pouca iluminação, é possível ver todos os cômodos da casa no trajeto da entrada da casa até a cozinha, que fica nos fundos da casa. A cozinha representa

7 A neta tinha vergonha, pois o cozimento com auxílio do carvão denotava a condição de pobreza da família.

Cabe lembrar que essa situação só pode ser compreendida no contexto social do bairro, pois nas camadas médias e altas o uso carvão tem uma conotação diferenciada de status, pois o mineral é usado para o preparo de carnes de churrasco.

8Nesse momento, Selene se aproveitou da minha presença na cozinha e do meu conhecimento sobre a neta pra

intimidá-la e persuadi-la a fazer a compra. Conheço Suyane desde 1999 e em todas as visitas acompanho sua vida escolar e seu crescimento. Para ser aceita, perguntando e anotando, precisava desenvolver uma empatia com a família que possibilita abrir as portas dos segredos da família. Não significa me tornar um deles, mas alguém que não cause estranhamento, alguém em que se acostume a ver repetidas vezes na sua casa, como alguém “de casa”, e não “de fora”, causando constrangimentos como um invasora.

um aglomerado com quatro espaços: sala de jantar, cozinha, banheiro e quintal; Entre esses espaços há poucas divisórias: entre a sala de jantar e a cozinha há uma diferença de nível com um batente que eleva a cozinha em uns dez centímetros. O banheiro fica com a porta para a cozinha entre o fogão e a mesa de preparo dos alimentos, e também tem uma elevação em relação à cozinha de uns vinte centímetros, e para o acesso existe uma escada de dois degraus.

Foto corredor da casa de Selene.

Foto: Edmar Oliveira Jr

A rotina na casa começa cedo, pelo menos para Selene, que se levanta às seis horas da manhã e inicia seus hábitos matinais de organização das atividades da cozinha e acompanhamento da rotina escolar das crianças e laboral de alguns adultos, observando quem vai acordando. Alguns moradores se levantam bem mais próximo à hora do almoço e,

inclusive, chegam a acordar depois do meio-dia. A maioria dos filhos moradores da casa não tem uma ocupação constante e não cumprem horários logo pela manhã.

A cozinha é a área comum da unidade doméstica, onde a família se encontra e todos os eventos da casa acontecem. É neste espaço onde se encontra também o único banheiro da residência e onde geralmente fica a mãe de todos. Assim, as pessoas que chegam à casa se dirigem logo à cozinha e se alternam nos dois ambientes, a sala de jantar, onde existe um televisor, e a pequena cozinha, que agrega um móvel para mantimentos e o pote de água de onde todos bebem, com uma cesta acima onde são colocados os copos que são utilizados para o consumo do líquido. É na cozinha que as pessoas da casa conversam, brigam, fofocam; tudo o que chega à casa passa pela cozinha e normalmente na presença da mãe. A vida de Selene se confunde com a maternidade, pois sua vida é ser mãe, a mãe de todos.

Foto cozinha e banheiro casa Selene

Foto: Edmar Oliveira Jr

O marido, Silvino, também era de Aurora. Os pais de Selene não queriam o seu namoro com Silvino. Então ela veio para trabalhar com seu patrões em Fortaleza e, depois,

casar-se com o jovem que também veio à sua procura na Capital e trabalhava numa firma, na mesma rua onde seus patrões moravam.

Numa tarde ensolarada de sábado, o jovem casal fazia votos de amor eterno na pequena e charmosa Igreja do Rosário, no centro histórico da cidade de Fortaleza. Na casa de Deus, a menina Selene, de 16 anos, deixa de ser menina para ser a mulher do senhor Silvino. No dia 12 de janeiro de 1959, o jovem casal estava feliz por superar a distância e a rejeição da família ao namoro e, finalmente, serem um do outro numa união legalizada no cartório no mês de dezembro de 1958 e legitimada na igreja.

Para chegar ao ápice da união na igreja, a moça deixou a família em Aurora, no interior do Ceará, e veio trabalhar na Capital, mas a distância que deveria separá-los serviu para uni-los definitivamente, pois o rapaz não aceitou a sentença da família de Selene e veio para Fortaleza ao seu encontro. Pediu sua mão em casamento, e decidiram viver juntos para sempre.

A moça contava com 16 anos, e o rapaz com 18 anos. Ambos se consideravam plenamente capazes de decidir o rumo das suas vidas e casaram, numa cerimônia simples, mas muito amorosa. O conto de fadas, no entanto, durou pouco. Segundo Dona Selene, foram 35 anos de brigas, bebedeiras, muitas traições e “pisas”. Ela contou que frequentemente era traída e agredida pelo marido que ao chegar à casa procurava motivos para investir contra ela. A vida conjugal tortuosa a fez concluir que os passos mais errados de sua vida foram para o cartório e para a igreja. Aí me casei, mas antes, mal hora, foi os passo mais perdido que eu dei pro cartório e pra igreja (...) foi a coisa mais horrive do mundo, casei.(...) mas nunca tivesse acontecido isso...

