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HISTÓRIA E PROBLEMATIZAÇÃO DA SOCIEDADE: A BASE

3.1 – A HISTÓRIA SOB A INFLUÊNCIA MARXISTA

Também no século XIX, tem início, na Alemanha, um movimento histórico de cunho materialista que posteriormente ficou conhecido como marxismo. Assim como os historiadores da escola metódica que pretendiam fundar uma história científica, afastando-se completamente de uma história baseada na filosofia, a corrente historiográfica marxista, mesmo seguindo caminhos diferentes da historiografia metódica, buscava esse mesmo objetivo.

Karl Marx e Friedrich Engels foram os fundadores dessa corrente de pensamento. Em um período em que o idealismo hegeliano predominava e se atribuía apenas à vontade dos pensamentos dos homens a causa dos fenômenos sociais, desprezando assim o papel da vida material para se explicar a sociedade e a história da humanidade de uma maneira geral. É justamente nesse momento histórico que estes autores escreviam suas principais obras que posteriormente se tornariam os fundamentos teóricos dessa corrente, como afirma Aróstegui (2006).

Marx e Engels decidem seguir um caminho completamente oposto à corrente idealista e introduzem uma nova concepção sobre a forma de se entender a história da humanidade e, dessa maneira, se afastam do pensamento filosófico de Hegel.3 É na obra intitulada: ideologia alemã escrita em 1845-1846 que aparecem as primeiras formulações sobre o Materialismo Histórico, que só foi publicado um século depois. Outra obra fundamental para se entender a história marxista é O Capital (1867) através dela o proletariado internacional pode conhecer as razões de sua miséria e os meios de acabar com ela de maneira revolucionaria. Os descobrimentos de Marx e Engels permitiram às massas operárias dar uma orientação correta a suas lutas.

Conforme aponta Aróstegui (2006) o marxismo trouxe uma importante renovação temática para a historiografia. A historiografia marxista fixou sua atenção em alguns temas preferidos, as temáticas iam desde as fontes e os métodos, os problemas teóricos e os campos

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A dialética assume em Hegel o ponto central de seu pensamento e está presente, influenciando, de forma diversa, uma vez que este método foi incorporado no pensamento de diversos outros pensadores e correntes filosóficas, entre elas o marxismo e o existencialismo. De certa forma toda filosofia de Hegel é dialética uma vez que sua filosofia é uma filosofia do devir e essencialmente racionalista – todo racional é real e todo real é racional. (MARQUES, 2012, p. 5).

de pesquisa, até os problemas da revolução francesa. Ela deu também uma grande atenção à concepção do trabalho histórico, à história das classes baixas, à história das mulheres, do feminismo etc. O autor afirma que a influência do marxismo tem sido profunda na trajetória das ciências sociais, particularmente a partir dos anos 30 do século XX e, em especial, nos anos posteriores à Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

É importante ressaltar que Marx e Engels nunca desenvolveram de forma sistemática um corpo de conceitos, eles foram elaborados de forma desigual por seus sucessores. ―Muitas das expressões que mais tarde se tornaram conceitos e fundamentos do materialismo histórico, nem sempre foram enunciados com o objetivo de delinear naquele momento uma maior precisão conceitual.‖ (BARROS, 2011, p.44). Os conceitos pertencentes à infra-estrutura, por exemplo, tem sido mais bem elaborado do que os pertencentes à superestrutura segundo afirma a autora Harnercker (1983).