Sobre a violência conjugal, ela contou que periodicamente sofria maus-tratos do marido e corria à delegacia para que o delegado viesse buscar o cônjuge e ele fosse preso, inclusive, o casal já era conhecido na delegacia. Essa era uma situação rotineira na sua casa, e ela chamava a delegacia intimamente de „sete’ Sétimo Distrito Policial.

Meu marido, quando morava comigo, ele não prestava, arranjava mulher. Eu brigava com ele, nós ia nós dois pra delegacia no sétimo distrito, mas eu ia deixar ele lá, ele ia atrás, curria atrás de mim, é o único canto que eu curria para me salvar era no sete. Nesse tempo não era essa delegacia que tem agora, era o sete, aí ele saía correndo atrás de mim, ou com uma pedra ou, com um pau atrás de mim, eu entrava dentro da delegacia, ele entrava atrás, aí a policia prendia ele, até que graças a Deus chegou o dia de nós se separar para sempre, agora nem na morte eu não quero mais ele, nem na hora da morte.

O casamento acabou, segundo Silvino contou, por motivo de traição dele, que sempre foi muito namorador, foi flagrado pela mulher aos beijos com uma “namorada” que morava vizinho na sua casa durante a festa de comemoração dos 35 anos de casamento com Selene. Enquanto ela recebia os convidados na sala, ele beijava outra mulher na cozinha. Ela mandou eu ir embora, mas eu merecia, pois tinha muita namorada, fazia pouco com a cara dela, era muito ruim. Ele disse que merecia era apanhar da mulher pelo que aprontou com ela nos anos de casados e especialmente no fim da união, disse que Selene era boa e ele que realmente não prestava e nunca prestou no casamento.

Logo que se casaram, foram morar na rua Santa Inês, no Pirambu, próximo à praia, durante nove anos, e depois foram morar na av. Leste-Oeste até a separação. Segundo Dona Selene, quando se mudou para a Leste, ela deixou de ser besta e aprendeu a correr para a delegacia quando “apanhava” do marido.

Morei na Santa Inês nove anos, foram nove anos de sufrimento e se ele tivesse aqui dentro de casa eu já tinha murrido a muitos anos, ele tinha me matado, ainda to vivendo porque butei ele pra ir se embora, se não tinha murrido porque era cabra ruim. Aí no Sétimo Distrito tinha um caderno só com o nome dele, era, o delegado era muito conhecido da gente, qualquer coisinha eu curria pra lá, aí a policia vinha buscar ele...Ele chegava em casa de noite, jantava e ia virar lata, às vezes chegava no outro dia, chegava de madrugada. Se eu fosse falar, apanhava, não tinha ninguém, era eu só...Tinha uma mulher lá que sempre que ele me batia eu curria pra casa dela, era a única pessoa que salvava, era ela e eu era muito besta, que nunca saí pra ir na delegacia, ia aqui, aqui eu era besta mais não, soube me fazer , aí lá só sofrimento, nove anos e aqui não foi mais porque botei ele pra correr. (Grifos meus).

O Sétimo Distrito Policial é a delegacia do bairro Pirambu e foi citada pela Dona Selene como a delegacia a que recorria em casos de violência conjugal. Explicou que existia

um “caderno” para registro das ocorrências do marido contra ela.

Em Fortaleza, Dona Selene morou com os patrões na rua Rodrigues Junior e na av. D. Manoel e depois que casou, morou na rua Santa Inês e na casa atual, onde já vive há 50 anos. Quando o primeiro filho nasceu, ela conta que ela não tinha nada, era bem pobrezinha. A casa da Santa Inês era de tijolo, que o marido comprou nesse tempo parece que foi mil cruzeiros a casinha, a gente não tinha nada depois foi melhorando, trabalhando. Lá na Santa Inês, ela teve os filhos Silvio, Silvana, Silmara, Sérgio e Suelen, e os demais nasceram na casa atual na Leste-Oeste.

O relato sobre a vida na primeira casa é muito rápido, pois não conhecia ninguém e vivia muito só sofrendo violências do marido sem ter ação para reagir a submissão que ele

lhe impunha e, como não possuia parentes próximos, não tinha a quem recorrer. Enquanto os filhos são pequenos, num lugar distante da sua família, a mulher procura ajuda com os vizinhos. Vivia dentro de casa porque não conhecia ninguém, morava lá não tinha conhecimento com ninguém era fechava a porta e ficava em casa, passa va o dia, ele trabalhava e eu passava o dia em casa, porta fechada , aí às vezes, aí eu comecei a conhecer os vizinhos...

É interessante acrescer que, apesar de ela afirmar terem sido os passo mais perdidos de sua vida, os passos dados para o casamento, o casal continua a ter contato diariamente, Mas todos os dias ele vem aqui. Ele explica: todo dia eu tenho que vim ver essa raça. É uma relação permeada de violência e parentesco num misto de ações recíprocas amenizadas por seus laços matrimoniais e consanguíneos, no caso dos filhos. O senhor Silvino atualmente está colaborando com a família, recebendo em sua casa o filho alcoólatra Sulivan, que ao beber cria problemas dentro de casa. Então, o pai tem assumido a responsabilidade pelo filho, mas com frequência o jovem aparece e quer voltar a viver com a mãe.

Sobre sua família extensa, ela explica que apoia os filhos, pois não vai deixá-los na rua sem ter onde ficar e atribui sua atitude boa à sua mãe e à sociabilidade apreendida no interior do Estado É uma pessoa boa minha mãe, num é ruim pros filho, muito boa pros filho, ela é que nem eu, apóia os filho dela, já puxei a minha mãe, que eu num tem meu coração mau, assim se eu vê uma pessoa com fome, eu tendo eu deixo de comer, chegando aqui com fome.

Para ela sua família no interior era diferente das famílias de hoje, pois os filhos eram mais respeitosos com os pais e não tinham a liberdade de sair como os seus filhos fazem na sua casa, sendo os filhos no interior mais obedientes à autoridade dos pais.

A minha família quando eu era pequena é muito diferente de hoje, né? Meu pai, minha mãe, era uns pai bom e agente era muito obediente, não como é hoje não. Naquele tempo agente num saía pra canto nenhum, não tinha direito a nada na vida de sair de casa, só pro uma missa, meu pai não deixa, de oito em oito dia que...era eu e mais duas irmã minha, quando nós ia pra missa dia de domingo, quando agente chegava no domingo da missa aí a gente já tava adulando ele pra deixar no outro domingo a gente ir, ele não deixava, dizia que ninguém saía, ninguém saía, aí quando era no dia a gente ia fazia tudo por ele, e ele deixava e a gente saía, ele deixava agente sair de novo, mas a gente era muito obediente a ele, não saía de dentro de casa... Ninguém tinha namorado, era a coisa mais difícil do mundo, também a gente não morava na cidade, era no interior, no mato, a gente morava no mato num era na cidade e aí ele não deixava a gente sair. Não era como é hoje, os filho não obedece mais as mães, fazem o que querem e entendi, sei que a minha

família era muito diferente de hoje, meu pai e minha mãe era muito bom pra nós, hoje não, que os filhos num obedece mais os pais, fazem o que querem, só querem viver é tudo bebo

A vida da Dona Selene é marcada pela luta com os filhos, tanto os homens quanto as mulheres. Em sua maioria, consomem álcool, e os seus cônjuges, também. Sempre fui de ônibus fazer minhas pesquisas de campo e, no caminho, da parada até a casa de Selene, há um pequeno comércio de venda de bebidas. Antes de chegar à sua casa, ficava observando quais dos participantes da família estavam no bar e comumente observava filhos, filhas e cônjuges varões e viragos. Discretamente continuava meu trajeto até a casa e monitorava a entrada dos frequentadores do bar na casa.

Alguns chegam falando alto, outros entram e se deitam, e alguns, como a nora que mora no primeiro quarto da casa com o filho mais velho, não entrava até a cozinha ou não retornava para a casa durante a tarde; nunca a via chegar.

O fato é que o consumo de bebida alcoólica é um dos maiores problemas apontados por Dona Selene. Ela conta que nunca ingeriu nenhum gole de bebida, mas relata seus problemas com os filhos, especialmente as filhas casadas, que deveriam, no seu entendimento, cuidar dos filhos Eu tenho uma vida tão aperreada tomo conta de 10 meninos, é 10, é 10 menino eu tomo de conta e as vezes trabalho, tem essa outra que passa dois três meses bebendo sem parar, num liga os filhos de jeito nenhum, eu é que tomo de conta. Na ocasião, ela estava se referindo à filha mais velha Silvana, à época com cinco filhos pequenos e, não raro, bebia junto com o marido e chegavam à casa bêbados e brigando.

5.2 “CASA DE FERREIRO, ESPETO DE PAU”

O dito popular “casa de ferreiro, espeto de pau” é usado para fazer referência às

pessoas que possuem uma especialidade comercial de atividade, mas na sua vida ou na sua casa carecem do seu ofício. Assim, Selene explicou: Aqui é tudo pintor, pedreiro, servente, mas a casaé suja e não fazem trabalhos para melhorar a aparência da residência da família.

A casa é suja não era uma expressão para fazer referência à falta de limpeza com materiais como água e sabão. A senhora falava da falta de uma pintura na habitação. Entre os pobres é comum “lavar as paredes da casa no natal” o que significa pintar a moradia com tinta d´agua. A expressão talvez possa ser explicada pelo tipo de tinta usada.