Karl Heinrich Marx, (1818-1883) era filho de um advogado, nasceu na cidade alemã de Tréveris, na região renana, em uma família burguesa judia convertida ao protestantismo e conquistada para o espírito das Luzes. Aos dezoito anos vai morar em Berlim, onde a filosofia hegeliana dominante exerce uma profunda influência em sua vida levando-o a abandonar o Direito pela Filosofia. Foi durante algum tempo jornalista-editor da publicação radical Reinische Zeitung, que foi suprimida pelo governo em 1843. No mesmo ano, Marx foi para Paris, onde o impacto do pensamento francês e inglês o levou a reexaminar os pressupostos metafísicos da filosofia hegeliana; fazendo com que as suas próprias ideias acerca da natureza, da sociedade e da história ganhassem finalmente forma. O jovem Marx põe em causa a filosofia de Hegel, dialoga com os jovens hegelianos – Ruge, Bauer, Feuerbach – e concebe os seus primeiros manuscritos – ―Economia Política e Filosofia‖ (1844) e ―A Ideologia alemã‖ (1845-1846). Em 1884 conheceu Friendrich Engels, e a colocação destes dois homens no desenvolvimento de uma teoria social e econômica sistemática iria continuar até a morte de Marx (GARDINER, 1964, p. 153-154).

Friendrich Engels (1829-1895) nasceu na cidade alemã de Wuppertal e faleceu em Londres. Sua posição econômica privilegiada, como filho de um rico industrial alemão, trouxe-lhe condições financeiras mais favoráveis do que às de Marx para realizar seu trabalho intelectual. O período em que assumiu a direção de uma das fábricas da família, em Manchester, permitiu que acumulasse uma série de observações a respeito da situação miserável do proletariado inglês, o que pode ser observado já em uma de suas primeiras obras: A situação das classes trabalhadoras na Inglaterra (1845) (BARROS, 2011, p.20).

Marx e Engels desconsideraram a ideia hegeliana de que a explicação da história está na ação de forças espirituais. Todos os que defendiam a corrente idealista tais como: teólogos, filósofos, sociólogos, historiadores etc., viam a consciência, a razão, as ideias políticas, morais e religiosas, como a força motriz fundamental e determinante do desenvolvimento da sociedade (HARNECKER, 1983, p.95). Divergindo dessa concepção, esses autores apontam que o sentido da evolução histórica se encontra na maneira como os homens criam e usam os instrumentos para produzir os meios de subsistência. Ou seja:

Na Dialética Hegeliana seu ponto de partida é o Espírito, o mundo das ideias. É a partir do Espírito que se institui o movimento do mundo. [...] A novidade introduzida foi precisamente inverter o ponto de partida do processo dialético. Enquanto Hegel o situa no Espírito, Marx o localiza na Matéria. (BARROS, 2011, p. 40- 41).

Diferente da concepção idealista da história, proposta por Hegel, Marx e Engels entendem que a história não é explicada a partir das ideias, mas a partir da prática material, e que as concepções e especulações políticas, morais, religiosas e filosóficas do homem, em qualquer período da história, só têm significado se forem consideradas como reflexo dos fatos fundamentais da produção material e dos conflitos entre diferentes interesses econômicos.

O trecho abaixo apresenta nas palavras de Marx, extraídas de sua obra ―A ideologia alemã‖, as concepções que tinha sobre o materialismo histórico bem como sua clara divergência em relação à concepção idealista da história:

A filosofia alemã, que desce do céu para a terra, aqui parte-se da terra para atingir o céu. Isto significa que não se parte daquilo que os homens dizem, imaginam e pensam nem daquilo que são nas palavras, no pensamento na imaginação e na representação de outrem para chegar aos homens em carne e osso; parte-se dos homens, da sua atividade real. É a partir do seu processo de vida real que se representa o desenvolvimento dos reflexos e das repercussões ideológicas deste processo vital. Mesmo as fantasmagorias correspondem, no cérebro humano, a sublimações necessariamente resultantes do processo da sua vida material que pode ser observado empiricamente e que repousa em bases materiais. Assim, a moral, a religião, a metafísica e qualquer outra ideologia, tal como as formas de consciência que lhes correspondem, perdem imediatamente toda a aparência de autonomia. Não têm história, não têm desenvolvimento; serão antes os homens que, desenvolvendo a sua produção material e as suas relações materiais, transformam, com esta realidade que lhes é própria, o seu pensamento e os produtos desse pensamento. Não é a consciência que determina a vida, mas sim a vida que determina a consciência. Na primeira forma de considerar este assunto, parte-se da consciência como sendo o indivíduo vivo, e na segunda, que corresponde à vida real, parte-se dos próprios indivíduos reais e vivos e considera-se a consciência unicamente como sua consciência. (Marx apud GARDINER, 1964, p.159).

Vemos no trecho acima, uma famosa frase de Karl Marx, que diz ―não é a consciência que determina a vida, mas sim a vida que determina a consciência‖. Esta frase é bem significativa na definição do materialismo histórico. Entendemos de acordo com a concepção materialista da história que não são os pensamentos, as ideias; ou seja, não é a consciência, como propunham Hegel e seus seguidores, que dão sentido à História e que determinam a vida, mas sim as atitudes concretas, as condições materiais da vida do homem em sua existência histórica que influenciam a sua consciência em uma determinada sociedade. A concepção materialista da História segundo Bertrand Russell:

[...] parte da proposição segundo a qual a base de toda a estrutura social é a produção dos meios para a manutenção da vida humana e, depois da produção, a troca de produtos; e, em todas as sociedades que já apareceram na história, a maneira como é distribuída a riqueza e a sociedade dividida em classes ou ordens, depende daquilo que é produzido, como é produzido, e como se trocam os produtos. Segundo este pondo de vista, as causas finais de todas as transformações sociais e revoluções políticas devem procurar-se, não no cérebro humano, não nos melhores critérios humanos acerca da verdade eterna e da justiça, mas nas transformações quanto aos modos de produção e de troca. Devem procurar-se, não na filosofia, mas na economia de cada período determinado. (Bertrand Russell apud GARDINER, 1964, p. 349).

Para o materialismo histórico o que dá sentido a todas as sociedades são as forças produtivas e as relações de produção; as riquezas e divisões de classe são frutos das relações econômicas que acontecem nessa sociedade e, por fim, as transformações e revoluções que se configuram nela não podem ser explicadas corretamente pela Filosofia, mas sim pela Economia, pois é ela que determina tudo. São as relações materiais, ou seja, as relações econômicas que dão sentido à vida social, que determinam a história da humanidade, como vemos nesse outro trecho que expressa bem essa ideia:

Esta concepção da história tem, portanto como base o desenvolvimento do processo real da produção, contritamente a produção material da vida imediata; concebe a forma das relações humanas ligada a este modo de produção e por ele engendrada, isto é, a sociedade civil nos seus diferentes estádios, como sendo o fundamento de toda a história. Isto equivale a representá-la na sua ação enquanto Estado, a explicar através dela o conjunto das diversas produções teóricas e das formas da consciência, religião, moral, filosofia, etc., e a acompanhar o seu desenvolvimento a partir destas produções; o que permite naturalmente representar a coisa na sua totalidade (e examinar ainda a ação recíproca dos seus diferentes aspectos). Ela não é obrigada, como acontece à concepção idealista da história, a procurar uma categoria diferente para cada período, antes se mantendo constantemente no plano real da história; não tenta explicar a prática a partir da ideia, mas sim a

formação das ideias a partir da prática material; chega portanto, à conclusão de que todas as formas e produtos da consciência podem ser resolvidos não pela crítica intelectual, pela redução à ―Consciência de si‖ ou pela metamorfose em ―aparições‖, em ―fantasma‖, etc., mas unicamente pela destruição prática das relações sociais concretas de onde nasceram as bagatelas idealistas. Não é a Crítica, mas sim a revolução que constitui a força motriz da história, da religião, da filosofia ou de qualquer outro tipo de teorias. (Marx e Engels apud GONZALEZ, 2011, p. 140).

Para Marx e Engels a sociedade civil nos seus diferentes estágios é o fundamento de toda a história, para esses pensadores as classes sociais são o que move a História, as lutas diárias exercidas por elas geram a dinâmica que impulsiona a sociedade a seguir em frente, pois entendem que esses conflitos geram contradições que ao serem resolvidas proporcionam mudanças sociais e consequentemente movimento, avanço e dinâmica para as relações cotidianas. O homem como sujeito social é visto como agente central do processo de produção social, os homens aparecem na história não apenas como grandes heróis, mas também como trabalhadores, proletários atuantes, a história é construída por todos os homens e suas ações diárias que fazem suas revoluções grandes ou pequenas e que, dessa maneira, exercem a força motriz da história.