A casa de Dona Selene é localizada numa grande avenida, mas, quando chegou ao local, ainda não havia sido construída a Leste-Oeste. Estimo que ela tenha chegado à casa no início da década de 1960, e a construção da avenida data da década de 1970.

Sobre a história da casa na Leste-Oeste, ela contou que, após a saída da rua Santa Inês levando os filhos pequenos, o marido comprou duas unidades habitacionais, a sua e a vizinha da esquerda, mas, depois de algum tempo, o cônjuge vendeu o imóvel ao lado, e a família ficou somente com a residência atual, ressaltando que o quintal também teve um pequeno terreno recortado e vendido à vizinha. Atualmente sua casa é plana, e a vizinha é de

“sobrado”.

Foto fachada da casa de Selene.

Foto: Edmar Oliveira Jr

A casa foi construída pelo marido. Ela contou que era ele quem decidia as ações e, aos poucos, com seu ofício de ser pedreiro, transformou o imóvel, inicialmente de taipa, numa casa de tijolos, construindo um cômodo de cada vez.

Derrubava uma parede e fazia outra, eu aqui não mandava em nada, mando agora que ele não veve mais comigo, mas no tempo dele ninguém não dava um pio em nada, ele era que mandava... a casa, era uma casa veia toda barro e areia, barro e pau, ele derrubava a parede e fazia de tijolo, fazia um compartimento, um quarto de tijolo com as parede dentro, depois derrubava a outra, fazia todinha (...) ele fez

todinha. Era pequena, só era três compartimento, aí ele fez isso aqui tudim, ele era pedreiro, ele sabia. Agora se ele tivesse aqui, já tinha outra era em cima, era bem limpinha, limpava todos os anos, limpava, tinha plano de fazer o chão todo na cerâmica, aí começou a beber e me maltratar, botei ele pra fora, preferi ficar assim, só pobre sem ter nada do que viver com ele, senão tinha era me matado.

A narradora fez um análise da sua vida, tomando o casamento como referência de antes e depois, com o cônjuge e sem o cônjuge, e atribui a aparência precária da casa a sua condição de pobreza e ausência da chefia do cônjuge para a manutenção da casa, cuja responsabilidade ele assumia. Ao mesmo tempo, ela cobra dos filhos, que também têm o oficio de trabalhar com construções, alguma ajuda na conservação da casa, mas, para sua indignação, nenhum dos filhos se dispõe a trabalhar para o coletivo da família.

Dona Selene contou que, para os reparos na casa, ela chegou a comprar materiais de construção para fazer algumas reformas necessárias à residência, que é de uso de todos, mas reclama que pede a colaboração de um e de outro filho sem sucesso, chegando ao ponto de colocar no lixo o cimento que comprou em decorrência da demora da construção, levando a inutilidade do produto, que tem vida útil limitada.

A casa tem cinco quartos, sendo três no seu interior; os outros dois mais reservados: um na frente e outro no quintal. O quarto da frente (na entrada da casa) serve de moradia para o casal Silvio e Silvina; nele o casal faz suas refeições; o quarto dos fundos está sendo usado pela filha Silvana, que vive uma nova nupcialidade com uma companheira e, anos atrás, era usado por Severino9 e sua família, que às vezes incluía, além dos filhos e da mulher, a sogra. Já as ocupações dos quartos dentro da casa se configuram da seguinte forma: no primeiro está a família da Sara, onde ela dorme com os três filhos menores, seu filho mais velho dorme na sala; no segundo dormem dois filhos da Dona Selene, Severo e Salomão, e o ex-genro10, Sivaldo; no terceiro dorme a Dona Selene e o filho Seleno.

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Severino é um dos filhos de Selene. Morou muitos anos na casa da mãe com a companheira e os dois filhos, recebendo periodicamente a sogra. Atualmente, está separado da primeira esposa e vive uma nova conjugalidade no mesmo bairro.

10 Após a separação da filha Silvana (a união foi marcada por violentas brigas e seis perfurações a faca que o

marido perpetrou contra a esposa) que o preteriu para constituir uma nova conjugalidade com Sâmia (a união homoafetiva também é violenta), Sivaldo pediu para continuar a morar na casa, pois não tinha parentes e Dona Selene aceitou e explicou que o genro bebe, mas não lhe dá trabalho, pois pode colocá-lo para fora de casa.

Foto quarto da frente

Foto: Edmar Oliveira

A casa é o lugar que reúne a família. Quando os conheci, em 1999, os filhos de Silvana eram pequenos e cuidados por Selene. À época ela vivia com o cônjuge e os filhos na casa, e a família ocupava o primeiro quarto, que hoje é usado por Sara.