Segundo o historiador Ivo dos Santos Canabarro (2008, p. 61-62):

A síntese geral da teoria marxista está em afirmar que as sociedades devem ser pensadas em sua totalidade, pois consiste em pensar que existem estruturas que basicamente são formadas por determinadas relações sociais. O marxismo trabalha com a noção de sujeitos sociais, ou seja, determina o papel específico que os homens ocupam em uma determinada sociedade, portanto, estabelece que os homens permaneçam em uma luta constante com a natureza para poder subsistir. Nesta luta permanente são estabelecidas determinadas relações, o que se costumou chamar de relações de produção, pois são cotidianas e todos os homens estão sujeitos a estabelecer, sendo as sociedades estruturadas a partir delas. Estas relações de produção sempre correspondem a um estágio evolutivo da própria sociedade, que podemos denominar de forças produtivas, o que corresponde às formas como a produção material de uma determinada sociedade está organizada dentro de uma perspectiva maior que é o modo de produção. É possível afirmar que a totalidade das relações de produção, constituem a base econômica de sociedade, portanto, podemos constatar que o marxismo tem uma preocupação em estudar este fenômeno e também as relações que são estabelecidas a partir desta estrutura.

É possível afirmar que a dinâmica da história está no conflito entre forças produtivas e relações de produção e que elas só acontecem por que os homens permanecem em uma luta constante com a natureza, lutas diárias que todos os homens estão sujeitos a estabelecer ao

longo da vida por meio de estruturas que basicamente são formadas por determinadas relações sociais.

O historiador José Carlos Barros (2011) entende que a ideia de considerar o ―Modo de Produção‖ como ponto de partida para a análise histórica foi a grande novidade trazida por Marx e Engels, no que concerne particularmente à sua contribuição para a historiografia. Barros (2011, p. 48) explica que esse conceito tem passado por várias redefinições devido ao avanço de trabalhos historiográficos mais específicos, mas devemos entendê-lo inicialmente como a combinação das ―forças de produção‖ e das ―relações de produção‖ correspondentes a certo período ou sociedades historicamente localizadas.

Os homens, ao elaborarem a sua produção social, entram em determinadas relações que são indispensáveis e independentes da sua vontade, relações de produção essas que correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A totalidade destas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, que Marx e Engels chamaram de infra-estrutura. Para o marxismo é nela que se encontram as explicações dos fenômenos sociais da superestrutura, sendo esta entendida como, as instituições jurídico-políticas e ideológicas de uma determinada sociedade (HARNECKER, 1983). Em certa fase do seu desenvolvimento, as forças materiais entram em contradição com as relações de produção, gerando assim uma época de revolução social, sendo estas contradições que são paulatinamente suscitadas nos diferentes modos de produção, que farão com que, através do processo dialético, ocorram as mudanças na humanidade (GARDINER, 1964). Resumidamente, o conflito entre classes, tendo como base o poder econômico, proporciona a evolução, esta que não segue um curso linear, mas procede, justamente, pela transformação de uma estrutura para outra estrutura social.

Barros (2011, p. 123) afirma que o materialismo histórico tenta explicar a História em função de uma ―luta de classes‖, uma luta que determina por entretecer dramaticamente a história social que se ajusta perfeitamente à história dos modos de produção.

A história de todas as sociedades, até hoje, tem sido a história da luta de classes. Homens livres e escravos, patrícios e plebeus, barões e servos, membros especializados das corporações e aprendiz, em suma: opressores e oprimidos estiveram em permanente oposição; travaram um luta sem trégua, ora disfarçada, ora aberta, que determinou sempre com a transformação revolucionária da sociedade inteira ou com o declínio conjunto das classes em conflito. (Marx e Engels apud BARROS, 2011, p.101).

José D‘ Assunção Barros (2011, p. 11) explica que o materialismo histórico começou a ser pensado e organizado visando a possibilidade de se construir uma História que pudesse contribuir para impulsionar o desenvolvimento humano como um todo, contra o pano de fundo dos interesses das elites e dos poderes dominantes, contra as desigualdades das classes sociais. Afirmando que no limite, este paradigma acena com a possibilidade de que a História seja posta a serviço dos movimentos sociais, das classes socialmente revolucionárias, dos oprimidos pela própria História, da desalienação do ser humano em múltiplos sentidos, fazendo com que tivessem consciência do seu importante papel social, apresentando as forças invisíveis que o estariam aprisionando e determinando, em última instância, seu próprio destino.

Na concepção do materialismo histórico, os sujeitos da História são os vários grupos sociais, as massas, as forças sociais que unem os indivíduos. Essa História, sobretudo, dá-se pelo desenvolvimento dos modos de produção. As classes sociais ocupam sempre uma posição específica no modo de produção de uma determinada formação social.

Chama-se classes os grandes grupos de pessoas que se diferenciam entre si por seu lugar num sistema de produção social historicamente determinado, por sua relação (as mais das vezes fixada e formulada nas leis) com os meios de produção, por seu papel na organização social do trabalho e, consequentemente, pelo modo de obtenção e pelas dimensões da parte da riqueza social de que dispõe. As classes são grupos de pessoas, um dos quais pode apropriar-se do trabalho do outro graças ao fato de ocupar um lugar diferente num registro determinado de economia social. (LENIN apud BARROS, 2011, p. 121).

Sua história – a das classes sociais em confronto, aliança e luta – é ditada por um ritmo histórico mais agitado ela se agita a partir de eventos, assiste à eclosão de revoluções, vê-se atravessada por manifestações ideológicas que podem assumir a forma de produtos culturais específicos. As lutas de classes acontecem nas ruas, nas relações de trabalho, no confronto cotidiano, mas também por meio de textos, discursos, preconceitos, permanências e inovações (BARROS, 2011, p.103).

O modo de produção é estrutura e cenário para a atuação das classes sociais, verdadeiros protagonistas da História, de acordo com as proposições que fundamentam o materialismo histórico. Karl Marx enfatizava que, a revolução proletária seria responsável pela transformação do mundo. Nesta, o motor da História é a luta de classes. Portanto, o homem é o único responsável pelas transformações que ocorrem, isto é, eles fazem a História.

Para o autor de O capital, um grupo humano só pode compreender uma evolução ao empenhar-se no processo de mudança. Por outras palavras, os homens, apesar de estarem inseridos em estruturas sociais, não são objetos passivos, mas sujeitos ativos da sua própria história. Portanto, um grupo econômico transforma-se em classe social através de uma tomada de consciência. Esta traduz-se por atos: a luta sob a forma de greves, de manifestações, de revoltas; o voto por ocasiões de eleições; a organização de partidos, de associações e de sindicatos; a expressão de ideologias – o liberalismo, o radicalismo, o socialismo, etc. (BOURDÉ e MARTIN, 2003, p.163).

A História nessa perspectiva é entendida por possuir uma ordem evolutiva racional, em que as fases sucessivas que a constituem seguem em direção à utopia comunista. ―A tomada de poder político pela classe operária ou pela classe operária e seus aliados, criariam as condições que possibilitariam estabelecer as relações ideológicas que permitiriam um pleno desenvolvimento das forças produtivas, base necessária para o desenvolvimento final do comunismo‖ (HARNECKER, 1983, p. 150). Os soviéticos eram os sustentadores dessa leitura de Marx. Para eles, haveria uma ligação profunda entre evolução e revolução no processo de desenvolvimento: a evolução seria constituída pelas mudanças quantitativas que formariam as mudanças qualitativas revolucionarias; a revolução viria coroar a série de mudanças quantitativas evolutivas.

Para o pensamento marxista a revolução constitui a força motriz da história, da religião, da filosofia ou de qualquer outro tipo de teorias, essas revoluções acontecem por

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